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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A certeza da incerteza*

Arquivos reação à incerteza | Raciocínio Clínico

 

Na recessão anterior, que nasceu na bolha do sub-prime americano, passou pela crise do euro e das dívidas soberanas e rebentou com estrondo no resgate da troica, a economia portuguesa acabou por encontrar o caminho de saída nas exportações.

Com o mercado interno dizimado, com a quebra abrupta do consumo interno e o travão a fundo da despesa pública, as empresas portuguesas viram-se obrigadas a procurar lá fora o mercado que cá dentro viram fugir.

E, nos constrangimentos da economia portuguesa, fizeram-no com assinalável sucesso. Entre 2007 e 2019 as exportações cresceram perto de 60%, e saltaram de uns modestos 28% para 45% do PIB. No ano passado, em 2019, bateram-se todos os recordes, e tudo apontava para que essa notável trajetória de crescimento se mantivesse, com a perspetiva que atingissem metade do PIB já no próximo ano.

De repente surge um vírus para que nada nem ninguém estava preparado, a empurrar bruscamente a humanidade para uma crise como já não havia memória.

A anterior começara com um colapso imobiliário nos Estados Unidos, em 2007, e foi-se espalhando sob diversas formas e ao longo de alguns anos por outras zonas do planeta. Não aconteceu tudo ao mesmo tempo, nem da mesma maneira, e deu até para que a recessão chegasse a algumas economias quando outras já dela tinham saído.

Desta vez não vai ser assim.

Na atual crise pandémica a recessão é universal, em dois meses o mundo inteiro parou, sem válvula de escape para ninguém. Para combater a pandemia os países fecharam fronteiras e remeteram-se a um confinamento interno que paralisou as suas economias, de repente limitadas ao teletrabalho e ao comércio digital.

Com o país, e a maior parte do mundo (consciente) a entrar em confinamento apenas no início de Março, a quebra das exportações no primeiro trimestre não foi dramática. Não chegou aos 5%. Mas logo em Abril afundaram 40%, e não há melhorias para esperar nos meses que se seguem.

Atingindo um peso pouco recomendável na economia portuguesa, cerca de 15% do PIB, de 7% do emprego, e de 32% das exportações – cerca de 19 mil milhões de euros, 150% do que são, por exemplo, as exportações do sector automóvel – o turismo é suficiente para, por melhor que seja o lastro dos sectores verdadeiramente exportadores, demonstrar a impossibilidade de reverter as expectativas negativas das exportações portuguesas no curto prazo.

*Publicado ontem na Revista "Leiria Global"

Coisas que nos contam

Por Eduardo Louro

 

 

Temos a noção que é o sector exportador que tem vindo a segurar a economia nacional nos últimos anos. O mercado interno, se não morreu, não anda muito longe disso…

Contam-nos maravilhas desse sector. É sucesso em cima de sucesso, êxitos atrás de êxitos… A coisa só fica mais estranha quando as exportações caem, e nos vêm dizer que foi assim porque uma parte da refinaria de Sines teve que parar para manutenção. Fica tão mais estranho quanto, por enquanto, ainda não foi descoberto petróleo em Portugal. Nem aqui em Alcobaça, onde há tanto tempo andam à procura dele…

Sabemos que as exportações portuguesas estão extraordinariamente dependentes dos combustíveis e do sector automóvel. Deste, sabemos que é Auto Europa, o resto são aquelas fábricas que todos os dias vão fechando ou encerrando turnos, como ainda agora voltou a suceder na PSA de Mangualde, lançando novas centenas de trabalhadores no desemprego. E da Auto Europa sabe-se como é: sempre de coração nas mãos à espera de um novo modelo. E da boa vontade dos alemães…

Mas pronto, essa é a nossa sina. Valha-nos que operamos autênticos milagres nos sectores tradicionais, em especial nos têxteis e ainda mais em especial no calçado. Que mudou por completo de paradigma, passando da tradicional mão-de-obra intensiva e da vergonha da exploração de mão-de-obra infantil para unidades de alta tecnologia e, antes e depois de tudo, de design e marca. De alto valor acrescentado, levando o calçado português ao topo dos mercados, em pé de igualdade com o italiano…

É isto que nos contam, não é?

Já estive bem por dentro da indústria, em empresas nacionais e internacionais. Estou afastado desta actividade há mais de vinte anos, mas confesso que me faz alguma confusão articular todo este sucesso da indústria nacional do calçado com o preço médio unitário de exportação, e mesmo com a sua evolução. O preço médio do par de calçado exportado foi de 23,12 euros em 2013, pouco mais de 3% acima dos 22,29 do ano anterior...

Tenho alguma dificuldade em associar a estes preços um grande impacto de factores de prestígio, como marca e design. E ainda mais em descortinar ali uma grande expressão de criação de valor… Posso estar enganado, mas parece-me que se andam a contar demasiadas histórias acerca das exportações.

Não se pode negar o sucesso de marcas como Luís Onofre, ou mesmo Fly London ou Pablo Fuster, por exemplo. Mas muito menos se pode afirmar que são o padrão das nossas exportações!

A perna curta da mentira

Por Eduardo Louro

 

Afinal o milagre económico não aconteceu, como toda a gente que não corre atrás de canas de foguete sabia, e o anémico crescimento foi interrompido logo no primeiro trimestre deste ano. Como sempre aqui se disse a interrupção da recessão resultou mais de comportamentos da física do que da economia: simplesmente nalgum ponto deixa de se cair, é quando se toca no fundo.

O governo, este governo agora sempre em festa, reagiu aos dados do INE que agora lhe não davam jeito nenhum. Não deixou de ser curioso que a conta tenha sobrado para o ministro Marques Guedes. O primeiro-ministro Passos Coelho, o vice Portas ou o ministro da economia, Pires de Lima continuam entretidos, e embriagados, com a festa. Não podiam deixar que os números a viessem agora estragar…

Não menos curiosa é a explicação apresentada para o regresso ao crescimento negativo, como agora se diz. Para não estragar a festa o ministro Marques Guedes veio descansar os portugueses, dizendo que não havia qualquer razão para alarme porque a quebra do PIB no I trimestre resultava apenas de uma quebra nas exportações provocada por uma situação irrepetível durante o ano – o encerramento para manutenção da refinaria da GALP em Sines. Não é apenas curioso que no mesmo período não tenham diminuído as importações de petróleo. É mais curioso ainda que o governo vá pegar exactamente no ponto que sempre foi utilizado para negar a verdade do governo no sucesso da economia e das exportações. Toda a gente se lembra que o governo fazia assentar o seu sucesso económico no aumento exponencial das exportações quando muita gente, entre as quais este modesto escriba, alertava exactamente para o facto de estarem a crescer sim, mas à custa da exportação de refinados de petróleo coisa que, para quem não é infelizmente produtor daquele ouro negro, não tem grande significado porque justamente não tem valor acrescentado.

Não é ironia do destino, é simplesmente a perna curta da mentira. O governo vai buscar para explicar a diminuição exactamente aquilo que sempre negou que explicasse o aumento!

Exportações

Convidada: Clarisse Louro *

 

Por força das minhas funções profissionais, mas também pelo relacionamento de proximidade que cultivo com os meus alunos, acabei de participar nas cerimónias de encerramento de mais um curso de Enfermagem.

Há muitos anos que a minha escola vem abrindo dois cursos por ano, um com início em Setembro e outro em Março. Por isso, há muitos anos também que encerra dois cursos em cada ano. Este é um desses, que se iniciaram em Março. De 2010, há quatro anos atrás!

É sempre um momento de grandes emoções, para alunos, familiares e professores. Quatro anos é muito tempo, mas também pouco, passam depressa. É esse um dos sortilégios do tempo, que sendo sempre o mesmo nunca é o mesmo… Em quatro anos vivemos uma vida que tem muito de comum. Acompanhamos sonhos, venturas e desventuras. Partilhamos alegrias e tristezas e sentimos que, da mesma forma que cada um deles leva no fim um pouco de nós, também nós ficamos com um bocadinho de cada um deles.

É sempre assim, curso após curso. Ano após ano, década após década… Por isso, e mesmo sendo assim há tantos anos, cada encerramento de curso é um sempre momento de grande intensidade emocional que une professores, alunos e familiares. Os professores porque também sentem sua a vitória deles, dos alunos e dos pais que, na maioria das vezes, sabe Deus com que sacrifícios, realizaram um sonho de vida!

Quando estes alunos iniciaram este percurso, há quatro anos atrás, o país era outro, bem diferente do que agora é. Era acima de tudo outra a imagem que dele tínhamos, diferente, mas muito diferente, da que dele hoje temos. Por isso o sonho de cada um deles foi sendo certamente retocado, ajustado à revisão das expectativas em baixa, como se diz na esotérica linguagem dos mercados.

Desta fornada de cinquenta novos licenciados poucos, muito poucos, ficam no país. Mas os que ficam – melhor dizendo, os que por enquanto ficam – não ficam por terem encontrado saídas profissionais. Não, ficam porque querem resistir à emigração, porque ainda não conseguem lidar com a ideia de deixar o país. Porque, como dirá quem manda, não são suficientemente empreendedores e não estão dispostos a abandonar a sua zona de conforto… Os que ficam, ficam porque, a deixar família e amigos e partir atrás do desconhecido, preferem procurar emprego numa caixa de supermercado, engrossar o portfólio das empresas de trabalho temporário, ou mesmo as dos seus colegas mais velhos e de poucos escrúpulos, que vendem os seus serviços ao Estado e aos privados a três euros à hora, e em condições de trabalho e de dignidade inaceitáveis. Todos os outros têm já contratos assinados para a Inglaterra, Suíça e Alemanha…Para, em condições de trabalho e de remuneração dignas, venderem as competências que em condições de excelência o país lhes forneceu!

Tenho muita dificuldade em perceber tanto desperdício. O país investe em profissionais altamente especializados e depois desperdiça todo esse investimento. Percebo, claro que sei por que outros países europeus os vêm cá buscar. É muito remotamente aí que, como professora e formadora, vou encontrar uma parte do meu sentido de dever cumprido. A outra, felizmente que bem maior e a que mais conta, encontra-a nos olhos de cada um deles. Todos os dias!

E amanhã vou iniciar um novo curso, arrancar com uma nova fornada para entregar a esses mesmos países. Quiçá a outros que venham a descobrir este filão!

Pelo crescimento que apregoa, deve ser destas exportações que Paulo Portas fala …

 

* Publicado hoje no Jornal de Leiria

No ponto

Por Eduardo Louro

 "NY Times" compara situação do burro mirandês à dos portugueses

 

Este governo está um mimo, exactamente no ponto.

Paulo Portas vai efabulando à volta das exportações – “uns dedicam-se às exportações e outros a manifestar-se” e outros, acrescentaria eu, a dizer e fazer disparates - sem sequer perceber que não somos produtores de petróleo.

Nuno Crato anda eufórico com os 40 mil professores já inscritos para o exame. Que ainda não perceberam que entretanto já não são professores. Que, ao inscreverem-se para o exame, deixaram de ser professores para passarem a ser candidatos a professores. E muito menos perceberam que, para o ministro Crato, deixaram de ser uma dor de cabeça – um exército de contratados excedentários – para passarem a ser uma excitante e grata surpresa. É que o ministro Nuno Crato não conseguiu esconder a surpresa pela afluência ao exame que, no seu entender, quer apenas dizer que há muita gente, jovens e menos jovens, que quer ser professor e dignificar a profissão. Gente que gosta da profissão, e isso é o primeiro passo para serem bons professores… Notável!

Notável é ainda o ministro Aguiar Branco, que garante toda a transparência no processo de reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, ao mesmo tempo que diz aos trabalhadores que recebem agora as suas indemnizações mas que em Janeiro estarão de volta ao seu trabalho nos Estaleiros. Porque só eles têm qualificação para isso!

Melhor só o burro mirandês que hoje faz capa (e chacota) no International New York Times…

As boas notícias que (não) chegam...

Por Eduardo Louro

 

O desemprego baixou no segundo trimestre. Vamos deixar de lado se baixou muito pouco, e se o que baixou foi à conta de salários ainda inferiores ao salário mínimo.

As exportações continuaram a crescer, bem para além do que se estava à espera, e Maio foi o melhor mês de sempre no que toca a volume de transacções para o exterior. E admite-se mesmo que a economia esteja a sair da recessão!

Ora tudo isto são boas notícias, mesmo que não tão boas quanto gostaríamos que fossem. A quebra do desemprego pode resultar apenas de fenómenos de sazonalidade, de contratos de curtíssima duração que, passado o Verão, devolvem ao desemprego os números assustadores de sempre. E traduziu-se apenas nos salários mais baixos, deixando a ideia que a economia que pode estar a sair da recessão vai fazê-lo em novas bases. Em especial na base de salários baixos – ainda mais baixos!

Mas têm que ser boas notícias, porque é de boas notícias que também a economia vive. É de optimismo, que gera confiança, que a retoma se faz.

Pena é que o governo nada contribua para isso. Que, quando saem estas notícias, em vez de as potenciar, esteja paralisado por ministros e secretários de estado enterrados em aldrabices. Que, antes de serem demitidos, não poderiam ter sido admitidos. Que, quando há notícias destas para dar, dê as de cortes de pensões. E as das excepções, porque, afinal, os cortes nunca são para todos. E deixe intactas as imoralidades que todos conhecemos…

 

SEM RUMO... VÁ LÁ PARA ONDE FOR!

Por Eduardo Louro

 

Já todos perdemos a capacidade de nos indignarmos com a desfaçatez dos políticos que nos governam. Com a falta de vergonha, com a falta de sentido do ridículo, com a aldrabice…

Só isso poderá explicar que Vítor Gaspar diga estas coisas sem que ninguém se importe. Ouvir nesta altura Gaspar dizer, com o ar mais sério deste mundo e a maior das convicções, que “o país está agora numa situação em que pode entrar numa nova fase da recuperação, menos baseada nas exportações”, e que depende agora mais “da dinâmica interna e do investimento produtivo”, dá voltas ao estômago de qualquer um.

Quando tudo falhou, quando até o comportamento estóico das exportações nacionais começa também a ceder, quando já não há tábua a que o náufrago se possa agarrar, Vítor Gaspar vem dar o dito por não dito, inverter o discurso, dizer que é bom o que antes era mau.

Fica provado que Vítor Gaspar tinha um rumo, só que nem ele nem ninguém alguma vez soube qual era. Limita-se a seguir um senhor numa cadeira de rodas, acreditando que ao seu lado, vá ele para onde for, vai bem!

LA CRÈME DE LA CRÈME

Por Eduardo Louro 

 

Hoje o país mudou! Não, não tem nada a ver com o apagão televisivo, nem com as fabulosas oportunidades que a TDT lhe traz.

O país mudou – hoje mesmo – porque, finalmente encontrou um desígnio. O ministro Álvaro – temos que começar a pensar na estátua – sentenciou hoje que acabou o tempo de todos os falhanços na afirmação externa de Portugal: “meus amigos e minhas amigas, esse tempo acabou! E, sem perder tempo, decretou as exportações como desígnio nacional!

Andamos há séculos à nora, por aqui perdidos sem saber o que fazer para dar a volta a esta triste sina, mas eis que, vindo do cinzento e frio Canadá – e nós a pensarmos que, a chegar um dia, viria daqui do quente e luminoso norte de África – nos chega D. Sebastião em versão século XXI, visionário, de vistas largas e rasgadas sobre o mundo!

Perguntar-me-ão: mas se o homem já cá está há seis meses, por que é que andou tanto tempo escondido, sem dizer ao que vinha? Por que é não disse logo quem era? Pelo menos sempre pouparia, a nós, alguns meses de angústia e, a ele próprio, algumas das cenas de bullying de que, injustamente, tem sido vítima. Porque, ninguém tem dúvidas, o Álvaro tem sido o menino mais martirizado da turma…

São pertinentes, essas questões. Mas eu explico: o homem é um visionário mas não é mágico. Não podia chegar cá e… já está! Não, ele precisou destes seis meses de duro e rigoroso trabalho, todos os dias, sem feriados e com bem mais que a tal meia hora – com certeza que se lembram que, quando toda a gente o dava por desaparecido, quando, diziam, não havia ministro da economia ou estaria em parte incerta, ele surgiu a explicar que estava a trabalhar – para que surgisse o clique. E esse surgiu quando, após meses de trabalho árduo e intenso, descobriu o pastel de nata! As natas, na linguagem do Álvaro…

Se é isto a nata que temos…

 

CONGRESSO DAS EXPORTAÇÕES

Por Eduardo Louro

 

Está a decorrer hoje em Santa Maria da Feira o Congresso das Exportações. O objectivo principal é o de descobrir o caminho (marítimo ou outro qualquer) para o aumento das exportações para níveis que consigam equilibrar a forte queda do mercado interno, neste e nos próximos anos.

Ainda é cedo para termos notícias de quaisquer resultados – sabemos já que de lá sairá um livro branco, esperemos que não um livro em branco – mas os media já amplificaram três manchetes, chamemos-lhe assim: Basílio Horta, o presidente do AICEP, dizendo que o BPN deveria transformar-se num banco especialista no apoio à exportação (esta não lembraria a ninguém e foi logo um bom pronuncio), Faria de Oliveira, presidente da CGD, que anunciou que a banca não iria dificultar o acesso ao financiamento das empresas exportadoras (só faltava que dissesse o contrário) e Sócrates, como sempre o mensageiro das boas notícias. a anunciar que as exportações cresceram 15% no ano passado.

Enquanto de lá não surgem novas e verdadeiras notícias lembrei-me de um texto que escrevi no Vila Forte vai para dois anos, numa altura em que um tal António Mendonça aí referido não fazia a mínima ideia que viria a transformar-se num dos mais ineptos ministros de que há memória e, menos ainda, no homem capaz de fazer do TGV um cavalo de Tróia. O título era Internacionalização vs exportações e reproduzo-o a seguir:

 

Os nossos governos, e em particular o último, fizeram uma grande aposta na internacionalização das empresas nacionais, com diversos programas e milhões de euros envolvidos nessa estratégia.

Sempre tive algumas dúvidas sobre tal estratégia. Acho indiscutíveis as vantagens para a economia portuguesa do investimento das empresas nacionais no estrangeiro quando focado numa estratégia de afirmação dos seus produtos nos mercados internacionais. Por isso entendo que serão de apoiar os investimentos em distribuição e marketing, aqueles que permitam acompanhar de mais perto o cliente e o seu produto. E acho discutíveis as vantagens para a economia nacional de todos os outros tipos de investimento no exterior que não se relacionem directamente com a criação de valor no país.

Por isso, apoiar a internacionalização das empresas “tout court”, apenas para colocar uma bandeirinha pelo mundo fora, sem entender o que corresponde ao interesse da economia nacional ou apenas ao interesse particular (de empresas ou de grupos), no actual contexto, é muito questionável.

Chegou-me na semana passada às mãos um estudo publicado em Setembro, da autoria de três professores do meu ISEG – Miguel Fonseca, António Mendonça e José Passos –, que conclui que “o investimento directo português no estrangeiro tem impacto negativo nas exportações”. Este estudo analisou e correlacionou exportações e investimento em 18 países entre 1996 e 2007 e conclui que apenas em Angola (16%) e em Espanha (apenas 1%) se verificou crescimento nas exportações. Em todos os restantes 16 as exportações caíram.

Estas conclusões, e realçando que as duas excepções vêm de países especiais – parece claro e inequívoco que Angola e Espanha constituem, para Portugal, mercados externos com especificidades próprias – vêm confirmar o erro daquela estratégia.

Quando precisamos de aumentar consolidadamente as nossas exportações desenvolvem-se políticas e incentivam-se estratégias com o efeito contrário. Não temos dimensão económica nem empresarial para gerar empresas multinacionais (condições desse tipo tivemo-las mas já lá vão mais de cinco séculos), pelo que dar incentivos à internacionalização das empresas sem cuidar de assegurar que contribuem para gerar exportações, é cortar o crescimento da economia nacional. A crise também se faz destas coisas!

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