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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Desespero a explodir em raiva

Lama, lágrimas, insultos e carga de cavalaria: as imagens da revolta da  população na visita dos reis de Espanha e Pedro Sánchez a Valência -  Expresso

O DANA matou no Levante espanhol centenas de pessoas - mais de duas centenas já conhecidas, mas certamente com muitas ainda por encontrar entre os desaparecidos -, deixou mais de quatro mil feridos, e milhares de outras lançadas no caos e no pânico, sem telecomunicações, sem estradas, sem pontes, sem casa, sem nada de tudo o que lhes tinha demorado toda uma vida a construir.

Ao desespero da tragédia os valencianos juntavam o desespero do abandono, na lama. Desespero aproveitado para transformar em raiva. 

E a dor e o luto explodiram em raiva nas ruas - que tanta gente de boa vontade se esforçava em limpar - cheias de lama. De lama barrenta, misturada com os destroços da tragédia, e de lama humana misturada com os destroços de Abascal.

Os reis de Espanha, Filipe e Letizia, apanhados na raiva, levaram com lama. Resistiram o que puderam, o suficiente para fazer resistir a dignidade do Estado. Pedro Sánchez, o presidente do governo teve de recuar. E de fugir. Das pedras e da raiva.

Não consta que Carlos Mazón, presidente do Governo Regional, generalizadamente acusado de, antes, nada avisar e, depois, nada fazer - nem sequer para pedir ajuda - tenha sido atingido pela raiva. É capaz de ser mero acaso ... 

Gostava de ter escrito isto

Espanha.jpg

"São assim as primeiras páginas dos principais jornais desportivos espanhóis, hoje. Fosse em Portugal e a A Bola e o Record tinham o Amorim na primeira página, e o O Jogo o Samu ou uma treta qualquer do Pinto da Costa. É a diferença entre futebol e futebolite, entre uma das melhores e mais competitivas ligas do mundo e uma liga insignificante, uma liguilla".

José Simões - Der Terrorist

 

Euro 2024 - IX E viva ... o futebol

Primeiro tempo foi ruim tecnicamente e decepcionou o público em Berlim –

A Espanha é campeã da Europa. Pela quarta vez, e é já a selecção com mais títulos europeus.

Era favorita para esta final de Berlim. Porque foi, desde o primeiro o jogo deste Euro 2024, a melhor equipa. A que melhor futebol praticou, e a mais fiel à essência do próprio jogo, que não é nenhuma ciência, como muitos querem fazer crer.

Na primeira parte quase que pareceu desmentir tudo isso. A Inglaterra deu o mote ao jogo, impondo um ritmo acelerado e muito físico, e a Espanha não conseguiu fugir dele. Não teve a paciência suficiente para contrariar os dados que os ingleses lançaram para o jogo, e acabou como que perdida numa selva de futebol que não é o seu.

Não lhe faltou bola. Teve-a durante dois terços do jogo. Mas não lhe deu o uso do costume. Não a usou para o seu futebol, usou-a para navegar nas águas inglesas. O resultado foi isto: nem um remate à baliza de Pickfor. Nem um para amostra.

Na segunda parte tudo foi diferente, e o futebol de Yamal, Nico Wlliams, Dani Olmo,  Fábian Ruiz e Rodri - o melhor jogador do torneio que, curiosamente, ficou no balneário ao intervalo - apareceu nesta final.  Quando há um treinador à espera dos jogadores no balneário, o intervalo serve para isto. 

E com o melhor futebol em campo passamos a poder assistir a uma grande final. Nico Wlliams marcou logo a abrir, concluindo o passe de Yamal, que dera sequência a outro, extraordinário, de Carvajal. E, de uma primeira parte sem remates, passamos a ter logo um golo e sucessivas oportunidades para mais um, outro e outro. 

Depois veio ao de cima a velha lei do futebol que o futebolês traduz por "quem não marca sofre". Southgate mexeu bem na equipa, e voltou a ser feliz, com Palmer a empatar o jogo num remate de longe, na primeira vez que tocou na bola, a meio da segunda parte. 

Nada que alterasse o rumo do melhor futebol deste Europeu. Continuou lá, e continuou substituição após substituição de Luis de la Fuente. Até chegar finalmente, aos 86 minutos, o golo do merecido título. Com Oyarzabal (que tinha substituído Morata a meio da segunda parte) a entrar no espaço certo para concluir o cruzamento rasteiro de Cucurella, da esquerda.

Os ingleses reagiram em desespero ao golo. Foi sempre o que melhor fizeram neste Europeu. E poderiam ter voltado a empatar. Dani Olmo - entre os melhores marcadores da competição, com três golos - fez mais que um golo quando saltou e, de cabeça, impediu que, à segunda, a bola entrasse na baliza de Unai Simón.

O futebol sai sempre a ganhar quando ganham os melhores. Hoje ganhou a Espanha e ganhou o futebol!

 

Euro 2024 - VIII Aí vem a final

Todos os Melhores em Campo do EURO 2024 | UEFA EURO 2024 | UEFA.com

Inglaterra e Espanha disputarão no próximo domingo a final do Euro 2024.

A Espanha, depois de ontem ter vencido a França. E convencido. E continuando a convencer, confirmando-se como a melhor equipa do torneio, o que se começou a perceber logo ao primeiro jogo. A Inglaterra, depois de hoje ter ganhado aos Países Baixos, numa meia final que ambas as selecções devem ao itinerário que lhes calhou em sorte na rota para Berlim. Curiosamente pelo mesmo resultado (2-1) e com a mesma evolução no marcador (ambas começaram por sofrer primeiro, e logo nos primeiros minutos do jogo).

Curiosamente, ainda, os dois jogos das meias finais foram resolvidos nos 90 minutos (os ingleses marcaram o golo da vitória mesmo no minuto 90), quando todas as selecções envolvidas vinham de apuramentos no prolongamento, e França e Inglaterra apenas nos penáltis. Isso mesmo: a Inglaterra venceu finalmente o fantasma dos penáltis, acertando todos os cinco penáltis com que eliminou a Suíça, bem melhor equipa ao longo dos 120 minutos. E de toda a competição, que eliminara a Itália com toda a naturalidade. 

Enquanto a Espanha encanta desde o primeiro jogo, e exibe estrelas como Lamine Yamal, de apenas 16 anos (completará os 17 na véspera da final), o mais jovem de sempre a marcar numa fase final de uma grande competição (batendo o record de Pelé, em 1958, no Mundial da Suécia), Nico Wlliams, Rodri (provavelmente o melhor jogador da competição e, se isso fosse para levar a sério, forte candidato à bota de ouro), Fabian Ruiz, Dani Olmo, ou Pedri; a Inglaterra apenas desiludiu, reduzindo à banalidade estrelas como Bellingham, Bukayo Saka, Harry Cane, Foden, Rice, Mainoo ou Cole Palmer.

Enquanto a Espanha, no caminho mais difícil, chegou à final só com vitórias, ganhando todos os jogos que disputou (à Alemanha no prolongamento), a Inglaterra ganhou apenas metade deles. Ganhou o primeiro (1-0 à Sérvia), só voltaria a ganhar nos oitavos de final (à Eslováquia, por 2-1 no prolongamento, a que chegou depois de ter empatado no último segundo da compensação), e ganhou hoje a meia final - que acabou por ser o melhor jogo que realizou - ao minuto 90. 

Se no futebol a lógica não fosse uma batata, a final de Berlim seria para cumprir a mera formalidade de atribuição do título europeu à Espanha. Mas como a lógica não cabe no futebol ... E num jogo tudo pode acontecer ... até pode ser a Inglaterra a ganhar. 

Não acredito, mas pode!

 

You too Bo(u)no(u)?

Marrocos x Espanha vão para os pênaltis; confira detalhes da Copa do Mundo - GettyImages

E aos oitavos a Espanha foi embora... empurrada por uma sensacional selecção de Marrocos.

Foi nos penáltis, mais uma vez, num escandaloso 3-0, depois do nulo dos 90 minutos regulamentares que os 30 de prolongamento não alterou.

Começando pelo fim, a Espanha não converteu nem um dos três penáltis que que teve em oportunidade. No primeiro, Sarábia - que entrara já no fim do jogo, com Luís Henrique a pensar nessa forma de desempate, e que, nos últimos segundos do prolongamento tivera um remate ao poste, na melhor oportunidade dos espanhóis em toda a partida - acertou no poste. Nos outros dois, Bounou, que é nome de guarda-redes que por pouco não é nome de músico, dançou. Dançou na baliza, e defendeu espectacularmente os pontapés de Soler e de Busquets.

Antes, para trás, ficou mais uma grande exibição da selecção de Marrocos. Que, sem mais que dois ou três jogadores muitos bons, é uma verdadeira equipa, praticamente intransponível. Basta ver que sofreu apenas um golo - entre três jogos de 90 minutos, mais um de 120, e ainda três penáltis - e, mesmo esse, não foi consentido aos adversários. Foi um auto-golo, verdadeiramente infeliz, no jogo com o Canadá.

Só a espaços, e mesmo esses curtos, a Espanha conseguiu impor o seu futebol de cerco ao adversário. Aquele futebol que, em vez de snipers,  ou de mísseis, liquida os adversários por exaustão. 

Os jogadores marroquinos não só resistiram e essa exaustão - mesmo que exaustos no final do jogo - como tiveram ainda engenho, arte e alma para criar as melhores oportunidades do jogo, uma das quais na imagem. A Espanha pode queixar-se daquele remate ao poste de Sarábia, nos últimos momentos do prolongamento. Mas pouco, em boa verdade. Sem qualquer ângulo para atingir a baliza, aquilo não foi uma oportunidade desperdiçada, foi mesmo o melhor que o jogador que passou o ano passado em Alvalade dali poderia ter tirado.

Era impensável, mas aconteceu. A Espanha voltou a falhar, e é, depois da Alemanha, mais um candidato a ficar prematuramente de fora deste Mundial.

 

"É o futebol"

A selecção nacional de futebol voltou a falhar. Voltava a bastar-lhe um empate, em casa. Mas voltou a perder!

Chegou a este último jogo de apuramento para a fase final da Liga das Nações com dois registos históricos - um favorável, e outro desfavorável. A favor, quando o empate bastava, a história de empates nos largos últimos anos com a Espanha. Contra, a história das derrotas, nas duas últimas vezes, nas mesmíssimas circunstâncias - com a França, para esta mesma competição; e com a Sérvia, na fase de apuramento para o mundial que aí vem.  

Repetiu-se o fado, sempre mais virado para o lado desgraçado da história.

De Fernando Santos, e de Cristiano Ronaldo, até porque já nem se sabe bem onde começa um e acaba o outro, nem vale a pena dizer nada. Sem condição física nem psicológica, sem treinos nem jogos, e à beira dos 38 anos, ambos entendem que pode jogar dois jogos inteirinhos em 3 dias. E fica tudo dito, até porque Fernando Santos diz que tudo "é futebol". Em Praga, Cristiano Ronaldo não jogara nada, mas ... "é o futebol". Hoje, falhou desastradamente três ou quatro oportunidades de golo. Que  "normalmente não falha", no dizer de Fernando Santos. E que também isso é "o futebol".

Fale-se então de Luís Henrique, o seleccionador espanhol. Que escalou uma equipa de segunda linha, retirando-lhe sete dos titulares no último jogo, no sábado, com a Suíça, para entreter o jogo. Que teria de ganhar, em Braga, para seguir para a final a quatro a disputar no próximo ano.

Manteve o jogo entretido e entretendo-se com a bola. Ao intervalo fez entrar Busquets, para o entreter melhor. E um quarto de hora depois lançou os putos maravilha que lá tinha sentadinhos no banco. Quatro, ao todo: os consagrados Pedri e Gavi, e os debutantes Yeremi Pino e Nico Williams. E todos com menos de 20 anos!

E foi o bom e o bonito. Acabaram com a brincadeira, passaram a asfixiar e, com requintes de malvadez, marcaram o golo a dois minutos dos 90.

E foi isto. E isto é que é futebol: enquanto o seleccionador espanhol substituía os piores pelos melhores para a estocada final, o de cá fazia exactamente o contrário. O resto é um equipamento horrível e mais uma braçadeira de capitão para o chão!

O nacionalista Miguel Vasconcelos

O incompreendido Miguel de Vasconcelos | Blog

 

A Espanha celebrou ontem o dia da Hispanidade, na data que assinala a chegada de Cristóvão Colombo à ilha de Guanani, no arquipélago das Bahamas, em 12 de Outubro de 1492. É o "10 de Junho" deles, mas mais à "dia da raça" do que a "dia de Camões de das comunidades".

Pelo menos assim o celebra o VOX. Que reclama a anexação de Portugal e um império com todas as antigas possessões ultramarinas espanholas e portuguesas, com capital em Madrid.

A anexação de Portugal nunca deixou de ser o sonho da direita fascista e franquista espanhola, pelo que não é esta celebração do VOX que surpreende. Até porque nem é a primeira vez que o faz. Nem será a última. Ia dizer que o que surpreende é a vassalagem que o André Ventura lá foi prestar no passado fim de semana. Mas também não, não surpreende nada nem ninguém. Também não foi a primeira vez. Até nas questões mais básicas Ventura é tudo e exactamente o seu contrário.

Nacionalista, patriota e Miguel Vasconcelos, tudo na mesma personagem. Como um fantoche.

 

 

"La roja" mecânica

Imagem

 

La roja - mecânica - voltou, e está aí para iniciar um novo ciclo de domínio no futebol europeu e mundial. Para já, está na final da Liga das Nações, despois de um festival de futebol no Giuseppe Meazza, onde vingou a eliminação nas meias-finais do último Europeu, e impôs a primeira derrota à Itália em 37 jogos, e em três anos, e a primeira deste século em jogos em casa. E, já agora, a primeira em quase 100 anos naquele mítico San Siro, de Milão.

Um festival de futebol, este dos fantásticos miúdos espanhóis, a que os graúdos italianos, os campeões europeus, responderam com outro. De pancadaria. 

O resultado - vitória espanhola por 2-1 - é apenas mais uma das mentiras em que o futebol é fértil.

 

 

Euro 2020 - Itália, pois claro. Mas nem tanto assim...

Itália elimina Espanha nos penáltis e está na final do Euro2020. Morata foi de herói a vilão

 

A Itália vai estar na final de Wembley para discutir o título de campeão europeu, para encontrar a selecção que sucederá à portuguesa, que ainda assim é a segunda selecção que durante mais tempo foi detentora do título. Mais uma ano que qualquer outro campeão. Para fazer melhor, a Espanha teve de ganhar dois europeus consecutivos; a Portugal bastou-lhe que este Euro 2020 se realizasse em ... 2021.
 
Pelo que Espanha e Itália fizeram na competição, e mais ainda se contarmos com a fase de qualificação, os transalpinos merecem estar na final. Por este jogo de hoje, talvez nem tanto. Hoje a Espanha foi melhor que a Itália durante mais tempo, qualquer que seja a perspectiva com que se olhe para o jogo.
 
Um jogo que começou de forma verdadeiramente sensacional, e a prometer mais do que acabou por dar. O início dos jogos, e especialmente destes, decisivos, normalmente as equipas adoptam uma estratégia expectante, assim a modos de quem está à espera de ver o que aquilo dá. Os entendidos chamam-lhe mesmo "período de estudo mútuo". 
 
Hoje não houve nada disso. Não havia nada para estudar, tinham feitos os trabalhos de casa. Pareceu que mais por culpa dos italianos, que entraram no jogo a todo o gás, como que a dizer que vinham convencidos que eram os melhores, e que tinham os galões de melhor equipa do torneio para puxar. Pressão alta, e a tratar dos espaços como sabem fazer como poucos.
 
Os espanhóis não pareceram muito surpreendidos com o feito - lá está, trabalho de casa! - e muito menos atemorizados. Pelo contrário, puxaram do seu futebol, o tal de que já aqui falamos, de "muita parra e pouca uva" . E fizeram muito bem, porque esse futebol desta vez tinha muito para lhe dar. Desde logo, e não era o menos, era mesmo decisivo, tirava a bola aos italianos. E sem bola, nem os italianos jogam, por muito que bem saibam jogar sem ela.
 
E foi isto toda a primeira parte, o que não quer dizer que tenha sido desinteressante. Não foi, mesmo que também não tenha dado para cumprir as promessas dos minutos iniciais. E ia sendo assim pelo tempo fora, sempre a deixar no ar que os espanhóis não tiravam uvas debaixo daquela parra, e que os italianos haveriam de encontrar ali maneira de chegarem eles às uvas. Ou através de um contra-ataque ou, sabe-se lá se não lhes passou pela cabeça, através de um bónus de Unai Simón, que é um mais vezes um susto que um guarda-redes. Se passou, não estavam de todo enganados. A sua parte não ficou por fazer.
 
Quando, chegada a hora de jogo, Chiesa marcou mais um grande golo deste campeonato europeu, pensou-se que .. já estava. O inevitável não se pode evitar. É assim por definição!
 
O golo confirmou todas as expectativas. Até na forma como foi construído - Donaruma recebe a bola de um ataque espanhol, coloca-a rapidamente a rolar aos pés de Chielini ali à saída da área, um passe longo seguido de um segundo, e bola em Chiesa, para uma execução daquelas de que se fazem os grandes golos.
 
E os minutos que se seguiram foram de uma equipa italiana em controlo absoluto do jogo. Foram 20 minutos, que somados aos primeiros sete ou oito, no arranque da partida, perfazem o tempo em que a Itália foi melhor que a Espanha neste jogo. Esses 20 minutos acabaram quando a selecção espanhola recuperou uma bola no meio campo italiano e "engatou" uma bela jogada de bola, concluída por Morata, acabado de entrar, numa tabelinha perfeita com Dani Olmo, um jogador que aqui há uns anos, num jogo para a Liga Europa entre o Dínamo de Zagreb e o Benfica, era ainda uma criança, deixou toda a gente impressionada. Mas parece que só os tipos do Leipzig é que repararam nele.
 
Faltavam 10 minutos para o fim do jogo, e a Espanha voltou a estar melhor. E melhor continuou na primeira parte do prolongamento, não tanto na segunda, quando toda a gente passou a pensar nos penaltis. Que os espanhóis estavam fartos de treinar na competição. Mas sem grandes resultados, mesmo que tivesse sido assim que tinham eliminados a Suíça. 
 
De resto nem foi muito diferente o que se passou desta vez. Só que ao contrário. Também a Itália desperdiçou o primeiro, com defesa de Unai Simón. E a Espanha marcou o seu primeiro, e passou para a frente. O pior veio depois, com os dois da tabelinha do golo a desperdiçarem sucessivamente, deixando ao italo-brasileiro Jorginho a ocasião de arrumar o assunto. Superiormente, com uma classe tremenda!

Euro 2020 - O relógio suíço espanhol

Espanha sofre mas põe um ponto final no sonho suíço nas grandes penalidades

 

Em S. Petresburgo Espanha e Suíça abriram os jogos dos quartos de final. Depois da surpreendente eliminação da França, e apesar disso, a Suíça não parecia ter grandes possibilidades de impedir a presença da Espanha nas meias-finais. E no entanto esteve tão perto disso…
 
Os espanhóis apresentaram-se com o seu futebol habitual, certinho, a fazerem tudo bem feito. E cedo chegaram ao golo, que tem sido sempre a sua maior dificuldade. E ainda por cima com sorte, a bola rematada por Jordi Alba não entraria na baliza se não tivesse para lá sido encaminhada pelo defesa suíço, Denis Zakaria, a fazer o décimo auto-golo deste Europeu. Um recorde!
 
Tomaram conta do jogo, com o seu futebol tipo relógio … suíço. Os suíços não tinham relógio, nem bola, que era o que mais lhe importaria. Corriam atrás dela e dos jogadores espanhóis, que não a largavam.
 
Mas também não voltariam a marcar, nem sequer a criar grandes situações para isso. É que este relógio suíço em que se transformou o futebol desta Espanha de Luís Henrique, é mesmo isso. Certinho, sempre no mesmo tic-tac - não confundir com tiki taka, que isso era outra coisa, que Xavi e Iniesta levaram quando se retiraram - monocórdico e inconsequente. Falta-lhe rasgo e velocidade. Principalmente mudanças de velocidade, coisas que partam a louça toda, que provoquem distúrbios na organização das equipas adversárias.
 
E assim é relativamente fácil aos adversários resistirem àquele futebol, e depois aproveitarem um erro qualquer - há sempre erros a acontecerem, mesmo que sejam poucos - para lhes trocarem as voltas ao resultado. Tem sido demasiado assim nesta competição, onde os espanhóis apenas ganharam um jogo no tempo regulamentar, e foi à Eslováquia.
 
Hoje voltou a ser assim, e uma hora depois de terem sofrido o golo que marcaram na própria baliza, os helvéticos empataram. Desta vez não foi o guarda-redes, foram os dois centrais: Laporte e Pau Torres foram ambos à mesma bola, um cortou-a contra o outro e ela sobrou para Shaquiri fazer o golo. 
 
Ia a segunda parte a meio, os espanhóis tinham ainda muito tempo para voltar a acertar o relógio do resultado. Não seria muito difícil, e menos ainda porque poucos minutos depois, Freuler, o possante centro campista suíço, que era um dos que mais corria atrás da bola e dos espanhóis, foi expulso. Nem assim, com um a menos, as coisas passaram a ser mais difíceis para os suíços. Porque a roja jogava exactamente da mesma forma certinha, rodando o jogo, circulando a bola, mas sempre ao mesmo ritmo, à mesma velocidade. 
 
Os jogadores da Suíça não saíam da sua área, nem precisavam. Bastava-lhes esperar lá pela bola, e voltar a entregá-la para voltar a esperar por ela. E assim sucessivamente. Durante os vinte minutos finais da partida e os mais os trinta e tal do prolongamento. Quando assim não era, lá estava Sommer, certamente um dos melhores guarda-redes deste Europeu. 
 
E lá vieram os penaltis, com tudo para correr mal à Espanha. Tinha falhado todos - e já tinham sido muitos - os que tivera para marcar. E do outro lado estava um guarda-redes super inspirado e moralizado pela excelente exibição que acabara de fazer. E jogadores que tinham eliminado a França dessa maneira, convertendo cinco em cinco.
 
Para que a tempestade fosse perfeita, chamado a marcar o primeiro penalti, Busquets falhou, atirou ao poste. E Granavovic. logo a seguir, marcou o primeiro da Suíça. Só que foi o único a acetar nas redes. Até deu para Rodri voltar a falhar, e a Espanha apurar-se convertendo apenas três pontapés!
 
E a verdade é que a Espanha chega às meias-finais sem convencer ninguém. Mas lá está, e o importante é lá estar. Sem lá chegar não se chega a lado nenhum!

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