A tragédia põe sempre as fragilidades a nu. É assim com as pessoas, e é assim com as sociedades e com os países.
Andamos todos a pensar que Portugal se mostra na Websummit, nos hotéis, nos alojamentos locais ou até nos tuck tucks, mas Portugal mostra-se a cada tragédia. É aí que chocamos de frente com a verdadeira imagem do país, que rapidamente reconhecemos.
Voltou a mostrar-se nestes dias, com grande violência. Voltamos a ver Portugal numa aldeia de Trás-os-Montes onde, num casebre forrado a miséria, para não morrerem de frio, cinco pessoas morreram afogadas em monóxido de carbono. No dia seguinte lá estava de novo a mostrar-se, agora no não menos profundo Alentejo, no que restava de uma estrada que, comida por gigantescos buracos abertos por anos de rebentamentos de misturas explosivas de interesses privados e incúria pública, deixou de resistir. Ruiu de vez, e enterrou a 100 metros de profundidade máquinas, carros e vidas humanas. Pelo menos, mais outras cinco.
Não adianta esconder nada, nem protestar que não se pode dizer que Portugal é só isto. Basta que seja isto para que dificilmente Portugal seja mais que isto!
Tinha assistido no Nou Camp, em Dezembro passado, ao Barcelona - Real Sociedad. Assisti agora, mas pela TV, à partida da segunda volta em S. Sebastian: um jogo mauzito – o Barça também não é obrigado a jogar sempre bem – que os bascos ganharam por 2-1, tornando-se na segunda equipa a vencer os catalães no campeonato. Valeu por isso, pelo inusitado!
Mas valeu, acima de tudo, pelos cortes de Estrada! E pelos cruzamentos de Estrada. Mesmo que tenha sido por um buraco de Estrada que tudo tenha começado. Que se abriu a via … para o golo do Barça, de um desconhecido Thiago Alcantara!
Sem dar conta o Barcelona só deu por si já perdido nos caminhos da derrota. O marcador já tinha invertido o sentido de marcha e o Barcelona procurou desesperadamente o nó de saída. E Estrada fechou-lhe então todos os caminhos: nos últimos minutos, quando o Barcelona procurava desesperadamente saída para a derrota, Estrada tapava-lhe todos os caminhos. E se Messi inventava uma saída logo surgia mais um corte de Estrada!
Ah! Estrada é o lateral esquerdo da Real Sociedad. Não fez assim uma exibição tão notável:os nomes é que têm destas coisas. Às vezes dão jeito, mesmo em dias raros como o de hoje, este primeiro de Maio que também é dia da mãe. Para mim mais um dia de saudade!
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