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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Ao lado da guerra

Guerra da Ucrânia inaugura nova era na informação em tempo real - Notícias  - R7 Tecnologia e Ciência

Já na terceira semana da guerra, desta guerra que é já o maior conflito armado na Europa desde a II Guerra Mundial, poderemos visitar alguns dos seus dramas à margem dos mais marcantes que são, evidentemente o sofrimento, a destruição, a morte e tudo o que é a desumanidade de se alimenta. E que a alimenta.
 
Esta é uma guerra diferente das outras. Em todas há a tendência para as dividir entre bons e maus, e nós colocarmo-ns sempre do lado dos bons. O lado dos bons é sempre o nosso, onde quer que nos posicionemos. Nesta Putin facilitou-nos a vida, é certo. Mas não foi só ele. Foi também a cobertura mediática, e essa nunca foi tão grande.
 
Em todas as guerras tivemos imagens de destruição, de cidades arrasadas, de espoliados, e notícias de refugiados. Nesta tivemo-las ao vivo, diariamente, com rostos e relatos na primeira pessoa. Esta entrou por nós dentro como nenhuma outra tinha antes entrado, e mostrou-nos a mentira de muitos dos pressupostos de uma das partes - a do agressor Putin. Se a Ucrânia não existia como país, mostrou-nos não só que existia, como o conhecíamos, mas que existia também a nação, que desconhecíamos. E que provavelmente não existia antes. Se os ucranianos fossem povo russo não poderiam ser bombardeados, expulsos e sacrificados como estão a ser.
 
Foi por isso fácil escolher o nosso lado nesta guerra. Mas para o espaço mediático não bastou que escolhêssemos o lado certo da guerra. Foi preciso fazê-lo sem vírgulas nem reticências em cada frase. Sem advérbios explicativos. Apenas com pontos de exclamação!
 
Qualquer "mas" era a ponte para o outro lado. Como qualquer explicação, como sucedeu com os comentários dos militares nas televisões, que tanta polémica abriu. Uma ponte que não servia de passagem, mas de expulsão para o outro lado.
 
Nesta espécie de orgia comunicativa foram, há uma semana, por decisão do Conselho Europeu, encerradas as televisões russas que operavam na Europa, um silenciamento inédito e - francamente - pouco consentâneo com os nossos valores, os do nosso lado. E, ontem, aberta a permissão no Facebook e no Instagram a apelos á violência contra russos e a ameaças de morte a Putin e a Lucashenco sempre que o assunto seja a invasão na Ucrânia. Como se também isso caiba nos nossos valores. por muito que caiba nos dos interesses da Meta, do Sr Zuckerberg, onde a violência, tout court, e os apelos à dita, são pratos fortes do menu.
 
Percebido isto, direi que talvez se possa começar a introduzir vírgulas e reticências nas frases. Mais, que talvez já dê para substituir alguns pontos de exclamação por pontos de interrogação. É que só esses provocam respostas, em particular a alguns dos outros dramas desta guerra.

 

Dramas

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Depois de meses a falar-se - e alguns a reclamá-lo - do plano B, fala-se agora de orçamento rectificativo. As previsões de tudo e de todos, dos que contam para tudo e dos que não contam para nada, afastam-se cada vez mais das que o governo deixou plasmadas no Orçamento. "São previsões, senhor...não passam de previsões" - diz ainda o primeiro ministro, qual Raínha Santa. O presidente Marcelo é que não se ficou pela contemplação do regaço de Costa, e tratou logo de chamar o orçamento rectificativo a terreiro. E já não se fala de outra coisa...

A diferença é que orçamento rectificativo não é nehum drama, como todos dizem, a começar no Presidente da República. Que também poderá já amanhã dizer que é, o que também não é drama nenhum. Já estamos habituados... Já estamos habituados a dramas, a orçamentos rectificativos, todos os anos ... e a tudo e ao seu contrário na boca do irrequieto presidente Marcelo.

Drama - mesmo - é que não basta rectificar a taxa de crescimento. Drama é que isso rectifica a receita. Drama é que para a manter só aumentando mais ainda os impostos. Drama é que, cortar na despesa, não é por agora menos drama...

 

 

O drama do país

Convidada: Clarisse Louro * 

 

Uns nem estudam nem trabalham. São os nem nem!

Outros, estudam mas nem sabem para quê.

Outros estudaram e fazem parte da chamada geração mais qualificada de sempre.

A maioria não tem trabalho e conta para pouco mais que um número - 40%, taxa do desemprego jovem. Correm atrás de um estágio não remunerado que nada lhes acrescenta, de um biscate sazonal no restaurante que já fechou, de uma caixa de supermercado ou de um call center onde ninguém lhes veja a cara…

Boa parte deles já deixou o país, pela porta da emigração indicada pelos que (n)os (des)governam. São muitos dos melhores, que vão entregar a outros o talento e o capital de conhecimento que, num esforço de décadas, em vão o país neles investiu.

Sobrou lugar no mercado de trabalho para alguns. Para uma certa e conhecida rapaziada - uma inexpressiva parte mas nem por isso negligenciável - há sempre um lugar reservado na máquina dos aparelhos partidários. Ou a partir dela. Há muita juventude até nos gabinetes do governo, muitos jovens a entrar todos os dias, como a pouco e pouco vamos percebendo…

E, claro, para alguns jovens muito capazes, os melhores dos melhores, que chegam ao mercado de trabalho com uma enorme vontade de dar o melhor de si, de contribuir para a renovação do país, de ser parte activa na criação de uma sociedade que não lhes corte os sonhos e a vontade de mudar o mundo.

Cedo chocam com a realidade imobilista dos interesses instalados, com o status quo inamovível que não tolera a afronta. Cedo percebem que não são afinal capazes de mudar o mundo, e que, ou se adaptam e se deixam absorver pelo sistema, na certeza de que se virão também a instalar e a perpetuar o inamovível status quo, ou desistem e, desiludidos, desencantados, frustrados e vencidos procuram também eles lá fora o que o país também a eles lhes nega, de uma forma ainda mais violenta e brutal. Não é um país que se adia, é um país que, impedindo a circulação de sangue novo, nega a renovação, negando-se a si próprio.

São estas as linhas que traçam o cenário de drama que hoje marca o país. Um país que desperdiça o maior e mais importante investimento feito nos últimos 40 anos, entregando ao desbarato os cérebros em que tanto investiu, hipoteca irremediavelmente o futuro que durante décadas se julgava estar a construir. Um país que ou empurra para fora, ou castra cá dentro, aqueles que são a alma, a base de sustentação e a mola de desenvolvimento das nações, descarta o futuro.

Um país onde o presente de uns poucos nega futuro de todos, é um país que não faz sentido!

 

 

 

* Publicado hoje no Jornal de Leiria

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