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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Perceber ou não perceber - eis a questão!

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Vítor Constâncio não se lembrava de nada, e não percebia que ninguém percebesse que era normal não se lembrar de qualquer coisa que se tenha passado há tantos anos. Há 12, podemos ajudar... Como podemos ajudar lembrando que, em causa, estava a tomada de uma posição qualificada no maior banco privado português, integralmente financiada pelo banco público. No montante de 350 milhões de euros... E que isso implicava uma avaliação de idoneidade do investidor, um juízo de sensibilidade sobre a operação de crédito, e uma avaliação das garantias prestadas...

Podemos ainda dar uma ajuda de memória de contexto relembrando que, muito pouco tempo depois, o presidente do banco público que aprovou a operação, passou a presidir ao banco privado objecto de tomada da posição qualificada.

Depois destas ajudas de memória  certamente que também já Vítor Constâncio percebe que não se percebe que não se lembre. E se calhar até já percebe que, ter estado ou não presente na Reunião do Conselho de Administração do Banco de Portugal "que decidiu não objectar" à participação qualificada da Fundação Berardo no capital do BCP, não contribui nada para perceber o que ele pretensamente não percebia que não se percebesse.

Francisco Assis garante que Vítor Constâncio é um homem sério. Será! O problema é não perceber que, nesta altura, ninguém se esquece da mulher de César...

 

Coisas estranhas

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É estranho que, quando tanto há para dizer, a oposição não tenha tido uma única palavra sobre a insólita "Acção sobre rodas" do fisco e da GNR de ontem, no norte do país. Percebe-se o mau estado em que ficou depois do que lhe aconteceu no domingo... Percebe-se que não queiram ver nada nem ninguém, e que só queiram que os deixem em paz, mas... caramba... um elefante destes a passar à frente dos olhos e nem um movimentozinho?

Estranho já não é que mais um responsável por mais umas centenas de milhões de euros de calote tenha ido à Comissão de Inquérito à Caixa dizer que não deve nada. Agora já sabemos que é assim: quem do lado da Caixa concedeu o crédito  "não se lembra", quem, do outro lado, o recebeu, "pessoalmente não deve nada". E já não se estranha.

Estranha-se é que Tomás Correia lá tenha ido dizer, sem se rir, que se demitiu da Administração justamente incomodado com a imprudência da política de crédito...

 

 

 

 

Do que esta gente (não) se lembra

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Depois de ontem terem ouvido o actual governador do Banco de Portugal, com grande falta de memória, diga-se de passagem, os deputados da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos vão finalmente hoje ouvir Vítor Constâncio, o anterior governador, entre 2000 e 2010.  Que sempre se escondeu atrás da sua condição de vice presidente do BCE para não dar explicações sobre nada, de tudo que tem para explicar.

Depois de tanta coisa se ter varrido das lembranças de Carlos Costa, é grande a expectativa sobre o estado da memória de Vítor Constâncio, a dois meses do fim do mandato que, garantiu sempre, o impedia de prestar declarações aos deputados. Terá certamente muito para contar, se a memória o não trair. Não deixaria de ser dramático se, agora que já pode falar, não se lembrasse de grande coisa.

Coisas de hoje

 

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Há duas semanas ficamos a conhecer o Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos, um Relatório redondo e risível. Era preliminar, um draft, para ver no que dava. O relatório final é hoje aprovado.

Pelo que já se conhece, o relator, o socialista Carlos Pereira, pensou melhor, teve conhecimento das suspeitas do Ministério Público, e lá concluiu que, afinal, as coisas não eram bem como preliminarmente tinha concluído.

Nem sempre os preliminares correm bem, como se sabe de outras estórias. Não chega, nem de longe, às suspeitas de crimes graves que esperamos estejam a ser investigadas, mas já admite nomeações partidárias, utilização para fins de política orçamental e até alguma "sensibilização" para determinados projectos.

Mas nada que sirva de salvação a estes Relatórios Parlamentares, preliminares ou finais. Nada que os credibilize, nada que os liberte dos despudores de cada maioria circunstancial.

Entretanto o país continua a arder, parece que já não há por cá quem saiba apagar fogos. E as comunicações continuam a falhar porque, descobriu agora o primeiro-ministro, são utilizados cabos aéreos, por cima da floresta densa, onde circulam em paralelo informação urgente e informação corrente, ou comum. Coisa que, evidentemente, desconhecia quando há uma dúzia de anos assinou o contrato. Está mesmo a pedir mais uma CPI ...

 

 

 

Pode haver melhor. Mais redondo não há de certeza!

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Das Comissões Parlamentares de Inquérito espera-se tudo. Ou seja: nada. Dos seus relatórios espera-se sempre ainda mais. Do relatório preliminar da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos não se poderia esperar melhor conclusão: não ficou demonstrado pressões dos diferentes governos para a concessão de crédito, o que não quer dizer que não as tenha havido.

Pode haver melhor. Mais redondo não há de certeza! 

Mas, atenção: é preliminar. Na versão final já será tudo mais a sério... E consequente.

 

O país das televisões está a arder

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O mais baixo défice de sempre em democracia, desemprego a cair, crescimento económico acima de todas as previsões, e até fortes aplausos de Bruxelas. E um Presidente da República enamorado pelo governo. Demasiado para uma oposição à espera do diabo, apostada no quanto pior, melhor.

Isto tinha que acabar. O CDS vai até às últimas consequências. O PSD rasga as vestes pela verdade. E até um presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito se demite. O país das televisões está a arder. Esperemos que não pegue fogo ao outro...

Os "sms"

 

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O último capítulo deste folhetim que estamos a acompanhar chama-se SMS. Foram os "sms" trocados entre Centeno e Domingues, que António Lobo Xavier levou a Marcelo, que levaram à alteração e ao endurecimento da posição do presidente. Não tendo aparecido o tal documento assinado em que Marcelo respaldava a sua defesa do ministro das finanças, apareceram os "sms". 

E com eles mais dois bons motivos para nos envergonharmos das élites da nossa praça.

No Parlamento, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à Caixa, logo os deputados do CDS e do PSD exigiram também que lhe fossem entregues. A direita entende que a CPI, cujo objecto é apurar os erros na gestão da Caixa nos 10 anos anteriores a 2015, precisa dos "sms" trocados entre o actual ministro das finanças e o indigitado presidente da Caixa em 2016. Não interessa, disso nada se sabe, o que aconteceu aos 3 mil milhões de euros que a Caixa fez desaparecer em calotes. Não interessa aos senhores deputados quem se abotoou com o dinheiro, quem autorizou esses créditos, com que garantias... Não os preocupa que, mais uma vez, sejamos chamados a pagá-los. Interessa-lhes e preocupa-os os "sms"!

Interessa-lhes tanto que não resistiram a chamá-los para onde não eram chamados, quando podiam - e podem - pedi-los a António Domingues, mais que disponível para lhes entregar toda a documentação trocada com Mário Centeno.

Mas este espisódio dos "sms" não mostra só o que são realmente os interesses representados nas comissões parlamentares de inquérito, sejam elas quais forem. Mostram-nos também como se tratam as coisas entre as élites que mandam no regime. António Domingues já tinha deixado uma imagem pouco respeitável em todo este processo. Não é a conivência de Mário Centeno, e do primeiro-ministro, como é evidente, que altera essa imagem: exigir prerrogativas especiais e leis à medida, mesmo que contra a lei, não é a melhor carta de apresentação. Ao utilizar o seu amigo António Lobo Xavier para entregar os "sms" ao Presidente da Reública volta a portar-se mal. E a deixar também mal o seu amigo, que se permitiu prestar-se a esse papel... De resto, há muito anunciado. Ou ameaçado?

 

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