Revelação da semana
Sem surpresas, já fora eleito (apesar disso) com essa promessa, Trump mandou oficialmente o Acordo de Paris às ortigas.
Para isso não disse apenas "covfefe", disse alarvidades bem maiores. Disse que não há quaisquer problemas ambientais. Que não passa de invenção, essa história de o Homem andar a dar cabo do planeta. E que o Tratado de Paris não tem nada a ver com clima e alterações climáticas, mas tão só com a forma que o mundo encontrou de tramar a América.
E, já se vê, para tramar a América está lá ele, não precisa nada que seja o mundo a fazê-lo.
Claro que também trama o mundo. Mais do que isso - assusta-o. Mas trama antes de tudo a América, primeiro isolando-a do resto do mundo e, depois, deixando-a para trás no caminho do desenvolvimento técnico, científica, industrial e económico.
É com desafios como os que hoje o planeta e as alterações climáticas colocam que, como diz o poeta, "o mundo pula e avança". Com Trump, a América não só não sai do mesmo sítio, como recua. A América não é apenas a América rural e profunda, de ignorância, crendices e fundamentalismos que elegeu Trump. A América é também a maior e a mais dinâmica economia do mundo, a maior e mais dinâmica comunidade científica do planeta, e o maior centro de inovação do globo. E esta América não quer ficar para trás. Sabe que não pode ficar para trás, e sabe quanto lhe custa (directamente, em mercado) estar do lado errado da História.
Por isso as elites americanas estão contra Trump. Por isso, os responsáveis máximos das maiores e mais icónicas empresas da América e do mundo, e até os das petrolíferas americanas - tidas como as mais interessadas no "covfefe"- estão contra esta decisão "covfefiana". E é por isso legítimo admitir que, se os EUA se estão nas tintas para o ambiente, as empresas e a economia americana, não.
E, se assim for, as consequências de mais uma estúpida decisão de Trump pouco mais serão que "covfefe".
E pronto: já descobriram que fui eu a decifrar o maior enigma do mundo nesta semana. É isso - "covfefe", quer dizer isso. Nada.
Não quer dizer nada. Podia lá ser outra coisa?