Parece que "o macaco" foi preso, e os carros que ostentava apreendidos, tal como milhares de euros, droga, bilhetes - os famosos bilhetes - e umas armas.
A operação tem nome - "pretoriano". Não está mal escolhido, numa alusão à guarda pretoriana de Pinto da Costa. Mas é pouco imaginativo, como decorre dos incidentes naquela igualmente famosa Assembleia Geral Extraordinária do Futebol Clube do Porto, bem se podia chamar-se "Al Capone".
O célebre mafioso americano só foi preso por evasão fiscal. Este Al Capone à moda do Porto nem por isso nunca seria detido. Acabou por ser por "violência doméstica".
Dizem os entendidos que Benfica e Porto foram beneficiados num penallti cada um neste último fim de semana. Ambos ganharam e ambos os converteram em golo. No fim das contas, só o do Porto foi objectivamente decisivo na vitória, já que ganhou por um golo (3-2), enquanto o Benfica ganhou por dois (3-1).
Na jornada anterior fora a vez do Sporting sair com benefício idêntico, com o árbitro a punir o adversário com um penalti por uma falta cometida fora da área. Isto para não recuar mais no tempo, e apenas para que fique claro que essas coisas acontecem com alguma frequência. Porque errar, todos erram. Porque esse erros são hoje mais escrutináveis que nunca, e há certamente muita coisa que se vê nas imagens que ao olho humano, no momento, naquela fracção de segundo, não é passível de ser vista.
Mas não é isso que me traz aqui. Melhor: o que me traz aqui só muito remotamente poderá ter alguma coisa a ver com isso. É que uns rapazes de uma claque do Porto, com o respectivo líder à cabeça, voltaram a protagonizar cenas inspiradas na velha Sicília, trazendo-nos de volta tempos que todos julgavamos bem enterrados no passado.
Uma coisa é que não haja praticamente notícia do submundo do crime no Porto que não dê nota de pessoas ligadas aos Super Dragões, deixando bem à vista os cruzamentos entre as claques do futebol e o crime organizado, que nem é novidade nem exclusivo de qualquer uma. Outra é a sua actuação criminosa enquanto tal, enquanto claque, enquanto estrutura institucional apoiada por um clube de futebol. Uma coisa é serem compostas por gente a quem se não conhece profissão, que faz da marginalidade modo de vida. Outra é organizadamente exibirem a intimidação e a chantagem. É espalhar o terror por onde passem e sempre que lhes apeteça.
Têm agora a palavra as instituições do Estado de Direito. O gangsterismo não pode ficar impune. Onde quer que seja do território nacional. Seja qual for o sector da nossa vida colectiva.
A GNR tomou conta da ocorrência. Mas o mais provável é que venha concluir mesmo que não passou de um grupo de amigos que numa segunda-feria decidiu ir jantar a uma cidade a 70 ou 80 quilómetros. Que entrou no primeiro restaurante que encontrou, sem qualquer ideia que pudesse ter alguma coisa a ver com o árbitro que terá errado a assinalar um penalti. Um, que não o que beneficiou o seu clube. Que não chamaram "pelo gatuno", mas apenas pelo livro de reclamações...
Porque, afinal, como se vê pelas televisões e jornais, o que interessa são os penaltis. Isto não tem interesse nenhum!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.