Parece-me muito discutível a convocação de um Conselho de Estado para analisar o Brexit. Não parece nada que seja matéria de Presidente da República, e menos ainda da mais alta estrutura institucional da magistratura presidencial. Mas ... convidar o FMI?
Convidar a Drª Cristina Lagarde para a reunião do Conselho de Estado, porquê? Para quê? Por que "carga de água"?
Não vejo outra justificação que não mais um dos excessos em que o presidente Marcelo vem sendo pródigo nos últimos tempos. Os excessos presidenciais são pecadilhos a que, em regra, nenhum presidente tem conseguido escapar. Uns com mais estardalhaço que outros, mas todos percorreram esses corredores mais extravagantes. Todos, no entanto, o fizeram sempre no segundo mandato.
A regra tem sido um primeiro mandato tranquilo e cordato, para garantir a reeleição, ficando o segundo para partir a loiça toda, quando daí já não lhe venha mal nenhum. Parece que Marcelo está a entrar nesses corredores à entrada da segunda metade do seu primeiro mandato pelo que, se a lógica não for uma batata, está desfeito o tabu da sua candidatura para um segundo mandato.
Se a lógica não fosse uma batata, pela primeira vez um presidente iria abdicar de um segundo mandato. Coisa que, com o mais popular de todos, faria da lógica precisamente uma batata. A não ser que a noticiada quebra de popularidade de Marcelo nos últimos meses ("quanto mais alto se sobe maior é a queda") empurre o tubérculo para fora da lógica...
Ainda estamos todos ressacados dos excessos dos últimos dias. Aquilo é que foi, não faltou nada. Foi até deitar fora. Foi o Papa, foi o Benfica, foi o Salvador … Foi a economia a crescer para além do imaginável … Foi os juros negativos, mais negativos que nunca, como se fossemos a Alemanha…
Uma bebedeira, é o que é. “Tá” tudo bêbado! Até Marcelo – olha quem? - já veio pedir juizinho. Por acaso não reparei se a língua se lhe enrolava, mas que é mesmo conversa de bêbados, lá isso é!
Andávamos nós nesta vida boémia quando o Correio da Manhã se lembrou de avisar que os excessos são perigosos, e às vezes correm mal. Para ilustrar a coisa, nada melhor que um ambiente de queima das fitas. Melhor ainda, um autocarro especialmente fretado para – já se vê – combater excessos. De álcool, mas apenas ao volante.
Fê-lo à “Correio da Manhã”. Porque não sabe fazer de outra maneira. E porque lhe continuam a permitir que o faça dessa maneira. A divulgação de um vídeo de uma alegada violação de uma rapariga num autocarro da cidade do Porto, durante a Queima das Fitas, não é jornalismo. É falsa informação, é a receita manhosa para maximizar audiências que choca, frontal e violentamente, com a ética e a deontologia do jornalismo. É nojento. É repugnante.
Há jornais assim em todo o mundo. É verdade que sim, com mais ou menos exageros. Não há é gente que estivesse tão encantada, tão lá em cima, como nós estávamos…
Até parece um murro no estômago. Para quem ainda o tenha, evidentemente!
Longe de mim tirar qualquer mérito ao trajecto do Porto na Champions, incluindo a exibição e a goleada de ontem, que lhe assegurou o natural e esperado acesso aos quarto de final. Não é essa a intenção!
Mas não posso deixar de reflectir sobre a dimensão épica que os media nacionais lhe atribuem. Compreendo até que ninguém fale do grupo em que se apurou. Também não me incomoda por aí além - de maneira nenhuma - que ninguém se lembre que no sorteio dos oitavos de final lhe tenha calhado a coisinha mais fraca que lá havia, a confirmar que esta época, para o Porto, sorteio é mesmo sorteio. Não é azareio...
Não faço também questão que alguém diga que o Basileia de Paulo Sousa não joga - ou não jogou - nada. Nem que dos dois guarda-redes apenas o Fabiano tenha feito o seu papel, com meia dúzia de defesas. O checo da equipa da Suíça só tocou na bola para a ir buscar ao fundo da baliza. Nem uma defesa se viu... E do penalti negado aos suiços até fica mal falar...
Vamos ver e percebemos que o recorde se refere aos golos marcados por uma equipa portuguesa em fase tão adiantada desta prova rainha da Europa. Diz a notícia que há 43 anos, desde 1972 - quando o Benfica de Hagan ganhou na Luz por 5-1 ao Feyenoord, apurando-se para as meias finais - que nenhuma equipa portuguesa marcava tantos golos num jogo de uma fase tão adiantada da competição. É então que percebemos as gordas do título, percebendo que os oitavos de final são tão adiantados como os quartos, e quatro é maior que cinco!
Cuidado com os excessos, fazem mal. E, com exageros destes, como é que será quando, a seguir, o Porto eliminar o Mónaco nos quartos de final?
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