Sete! O 7 de Cardoso. O 7 de Nené, e dos 77 anos que a Luz lhe festejou esta noite. Sete (de) golos!
Foi com sete golos ao Estrela da Amadora que o Benfica selou a passagem aos oitavos de final da Taça, que um destes dias - não se sabe quando - terá que ir disputar a Faro. Com sete golos e com um recital de magia do mago Di Maria.
Em pouco mais de uma hora em campo - saiu aos 65 minutos, com Bah e Aursenes, para ser substituído por Amdouni, enquanto entravam, em estreia, Leandro (o miúdo em que Lage aposta para lateral direito), e Kokçu (que viria a encher o campo) distribuiu magia e tratou sozinho do marcador. Marcou o primeiro logo aos 2 minutos para, outros dois depois, construir um dos melhores monumentos da sua monumental carreira: primeiro, com um toque, na recepção da bola, fê-la passar por cima do adversário que o marcava; depois, em acto contínuo, todo no ar, rematou-a de bicicleta para o fundo da baliza. Foi preciso pouco mais de 10 minutos para marcar o terceiro, e fechar o mais rápido hat-trick da carreira.
Depois foram muitos minutos sem mais golos. Com muitas oportunidades, mas sem golos. Falhava Arthur Cabral. Tanto que parecia já um "caso perdido". Falhava Beste, que falhava também a exibição, e já não regressou do intervalo. Veio Aktürkoğlu. Defendia Meixedo, o jovem guarda-redes do Estrela.
Aproximava-se a hora de jogo, e era tempo de Di Maria descansar. E assim foi. Não sem, antes, assistir Aktürkoğlu para o quarto, na mais bonita jogada de todo o desafio. Arthur Cabral continuava desesperadamente a falhar golos feitos. A cada falhanço Bruno Lage pedia aplausos às bancadas, que não tinham como não responder. Percebeu-se que tinha prevista a entrada de Pavlidis, mas não quis. Não podia tirar o 9 do jogo naquelas condições.
O quinto lá chegou, já á entrada dos últimos 10 minutos. Mas por Amdouni, o 7, após um passe fenomenal de Kokçu.
De repente, nos últimos quatro minutos, Arthur Cabral quebrou o enguiço. E de que maneira: de bicicleta. A segunda do espectáculo. Nem festejou, mas festejaram os colegas, e as bancadas. Já em cima do minuto 90 faria o bis e, aí sim, festejou.
E foi assim a festa do(s) sete. Cantaram-se os parabéns ao 7 que marcava golos sem sujar os calções. Desconfio que Di Maria, o 11, não sabe cantar. E que se tenha limitado a fazer o que sabe para dar os parabéns ao Nené.
Numa noite chuvosa, num jogo com o Santa Clara, para a Taça da Liga, 50 mil na Luz. É isto!
Para além - bem para além - desta fantástica relação dos benfiquistas com a equipa e com a Catedral, o jogo valeu pelo ainda mais fantástico golo de Di Maria. Devia ter acabado ali, aos 70 minutos, naquele momento sublime.
Não acabou, e ainda bem. Porque Pavlidis marcou, finalmente. E por duas vezes. Bisou, e já tinha sido ele a fazer a assistência para a obra prima de Di Maria. E porque ajudou a esquecer o que se passara antes. Nem tanto em todos os 70 minutos anteriores, mas principalmente nos 45 minutos iniciais.
É isso. A primeira parte foi fraquinha, o Benfica jogou muito pouco, mesmo.
Bruno Lage não fez assim tantas alterações na equipa. O adversário fez até muito mais: oito, pelo que ouvi dizer.
Se considerarmos que a entrada de António Silva é a coisa mais natural deste mundo, que Beste já vinha sendo titular, e que Arthur Cabral já começava a surgir como alternativa à seca de Pavlidis, restam Amdouni e Renato Sanches como verdadeiras alterações no onze base. E na verdade apenas Di Maria e Kokçu foram poupados.
Mas pouco. A primeira parte foi tão má que Bruno Lage se viu obrigado a repor tudo, tirando logo ao intervalo precisamente Amdouni e Renato Sanches. Não é que os outros estivessem a jogar bem - nem Aursenes, que não sabe jogar mal, se salvara - mas eram mesmo os elos mais fracos.
Amdouni poderá ter a desculpa de ser peixe fora de água na ala direita. E seria muito difícil que pudesse fazer de Di Maria. Pelo que se viu, ninguém pode. O internacional suíço menos que outros. E o Renato Sanches, independentemente do estado de recuperação, do sucesso que todos lhe desejamos, e do que gostaríamos que lhe acontecesse no Benfica, não encaixa no desenho do futebol da equipa.
E logo no arranque da segunda parte se começou a ver que era outro o Benfica em campo, as oportunidades de golo (duas apenas na primeira parte) começaram a repetir-se sucessivamente. Faltava marcar. A meio da segunda parte, na terceira substituição, retirando Beste (reconheço-lhe utilidade, mas confesso que não me entusiasma como titular na ala esquerda) para entrar Pavlidis, para o lado de Cabral, e fazer regressar Aktürkoğlu à ala esquerda, Lage resolvia finalmente o problema. Em 10 minutos!
Quatro minutos depois de entrar, Pavlidis assistiu para o golão de Di Maria. Cinco minutos depois, marcou. E outros cinco depois, voltou a marcar, fechando o resultado que poderia ter sido ainda bem mais ampliado.
Hoje, no Estádio do Algarve, o Benfica realizou o terceiro jogo da pré-época, contra a equipa de Ronaldo, a contar para o Torneio do Algarve, que junta ainda o Celta de Vigo. Que no primeiro jogo, no início da semana, goleou o Al Nassr (5-0), e defrontará amanhã o Benfica.
E ao terceiro jogo, a magia do futebol encarnado continua a encantar-nos. A divertir-nos, e a divertir os jogadores. Felizes, e também eles encantados com o futebol que produzem.
Di Maria é o dínamo da alegria com que jogam estes jogadores às ordens de Roger Schemidt. Apostaria que nunca se terá sentido tão feliz a jogar futebol, como se estivesse a jogar à bola com os outros miúdos lá no bairro pobre de Rosário. Foi o chefe da orquestra no "hino da alegria"que foi a primeira parte.
Marcou o primeiro, a meio da primeira parte, quando o Benfica já tinha desperdiçado quatro boas oportunidades para marcar. A primeira, no entanto, até coube à equipa dos petrodólares, e da ditadura saudita, logo nos primeiros segundos, num remate que João Neves desviou, quase acabando a trair Odysseas. Ficou-se por aí a equipa de Ronaldo. Por aí e por uma agressividade que chegou a passar das marcas. Cristiano Ronaldo acabou por ser notado pela maldade que Di Maria lhe fez, pela falta com reagiu, e pela vontade de marcar o seu primeiro golo ao Benfica. Nem que fosse de penálti. É pena, mas foi por aí que mais se notou.
Do recital da primeira parte ficaram três golos - o de Di Maria, e mais dois de Gonçalo Ramos - em 10 oportunidades claras. E o golo da equipa saudita, num aproveitamento do deslumbramento dos jogadores do Benfica, ditado por um excelente passe de Talisca, ainda um dos poucos jogadores da milionária equipa a merecer algum destaque. O outro foi Marcelo Brozović, recém-chegado do Inter, mais pela dureza com que entrou sobre Rafa e Di Maria, mas também pelo que, aqui e ali, conseguiu produzir.
Para a segunda parte Roger Schemidt mudou de novo toda a equipa. Desta vez foi todo um onze novo. Até Odysseas deu o lugar a Samuel Soares.
Neste onze, dos prioritários para Schemidt, apenas Aursenes (novamente), João Mário e Florentino. A "música" não foi a mesma, mas nem por isso as ideias foram outras. O mesmo futebol, bonito de ver, apenas um bocadinho menos empolgante. Até o mesmo desperdício.
Não fora isso, e o resultado não se teria ficado por apenas mais um golo, de Schjelderup, o miúdo que começa a aparecer. Até porque também nesta equipa da segunda parte não houve elos mais fracos. Ristic confirmou o que tem prometido, e João Vítor até já parece lateral direito. Lucas Veríssimo parece a caminho do regresso e Tomás Araújo confirma-se a cada jogo.
E é isto. O Benfica joga que se farta, cada vez mais bonito, e o plantel dá garantias. A dinâmica está lançada. Se ainda for possível melhorar, óptimo. Se não, só é preciso não estragar!
E ao segundo jogo (de preparação) o regresso de Di Maria... A sério, com a bola nos pés, de camisola 11 vestida. E como assenta que nem uma luva nesta equipa, e neste futebol do Benfica, acrescentando-lhe magia e classe. Classe pura!
Em Basileia, no St. Jakob-Park vestido de vermelho e completamente mergulhado na onda benfiquista, o Benfica 2023/2024 mostrou-se pela segunda vez. E como gostamos do que vimos!
Na primeira parte, com um onze próximo do que serão as opções prioritárias de Roger Schemidt, vimos um Benfica já bem próximo do esperado. De muito bom nível, a deixar crescer água na boca. Se é assim ao segundo ensaio, como será a estreia?
A expectativa é grande, mas ... é preciso que até lá não saia ninguém daquela gente.
Dos que vêm da equipa que foi campeã há dois meses - e eram 8 daqueles 11- nada de novo. Todos ao seu nível. Faltava Otamendi, mas lá estava Morato. E como esteve, impecável e imperial. Faltavam Aursenes e Neres, reservados para a segunda parte. Lá estavam todos os outros - Vlachodimos, Bah, António Silva e João Mário como se não tivessem tido férias; Gonçalo Ramos, agora de 9 nas costas, como se nada se esteja a passar, e Rafa como se não tivesse sido metido na telenovela deste Verão.
Depois lá estava Jurásek, que nem parecia em estreia. E a estrear-se com um golo. E que golo, aquele terceiro!
Kokcu já se tinha mostrado, e foi o primeiro logo a tentar o golo. Aquele futebol geométrico não engana. E logo que a máquina estiver ainda mais oleada, aquele jogo de primeiro toque irá ser uma delícia para a vista.
E Di Maria? É talento puro, a elevar o futebol da equipa para outra dimensão. Quem se lembra dele há 13 anos não o reconhece. É outro jogador, de classe pura. Marcou o primeiro golo, esteve nos dois restantes, encheu o campo e espalhou magia.
Com 3-0 ao intervalo, para a segunda veio outro onze, com outros 10, porque Odysseas manteve-se na baliza. E esta outra equipa nova mostrou que Roger Schemidt tem agora mais soluções no plantel, e deixa-nos a perspectiva de poder agora deixar de ser tão conservador nas suas opções. Ristic mostrou que pode alternar com Jurásek e, ambos, podem fazer esquecer Grimaldo. O teste não foi muito exigente - é verdade - mas os centrais (Lucas Veríssimo e Tomás Araújo) confirmaram a sua elevada qualidade. Aursenes e Neres, já são conhecidos e entram naturalmente nos prioritários. E até Schjelderup e Tengstedt, os nórdicos que tinham chegado em Janeiro, mostraram que não estão ali para fazer número.
O jogo não teve a qualidade da primeira parte, mas isso deveu-se mais à falta de eficácia, especialmente de Neres e dos dois jovens nórdicos - que, de resto foi o único ponto negativo desta segunda apresentação da equipa - e às quebras no ritmo de jogo provocadas pelas substituições na equipa do Basileia (ficou-me a ideia que nunca se jogaram mais de 5 minutos sem interrupções para substituições) que propriamente à qualidade exibicional deste onze do Benfica.
Por isso, pela falta de eficácia, e pela quebra do ritmo de jogo, podendo marcar mais 3 ou 4 golos, o Benfica não voltou a marcar. E acabou por sofrer um golo, já perto do final, no único remate do Basileia à baliza de Vlachodimos na segunda parte. E creio mesmo que do jogo!
São muitos e bons, os jogadores à disposição de Schemidt. Já sabemos do que é capaz de fazer com eles, "e isso nos envaidece"!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.