Diz-se por aí que, quando, mais logo, António Costa vier a sair do Palácio de Belém, atrás dele, a correr, há-de vir aquele senhor pequenino, de óculos, a gritar-lhe: "Espere aí, espere aí... o Presidente tem mais uma dúvida para esclarecer. Mas ainda tem dúvidas sobre qual é a dúvida... Tenha lá paciência..."
Até aqui pensava que era por lapso, ou falta de cuidado e de rigor, que o governo escolhia pessoas que não eram as mais indicadas, com os seus rabos-de-palha. Já deixei de pensar assim!
Lembro-me do debate da legalização do casamento entre homossexuais. Lembro-me que os que se lhe opunham acabavam por mitigar essa sua posição, relativizando a importância desse acto para enfatizar um outro, que estaria afinal por trás da legalização do casamento. Diziam que a seguir viria a adopção, e que esse sim, seria o problema…
Isto passou-se há pouco mais de três anos. Hoje, quando na Assembleia da República se votam dois projectos sobre a matéria, pelo que se vê, a co-adopção não levanta grandes fracturas na sociedade portuguesa. Nem entre os que há três anos atrás encontravam aí o grande problema do casamento que então se legalizava…
Quererá isto dizer que a sociedade portuguesa progrediu em três anos mais que anteriormente em décadas? Que atingiu a maturidade política e cívica das sociedades mais desenvolvidas, civilizadas e educadas?
Ou será que a crise também tem alguma coisa a ver com isto?