Faltam 30 dias para "o maior evento alguma vez realizado em Portugal". Que vai trazer a Lisboa, "pelo menos, um milhão de jovens de todo o mundo".
É isto (o que está entre "aspas") que se diz. É este o palavreado do main stream. Isto de "o maior evento alguma vez realizado em Portugal", é um chavão comum neste pequeno canto do mundo. Há bem pouco tempo era a "Webb Summit" e a Expo 98 já foi há muito tempo. O "milhão de jovens de todo o mundo" completa a megalomania.
O Presidente da Fundação das Jornadas Mundiais da Juventude 2023, Américo Aguiar, Bispo auxiliar de Lisboa, garante que já há 600 mil inscrições, quando outras fontes dizem que irá por metade. E que, no fim de contas, meio milhão de visitantes já será bem bom.
Mas demos de barato "o milhão de jovens". De "todo o mundo" é que ... francamente!
Tento sempre perceber os exageros do marketing, tenho é dificuldade em perceber os outros exageros. E parece-me que já são demais a envolver a marca do evento.
Esta semana fomos surpreendidos com a notícia que a China já plantava algodão na Lua.
Assim. Sem mais nem menos. Depois de na semana passada termos tido a notícia que a China tinha chegado ao outro lado da lua, ao seu lado escuro, cuja existência dávamos por adquirida há quase 50 anos, desde que os Pink Floyd nos mostraram pela primeira vez, em Março de 1973, esse soberbo “dark side of the moon”. Que provavelmente descobriram logo a seguir à épica viagem inaugural de Amstrong e Aldrin, em 20 de Julho de 1969.
Não sei se isto tem a ver com alguma atracção chinesa pelo escuro – não é por acaso que não há sombras mais famosas que as chinesas – mas seria bom que não. É que são eles os donos da nossa luz, só por isso…
Mas é provável que tenha. Eles nunca iriam fazer aquilo à vista de toda a gente… Gostam de ver, mas não gostam de mostrar…
Mas vamos lá à notícia. Ou às notícias, já que estamos com a mão na massa, mas também porque andam de mãos dadas. Logo ao terceiro dia do ano uma nave espacial chinesa pousou na Lua, no tal lado oculto, soube-se a semana passada. Soube-se agora que levava sementes de algodão, colza, batata, ovos de mosca da fruta e algumas leveduras, tudo estranhamente muito bem acondicionado, num cilindro de alumínio com 18 centímetros de altura e 16 de diâmetro, que custou 1,3 milhões de euros. Estranhamente, porque com temperaturas de 100 graus Celsius durante o dia, e dos mesmos 100, mas negativos, à noite, tudo passa o dia a ferver e a noite congelado, sem hipótese de se estragar…
Não há notícias dos outros habitantes do pequeno cilindro, mas – e esta é a segunda notícia, a desta semana - uma semente de algodão já está a brotar. E com ela brotou a notícia que a China se preparava para plantar algodão na Lua.
Já me deu vontade de contactar o cientista chinês responsável pelo projecto, para lhe perguntar por que é que não mandaram, também, uns exageros de fabricantes de notícias, para se saber como é que se davam por lá. Mas logo percebi que essas sementes não caberiam num cilindro de 18 centímetros de altura por 16 de diâmetro, e que o chefe do projecto o deu por encerrado, pela simples, mas escondida razão, que a mais famosa semente de algodão rapidamente deixou de brotar…
Nem sei por que é que isto me faz lembrar o Pantufa (1). Se calhar não faz… Se calhar é só porque também ele deixou de brotar… e partiu para o “dark side” que se mantém desconhecido. Que descanse em paz!
(1) O Luís Cândido, o Pantufa, como era conhecido, desapareceu ontem e era, sem "exageros", uma figura incontornável de Alcobaça dos últimos 40 ou 50 anos, e porventura o mais emblemático boémio alcobacense da minha geração.
Longe de mim tirar qualquer mérito ao trajecto do Porto na Champions, incluindo a exibição e a goleada de ontem, que lhe assegurou o natural e esperado acesso aos quarto de final. Não é essa a intenção!
Mas não posso deixar de reflectir sobre a dimensão épica que os media nacionais lhe atribuem. Compreendo até que ninguém fale do grupo em que se apurou. Também não me incomoda por aí além - de maneira nenhuma - que ninguém se lembre que no sorteio dos oitavos de final lhe tenha calhado a coisinha mais fraca que lá havia, a confirmar que esta época, para o Porto, sorteio é mesmo sorteio. Não é azareio...
Não faço também questão que alguém diga que o Basileia de Paulo Sousa não joga - ou não jogou - nada. Nem que dos dois guarda-redes apenas o Fabiano tenha feito o seu papel, com meia dúzia de defesas. O checo da equipa da Suíça só tocou na bola para a ir buscar ao fundo da baliza. Nem uma defesa se viu... E do penalti negado aos suiços até fica mal falar...
Vamos ver e percebemos que o recorde se refere aos golos marcados por uma equipa portuguesa em fase tão adiantada desta prova rainha da Europa. Diz a notícia que há 43 anos, desde 1972 - quando o Benfica de Hagan ganhou na Luz por 5-1 ao Feyenoord, apurando-se para as meias finais - que nenhuma equipa portuguesa marcava tantos golos num jogo de uma fase tão adiantada da competição. É então que percebemos as gordas do título, percebendo que os oitavos de final são tão adiantados como os quartos, e quatro é maior que cinco!
Cuidado com os excessos, fazem mal. E, com exageros destes, como é que será quando, a seguir, o Porto eliminar o Mónaco nos quartos de final?
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