Temos visto que, no debate político eleitoral, praticamente toda a gente clama contra os baixos salários em Portugal. Nesse discurso há dois temas que são transversais, e praticamente aceites por todos: o salário mínimo está muito encostado ao salário médio; e os baixos salários fazem com que os mais qualificados abandonem o país e partam para destinos que valorizam as suas qualificações.
O primeiro dos dois temas, sendo consensual porque é factual, é apresentado com propósitos diferentes. Uns evocam-no para argumentar contra o aumento o salário mínimo, e alguns desses até contra a sua própria existência. Outros, para concluir que há um problema de retrocesso salarial no país, depois de dez anos desregulação laboral e de cortes salariais.
Sabe-se quem são uns e outros.
O segundo, igualmente consensual e factual, decorre apenas da conclusão a que chegam os outros, os segundos. Os uns, os primeiros, que se sabe quem são, só por cinismo o podem referir. Seja porque em tempos mandaram emigrar, seja porque, depois, congelaram carreiras e salários. Ou seja, ainda, porque fizeram da transferência geracional uma locomotiva para o downsizing salarial.
Dez anos depois não há trabalhadores disponíveis para trabalhar pelos baixos salários que são oferecidos, e não há trabalhadores qualificados porque se foram embora. Mas nem assim os salários sobem. Mesmo assim todos os anos caem na pobreza milhares de pessoas com trabalho.
Só o salário mínimo aumenta porque é imposto por lei. Os outros salários não podem subir - dizem - sem crescer a produtividade. E a produtividade não cresce sem trabalhadores qualificados. E não há trabalhadores qualificados porque os salários são baixos.
"O liberalismo funciona", como não se cansa de reclamar o Cotrim de Figueiredo. Pois .... mas cá só funciona à força da lei. E mesmo assim só às vezes. O que por cá funciona mesmo é o círculo vicioso!
Confesso que não tive paciência para assistir até ao fim ao debate entre os partidos que não têm representação parlamentar. Ainda nem sequer acabou... Foi demasiado deprimente, e difícil de tolerar para aguentar até ao fim.
E chocante. Especialmente chocante, para além de deprimente, como praticamente todas, a participação de um senhor chamado Bruno Fialho, de um partido chamado ADN. A do velho conhecido Manuel Pinto Coelho - do PNR, agora Ergue-te - já nem choca, apenas dá vomitos.
Mas o que mais me chocou, o embate mais surpreendente e violento, foi o estado a que o MRPP chegou. Ainda estou sem palavras. Acredito que a rapaziada da minha idade me compreenda. Se calhar já só a minha geração se lembra do MRPP....
O debate de ontem à noite, entre os líderes das nove formações com representação parlamentar, na RTP, acabou por ser o único no registo de todos contra todos. E mostrou como teria de ser o único. Aquilo nem é fácil de gerir - na RTP só mesmo o Carlos Daniel tinha condições para o fazer, e bem, como fez - nem permite grandes esclarecimentos.
Não houve surpresas relativamente aos debates em duelo que marcaram as duas primeiras semanas do mês, ainda antes da abertura oficial da campanha. Não foi dito nada que não tivesse já sido dito, e em muitos caso até à exaustão. E,sobressaiu quem já tinha sobressaído no anterior modelo - justamente Cotrim de Figueiredo e Rui Tavares.
Em tudo o resto, o normal nestes debates. Perguntas que ficam sem respostas - muitas, e da parte de todos, mesmo que aí Costa seja imbatível -, respostas enviesadas, e respostas precipitadas.
Neste domínio o debate terá ficado marcado pela resposta que deu a Cotrim de Figueiredo sobre a ultrapassagem de Portugal pelos países do leste, chegados muitos anos depois à União Europeia. Ao seu jeito, António Costa passou rapidamente por cima da pergunta. Foi logo cercado, e não o deixaram prosseguir sem essa resposta. E ela veio célere da boca do líder do PS: "a isso responde a História". E prosseguiu o seu caminho, como se a questão tivesse ficado respondida.
Não tinha, mesmo que a resposta fosse aquela. E estivesse certa. Só que, dada daquela forma, "en passant" , numa espécie de "deixem-me prosseguir e não me chateiem", não era resposta. Era gafe, para gáudio de adversários e comentadores.
É realmente na História que está a explicação para que boa parte dos países de leste, saídos da esfera soviética há 30 anos e há menos de 20 na União Europeia, tenham encontrado ritmos de desenvolvimento que lhes permitissem ultrapassar outros, como Portugal, há muito mais tempo integrados no projecto europeu. É que esses países dispunham de sistemas de educação efectivos e encontravam-se em patamares qualificação bem mais elevados que os de Portugal.
A resposta poderia ter sido simples, e inspirada no "é a economia, estúpido", de James Carville, que tanto jeito deu a Clinton, e que ficou a marcar a História do debate político: é a Educação, estúpido!
Tinha perdido o mesmo tempo, e prosseguido a sua rota pré-estabelecida, e saía com um golo de chapéu ao guarda-redes, do meio campo.
Para outra resposta já teria que perder mais tempo - e referir o desenvolvimento industrial de alguns desses países -, ou até recorrer a argumentos eventualmente inconvenientes, como o facto praticamente nenhum desses países integrarem o euro.
Este era o jogo grande do campeonato. O decisivo, mesmo que provavelmente decida pouco. Foi tudo em grande, e durante o dia não se falou de outra coisa. Foi um dia inteiro de pré-match. Foi grande mo tempo - os jogos não têm todos a mesma duração. Este teve o quádruplo do tempo dos outros. Passou em directo nas televisões todas. E por tudo isso até teve três equipas de arbitragem.
Tudo isto é capaz de dizer alguma coisa sobre a competição. Um campeonato em que os grandes não têm só os benefícios da arbitragem, são também favorecidos pela Organização.
Mas pronto, é a vida. Os grandes são sempre maiores!
António Costa entrava em campo com o élan das sondagens, donde vinha justamente de um dia bom. O que, pelo que se sabe, não era mau para Rui Rio. Se precisa de estar picado, hoje elas picaram-no. E bem, ao ver o PS a alargar a diferença, que até aqui tinha vindo a ser encurtada nas últimas semanas, para a maior distância até à data.
O tempo de jogo, o quádruplo de todos os restantes, também jogava a seu favor. António Costa assenta o seu jogo no rigor táctico e na concentração competitiva. E na vertigem. Isso favorece-o nos jogos mais curtos, mas penaliza-o nos muito longos. Rui Rio é mais a gasóleo, precisa de tempo para embalar. Depois de embalado solta-se.. E liberta o seu jogo solto, muitas vezes até anárquico. Sem a exigência dos rigores tácticos, sempre de grande desgaste mental, o tempo de jogo não lhe pesa.
Por isso Rui Rio chegou ao fim do jogo em condições de desferir o golpe final. Fê-lo mesmo no fim do jogo, em cima do minuto 90, quando Rio levantou voo com a TAP. Não se sabe se apanhou o avião em Madrid se em Lisboa, mas ganhou aí o jogo, nesse lance fulgurante da sua última jogada de ataque. Foi uma jogada estudada, bem treinada durante a semana, e que resultou em cheio. António Costa ainda tinha tempo para repor a igualdade, mas acusou o golpe, e não foi capaz de reagir.
Não foi um grande espectáculo. Os jogos grandes raramente o são. Está muita coisa em jogo para se preocuparem com o espectáculo. Mas foi muito disputado, intenso e sempre competitivo. E equilibrado, até àqueles últimos minutos que Rui Rio tinha guardado para o golpe final!
Na flash interview, no fim do jogo, António Costa reconheceu que o adversário foi superior. Quando utilizou esse espaço para o jogo falado para, como nunca tinha feiro, falar - em gíria política diria dramatizar - em maioria absoluta, Costa reconheceu que neste jogo não tinha somado pontos às sondagens. Já Rui Rio aproveitou esse espaço para continuar a jogar, como se fosse uma espécie de tempo extra. E a acentuar a sua superioridade no jogo, como se não tivesse terminado, cortando pela base o jogo falado de Costa. Que foi bem pior que o que tinha jogado no tempo regulamentar!
Ambos jogaram ao ataque, mas sempre com muitas cautelas. Visíveis no jogo de António Costa, bem menos mandado para a frente que no jogo com Jerónimo de Sousa, agora fora do campeonato (na verdade, o seu, já era um mini-campeonato) para uma intervenção cirúrgica de urgência às carótidas. E, no de Catarina Martins, a travar ímpetos expostos em jogos anteriores, e a ter de contornar uns "obstáculos".
António Costa, naquele seu jeito meio trapalhão de conduzir a bola - "vamos lá ver": a comer palavras como quem come metros de relva em posse- -, foi procurando empurrar a adversária para ... a esquerda, tentando destapar-lhe um flanco radical que lhe permitisse entrar pelos seus territórios menos protegida, que basculam de eleição para eleição. Um espaço num território de "500 mil votos" que poderá ficar "livre".
Catarina Martins, com um jogo mais directo, sem grandes trocas de bola, tentou manter António Costa lá atrás, destapando-lhe alguma inconsistência. Manteve o jogo directo sem nunca o deixar partir, e esse talvez tenha sido o seu maior mérito. Mas isso teve um preço. As cautelas para evitar que o jogo partisse limitaram-lhe a eficácia no contra-ataque, acabando por nunca o explorar após cada uma das sucessivas jogadas de ataque de Costa construídas a partir do chumbo do orçamento. E foi aí que saiu mais penalizada.
As jogadas de construção, de ataque continuado, de Costa obedecem sempre à matriz do chumbo do orçamento. E a verdade é que, de tão treinadas, e de tão sistematizadas na matriz do seu jogo, resultam. É um pouco parecido com o Sporting de Rúben Amorim - os adversários sabem que joga sempre assim, mas nunca acertam no antídoto.
Catarina Martins seria até quem tinha mais antídotos - a recuperação de algumas pensões penalizadas versus a sustentabilidade da Segurança Social, e as cativações orçamentais, eram os mais fortes - mas, ao não conseguir aplicá-los com eficácia, acabou colhida pelo rolo-compressor do chumbo do orçamento.
E, de um jogo que teve muito mais "fel" do que "mel", ficou a certeza que muito dificilmente estes jogadores voltarão a partilhar o balneário!
À medida que o campeonato avança os jogos vão perdendo interesse. Por desgaste das equipas, por demais evidente, mas especialmente por saturação das propostas de jogo. Já nada de novo têm para mostrar nesta altura do campeonato.
Ontem foi mais um dia cheio, mas não um dia em cheio. Foi um dia de empatas. E de empates. Pela primeira vez ninguém ganhou. Mas o empate também servia para toda a gente!
O jogo inaugural, entre o Bloco e o PAN, foi enfadonho. Tinha o aliciante de ser completamente feminino, mas nem isso lhe deu grande alma. Com tanta convergência, Catarina Martins e Inês Sousa Real acabaram por afunilar sempre o jogo, retirando-lhe versatilidade e encanto. Quando afunilaram, não remataram. E só conseguiram jogar ao ataque quando partiram o jogo. E já se sabe - quando o jogo parte ganha emoção, mas perde rigor e consistência. Foi o que aconteceu, e ninguém ganhou com isso. Nem o espectáculo!
No jogo seguinte encontraram-se - não se confrontaram - PSD e IL, uma espécie de Porto - Portimonense. Aquilo pareceu muito mais um baile dos de antigamente - "a menina dança?" - do que um jogo de competição. E dançaram... dançaram ...
Para Rui Rio não podia correr melhor. A dois dias do jogo do campeonato, o único que realmente tem que ganhar, e no qual há muito concentra todo o trabalho semanal de treino físico e táctico, nada melhor que um baile para descontrair. E foi até bonito de ver como, em vez de jogar, dançaram. Com os passos sempre acertados, e sem pisadelas. Ninguém se queria aleijar, e por isso tiveram muito cuidado com os pés. E com o sítio onde os colocavam. Às vezes Cotrim de Figueiredo dava um apertãozinho mais malandreco, entusiasmava-se um bocadinho e lá saía uma pisadelazinha. Mas nada de grave, e voltava a encostar a cabeça.
Não foi desagradável à vista, e um foi um bocado bem passado. Mas estávamos à espera de um jogo, de uma competição que se resolve com golos, e não de uma dança de engate, que nem notas dá para a competição.
Rasgadinho foi o último da noite, sem surpresa, de resto. Livre e CDS não podiam fazer a coisa por menos!
Rui Tavares também já acusa algum desgaste. Foi a sua penúltima participação, a competição já vai longa, e isso notou-se. A ideia de jogo esteve lá, mas a condição física para a desenvolver já não é a melhor. Xicão não tem ideia de jogo - tem umas vagas ideias, com um ou dois séculos, do tempo em que o jogo nem sequer tinha ainda sido inventado - mas tem um novo fôlego (Sá Pinto que me perdoe...) que acrescentou uns truques (soundbytes) ao jogo de Lito Vidigal com que iniciou o campeonato. Continua a ser canela até ao pescoço, só que, em vez de cara fechada e dentes cerrados, é agora de riso aberto e boca escancarada. Pode até não doer mais, mas irrita ainda muito mais!
Ontem, domingo, foi dia de jornada completa, com os jogos uns em cima dos outros. Quem os quis acompanhar foi obrigado a autênticos golpes de Zaping, quase sem direito a intervalo, para não perder pitada.
Talvez pelo adiantado da competição, começa a perceber-se que algumas estratégias de jogo começam a acusar fadiga, e a deixar de resultar.
Os jogos fofinhos começam a ficar enfadonhos, e a dar para adormecer. Foi o que viu no encontro entre o Livre e o PAN, com Rui Tavares e Inês Sousa Real a embalar-nos para uma noite de sono tranquilo. Resistir a adormecer foi quase um acto heroico.
As propostas de jogo até eram interessantes, mas quando são muito iguais perdem atracção, e tornam o jogo pouco interessante. A proposta de Rendimento Básico Incondicional tem tudo para ser interessante, e para integrar estratégias de progresso no que mais importa do jogo; mas apresentada assim, sem disputa, acaba por passar despercebida e perder-se na sonolência instalada.
Acabou empatado. Dificilmente poderia ter outro resultado, até porque, pelo que se vai vendo, Rui Tavares - na competição pela via de uma espécie de repescagem - não perde um; e Inês Sousa Real não ganha nenhum.
A partida entre o PS e o CDS prometia. Francisco Rodrigues dos Santos, Xicão, ou simplesmente o mais jovem com a cabeça mais velha - rótulo bem colado pelo Cotrim de Figueiredo na partida que ambos disputaram - parecia o Moreirense. Percebeu-se que trocou de treinador. Despediu o Lito Vidigal e contratou o Sá Pinto. Não muda muita coisa, mas dá melhor imprensa: o que num é cacetada pura e dura, no outro é raça.
Foi isso. A mudança não foi mais que isso. Voltou a usar o "seu" Mercedes à porta, mas já sem evocar directamente a família de Famalicão. Percebe-se que está esgotado e, ao contrário do Moreirense, nem Sá Pinto lhe dá alento. Não tem ataque, nem meio campo, nem defesa. Não prepara os jogos, e depois não sabe o que fazer com a bola, não a consegue segurar, perde-a logo que lhe chega. Daí que António Costa se tenha limitado a passear pelo relvado. Não precisou sequer de se mostrar em grande forma grande para ganhar facilmente. Bastou-lhe não dar fífia
O jogo mais interessante da jornada acabou por ser o que opôs o Chega à IL. São equipas do mesmo campeonato, mas com argumentos de jogo completamente antagónicos. Os de Ventura são fraquinhos e gastos, e nem a troca do Mercedes pelo Porsche lhe valeu. Pelo contrário, trocou um Mercedes, parado, à porta, por um Porsche a circular. Mas, com o motor gripado, ficou logo ali.
Ventura ficou apeado, sem gasolina. Não tem uma gota de gasolina, e só agora é que percebeu que está encostado à beira da estrada. Vai ter que empurrar penosamente o carro até ao fim, e já nem vai receber mais palmadinhas nas costas de Rui Rio, sentado a ver o jogo e a aprender como se faz. Foi esta a fotografia do um jogo em que Cotrim de Figueiredo não se limitou a golear. Mostrou como se devem jogar estes jogos, e deu uma cabazada!
Já se percebe que começam a surgir os jogos fofinhos. À medida que o campeonato vai avançando, e com a aproximação do os dois verdadeiros candidatos ao título vão entrando em poupanças, a guardar forças para o grande clássico, o jogo de todos os jogos.
Depois do jogo fofinho de ontem, outro hoje. PS e PAN replicaram o PSD-CDS de ontem, e ofereceram-nos um jogo idêntico. A diferença esteve no espectáculo, que foi de muito melhor qualidade. Sem a pressão da competição, António Costa e Inês Sousa Real protagonizaram um bom espectáculo, com muita bola e tratada com propósito na área das alterações climáticas. É um jogo que, ao contrário do que sucede nos países com as melhores competições, não é muito jogado por cá.
Na verdade não haveria melhor oportunidade para este modelo jogo destes que um amigável. E especialmente um amigável destes, em que a sedução tomou o lugar da competição. Como é da praxe, estes jogos têm jogadas de encher o olho, acabam - têm de acabar - com muitos golos, mas empatados. Mesmo assim, sem ganhar, foi o melhor resultado da Inês Sousa Real na competição. E António Costa só não queria perder, o empate bastava-lhe.
O outro desafio, entre o Livre e o PSD, foi naturalmente diferente. Não foi exactamente fofinho - nem poderia ser - mas também não foi , nem de perto nem de longe, um jogo de faca nos dentes, onde valia tudo, como outros a que temos assistido. Rui Tavares, voltou a confirmar que tinha o jogo bem preparado, e teve sempre atitude competitiva, mesmo sem nunca passar das regras do fair-play. O adversário jogava à distância - nos estúdios da RTP no Porto - e isso também ajudou. Dificultava a competitividade e facilitava o fair-play.
Curiosamente isso não influenciou tanto assim o jogo de Rui Rio. Que não foi tão competitivo como Rui Tavares, mas também não teve o mesmo desportivismo. Rui Rio não jogou propriamente duro, mas mandou-se algumas vezes para o chão a rebolar, a fazer fita. E isso não fica bem a um candidato ao título!
Aconteceu assim nos momentos em que a bola era jogada para os apoios sociais. Logo que a bola entrava nessa zona Rio atirava-se para o chão a rebolar, com as mãos na cara como se tivesse sido apanhado pelos cotovelos do Rui Tavares. E, como todos que é fita quando o Octávio, do Porto, faz essas figuras, também vimos perfeitamente que os apoios sociais do Rui Tavares não eram nada as cotoveladas que Rio fingia.
Na maior parte das vezes o Octávio sai-se bem. E a sua equipa ganha. Rui Rio não se saiu bem, e voltou a perder. Não foi apenas por isso, porque perdeu praticamente em todas as zonas do campo. E Rui Tavares não perdeu ainda um jogo neste campeonato. O pior é outro, que vem a seguir!
Foram mornos, mesmo que surpreendentes, os jogos de hoje. Dois apenas, mais uma vez, pelas razões conhecidas. Para que houvesse os três do programa, teve de haver o do Sporting. Esse não foi morno, foi nos Açores e mais surpreendente ainda. Não correu nada bem ao campeão. Mas não é deste campeonato…
O primeiro opôs o PAN à IL. João Cotrim de Figueiredo parecia vir em ascensão, mas hoje apenas mostrou que já esgotou o reportório. Nada do seu jogo é já novidade, e não mostrou golpe de asa para nos manter agarrado ao jogo. Até o pontapé de saída é invariavelmente o mesmo E quando assim é sujeita-se a que até a Inês Sousa Real lhe ganhe.
O segundo jogo era um clássico. E dos clássicos espera-se sempre qualquer coisa mais. Se bem que deste, entre o CDS e o PSD, não se soubesse muito bem o que esperar - tanto poderia ser um daqueles jogos amigáveis, de mera exibição, que acabam sempre empatados e com muitos golos; como poderia ser um jogo entre adversários picados. Um, Rui Rio, que diz que joga melhor quando picado e, outro, Chicão, que, picado com toda a gente, tinha razões de sobra para estar picado com a tampa que Rio lhe deu há tão pouco tempo.
Percebeu-se logo ao apito inicial que iríamos assistir a um amigável. E percebeu-se que Rui Rio já sabia que seria assim. Sem pressão, com espaço para jogar à vontade, Rio apresentou-se distendido. E negou a sua tese do picanço.
E percebeu-se que o Chicão tinha percebido que não ganhava nada em entrar no jogo com a frustração da rejeição. E que estava ali mais para procurar o colinho que lhe falta do que propriamente para vingar a tampa. Percebeu-se ao longo do desafio como lhe é difícil pôr em prática esse modelo de jogo. Mas resistiu bravamente aos impulsos caceteiros, e apenas por uma vez resvalou para os "Mesquita Guimarães", que para ele é "os Mercedes à porta" do coiso.
E assim foi. Acabou por ser um jogo fofinho, com muitos abraços e promessas para o futuro, com um resultado que agradou a ambas as partes e, que, no fim, deixou ambas as bancadas agradadas.
No campeonato dos debates, hoje, houve apenas dois jogos - Jerónimo de Sousa, como já se sabe, não comparece aos jogos que se disputem no cabo. Um, o primeiro, aguardado com grande expectativa. Mas foi o segundo o que se revelou como o melhor do jogo do campeonato até ao momento. Valeu o bilhete!
Era grande a expectativa para ver como António Costa, em grande forma nos jogos anteriores, e especialmente no último, se apresentaria contra o Canelas. Conhecendo-se a sua versatilidade táctica, e em boa forma, como seria desempenho do principal candidato ao título naquele terreno pesado, contra um adversário que tem no confronto para além das regras o seu grande - e o único - trunfo?
Pois bem. O candidato ao título não se intimidou, e entrou ao ataque, com determinação e dentes cerrados. Não foi uma grande exibição, é certo. É sabido que, para além do que joga, uma equipa só pode jogar o que o adversário lhe permite. E este nunca lhe permitiria jogar o que o último lhe tinha permitido. E o coiso do Canelas, já se sabe, nunca deixa jogar. Costa jogou o que pôde, e o que pôde foi suficiente para ganhar. Sem uma grande exibição e pela margem mínima, mas o que conta são os três pontos.
No segundo jogo defrontaram-se Catarina Martins e João Cotrim de Figueiredo - o Bloco e a Iniciativa Liberal. Dois adversários com propostas de jogo completamente antagónicas, mas que propiciaram o melhor espectáculo do campeonato, que já vai a meio. As equipas encaixaram bem uma na outra, interpretaram bem as suas tão antagónicas proposta de jogo, e acabou num daqueles jogos que nenhum merecia perder.
A Catarina acabou por ganhar, por meio golo. Porque foi mais rigorosa no cumprimento táctico. E foi-o por ter sido quem menos se afastou do seu padrão de jogo. Cotrim de Figueiredo teve que se afastar algumas vezes do seu, talvez por ter tentado corrigir alguns movimentos que, fazendo parte da sua matriz de jogo, não lhe tinham saído muito bem na pré-época, em particular nas coisas da pandemia e da vacinação, ou até do salário mínimo nacional.
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