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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Congressos, cidadania e chalupas

42.º Congresso do PSD. O segundo dia de trabalhos em Braga

Um congresso do PSD é sempre espectáculo garantido. Os do PS também têm muita televisão, mas não são bem a mesma coisa. Já não têm o suspense nem o calor (não digo glamour porque isso seria um bocado exagerado) dos antigos, que elegiam os líderes. Agora, com os líderes a serem escolhidos em eleições prévias, nesta parte do programa de festas, os congressos trocaram o espectáculo por um simples acto notarial. 

Ainda assim as televisões esforçam-se por garantir o espectáculo. O resto cabe às estrelas que desfilam pelo palco, e ao público.

Marques Mendes era claramente uma das estrelas do Congresso deste fim de semana. As presidenciais estão aí. E ele há muito que, para elas, aí está. Ou por aí anda.

Não entusiasmou a plateia, apesar de, do ponto de vista dos seus interesses, ter resultado.  

Apesar de muito envolvido no papel de mestre de cerimónias, Hugo Soares não abdicou do papel de bronco, que tão bem lhe assenta. Bem secundado por Carlos Moedas, também ele cada vez mais bronco. Nem assim aqueceram o ambiente.

A quem estava de fora parecia que a Produção precisava de um golpe de asa. E eis que surge um velho animador de congressos, porventura o maior de sempre. Há muito que saiu do Partido, já fundou outro, já se candidatou contra em diversas ocasiões, e é até Presidente de uma Câmara Municipal conquistada ao próprio partido. Era a dimensão "perdoa-me" do espectáculo, mas nem assim. Nem Santana Lopes em piruetas sucessivas conseguiu animar a plateia.

Chegou então Luís Montenegro, para o encerramento. Anunciou mudanças numa disciplina chamada Educação para a cidadania, incendiou o Congresso e, quando tudo tinha falhado, levou finalmente a plateia à êxtase.

Que as mudanças numa disciplina que pretende formar melhores cidadãos - nas linhas orientadoras da disciplina, ditadas pela Direcção-Geral de Educação, “a educação para a cidadania visa contribuir para a formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres em diálogo e no respeito pelos outros, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo” - tenha sido o momento alto do Congresso diz muito sobre o PSD que ali esteve reunido. 

 Um PSD hipnotizado pelo mercado do Chega, disposto a tudo, até a alinhar com os mais chalupas dos chalupas, para recuperar aquele espaço perdido.

 

O ranking do solstício

SIC Notícias on Twitter: "Depois de anos marcados pela pandemia em que as  escolas estiveram encerradas, o ano letivo de 2021/2022 traduziu-se numa  transição e adaptação à normalidade para milhares de alunos.

Nesta altura do ano, tão certo como o regresso do solstício é o regresso do ranking das escolas. O solstício chega na próxima quarta-feira, o ranking chegou hoje. E é uma festa!

Compara o incomparável, mas isso não importa nada. Compara escolas onde não há dinheiro, com colégios onde nada falta. Escolas onde não há professores, ou estão em greve, com colégios com quadros de docentes estabilizados, do primeiro ao último ano de escolaridade. Escolas com calendários escolares de meio dia, e ainda assim sujeitos às intermitências dos humores dos sindicatos e do ministério, com colégios com oito horas de ensino curricular, e pausas preenchidas com actividades extra-curriculares para todos os gostos e necessidades. Escolas com filhos da desgraça, e enteados de um país desigual, com colégios que disputam os alunos entre os filhos das melhores famílias. 

Mas é assim, e viva o ranking!

No deste ano, o primeiro é o Grande Colégio Universal, no Porto, que atingiu a média de 16,6 nos exames nacionais. Nada que, para o respectivo director, tenha alguma coisa a ver com assimetrias sociais e elitismos. Diz mesmo que “é preciso desconstruir a ideia de que o ensino privado é elitista”, e que "a diversidade social [no seu estabelecimento de ensino] é uma riqueza que sempre tivemos.”

A avaliar pelo valor da mensalidade, que informou não ir muito para além dos quatrocentos euros, percebe-se "a riqueza da diversidade social"...

 

Regresso a quê?

Calendário escolar 2019-2020: Conheça todas as datas

 

O regresso às aulas enche hoje as capas dos jornais, com o arranque de um terceiro período como nunca se viu, marcado pela desigualdade que as aulas à distância e a internet, que ainda não é para todos, provocam.

A igualdade da oportunidade de aprender em sala de aula não se tele-transporta para casa de cada aluno. Aí, as desigualdades que o professor e a sala de aula escondem, vêm todas ao de cima. E a educação transforma-se num elevador avariado, sempre com a porta fechada.

Quando se fala de abertura, de regresso à normalidade, à normalidade possível, não é apenas de economia que se fala... 

Não faz muito sentido falar hoje de regresso às aulas. Nem de regresso de férias. Não há por enquanto regresso a coisa nenhuma. Nem regresso de coisa nenhuma. Não há aulas, como não houve férias.

Há apenas a mesma anormalidade que começa a tornar-se insuportável. Perigosamente insuportável!

 

 

 

Nem a chuva os pára

Trânsito condicionado no acesso ao túnel do Grilo no sentido Odivelas

 

Voltamos este domingo a assistir ao degradante espectáculo de filas de automóveis, especialmente na capital. Que o movimento sincronizado dos limpa pára-brisas tornava ainda mais chocante.

Nos anteriores fins-de-semana, fosse há duas semanas nas marginais das praias do Norte fosse, no último, na ponte 25 de Abril, haveria a desculpa do apelo do sol. Grande em todo o lado, como se viu ontem em Inglaterra, mesmo que, aqui, o sol seja uma espécie de metal precioso, e não a comum vulgaridade que é para nós.

Ontem, por cá, em vez de sol havia chuva. E muita. Torrencial, muitas vezes. O que é poderia empurrar as pessoas para a rua?

Corre por aí que, para a Páscoa, já anda toda a gente a estudar percursos para os mais diversos destinos por estradas secundárias.

Está provavelmente aqui a resposta: a mola que faz saltar esta gente para os seus automóveis é a adrenalina da irreprimível sedução dos portugueses pela violação das normas. É aquela irreverência infantil a que se chama falta de educação!

Bons exemplos

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É porque há notícias destas que temos que acreditar que nem tudo está perdido. No futebol, como é o caso, como na vida. Nas nossas vidas ...

A notícia anda aí, e corre depressa: num jogo de futebol a contar para o campeonato distrital de juvenis de Castelo Branco, entre os miúdos do Vila Velha de Ródão e do Sporting da Covilhã, a equipa da casa, por razões diversas, que vão  da dificuldade de recrutamento a lesões e gripes, apenas conseguiu apresentar-se com oito jogadores. Então o treinador dos leões da Serra decidiu que a sua equipa alinharia igualmente com oito jogadores.

Tem 27 anos, e acha que mais importante que ganhar é dar bons exemplos. É bom que haja quem pense assim. E é fantástico que haja gente que pensa assim a trabalhar com miúdos, e logo naquilo que eles mais gostam de fazer!

Dantes chamavam-lhe "bons exemplos". Agora já não há. Hoje fala-se de "boas práticas", que não é bem a mesma coisa. Nem pouco mais ou menos! 

 

 

Coisas dramáticas

Capa Jornal de NotíciasCapa Público

 

Os jornais fazem hoje eco, dois deles com destaque de capa, de um estudo que conclui que os alunos provenientes das famílias mais desfavorecidas são os que menos acesso têm aos cursos que exigem as notas mais altas. 

Ninguém se surpreende com a notícia. Quase se poderia dizer que estranho é que seja notícia. Ou que há estudos que não servem para mais do que para nos dizerem aquilo que já sabemos. Num país, como o mundo, cada vez mais desigual é inevitável que cada vez mais seja assim.

O que não podemos achar inevitável é que cada vez mais se feche os olhos a esta realidade, que não só destrói a principal alavanca do sistema como as suas vias respiratórias. A educação é o factor crítico da mobilidade social, e o elevador social a base do sucesso do sistema. 

Acentuar as estratificações no acesso à educação é deixar o elevador fora de serviço, é acentuar desigualdades, e é pôr a História a andar para trás. Chamem-lhe o que lhe quiserem chamar...

Ventos de Norte*

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Quando pensamos em direitos, liberdades e garantias, educação cívica ou boas práticas sociais, lembramo-nos do norte da Europa, e em particular da Escandinávia. É de lá que há muito nos habituamos a receber boas notícias, basta lembrar que a Suécia foi o primeiro país a dizer ao mundo, na década de 70 do século passado, que bater não é educar. Nem na escola, nem em casa. E para que isso ficasse claro, as palmadas ficaram desde então criminalizadas no seu Código Penal.

Desta vez a novidade vem da Dinamarca, com um pacote legislativo que acabou de entrar em vigor, mais precisamente no passado dia 1 de Abril, que integra no complexo processual do divórcio um curso de “cooperação após o divórcio”. Que cada elemento do casal, com filhos até aos 18 anos de idade, fica obrigado a frequentar, presumo que com aproveitamento.

O curso aborda a vida em separado, mas foca-se em especial nas situações de maior potencial de frustração, para as crianças, e de conflitualidade, para os pais. Como a organização das férias, dos aniversários ou até dos passeios escolares...    

Dado que a separação dos pais não é um exclusivo de casais casados, também os pais não casados podem aceder gratuitamente ao programa. Só que, nesse caso, já não há como obriga-los. Terão que ser os próprios a solicitá-lo.

Por cá, ainda com a violência familiar na ordem do dia, dificilmente sentimos a saudável brisa destes ventos frescos do norte.

 

* A minha crónica de ontem na Cister FM

Educador sem educação

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Já poucos se lembravam dele. Vivera os seus tempos de glória e há muito que tinha desaparecido, pese uma bicada aqui e ali. Regressou agora para nos encher de saudades do António Garcia Pereira, e para nos lembrar da esquizofrenia política que faz de um partido uma seita apocalíptica. Fala-se de Arnaldo Matos, evidentemente.

O grande educador da classe operária nunca teve educação para dar nem vender. Pelos vistos ficou pior. Parece até que a educação é o único dos luxos burgueses que despreza...

 

 

Aqui há gato *

 

O debate público à volta dos contratos de associação na Educação, no centro do espectro mediático vai já para umas semanas, suscita-me alguma reflexão sobre a forma como se faz informação em Portugal.

Ou, melhor dizendo, como se manipula a informação para, em vez de informar, desinformar. Para, em vez de esclarecer, em vez de contribuir para que as pessoas possam livremente formar a sua própria opinião, impingir. Impingir a ideia dominante do interesse dominante. Ou, quando isso se torna mais difícil, quiçá mais escandaloso, fazer como se fazem cogumelos: escuridão absoluta e muita porcaria para cima.

Neste debate temos visto de tudo. Temos visto escondê-lo atrás da discussão das virtudes e dos defeitos dos dois sistemas: as virtudes sempre um exclusivo do ensino privado e os defeitos invariavelmente todos no público. Temo-lo visto empurrado para o confronto com as liberdades: da liberdade de escolha e, pasme-se, até da liberdade religiosa. E temo-lo até visto encapuçado de algoz da iniciativa privada, tudo para esconder a simples realidade das coisas atrás de interesses pouco escondidos.

Numa sociedade moderna, desenvolvida, livre e democrática, estas coisas fazem-se à vista, sem truques: ao lobbying o que é lobby, aos jornalistas e aos analistas, o que é informação. Nas sociedades menos transparentes, menos democráticas e menos recomendáveis favorece-se esta confusão, fazendo dela o autêntico berço da corrupção.

Também aqui, também neste domínio, Portugal regrediu muito nos últimos anos. Com jornalistas em situação de grande precariedade profissional, na sua maioria anos a fio a recibos verdes, com vencimentos que não conseguem descolar do salário mínimo, a “informação” fica nas mãos de despudorados manipuladores, que enchem o prime time das televisões disfarçados de comentadores, que a torcem e distorcem ao sabor dos interesses que escondem. Como se escondem os gatos, sempre com o rabo de fora…

Os interesses instalados nos contratos de associação, ao cruzarem-se como se cruzam com a clientela dos partidos do arco do poder, não passam de enormes rabos de muitos gatos escondidos.

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

Um debate falso. E falseado!

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O debate da Educação chega esta tarde ao Parlamento. Só que não é de Educação que se trata, é de negócios!

Quando o anterior governo alterou o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, eliminando a obrigatoriedade de os contratos estarem dependentes da carência de oferta pública, permitindo assim que o ensino privado crescesse que nem cogumelos lado a lado com escola públicas, não estava a cuidar de Educação. Estava a cuidar de negócios. Quando Passos Coelho fala de "um produto de oferta educativa fechado” não está a falar de educação. Está a falar de negócios.

Está a falar de um negócio onde se movimenta uma grande parte da própria classe política da área do poder. O que serve para explicar como tão pouca gente - são no total 80 as escolas que recebem os oitenta e tal mil euros por turma, mas não serão muito mais de meia dúzia as empresas que as detêm - consegue fazer tanto barulho. 

Na realidade o governo não está fazer nada mais que repôr a mais simples condição higiénica do negócio, que o anterior cirurgicamente eliminou: o Estado contrata o que precisa, não pode estar obrigado a contratar o que não precisa. E não pode estar refém dos interesses particulares de quem quer que seja!  

 

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