A segunda vitória de Costa
Por Eduardo Louro
As sondagens já dão 45% das intenções de voto ao PS, naquilo que é a segunda vitória de António Costa. Que acaba com todas as dúvidas, se é que alguma ainda existia!
Esta seria sempre uma boa notícia. Porque assegura a governabilidade - talvez melhor: uma solução governativa - e afasta qualquer cenário de crise política que, em cima da crise económica, financeira e social que teimosamente continua a agravar-se, se tornaria ainda mais dramática para o país. E porque assegura a sobrevivência do regime, que muitos julgavam impossível.
É a alternância a funcionar, é a democracia... Mas não sei se é a esperança. Não sei se não será uma das últimas válvulas de segurança do sistema. Se olharmos para os últimos 20 anos está lá tudo: a um governo rebentado por todas as costuras do cavaquismo, sucedeu na alternância a esperança de Guterres. Que sucedeu a si próprio, para rebentar também logo a seguir. E logo voltou a alternância pela mão de Durão Barroso e de Santana, que rapidamente implodiu. E a alternância trouxe Sócrates e uma esperança cheia de maioria absoluta. Para depois repetir, em pior, tudo o que ficara para trás. E voltar de novo a alternância, agora com Passos e Portas - repetente e sempre na sombra - a fazer ainda pior que os anteriores, e que só não implodiu como o de Santana por contar com a cumplicidade de um Presidente da República da mesma cor.
Diz-se por aí que a António Costa tudo foi cair no colo. Que não precisou, nem precisa, de se mexer. Até pode ser assim... Mas, da mesma forma que lhe coube a enorme responsabilidade de transformar o PS na alternativa que com Seguro nunca seria, cabe-lhe agora a ainda maior responsabilidade de romper com este ciclo, e fazer da alternância um meio e não um fim.
Pode sempre acreditar-se que, decididamente, os portugueses são de memória curta. Mas isso pode ser arriscado!