Está já no ar a sonda Parker (designação em homenagem ao astrofísico Eugene Parker), o mais rápido objecto voador de todos os tempos, a caminho do Sol, a 700 mil quilómetros por hora.
Daqui a sete anos, depois de uma viagem de mais de 2500 dias, na mais complexa missão espacial se sempre, que resulta de seis décadas de investigação, a Parker terá feito 24 órbitras em torno do Sol, e ficar-se-á a saber alguma coisa da sua coroa, onde as temperaturas são superiores a 1 milhão de graus centígrados.
Quando, na semana passada, foi lançado para os ares o primeiro foguetão de uma agência espacial privada, não se percebeu bem se o que mais impressionava era o gigantismo da aventura – o mais poderoso foguetão de sempre, no primeiro mega empreendimento espacial privado – se a espectacular iniciativa de enviar para o espaço um fantástico automóvel eléctrico com um boneco ao volante.
Não errarei muito se disser que o Roadster (assim se chama o modelo) da Tesla (e assim se chama a marca do automóvel) conquistou a fatia maior da atenção dispensada ao acontecimento. E se assim for – se não tiver errado muito – também voltarei a não errar em demasia se disser que, muito mais que de uma gigantesca campanha espacial, se trata de uma gigantesca campanha especial.
A Tesla e Space X – a empresa espacial privada – têm de comum o dono, o multimilionário Elon Musk que, se não for o maior, é certamente o mais arrojado dos visionários que o mundo actualmente conhece. E não é muito difícil imaginar o que um Tesla no espaço pode fazer por uma Tesla na Terra, onde tem manifestado alguma dificuldade em colocar bem os pés. Ou as rodas…
Para tornar esta campanha ainda mais espacial – ou será especial? – acaba agora de saber-se, quando não se sabe muito bem o que é que já lhe aconteceu nem por onde anda, que o mais famoso dos famosos carros eléctricos não levava apenas um boneco ao volante. Levava ainda, secretamente – tão secretamente que já se conhece – preso no seu interior um minúsculo dispositivo de armazenamento de informações, com a gigantesca capacidade de perto de quatro centenas de terabytes de dados (nem faço ideia do que seja isso!). Desvendado o secretismo, diz-se que, do tamanho de uma moeda e com uma resistência à prova de tudo e mais alguma coisa, dura milhares de milhões de anos. Tudo isto para perpetuar e levar para outros planetas, ou até para outras galáxias, o conhecimento acumulado por estes seres que por cá se foram entretendo a dar cabo disto tudo.
Que lhes faça proveito, é o que se deseja…
* A minha crónica de hoje na Cister FM
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