Os números de que se faz a história da pandemia não param de crescer. A barreira psicológica das duas mil infecções diárias ficou rapidamente para trás. Chegaram aos três mil. E aos quatro. E os seis mil estão já aí.
Já ninguém sabe muito bem o que fazer. Sabe-se que "confinamento nunca mais". Que não pode ser, que não é comportável. Ninguém sabe muito mais, anda tudo às apalpadelas. À procura do meio termo entre uma coisa qualquer e outra coisa. Qualquer que seja.
E venham regras e mais regras, com excepções e mais excepções. Não resolvem nada, mas aumentar a confusão já não é mau. E lá vem o Presidente Marcelo - está em todas, não perde uma - com a bandeira a meia haste para homenagear os mortos. Hoje, que ontem, que era o dia, não se podia. Ou podia. Ou talvez não. Bandeira a meia haste, num tributo às vítimas mortais da pandemia. Não. Içar a "bandeira nacional em dia de luto" e de "homenagem a todos os falecidos, em especial aos que pereceram devido à pandemia".
Do meio da confusão alguma coisa há-de sair. Depois de reunir com o primeiro-ministro, de içar a bandeira, e de homenagear todos os mortos, mas em especial alguns, lá para a hora dos telejornais, do Presidente alguma coisa há-de sair. De novo o estado de emergência. Ou mais confusão ainda.
Uma calamidade em estado de emergência, é o que é.
A Polícia Judiciária está a fazer buscas na Secretaria de Estado das Finanças, de Paulo Núncio. Pouco depois da lista VIP sair das primeiras páginas, esta não é uma boa notícia. Daí que mais uma vez seja lançada a confusão... É o costume...
Daí que para o Ministério das Finanças os vistos gold acabem por não passar de um simples problema de IVA na prestação de serviços de saúde.
Como se um problema de IVA numa empresa pudesse ser motivo para buscas no gabinete de Paulo Núncio, como pretende o comunidado do Ministério das Finanças. E motivo para no mesmo comunicado garantir que "a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais está totalmente disponível para colaborar com a investigação". Como se fossemos todos parvos!
O governo - de que Cavaco passou de refém a tutor – “com garantias reforçadas de coesão e solidez”, onde Portas passa a coordenar a ministra que, de forma nenhuma, queria no governo, sem que se “sobreponha às suas competências próprias”, que “continua em funções”, aguarda posse.
Não. Não há confusão nenhuma, isto é um governo coeso e sólido, claramente capaz para mudar a agulha da governação... Isto é a estabilidade, não é incerteza. É disto que os mercados gostam!
O Benfica contratou o argentino Sálvio, mais um ala direito, que regressa – feliz, ao que diz - depois de por cá ter passado há duas épocas atrás, altura em que ficou no goto do terceiro anel.
É mais um ala para um plantel que já contava, que me lembre assim de repente, com Gaitan, Djaló, Enzo Perez, Bruno César, Melgarejo, Nolito e Ola John, contratado já neste defeso por qualquer coisa como 9 milhões de euros. Para duas posições, o Benfica conta contava já com sete jogadores. Gastou mais de vinte milhões de euros para passar a contar com oito!
Contratar o oitavo jogador para a mesma posição, num plantel que, no total, deverá contar com 23 a 25 jogadores – concentrando nessas duas posições um terço do plantel -, só poderá justificar-se por razões excepcionais: um jogador de excepcional qualidade, de topo mundial ou uma excepcional oportunidade de negócio, um jogador de elevado potencial por um preço excepcionalmente baixo – um achado, ou uma pechincha, como se costuma dizer!
Será Sálvio um jogador de excepção, de topo mundial? Não, se o fosse ter-se-ia afirmado no Atlético de Madrid, naturalmente. Em três anos não conseguiu sequer conquistar a titularidade numa equipa que pouco foge do meio da tabela da La Liga.
Quando passou pelo Benfica, na época 2010-2011, é certo que cativou os adeptos. Mas apenas começou a jogar no final da primeira volta – fez o primeiro jogo no final de Dezembro, com o Rio Ave – e esteve a bom nível até Março ou Abril, quando se lesionou e não mais voltou a jogar. Não, também não foi por cá que se mostrou como jogador de excepção!
Os jornais começaram por falar numa verba de 8 milhões de euros para a contratação. Passou para 11 e parece que, afinal, já passa dos 13 milhões de euros. Não, também não é uma pechincha. É apenas a maior contratação alguma vez feita pelo Benfica. Não faz sentido, é absurdo!
Mas entremos um pouco pelos caminhos da irracionalidade que, como sabemos, são, no futebol, autênticas auto-estradas. Juntemos as eleições que aí vêm - e que Luís Filipe Vieira quer voltar a ganhar - com a conhecida dívida do Atlético de Madrid ao FC Porto, pela venda do passe de Falcao na época passada (mais uma banhada a Pinto da Costa!). E admitamos que o clube madrileno tinha interesse em lá colocar o Salvio para abater ou mesmo liquidar a conta, numa operação que poderia voltar a colocar Vieira na posição de perdedor para Pinto da Costa. Mas então por que alimentar o folhetim da contratação do jogador pelo menos durante os últimos seis meses?
Não faz sentido, é também absurdo. Ou estúpido!
Não resta a mínima racionalidade nesta contratação. E, quando assim é, abre-se o espaço para a especulação e vêm-nos à memória os sucessivos negócios do Benfica de Vieira com este Atlético de Madrid: o negócio de Simão, que tinha contrapartidas em jogadores que nunca viram a luz do dia, o de Reyes – com a compra de uma percentagem do passe que ninguém consegue perceber para que pudesse servir, que se repetiria com este mesmo Salvio, também com a compra de 20% do passe, na altura do empréstimo – e o do célebre guarda-redes Roberto, que teve tanto de misterioso na compra como na venda.
Uma única certeza: os negócios de Vieira com o Atlético de Madrid são sempre uma grande confusão. Chamemos-lhe assim!
É que o negócio imobiliário em Espanha … já era. Ou será que ainda há gente que não deu conta?
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