COI - Chinese Olympic Interest
A tenista chinesa Peng Shuai deixou de ser vista em público depois de ter detalhadamente publicado, no início do mês, na rede social Weibo, que tinha sido vítima de violação por parte do antigo vice-primeiro ministro, Zhang Gaoli. A publicação foi rapidadamente apagada, e desde então não mais se lhe conheceu o paradeiro.
Logo que começaram a surgir notícias do seu desaparecimento passaram a ser publicadas fotografias da tenista em convívio privado, e até um "mail" em que supostamente a própria desmentia a publicação que tinha feito. Nada a que não estejamos habituados nestas circunstâncias. Nem é fácil encontrar melhor prova para as suspeitas que recaíam sobre o envolvimento do regime chinês no seu desaparecimento. Uma denúncia destas, com uma atleta de enorme popularidade interna, pelo seu desempenho desportivo mas também pela sua própria história de superação, violentada na sua mais profunda dignidade por um predador do topo do aparelho de poder, não poderia ser tolerada por um regime da natureza do chinês.
Por isso o mundo não teve dúvidas que Peng Shuai, se estivesse viva, não estaria na posse da sua liberdade. Daí que que fossem diariamente crescendo os apelos das mais diversas organizações internacionais - da Amnistia Internacional à WTA - para que o regime chinês revelasse o seu paradeiro. Sem sucesso, como é habitual. A China é demasiado poderosa para se vergar a apelos desta natureza.
E há sempre quem se venda por um prato de lentilhas. Em todas as áreas, mais ainda nas mais altas instâncias do desporto mundial, onde os valores das lentilhas se medem em largas centenas de milhões de dólares. É por isso que daqui a um ano há Mundial de futebol no Qatar.
É aqui que entra o Comité Olímpico Internacional (COI) ao divulgar, ontem, uma vídeo-chamada, de cerca de meia hora, com a tenista chinesa. Ninguém ficou a saber onde está Peng Shuai, mas ficou a saber-se que ela disse estar bem. E que pediu para que a sua privacidade fosse respeitada.
Do COI, para o mundo, Peng Shuai disse qualquer coisa como: "estou bem e deixem-me em paz". Tudo, nem mais nem menos, o que serve os olímpicos interesses do regime chinês!
E já agora fiquemos com a ficha técnica da realização:
Thomas Bach, o presidente do Comité Olímpico Internacional;
Emma Terho, a presidente da comissão de atletas olímpicos;
Li Lingwei, membro do Comité Olímpico Chinês. Naturalmente!.