Show de bola
À entrada para a segunda metade dos oitavos de final, o primeiro empate, o primeiro prolongamento ... e a primeira decisão através dos pontapés da marca de penálti.
Foi assim, com o guarda-redes Livakovic a defender três dos quatro "penáltis" (mal) cobrados pelos jogadores japoneses, que a Croácia seguiu para os quartos de final, deixando o Japão de fora.
Depois de ganhar à Alemanha e à Espanha, deixando desde logo um os germânicos de fora, o Japão era a sensação do momento. A Croácia estava longe do desempenho que há quatro anos a levara à final, em Moscovo. A conjugação destas duas circunstâncias acabava até por, pasme-se, fazer pender o favoritismo para a selecção asiática.
Que confirmou durante primeira parte, onde jogou mais e melhor que os croatas, justificando claramente a vantagem com que chegou ao intervalo. Enquanto "teve pilhas" o Japão jogou o seu futebol rigoroso, que quer a bola apenas para chegar depressa à baliza adversária. A maioria das ideias de posse de bola parte do princípio - verdadeiro e indiscutível - que quando se tem a bola não se poder sofrer golo, e esgota-se muitas vezes no objectivo de evitar que o adversário a tenha. A ideia do Japão é diferente, quer apenas ter a bola para atingir a baliza adversária. Depois, é reconquistá-la depressa, para voltar, igualmente depressa, à outra baliza.
Mas ... lá está. Isto precisa de pilhas. Muitas pilhas, bem carregadas. E, à segunda parte do quarto jogo, elas começaram a faltar.
E como a Croácia empatou - e pareceu que era tudo o que queria -, num golo de Perisic, mais ou menos caído do céu, logo no início da segunda parte, o jogo acabou. E passou a simplesmente ser uma coisa qualquer entre uma equipa que não queria mais e outra que não podia mais.
E foi mais de uma hora - o que faltava da segunda parte, mais a meia hora do prolongamento - do mais enfadonho que viu deste o Catar. De sonolência absoluta!
Valha que logo a seguir deu para acordar com o Brasil. Que, já com Neymar recuperado e no onze, despachou "a nossa" Coreia em dez minutos. Depois ... foi show de bola, com quatro golos - sublimes, daqueles que já não imaginávamos possíveis, a que nem o penálti de Neymar escapa - em pouco mais de meia hora. Um regalo para a vista, na homenagem a Pelé.
Em matéria de golos o Brasil ficou por aí, fechou a loja aos 35 minutos. Porque o grau de eficácia baixou e porque à medida que o tempo ia passando levantou o pé. Golos - e apenas um - só para a Coreia. E dos bons. E bem merecido, até porque o Alisson evitou mais com quatro grandes defesas.
E um jogo que à meia hora parecia ir acabar num massacre acabou numa goleada, é certo, mas um resultado que não humilha ninguém. E com a selecção coreana a sair inteira. Como inteiro saiu Paulo Bento, a anunciar que deu por concluída a sua missão na Coreia do Sul.