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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A falta de referências da Imprensa de referência

Reportagem na Suíça: “Estas pessoas têm a sensação de estar a salvar  Portugal” - Expresso

É na Suíça que o Chega atinge a sua maior expressão eleitoral, tendo sido o partido mais votado nos dois actos eleitorais. Nas legislativas, de 10 de Março, e agora, nas europeias.

O Expresso deste fim-de-semana - no contexto das visitas do Presidente da República e do Primeiro-Ministro ao país, e à comunidade portuguesa que lá vive, a propósito das comemorações do 10 de Junho - publica uma reportagem que pretende dar conta das motivações para aquele sentido de voto.

Entre as diversas justificações apresentadas, umas simplesmente muito "tugas", outras de evidente permeabilidade ao discurso populista, há uma que saliento. O entrevistado é apenas apresentado por António, e explica que as pessoas não votaram em André Ventura por todas aceitarem as suas ideias, mas por nele encontrarem "um refúgio" para a sua revolta. "As pessoas estão revoltadas" - rematou!

Não explicou por quê. Nem isso lhe foi perguntado. Mas é a própria autoria da reportagem a avançar que a "perceção de insegurança, as medidas da habitação do Governo anterior e as dificuldades no Serviço Nacional de Saúde" são os principais motivos da revolta.

Não quero concluir que os principais motivos da revolta que leva os emigrantes na Suíça a votarem no Chega tenham sido dados pelos autores da reportagem. Da sua conta e risco. Mas faz alguma espécie que os emigrantes na Suíça, que por lá têm vida organizada - supõe-se que bem - sintam por lá a insegurança, as dificuldades de habitação, ou as do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal. Onde não vivem. E faz-me mais ainda que as sintam tão intensamente que lhes provoquem a tamanha revolta que só afogam no voto no Chega.

Mas não posso deixar de concluir que é com reportagens destas, tratadas e divulgadas desta forma, que a imprensa dita de referência vai normalizando e alimentando o Chega.

 

 

Fazer presidentes

SIC muda comentários de Luís Marques Mendes para os domingos

Diz-nos hoje o "Expresso" que "Marques Mendes avalia a candidatura a Belém". Diz  "avalia" porque não pode dizer outra coisa. Para não dizer que vem sendo replicado, à risca, o modelo "totoloto" de Marcelo - "é fácil, é barato e dá milhões".

É "fácil" - não custa nada, é só preparar meia dúzia de "bitaites" e juntar-lhe no fim uns livros, uma vez por semana. Mais que "barato", é de borla. E ainda lhe pagam. "Milhões", se fizermos as contas aos milhares que lhe pagam em cada semana pelas centenas de semanas de ecrã. E "dá" - garante - "milhões" de votos!

A notícia tem ainda outra "nuance" - acrescenta que também Ana Gomes está a fazer a mesma avaliação.

Para limpar a água do capote (do grupo) o "Expresso" recorre ao português e, em particular, ao verbo "avaliar". Mas também à geometria  - às paralelas - para estabelecer uma linha paralela (entre o comentário televisivo e as candidaturas), onde o paralelismo não existe. De todo!

Ana Gomes, já foi candidata às últimas presidenciais. E até já Marcelo a lançou para nova candidatura. Não tem, nem o figurino, nem o espaço, nem o tempo, de antena que é dado a Marques Mendes. Nem nada que se pareça: ele, entre o senatorial e marca comercial; ela, num de "Maria vai com as outras". Ele na SIC generalista, em horário nobre; ela, no canal de notícias, noite dentro. Ele há anos, desde que Marcelo deixou a cadeira vaga, mais de meia hora por semana; ela, há poucos meses, meia dúzia de minutos.

Não sabemos se a "Impresa" de Pinto Balsemão faz presidentes. Sabemos é que não quer que se saiba que os quer fazer! 

 

Crise geral

Parece que vai para aí uma onda de roubos de produtos alimentares nos supermercados, a crer na primeira página de hoje no jornal de referência da nossa tão pobre praça jornalística.

A notícia que faz primeira página é depois desenvolvida na secção "Sociedade". E aí começamos por ver que, da participação deste roubos à PSP, "só há dados até Junho", mas que " o crescimento de casos acelerou neste segundo semestre". Sem dados, e que ainda vai a meio...

Sem dados mas com um - um, repito - testemunho de um segurança de um supermercado. Pungente. Relata que "tem apanhado muitos idosos a tentar levar pão, salsichas ou atum". Que "há mulheres com filhos que dizem que já não têm como lhes dar de comer. E conta: "Prefiro que me peçam. Não sou rico, mas posso oferecer alguma coisa. E eu próprio vou à caixa pagar”.

No entanto, quando passa à informação que os supermercados estão a instalar alarmes em alimentos, a peça recorre ao testemunho de dois funcionários de uma cadeia onde isso está a acontecer, que o justificam  por haver "quem os leve em mochilas para depois os vender a preço mais baixo no mercado negro.” 

Escrevendo em manchete que a "crise faz disparar roubo de comida" este jornalismo de referência  fala de roubo de comida para matar a fome para, depois, se formos ler, misturar com o roubo de comida para alimentar expedientes.

É tudo resultado da crise. Até da crise do jornalismo que por cá vai engordando!

Benefício da dúvida

Executivo do PS toma posse - Política - Correio da Manhã

 

“"Não farei convites antes da proximidade antes de 23”, disse, referindo-se à data marcada por Marcelo para dar posse ao Governo - lê-se no Expresso, sob o título "" Costa sem pressa para o novo governo".

Olhamos e não bate certo. Lemos, e o que está escrito é que António Costa disse que não faria convites para a constituição do governo antes da "data marcada por Marcelo para dar posse ao Governo". Isto é, a crer no rigor da Expresso, Costa apenas irá convidar os ministros para o seu governo depois de terem sido empossados como ministros no seu governo.

Não há dúvida que o Presidente marcou mesmo a tomada de posse do governo para o próximo dia 23. A dúvida é se o "antes" a mais que baralha isto tudo terá de ser creditado à maneira meio trapalhona como o primeiro-ministro geralmente se expressa; ou se à maneira meio trapalhona de dar notícias a que o Expresso nos vai habituando.

Não sei bem mas, desta vez, acho que dou o benefício da dúvida a António Costa,. Até porque acaba de sair do Covid, o que se saúda. Mas se o o Expresso vier a noticiar que um ministro qualquer não aceitou o convite lá se vai o benefício da dúvida...

 

 

O umbigo do Expresso

Resultado de imagem para saco de papel do expresso

 

Para o "Expresso", aos quarenta e seis anos de idade (parabéns pelo aniversário!), o que de mais importante aconteceu no país foi passar a ser distribuído dentro de um saco de papel.

Já conhecíamos a importância do saco no Expresso, desde que um seu antigo e conhecido director o apresentou como ideia genial. Como a sua impressão digital na grande revolução no negócio e na arte de fazer jornais, como uma descoberta só ao nível da de Gutenberg.

Agora, com o plástico a passar o testemunho ao papel, a actual direcção do jornal não fez menos. Foram duas semanas em que não falou de outra coisa. Duvido até que, lá para o final do ano, não venha a ser eleito pela Redacção como "acontecimento nacional do ano"...

 

Reacções

A primeira página do Expresso

 

A nomeação da PGR e a decisão de não reconduzir Joana Marques Vidal, ganhou durante o fim-de-semana o espaço mediático que porventura lhe terá faltado de imediato, como na altura aqui referi, com Passos Coelho a falar sozinho. Não quer dizer que tenha sido o único a verdadeiramente contar com aquilo, quer dizer é que, para poder estar na linha da frente, já tinha a carta escrita.

A maior responsabilidade por essa surpresa, e pela falta de reacção imediata, é bem capaz de caber ao Expresso, com aquela primeira página no fim-de-semana anterior, que dava por certa a recondução de Marques Vidal. Da mesma forma que lhe cabe também, e ao grupo de comunicação que integra, a maior fatia de culpa pelo pique mediático do tema no fim-de-semana, todo ele passado a limpar o espalhanço completo daquela primeira página no fim-de-semana anterior.  

Silenciados

 Imagem relacionada

 

Uma jornalista maltesa - Daphne Caruana Galizia - que fazia parte do consórcio internacional de jornalistas Panama Papers, foi morta quando o carro que conduzia explodiu. A jornalista denunciava líderes políticos no seu blogue e chegou a acusar de corrupção o primeiro ministro de Malta, Joseph Muscat, e dois dos seus principais assessores. No início do ano chegara mesmo  a revelar a existência de documentos que provavam que a mulher do primeiro-ministro maltês era beneficiária de uma offshore no Panamá, com transações elevadas de dinheiro com contas bancárias no Azerbaijão.

Se calhar é por isso, com medo que algum carro um dia possa explodir que, por cá, o Expresso guardou na gaveta os "seus papéis do Panama". Já lá estão há quase dois anos. Aí não fazem mal a ninguém...

 

Já não há paciência...

Capa do Expresso

 

O Expresso - já é costume -  lançou a confusão. Uma vez lançada meteu-se a caminho, que palmilha a passo acelerado sem saber nem onde nem quando vai parar. 

Os mortos do Pedrogão eram mais, muitos mais que os 64 divulgados, começava o Expresso por adiantar. A direita entrou em êxtase. Passos nem cabia em si, profundamente convencido que é na desgraça que encontra a salvação. O governo escondia a lista oficial dos mortes porque, claro, numa lista é fácil contar.

Com a lista que o governo não quer divulgar, era canja: chegava-se aos 64 nomes e e a lista continuaria por ali baixo, alegre e contente, como se em vez de mortos estivéssemos a consultar uma lista de premiados da Santa Casa.

Então o Expresso tem  acesso à lista e conta, um a um. Dá 64. Não, esperem: dá 64 por causa dos critérios, que excluem as mortes indirectas. Fossem outros os critérios de lá teríamos de certeza muitos mais que os 64. Fossem outros os critérios e teriam contado com aquela mulher atropelada, a fugir do fogo. Fossem outros os critérios e, contando esta mulher, seriam 65. Muito mais que 64!

Acredito que haja quem ache isto interessante. Mas serão certamente (também) muitos mais os que já não têm paciência para isto...

O que parece, é!*

 

Imagem relacionada

Todos nos lembramos da revelação dos chamados Panama papers. Da autêntica “bomba” que foi anunciada, com o detonador nas mãos de dois jornalistas – um do Expresso, outro da TVI – rapidamente alcandorados à condição de heróis nacionais. Ou de vedetas, como facilmente acontece. 

Lembramo-nos como foram denunciados nomes da cena internacional, como surgiram os primeiros tímidos e mal amanhados desmentidos. Como, em poucos dias, o primeiro-ministro da Islândia – mais uma vez na Islândia – foi obrigado a demitir-se. Lembramo-nos que foi logo anunciado que, só à nossa conta, havia 240 nomes para denunciar, entre políticos, empresários e jornalistas. E lembramo-nos ainda que ficamos logo com a ideia que aquilo daria pano para mangas nas mãos do Expresso. Que iria fazer render o peixe, libertando nomes ao sabor das tiragens: a conta-gotas.

Três nomes na primeira semana, todos empresários, dois dos quais feitos comendadores pelo regime. Que logo negaram tudo, contra todas as evidências. Na semana seguinte, mais três nomes. De novo empresários. E de novo igualmente dois vultos da cidadania, feitos comendadores das mais distintas ordens. E na seguinte, à terceira, a torneira entupiu e não deixou cair mais uma gota que fosse. Nem Expresso, nem TVI, se importaram mais com o assunto. Em apenas três semanas uma lista com 240 nomes – de políticos, empresários e jornalistas – era encurtada para apenas seis. Sem políticos, e sem jornalistas. Só com comendadores!

Não sabemos, evidentemente, se a divulgação parou por aqui por ordem dos comendadores, se por ordem dos que entregam as comendas. Custa-nos acreditar que se tenha anunciado políticos e jornalistas por decisão comercial. Não nos custa nada acreditar que a torneira se tenha fechado por decisão editorial. Porque as coisas são o que são. Mas também o que parece que são!

E o que parece, e o que é, é que, nas off-shores, não se toca nem com uma flor. É que dá muito jeito que os impostos continuem a ser pagos pelos mesmos. Que nunca podem fugir.

Perdeu-se uma enorme oportunidade de fechar uma das maiores portas franqueadas à corrupção. Sobrepuseram-se deliberadamente, e mais uma vez, os ilegítimos interesses de alguns – poucos – aos legítimos interesses colectivos. Deu-se mais um golpe na democracia e no Estado de Direito. Lamentavelmente pela mão daquele que é tido pelo mais institucional dos órgãos de comunicação social em Portugal.

 

* Da minha crónica de hoje na Cister FM

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