ESTICAR A CORDA
Por Eduardo Louro
Na sessão de apresentação do Orçamento deste fim de tarde Vítor Gaspar fez mais que uma prova de vida. Fez - ou quis fazer - uma demonstração de força. Disse: quem manda aqui sou eu!
Encurralado e enfraquecido, Vítor Gaspar, reagiu. Reagiu como reagem os animais feridos, enfraquecidos e encurralados: em ataque desesperado! Vítor Gaspar quis fazer uma demonstração de força quando na realidade está enfraquecido - interna e externamente - como se percebe por uma orçamento de emergência, que não é meio para coisa nenhuma, mas um fim em si mesmo.
É assim que o ministro das finanças acaba por impor o seu orçamento. Impô-lo ao governo - num processo que, pelo que foi possível perceber, não terá sido nada fácil - e vai agora impô-lo ao país: impondo-o ao Parlamento, impondo-o ao Presidente e impondo-o ao Tribunal Constitucional. Quando Gaspar afirma solenemente que não há alternativa a este orçamento, que, da parte da intervenção estrangeira, não há qualquer margem de manobra, está a tentar a dizer ao país que é este orçamento ou a bancarrota. E aposta tudo na atemorização do CDS, de Paulo Portas em particular, de Cavaco Silva e do próprio país…
Vítor Gaspar esticou a corda: agora é só esperar para ver por onde parte. Porque vai partir, se não for em Portas nem em Cavaco será noutro ponto qualquer!
Até porque, pelo que vamos percebendo, a quinta avaliação da troika correu mesmo muito mal. Muito pior do que o que nos foi dado imaginar…