No debate das moções de censura o governo foi acusado de roubo fiscal e de fraude eleitoral. Não ouvi acusá-lo de assassínio, mas desconfio que hoje assassinou o CDS!
Ah! E temos o melhor povo do mundo... Vindo de Vítor Gaspar é de desconfiar que não seja calúnia!
É frequente associar a criminalidade à crise. Há aqui um certo dedo ideológico, que tende a apontar no sentido de que as pessoas, uma vez penalizadas pelas agruras da crise – o desemprego, a redução dos apoios sociais, etc. – procuram satisfazer as suas necessidades básicas através de actividades criminosas. De criminalidade violenta!
Vejo este título do Público e não consigo fugir a uma breve reflexão sobre o assunto. Se é certo que esta ideia de associar a criminalidade à crise tem o seu quê de ideológico, não o é menos que uma certa ideia de facilitismo – no sentido de encontrar respostas fáceis, um tanto ou quanto primárias - instalada na sociedade portuguesa favorece esta interpretação.
A ideia de que o crime aumenta à medida que aumentam as dificuldades da vida não é aceitável. No entanto ela está instalada, e é dada como certa em determinadas realidades.
É frequente ouvirmos técnicos de Serviços Sociais deixarem-nos uma ideia de que há subsídios que têm de ser mantidos para comprar certas condições de convivência que nos garantam a paz e a tranquilidade que asseguram a nossa vida social. Não sei de onde veio essa ideia, mas sei que essa é uma forma de nos convencer a todos de que esse dinheiro é bem empregue. Que não é um dinheiro destinado a financiar modos de vida marginais mas um dinheiro destinado a pagar um direito como os outros. Como pagamos o direito à saúde ou á educação, pagamos o direito à segurança, só que por duas vias: pela da política activa de segurança e pela da subsidiação social. Nessa medida isso é como que um imposto que organizações criminosas implantam nos territórios que dominam.
Evidentemente que, nestas circunstâncias, o aumento da criminalidade não tem nada a ver com a crise. A criminalidade está lá, latente, e nós apenas a contemos enquanto tivermos condições para pagar o tributo - a chantagem. Aqueles que a crise violenta, os mais pobres e os desempregados que todos os dias engrossam a fila dos deserdados do sistema, não têm nada a ver com o aumento da criminalidade. São gente séria que não merece o que lhe está acontecer, quanto mais ser ainda vítima destes anátemas!
O crime não tem ideologia!
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