Max Verstappen sagrou-se hoje em Suzuka bi-campeão do mundo de Fórmula 1, depois de ter vencido o Grande Prémio do Japão, ainda com quatro corridas por disputar.
Este segundo título do holandês, ao contrário do primeiro, no ano passado, não sofre a mínima contestação. Creio que nunca ninguém tinha ganhado com tamanha vantagem, nem nunca um campeonato se tinha decidido com tanta antecedência. Ganhou o melhor piloto, com o melhor carro e a melhor equipa. Que, como se tudo isso não bastasse, contou com ainda todos os favores dos safety car, em todas as suas variantes. Com todo o tipo de influências da poderosa máquina da Red Bull, inclusivamente com uma segunda equipa, a Alpha Tauri, sempre disponível para manobras tácticas de favor. E sempre, ao longo de toda a época, com a desastrada gestão das corridas da Ferrari, o único carro que poderia fazer frente ao Red Bull.
Ainda assim, e pesem todas as circunstâncias, e todo o mérito do piloto e da equipa, e mesmo sendo a conquista do título uma mera questão de tempo, esta conquista antecipada não está isenta de polémica.
A chuva, que caiu durante todo o fim de semana em Suzuka, levou à interrupção da corrida poucas voltas, e cerca de 10 minutos, depois do arranque, levando-a para o limite das três horas de duração previsto nos regulamentos. Os carros regressaram à pista com pouco mais de meia hora para preencher a corrida, que ficava reduzida a 45 minutos. Os pontos em disputa são atribuídos em função do número de voltas realizadas.
No fim das três horas de corrida, e cumpridas 28 das 53 voltas do GP, Verstappen cortou a meta na frente, com larga vantagem sobre o Ferrari de Leclerc, que trazia colado o Red Bull de Perez. Na última volta, na disputa pelo segundo lugar, Leclerc saira de pista e cortara a chicane, mantendo-se à frente de Perez. Admitia-se que fosse penalizado, e que viesse a perder a segunda posição. Como viria a suceder, com uma penalização de 5 segundos. A pontuação a atribuir - no caso 75% dos pontos totais em disputa, por terem sido cumpridas metade das voltas -, e mesmo com o terceiro lugar de Leclerc, não era suficiente para Verstappen garantir desde logo o título, como ele próprio e a equipa reconheciam.
Pouco depois, perante a surpresa geral, a FIA anunciava a atribuição da pontuação total, com o argumento que os regulamentos tinham sido alterados, e que, agora, atribuição parcial dos pontos apenas acontece se a corrida for interrompida sem que seja reiniciada.
Estranho não é que esta alteração seja absurda, porque de absurdos estão os regulamentos cheios. Estranho é que ninguém tivesse conhecimento dessa alteração.
Max Verstappen nem mereceria isto. Mas é assim, nem na conquista de um título indiscutível, a vitória de Verstappen deixa de ser assombrada.
Continua o espectáculo. A segunda corrida da época, no Grande Prémio da Arábia Saudita, marcada por um atentado bombista que o chegou a pôr em causa, e pelo acidente de Mick Shumacher, nos treinos de qualificação (mais do que por mais uma batida de Latifi, um especialista, desta vez sem decidir o título, como na última) confirmou todas as expectativas do grande espectáculo da fórmula 1 para este ano. No palco estão ainda apenas a Ferrari e a Red Bull, o que será quando lá chegar também a Mercedes?
Por enquanto está entregue a Versttapen e Perez, e a Leclerc e Sainz. A Red Bull e a Ferrari chegaram mais cedo e, para já, desalojaram a Mercedes. Deve ser apenas uma questão de tempo para os Mercedes reencontrarem a competitividade que perderam em pista, já que nas boxes, e na estratégia de corrida, parece há muito que não conseguem competir com os melhores.
Antes, a superioridade dos carros iludia essa desvantagem. Agora, sem a superioridade dos motores, o que perde nas boxes ... soma ao que perde em corrida. Hamilton, que partiu do fim da grelha por ter falhado a passagem ao final da qualificação, não passando da Q2, ainda chegou onde podia chegar - ao sexto lugar, atrás do seu colega, Russel, que se limitou a deixar correr a corrida e a manter a sua posição à partida. Mas depois, na hora de trocar pneus, voltou a falhar tudo. Falhou o timing (incrível como não fez a troca com o safety car virtual activado para entrar nas boxes já quando a pista estava livre) e deitou tudo a perder, acabando no 10º lugar.
Como nos concertos das grandes bandas, também o palco em Jeddah foi entregue, primeiro, para a primeira parte, a segundas figuras. E, como tantas vezes acontece nesses concertos, vêm daí grandes espectáculos. Foi o que fizeram os Alpine de Alonso e Ocon. O prato principal ficaria mais para o fim, e só podia mesmo estar reservado para os Ferrari e os Red Bull.
Sergio Perez tinha partido da pole, a primeira da sua carreira, depois de uma surpreendente volta canhão à última hora (ele próprio disse que nunca mais seria capaz de repetir aquilo), e garantiu a liderança da corrida até à troca de pneus, quando foi enganado pelo bluf de Leclerc, e acabou para cair para o quarto lugar. Leclerc, que partira do segundo lugar da grelha, passou para a frente. Verstappen, que subira de quarto para terceiro, batendo Sainz (que, atrás do seu colega de equipa, não podia forçar o arranque) na largada, trocados os pneus, ficou atrás atrás do monegasco. E subiu então o pano para o ponto alto do espectáculo, com ultrapassagens sucessivas, à medida do DRS de cada um. Até à ultima volta, com o campeão do mundo à frente, eventualmente a beneficiar das bandeiras amarelas no primeiro sector, e a somar os primeiros pontos da época.
A Primavera chegou, e com ela as emoções da velocidade.
O Mundial de MotoGP já tinham começado há duas semanas, no Catar, mas para nós começou ontem, na Indonésia, com a vitória Miguel Oliveira num autêntico recital à chuva. Tanta que o o Grande Prémio da Indonésia de MotoGP teve de ser encurtado em sete voltas, acabando à vigésima.
Foi a quarta vitória do Miguel na maior competição mundial de motociclismo de velocidade!
O Mundial de Fórmula 1 de 2022, esse, arrancou mesmo ontem, com o GP do Bahrein. Com muitas novidades, e com os carros ainda mais bonitos. Quase todos, talvez à excepção dos Mclaren. E dos Alpine. Com mais emoção, ainda. E com o regresso da Ferrari ao topo, a confirmar que tem condições para finalmente desafiar a superioridade da Mercedes nos últimos anos. E da Red Bull que, depois de parecer ser a única equipa em condições de discutir a corrida, acabou com os dois carros, do discutido e controverso campeão do mundo Max Verstappen e de Perez, fora da corrida, a não resistirem nas últimas voltas. E a deixarem a dobradinha para a Ferrari, com Leclerc, vindo da pole, e que pouco antes do meio da corrida travou com Verstappen um duelo espectacular, a vencer, à frente Carlos Sainz.
A Mercedes nunca na pista mostrou andamento para realmente competir com os adversários. Também na estratégia de corrida, e nas boxes, esteve bem atrás do desempenho da Ferrari e da Red Bull, e só mesmo o surpreendente abandono destes dois carros lhe minimizou os prejuízos, com o terceiro (Hamilton) e quarto (George Russel, no lugar de Bottas, agora na Alfa-Romeo, também renascida) lugares.
As muitas alterações introduzidas para este nova época parecem fazer aumentar o espectáculo. Os carros conseguem andar mais tempo mais próximos uns dos outros, e isso faz aumentar o despique. A luta pelos diferentes lugares é muio mais intensa e as ultrapassagens são muito mais frequentes. Mas também mais civilizadas, com o ataque e a defesa da posição mais balizados. Desde logo com uma nova linha branca que define o limite da pista.
Não aconteceu o que muitos antecipavam nesta última corrida do mundial de Fórmula 1, em Abu Dhabi. Mas nem por isso deixou de ser a mais insólita decisão de um campeonato do mundo de fórmula 1.
Chamo-lhe insólito para não recorrer à estafada expressão de vergonha.
Vamos à estória: Max Verstappen e Lewis Hamilton estavam empatados em pontos à partida. O holandês conquistou a pole, mercê de mais um excelente jogo de equipa. Estratégia pura, em que a Red Bull foi sempre a melhor de todas as equipas do circo. Na circunstância lançou Sergio Perez para gerar o cone de aspiração que permitiria a Verstappen bater o tempo de Hamilton. Uma estratégia que implicaria também largar da pole com pneus macios, mais vantajosos para o arranque.
Onde, surpreendentemente, o inglês partiu muito melhor, e ficou na frente. Na segunda curva, Verstappen não perdeu tempo e fez o que se esperava que viesse afazer - jogo sujo. Atrasou a travagem, e com isso colocou-se ao lado de Hamilton e, uma vez ao lado, ocupou-lhe toda a pista. O hepta-campeão mundial ou batia ou saía de pista. Saiu de pista, seguiu pela escapatória e acabou até por ganhar alguns metros.
Mais uma vez, o crime não compensava. Bem tentou a Red Bull - agora que tudo em corrida é negociado com a direcção da prova - que a posição fosse devolvida ao holandês. Mas tinha ficada clara a manobra de Verstappen, e a direcção da corrida limitou-se a obrigar Hamilton a devolver os metros ganhos. Que lá seguiu, sempre na frente e sempre melhor.
Hamilton, com pneus médios, tinha teoricamente mais pneus que Verstappen, que partida com os macios ditados pela estratégia de ataque à pole position. Estranhamente mudaram de pneus na mesma volta, e a Red Bull voltou a dar baile em estratégia: deixou Sergio Perez em pista, para depois atrasar Hamilton e deixar Verstappen recuperar muito do atraso que já tinha para o inglês. Nesta altura tínhamos Hamilton 10 - Verstappen 0. Mas Red Bull 2 - Mercedes 0.
A meio da corrida entra o safety car virtual, e a Red Bull aproveita para mudar pneus nos dois carros. A Mercedes, com Hamilton na frente com mais de 8 segundos de vantagem, optou por mantê-lo em pista. Perdeu tempo. Tanto que, mesmo com a paragem de Verstappen a mudar de pneus, operação que custa sempre um pouco mais de 20 segundos, a vantagem acabou por se ficar nos 12 segundos.
Hamilton acabou por responder bem e, a quatro voltas do fim, conseguia ainda assim chegar à vantagem de 14 segundos, já depois de dobrar quatro carros que se encontravam a disputar lugares de classificação, que Verstappen ainda teria que dobrar . Só que Latifi bateu e entrou o safety car. O real. Tudo o que a corrida não precisava, e tudo o que Hamilton não merecia. Nesta altura Hamilton 15 - Vestappen 0.
A Red Bull volta a chamar os seus dois carros à box. Vestappen para nova mudança de pneus. Perez, percebeu-se depois, para desistir. Em simultâneo pressiona a direcção da corrida para que o safety car abandonasse a pista na última volta, mas depois de ultrapassado pelos tais quatro carros que separavam os dois primeiros. Red Bul 15 - Mercedes 0!
E assim, em plena última volta, o safety car abandonou a pista com Verstappen colado a Hamilton, no seu cone de aspiração e com pneus novíssimos. Demasiado fácil para Verstappen, aos 24 anos, ganhar e conquistar o seu primeiro campeonato do mundo. Outros se seguirão, porque demonstrou que tem valor para isso. Mas, assim, não!
A Mercedes ganhou, por equipas. Mas apetece dizer que não mereceu. Foi sempre pior nas decisões que a Red Bull. Verstappen ganhou, sendo sempre primeiro, ou segundo, no pior. Mas isso são os resultados. Hamilton é, ainda, muito melhor. E só não ganhou, para além das decisões erradas da sua equipa, pela incrível decisão da direcção da corrida, ao decidir o que decidiu no final da corrida. Hamilton ia muito à frente, não teve nada a ver com o despiste da Latife. Por que razão Verstappen não teve de dobrar os quatro carros que Hamilton tivera de dobrar?
Só porque a Red Bull grita mais alto? Porque Hamilton iria ganhar pela oitava vez? Porque é preciso manter o recorde de campeonatos? Porque isto é cada vez mais à americana, onde vale tudo?
Há um novo campeão do mundo. É certo (ou talvez não, ainda muita tinta vai correr), mas não houve verdade desportiva. Hamilton não merece perder desta forma. Mas é também demasiado grande para, agora, não merecer ganhar de qualquer outra!
Esperavam-se muitas manobras anti-desportivas da Red Bull. Esperava-se que Verstappen repetisse o que fez logo na segunda volta. Esperar-se-ia até que fosse Sergio Perez, quando ficou na frente para dificultar a vida a Hamilton - e como dificultou! - a desencadear uma qualquer manobra que o colocasse fora da corrida. Hamilton nunca sequer permitiu qualquer uma dessas hipóteses Em pista, fez tudo. Só nada poderia fazer contra aquela decisão da direcção da corrida!
Lews Hamilton e Max Verstapen saem da Arábia Saudita em igualdade pontual para discutirem o título mundial na última etapa deste Mundial de Fórmula 1, no Abu Dhabi, no próximo fim de semana. Só por uma vez, em 1974, dois pilotos tinham chegado empatados em pontos à última prova do campeonato - então Emerson Fitipaldi (cujo neto sofreu hoje um grave acidente, neste mesmo circuito, na prova de fórmula 2) e Clay Regazzoni. Isto depois de Hamilton ter vencido o seu 103º Grande Prémio, e o terceiro dos últimos três, que o relançou para o seu oitavo Mundial, que chegou a parecer perdido.
Foi uma grande corrida, este Grande Prémio esquisito e cheio de coisas estranhas. Desde logo com três partidas da grelha de formação, duas bandeiras vermelhas e já nem sei quantas intervenções do safety car. E muita manha, e outras coisas que tais.
A corrida iniciou-se com os dois pilotos da Mercedes, Hamilton e Botas, nos dois primeiros lugares, donde partiram, com Verstapen em terceiro. À décima volta o primeiro acidente, com Mick Schumacher, e primeira entrada do safety car, que os pilotos da frente aproveitaram para mudar pneus. Todos, excepto o holandês, que quando ia entrar recebeu ordens da equipa para não o fazer, ficando na frente da corrida. Percebeu-se que a Red Bull apostava na bandeira vermelha, que interromperia a corrida, e a relançaria para nova partida, donde sairia na pole, que ontem falhara ao embater no muro à saída de uma curva, quando se aprestava para a conquistar. Quatro voltas depois, aí estava a antecipada bandeira
Nova partida, agora com Verstapen a partir na frente, e com pneus novinhos. Hamilton, em segundo, arrancou bem. Como Verstapen e Ocon. Encontravam os três lado a lado na primeira curva onde Hamilton, quem mais tinha a perder, teve se cortar, Verstapen adiantou caminho por fora da pista, e Ocon, ficando em segundo, seria primeiro pela infracção do holandês. Cá atrás duas molhadas de carros, com Perez, o segundo piloto da Red Bull, a ficar fora da corrida. Nova bandeira vermelha, e nova grelha de partida, desta vez negociada, ao vivo e a cores, entre a direcção da corrida e as equipas: Ocon. Hamilton e Verstapen. Que no arranque, tirando partido dos pneus macios escolhidos para o efeito, mas de risco face às voltas em falta, quando os adversários optaram por duros para durarem o resto da corrida, passou de terceiro para primeiro, à frente de Ocon e de Hamilton, que pouco demorou a ficar a trás do seu rival para o título.
Começou então a perseguição, interrompida de quando em vez por acção do safety car virtual, por força de inúmeros toques em pista que a iam pulverizando com os pequenos destroços que daí resultavam. E começaram os já habituais truques de Verstapen para evitar a ultrapassagem. Numa dessas ocasiões empurrou Hamilton para fora de pista. Foi penalizado, com a obrigatoriedade de lhe ceder o lugar. Nada mais que uma nova oportunidade para outro truque: em vez de abrir para o deixar passar, travou à sua frente, para que lhe batesse por trás. Hamilton ficou com a asa dianteira destruída, e portanto com o carro desequilibrado. Não chegou a passar, mas Verstapen contava com o estrago provocado, mesmo que tivesse de voltar a ceder-lhe a passagem. Como aconteceu, para de imediato tirar partido disso, e voltar à frente.
Mas já não tinha pneus. Os que contara para ganhar na partida não lhe davam para ganhar a corrida. E Hamilton, mesmo com o carro naquelas condições, passou para a frente e fez até a melhor volta da corrida, que lhe deu mais um pontinho. E ganhou claramente uma das corridas mais difíceis de ganhar. Em competição, nem sempre a verdade ganha.. Desta vez ganhou!
Verstapen é um extraordinário piloto, disso não há duvidas. Dúvidas há é que seja um verdadeiro desportista. Para mim, evidentemente!
Uma coisa é a manha, o chico-espertismo. Cabem sempre no desporto. Outra é a batota. Quando a Red Bull arrisca na estratégia e Verstapen arrisca na pista, não há nada a dizer. Mas quando lhe acrescentam batota, já é outra coisa. E fazem-no vezes de mais!
É uma lenda da Fórmula 1. Foi mecânico e piloto, mas foi ao leme da escuderia que criou, como o seu próprio apelido, que a lenda cresceu.
Da cadeira de rodas, a que ficou preso depois de um acidente de automóvel nos anos 80, comandou a equipa que dominou a fórmula 1 nas décadas de 80 e 90 do século passado, levando-a à conquista de 9 títulos mundiais de construtores e 7 de pilotos, todos diferentes. Ninguém repetiu. O primeiro campeão ao volante dos carros azuis da Wlliams foi o australiano Alan Jones, em 1980, em disputa acesa com Nelson Piquet, então na Brabham. Dois anos depois, em 1982, seria a vez do filandês Keke Roberg, o piloto que mais anos consecutivos (quatro) lá permaneceu. Em 1987 chegaria Nelson Piquet para ganhar, e alcançar na Williams o seu terceiro título mundial. Em 1992 seria o regresso de Nigel Mansel à equipa, para ser finalmente campeão do mundo. No ano seguinte seria a vez de Alain Prost, no seu quarto e último título mundial, discutido com Senna (Mclaren), que logo a seguir, no fatídico ano de 1994, chegaria à equipa de Frank Williams para também atingir o seu quarto título, mas onde acabaria por encontrar a morte trágica. O penúltimo título de pilotos chegaria em 1996 através de Damon Hill, filho de outra lenda e bicampeão mundial, Graham Hill, em disputa com o seu colega de equipa Jacques Villeneuve - também filho de outra lenda, Gilles - que no ano seguinte fecharia a lista dos campeões no último título mundial de pilotos e o ciclo absolutamente dominador da mítica escuderia de Frank Williams.
Nestes 7 anos juntou o título de pilotos ao de construtores. Que conquistaria ainda em 1981, quando Piquet ganhou pela Brabham, e no trágico 1994, quando Michael Schumacher ganhou com a Benetton, com motores Ford (1980 e 81), Honda (1986 e 87) e Renault, com que dominou a fórmula 1 entre 1992 e 97, período em que só não ganhou em 1995, no segundo título de Schumacher e primeiro da Benetton, também com motor Renault.
Na fórmula 1, este ano tem acontecido de tudo. Só não tinha ainda acontecido um milagre.
Aconteceu hoje, no Grande Prémio do Bahrain. Decorria ainda a primeira volta quando o carro do francês Romain Grosjean se despistou, embateu num dos rails de protecção, partiu-se em dois e incendiou-se. As chamas tomaram de imediato conta do carro da Haas, e durante 30 segundos nada mais se via que uma imensa bola de fogo a crescer a um ritmo alucinante.
É então que se vê sair das chamas o piloto francês, a encaminhar-se para o rail e a saltá-lo, já com a ajuda dos primeiros socorristas. Um milagre, mesmo para quem não acredita neles.
Não se ficaria por aqui, este Grande Prémio do Bahrain. Quando quase duas horas depois se reiniciou a corrida, uma tentativa de ultrapassagem do russo Daniil Kvyat acaba com o Racing Point do canadiano Lance Stroll capotado na pista, e com o piloto a sair a rastejar-
No fim, Hamilton voltou a ganhar, e a dedicar a vitória ao infeliz felizardo Grosjean. Mas nem "esse tudo como dantes", foi como dantes: Hamilton viu a bandeira de xadrez atrás do safety car, mais uma vez em pista. A quatro voltas do fim. o motor do Racing Point de Sergio Perez, que seguia na terceira posição, "entregou a alma ao criador" e deixou muito óleo na pista, obrigando a entrada do safety car, para evitar males maiores.
Lewis Hamilton venceu o Grande Prémio da Turquia, a décima quarta etapa do campeonato, e sagrou-se desde já campeão do mundo, pela sétima vez. Foi a décima vitória da temporada. Só não ganhou quatro corridas, todas elas por razões de circunstância em que a fórmula 1 é fértil.
Hoje ganhou com grande autoridade - 32 segundos, uma eternidade em fórmula 1, sobre os companheiros no pódio, o mexicano Perez e o alemão Vettel, da desilusão Ferrari, o primeiro da temporada para ambos - e com espectáculo. Saiu do sexto lugar de uma grelha de partida atípica, consequência da instabilidade meteorológica em que se decorreu a qualificação, que nas duas primeiras filas tinha apenas um cliente habitual: Vestappen, no segundo lugar que, com uma má partida caiu de imediato para a quinta posição. Da pole position, a primeira da carreira, largou Stroll, da Racing Point, à frente do seu companheiro de equipa Sergio Perez, que estava atrás, na terceira posição da grelha.
Ganhando duas posições na largada, que viria a perder ainda na primeira volta, Hamilton chegou à liderança à trigésima sétima volta, quando ultrapassou Perez. A partir daí a corrida só lhe serviu para ir ganhando avanço sobre os adversários, acabando por dar uma volta de avanço a Bottas, o seu colega da Mercedes, e único que o poderia impedir de se sagrar já campeão. Heptacampeão!
Depois de bater todos os recordes de Michael Schumacher, igualou-o agora nos sete títulos de campeão mundial de fórmula 1. Aos 35 anos, Lewis Hamilton é agora recordista de pódios (162), de ‘pole positions’ (97), de vitórias (94). E o nome maior da História da competição automóvel!
Vinte e quatro anos depois a fórmula regressou a Portugal, e estreou-se em Portimão. Não foi na melhor altura, mas foi quando aconteceu. E é sempre melhor que tenha acontecido.
Com público, e com muita coisa a não correr pelo melhor. Que se portou melhor hoje que ontem, ao que se diz. Muita gente com bilhete terá ficado hoje do lado de fora, talvez para isso.
Independentemente das dificuldades do público, e com o público, da polémica à volta disso, e das inevitáveis comparações que acabam sempre por evidenciar pesos e medidas diferentes para situações que se pretendam idênticas, mesmo quando o não são, o 17º Grande Prémio de Portugal fixa um marco na História da fórmula 1. Ao vencê-lo Lewis Hamilton conquistou a sua 92ª vitória, batendo o que se julgava ser o inatingível recorde de Michael Schumacher, e ficou a um passo de igualar os sete títulos mundiais do infeliz alemão.
A corrida começou atribulada, mesmo que sem os incidentes dos últimos grandes prémios. Logo no arranque Verstappen, que partiu da terceira posição, atrás dos dois Mercedes, lançou a confusão. Logo a seguir foram uns pingos de chuva a suscitar alguma prudência aos da frente, aproveitada por Carlitos Sainz para chegar à liderança, com Hamilton a chegar a andar pelo terceiro lugar. Mas foi sol de pouca dura - e chuva nem chegou a ser - e rapidamente tudo voltou à normalidade. À décima volta já eram os três primeiros da grelha que seguiam na frente, com Bottas a herdar a frente da corrida. E à vigésima já estava tudo como no fim, que era tudo como no início. E como sempre, com o britânico na frente, a dominar completamente a corrida. A da sua 92ª vitória no sua 97ª pole position!
Fantástico este verdadeiro conto de fadas de um menino que nasceu negro e pobre!
A Ferrari comemorou hoje o seu milésimo grande prémio na História da fórmula 1, justamente no Grande Prémio da Toscana, na sua própria pista.
O número é bonito, como bonita foi a festa com, entre outros acontecimentos, uma volta de exibição do filho de Michael Schumacher no bonito Ferrari com que o seu pai correu em 2004. A lendária equipa do cavalino rampante decidiu assinalar este marco histórico com o regresso à cor do carro que iniciou esta História, o Ferrari 125 com que disputou o Grande Prémio do Mónaco de 1950 - o vermelho escuro.
Um vermelho morto que, quando comparado com o seu marcante vermelho vivo, faz jus à realidade actual da equipa, bem escura e sem vida, como hoje ficou mais uma vez demonstrado, com os seus dois carros a serem os autênticos bombos da festa.
O velório Ferrari na sua festa foi uma das mais acidentadas corridas da História, com duas bandeiras vermelhas. Logo no arranque - em que Bottas, na segunda posição da grelha, ganhou a partida a Hamilton, o Red Bull de Verstappen, depois de um bom arranque, falhou logo a seguir e fez com que uma série de carros lhe batessem e batessem entre si.
E logo na primeira volta o safety car foi chamado à pista. Quando saiu, Bottas, na frente, numa daquelas manobras para enganar o perseguidor (Hamilton), tardou no arranque. Lá para trás não contavam com isso, carregaram no acelerador e... nova carambola, com mais uma série de carros a espatifarem-se uns contra os outros. Safety car de regresso e ...bandeira vermelha.
Nova partida. Desta vez era Hamilton o segundo, e foi ele o melhor a arrancar. Sem corrida, nove voltas estavam entretanto consumidas. A partir daí foi o costume, domínio completo dos Mercedes, que deu até para Hamilton trocar de pneus e regressar à pista na liderança.
Faltavam 15 voltas para o fim quando Lance Stroll (pneu rebentado) saiu de pista e destruiu o seu Racing Point. E nova bandeira vermelha. E nova partida. Desta vez com Hamilton a manter o primeiro lugar no arranque e a conquistar o seu 90º grande prémio. Com Bottas a garantir a dobradinha para a Mercedes, e Alexander Albon (Red Bull) a fechar o pódio.
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