É estranho que, quando tanto há para dizer, a oposição não tenha tido uma única palavra sobre a insólita "Acção sobre rodas" do fisco e da GNR de ontem, no norte do país. Percebe-se o mau estado em que ficou depois do que lhe aconteceu no domingo... Percebe-se que não queiram ver nada nem ninguém, e que só queiram que os deixem em paz, mas... caramba... um elefante destes a passar à frente dos olhos e nem um movimentozinho?
Estranho já não é que mais um responsável por mais umas centenas de milhões de euros de calote tenha ido à Comissão de Inquérito à Caixa dizer que não deve nada. Agora já sabemos que é assim: quem do lado da Caixa concedeu o crédito "não se lembra", quem, do outro lado, o recebeu, "pessoalmente não deve nada". E já não se estranha.
Estranha-se é que Tomás Correia lá tenha ido dizer, sem se rir, que se demitiu da Administração justamente incomodado com a imprudência da política de crédito...
Hoje fala-se do Acordo Ortográfico, que já entrou em vigor. Obrigatoriamente, diz-se. Sem se perceber porquê… Na realidade não há nele nada que se perceba. Basta que se chame Acordo quando é só desacordo. Não há acordo nenhum… a não ser que não há acordo.
Fala-se de um vídeo que por aí circula há dois dias, com um miúdo de 16 anos a ser agredido e humilhado… Na Figueira da Foz. Por não sei quantas miúdas... Não sei porque não vi, e não vi porque não quis ver… Não tenho nada contra quem viu, mas eu não quero ver. E acho mal que tenha sido replicado da forma que foi... Não que o assunto não seja sério… Demasiado sério para se não dever brincar. Como tanta gente brincou, muitos deles dos que se têm por gente de bem. Uns para puxarem de um certo marialvismo que lhes tolda as ideais, outros para exibir falsos pudores que lhes norteiam os princípios. Todos para achincalhar.
E fala-se da ex-mulher de Sócrates, que se atirou à Provedora Geral da República numa peixeirada – que me desculpem as peixeiras – que poderá não passar impune. Diz-se que até pode dar prisão, e ficamos a pensar que talvez aquilo tenha apenas sido solidariedade exacerbada.
Ou simplesmente mais uma coisa estranha em cima de tanta coisa estranha!
Um tipo não paga impostos. Ou contribuições, para o efeito é a mesma coisa. Porque se esqueceu, porque não quis, porque não tinha dinheiro para os pagar, porque não sabia que tinha de os pagar… Whatever!
Estranho é que isto deixe de ser tão estranho quando se põem os pedros - perdão, os nomes - na estória. Quando o tipo que não cumpriu é primeiro-ministro, e se chama Pedro Passos Coelho, e o ministro que inverte as responsabilidades se chama Pedro Mota Soares!
Dois coelhos numa só cajadada? Não é estranho...
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