Terminou ontem, com o Grande Prémio de Abu Dhabi, a temporada de 2024 da Fórmula 1.
Com o título de condutores já entregue - mais uma vez a Verstappen, faltava decidir o de construtores, entre a Mclaren e a Ferrari, as duas mais míticas marcas da Fórmula 1. A marca inglesa tinha alguma vantagem, e bastava-lhe ter um carro a ganhar a corrida. Com os dois carros na primeira linha da grelha, à frente de Sainz, e Leclerc, por penalização, a sair do último lugar, reforçava essa vantagem.
Mas corrida, é corrida. Logo no arranque Verstappen - intratável, está-lhe na massa do sangue, não há volta a dar -, que partira da quarta posição, atirou-se para cima de Piastri, deixando o segundo Mclaren logo fora das contas da corrida. E Leclerc partiu para uma recuperação notável (à décima volta já era sexto!) que o levaria ao terceiro lugar, atrás de Norris e Sainz.
Nem assim houve na verdade muitas dúvidas que Norris ganharia a corrida, e que, 26 anos depois, a Mclaren voltaria a ser campeã do mundo. Foram, sem dúvida, os melhores carros e Norris só não foi campeão mundial já este ano porque Verstappen ... é Verstappen. E trazia uma vantagem muito grande da primeira parte da temporada.
Sainz despediu-se da Ferrari (vai para a Williams), entregando o seu lugar a Hamilton, que se despediu da Mercedes, desfazendo-se a mais bem sucedida dupla da História da Fórmula 1. Na despedida, um último e rijo despique com Russel, seu colega de equipa e compatriota, que animou a parte final da corrida na disputa pelo quarto lugar. Ultrapassou-o na última volta, e no fim deu espectáculo.
Para o ano há mais. E tudo indica que bem diferente!
Em Las Vegas, a duas corridas do fim, Verstappen sagrou-se campeão do mundo de Fórmula 1, e assegurou o seu quarto título mundial. Longe, bem longe, do brilho dos dois últimos - porque o primeiro ... foi o que foi - e a confirmar a mudança dos ventos que se começaram a sentir há já algum tempo, e mais ainda a partir da primeira metade da temporada.
Não foi melhor que quinto na corrida, completamente dominada pelos Mercedes, com Russel (que partira da pole) e Hamilton (apenas oitavo na grelha de partida) a fazerem a dobradinha. E a Ferrari a colocar os dois carros a seguir, com Sainz (a fechar o pódio) e Leclerc de candeias às avessas.
Poderá não ser o fim do reinado de Verstappen, mesmo que pelo menos a interrupção pareça nesta altura inevitável, mas será certamente o fim de ciclo da Red Bull, com os motores Honda. Mesmo que matematicamente não se possa ainda dizer que já tenha perdido título de construtores, a verdade é que improvável, se não impossível, superar a Mclaren e a Ferrari. E já só fica à frente da Mercedes pelo que foi a primeira metade do campeonato.
A última corrida antes de férias - sim, também a fórmula 1 pára em Agosto -, o GP da Bélgica em Spa-Francorchamps, confirmou que a Mercedes está de volta ao topo da especialidade máxima do automobilismo. Ao lado da Mcalaren, da Red Bull e da Ferrari, mas agora no lado mais acima.
Mesmo que Vestappen (tem, apesar de tudo, praticamente o título mundial garantido, até porque, mesmo com um inédito jejum de quatro corridas tem, ainda assim e sempre reforçado a sua posição para o segundo) e a Red Bull continuem com larga vantagem no conjunto da temporada, a verdade é que já nada é o que há bem pouco era.
Max Verstappen foi o mais rápido na qualificação, mas uma penalização (ter sido utilizado um elemento adicional da unidade de potência) colocou-o a partir do 11.º lugar, ficando Charles Leclerc (Ferrari) com a pole position. Com Perez ao seu lado, e Hamilton atrás, na segunda linha, a largar da terceira posição. Norris, ao seu lado na segunda linha, largou da quarta posição.
Cedo a corrida começou a ser dominada por Hamilton, que ganhou logo no arranque o segundo lugar a Perez, com mais um prestação miserável. Partiu em segundo e chegou em oitavo, e nem a melhor volta, por via da mudança de pneus na última volta para garantir o pontinho a mais a que a Red Bull já tem de se agarrar, o livrou da mediocridade.
Tudo apontava para que fosse o mais recordista piloto da fórmula 1 a ganhar. Obedecendo à estratégia da equipa Hamilton fez duas trocas de pneus, mesmo comunicando que estavam em bom funcionamento, e que não havia necessidade. Russel, seu colega da Mercedes, foi mais longe e respondeu para a box que não faria a segunda troca. Que iria até ao fim.
E foi. Herdando o primeiro lugar na segunda paragem de Hamilton, nunca mais o largou. O seu colega e compatriota mais velho bem o pressionou mas Russel defendeu-se e não cedeu mais o primeiro lugar. Ainda chegou a parecer que esta "teimosia" de Russel, com a complacência da equipa, pusesse em perigo até a vitória, já que Piastri aproveitava para se aproximar. Mas não, e a Mercedes fez a dobradinha que há muito lhe fugia, e Hamilton o 201º pódio. O número redondo - os 200 pódios - tinha sido atingindo no último domingo, no GP da Hungria, então numa situação inversa: dobradinha da Mclaren, e terceiro lugar para Hamilton.
Há muito que a Fórmula 1 não tinha a competitividade actual. Nesta temporada já houve sete vencedores, o que não acontecia há 10 anos. Não há nesta altura nem uma equipa, nem um piloto, hegemónico. A Red Bull corre sérios riscos de não ganhar o mundial. Ao contrário de Verstappen que, com a abertura da competição, vai assistindo às alternâncias no segundo lugar e, com isso, reforçando a vantagem.
PS: Depois da publicação deste texto, veio a saber-se que Russell fora desqualificado, por o seu monolugar ter terminado a corrida abaixo do peso mínimo exigido (798 quilos). Desta forma, aquela que seria a terceira vitória da carreira de Russell e segunda da temporada passou a ser a 105.ª de Hamilton, segunda este ano, enquanto Oscar Piastri (McLaren) foi promovido a segundo e o monegasco Charles Leclerc (Ferrari) acabou no degrau mais baixo do pódio.
Depois de um jejum de quase três anos - vencera pela última vez em 5 de Dezembro de 2021(o ano fatídico que terminou com o domínio da Mercedes, no polémico primeiro título de Verstappen), na Arábia Saudita - Hamilton ganhou hoje, em Silverstone. Em casa.
A Mercedes, que já tinha ganhado a última corrida, há uma semana no Grande Prémio da Áustria, e confirmado que está de volta à competitividade, fizera a dobradinha na qualificação, com Russel na "pole" e Hamilton ao seu lado, na primeira linha. E bem poderia tê-la replicado no fim das 52 voltas, não fosse um problema de refrigeração no motor ter colocado Russel fora da corrida, a 18 voltas do fim.
A vitória de Hamilton - a 104ª da carreira - vem carregada de simbolismo. Por terminar com uma "seca" por que nunca tinha passado. Por acontecer 17 anos (e um mês) depois da primeira (no Canadá), e isso constituir mais um record para Hamilton, ultrapassando Kimi Räikkönen (15 anos, 6 meses e 24 dias, entre a primeira vitória no Grande Prêmio da Malásia, em 2003, e a última, no Grande Prémio dos Estados Unidos, em 2018). Por contrariar um dogma estabelecido na fórmula 1, segundo o qual ninguém ganharia depois de atingir os 300 Grandes Prémios. Por, já com contrato com a Ferrari para a próxima temporada, ser esta a sua última temporada na Mercedes. E por ser em casa, perante uma multidão tão cansada de esperar quanto ele próprio.
Para a fórmula 1 é também uma excelente notícia. Porque Hamilton é o sexto piloto a ganhar esta época, agora a meio. O sexto em 12 Grandes Prémios, o que rompe com a monotonia dos últimos três anos. Porque no pódio voltamos a ver três carros diferentes (Verstappen - Red Bull - foi segundo, Lando Norris - McLaren - terceiro). E porque, apesar da praticamente inultrapassável vantagem de Verstappen no Mundial de pilotos, que hoje voltou até a alargar, promete, para a segunda metade da época, o regresso à competitividade perdida, com a discussão das corrida aberta a quatro equipas. A Red Bull já não põe e dispõe das corridas a seu bel-prazer: tem que se haver com a Ferrari - intermitente, é verdade, mas sempre competitiva -, com a McLaren, regressada ao topo há precisamente um ano e, agora, com o regresso da Mercedes.
Há uns anos não era notícia, agora é: a Mercedes ganhou!
Vinha de dois "pódios" consecutivos mas, ganhar um Grande Prémio- aquilo que há uns anos era comum, e que, já de forma esporádica, não acontecia há dois anos - é mesmo notícia. Aconteceu hoje, com a vitória de Russel na Áustria, a casa da Red Bull.
Mas só foi possível porque Verstappen e Norris, que disputavam a vitória palmo a palmo, deixando prever que a coisa iria acabar mal, a três voltas do fim eliminram-se mutuamente. Verstappen - já se sabe, não conhece limites competitivos - abusou e travou Norris. Tocaram-se. O holandês campeão do mundo ficou apenas sem pneu traseiro direito, a tempo de ir às boxes substituí-lo e acabar em quinto. O britânico ficou pior, e já não saiu das boxes.
E, desta "guerra", saiu vencedor (que não "herdeiro") Russel. Que era então terceiro, mas ainda dentro da disputa. Piastri - esse sim, "herdeiro" de Norris, numa recuperação notável e na demonstração da força da Mclaren, foi segundo. E Sainz terceiro, a completar o pódio. Hamilton, a confirmar que a Mercedes já é a terceira potência da actual fórmula 1, atrás da Mclarem e da Red Bull. foi quarto.
O GP do Japão, esta manhã corrido em Suzuka, foi o regresso "ao normal" da fórmula 1, como aqui se antecipara na extraordinária corrida de Singapura. Vesrtappen ganhou, "comme d´habitude" e a Red Bull assegurou já o título mundial de construtores, o sexto consecutivo, , apesar da desastrada corrida de Perez. Que fez tanta "asneira"que nem teve tempo para cumprir a penalização por, ao aproveitar o "safety car" para mudar de pneus, aproveitar também para ultrapassar uns carros à saída das "boxes", em marcha ainda mais lenta por força do dito.
O GP do Japão foi, ainda assim, isto é, apesar das asneiras de Perez, que ainda regressou à pista muitas voltas depois do abandono por ter batido em Magnussen e, por isso, voltar a ser penalizado, o regresso à normalidade. À normalidade de Verstappen ganhar (a 47ª vitória da carreira, e a 13ª da temporada) aproveitando até a desastrada corrida de Perez para garantir a renovação do título já no GP do Catar, no Circuito Internacional de Losail, em Doha; à normalidade dos (poucos) altos e (muitos) baixos da Ferrari e da Mercedes`e à "normalidade" dos anormais intrusos. À inesperada intrusão da Aston Martin na primeira metade da temporada, sucedeu-se o inesperado regresso da Maclaren. Que desta vez completou o pódio, no segundo (Norris) e terceiro (Piastri) lugares.
Mais uma vez, a Mercedes teve culpa própria. Foi a principal protagonista dos duelos na primeira metade da corrida, justamente entre Hamilton e Russel. Chegaram até a tocar-se. E voltou a sê-lo, na parte final, quando atrasou a ordem para Russel não dificultar mais a ultrapassagem de Hamilton, então muito mais rápido.
Pelo meio, levou ao limite a aposta numa única mudança de pneus de Russel. Com isso chegou a deixá-lo na liderança da corrida. Mas, com isso limitou-o, também, a estender a passadeira para Verstappen regressar a essa liderança que tinha desde o início, na "pole position". Com tudo isso acabaram por, no final, alternar nas posições seguintes com a Ferrari, sempre a perder. Com Hamilton (quinto) atrás de Leclerc; e Russel (sétimo) atrás de Carlos Sainz!
Como não há muito mais a dizer sobre a corrida, e apesar desta nem ter sido das mais marcadas pelo efeito DRS, dedico-lhe - ao "DRS" . precisamente as últimas linhas.
O desporto, todo ele, começou por ser uma competição saudável entre seres humanos. Rapidamente se transformou em espectáculo, e tinha tudo para isso. Depois, praticamente à mesma velocidade, passou a negócio, aumentando a necessidade de potenciar o seu "climax".
Nesta transformação surgiram regras com esse propósito. Estabelecendo um paralelo entre o futebol e o automobilismo, esse "climax" encontra-se no golo, no futebol; e na ultrapassagem, no automobilismo. Nessa transformação, o futebol foi sempre tido por mais conservador. É certo que foi introduzindo regras para facilitar quem ataca, muitas vezes aplicadas com a controvérsia do julgador - o eterno árbitro, com as suas eternas vulnerabilidades - , e que, ainda esta época, aumentou as limitações ao guarda-redes na sua maior dificuldade, a tentativa de defesa das grandes penalidades. Mas nunca mudou as fundamentais: as divisões e dimensões do campo de jogo e, principalmente, as das balizas.
No automobilismo as ultrapassagens - o "climax" - apenas existe nas corridas de pista (por muito que, infelizmente, muitos dos automobilistas comuns o queiram encontrar nas estradas do dia a dia). Não é assim nos ralis, nem nas provas de estrada de velocidade e perícia.
Posso estar errado - e sei que a minha opinião é susceptível de grande controversa - mas entendo o "DRS" como anti-desportivo. Serve ao negócio, mas não serve o desporto automóvel onde, muitas vezes, altera a "verdade desportiva".
Não aconteceu flagrantemente na corrida de hoje, no Japão. Porque, aí, houve o regresso ao normal. Mas foi flagrante em Singapura, onde houve competição a sério!
Max Verstappen sagrou-se hoje em Suzuka bi-campeão do mundo de Fórmula 1, depois de ter vencido o Grande Prémio do Japão, ainda com quatro corridas por disputar.
Este segundo título do holandês, ao contrário do primeiro, no ano passado, não sofre a mínima contestação. Creio que nunca ninguém tinha ganhado com tamanha vantagem, nem nunca um campeonato se tinha decidido com tanta antecedência. Ganhou o melhor piloto, com o melhor carro e a melhor equipa. Que, como se tudo isso não bastasse, contou com ainda todos os favores dos safety car, em todas as suas variantes. Com todo o tipo de influências da poderosa máquina da Red Bull, inclusivamente com uma segunda equipa, a Alpha Tauri, sempre disponível para manobras tácticas de favor. E sempre, ao longo de toda a época, com a desastrada gestão das corridas da Ferrari, o único carro que poderia fazer frente ao Red Bull.
Ainda assim, e pesem todas as circunstâncias, e todo o mérito do piloto e da equipa, e mesmo sendo a conquista do título uma mera questão de tempo, esta conquista antecipada não está isenta de polémica.
A chuva, que caiu durante todo o fim de semana em Suzuka, levou à interrupção da corrida poucas voltas, e cerca de 10 minutos, depois do arranque, levando-a para o limite das três horas de duração previsto nos regulamentos. Os carros regressaram à pista com pouco mais de meia hora para preencher a corrida, que ficava reduzida a 45 minutos. Os pontos em disputa são atribuídos em função do número de voltas realizadas.
No fim das três horas de corrida, e cumpridas 28 das 53 voltas do GP, Verstappen cortou a meta na frente, com larga vantagem sobre o Ferrari de Leclerc, que trazia colado o Red Bull de Perez. Na última volta, na disputa pelo segundo lugar, Leclerc saira de pista e cortara a chicane, mantendo-se à frente de Perez. Admitia-se que fosse penalizado, e que viesse a perder a segunda posição. Como viria a suceder, com uma penalização de 5 segundos. A pontuação a atribuir - no caso 75% dos pontos totais em disputa, por terem sido cumpridas metade das voltas -, e mesmo com o terceiro lugar de Leclerc, não era suficiente para Verstappen garantir desde logo o título, como ele próprio e a equipa reconheciam.
Pouco depois, perante a surpresa geral, a FIA anunciava a atribuição da pontuação total, com o argumento que os regulamentos tinham sido alterados, e que, agora, atribuição parcial dos pontos apenas acontece se a corrida for interrompida sem que seja reiniciada.
Estranho não é que esta alteração seja absurda, porque de absurdos estão os regulamentos cheios. Estranho é que ninguém tivesse conhecimento dessa alteração.
Max Verstappen nem mereceria isto. Mas é assim, nem na conquista de um título indiscutível, a vitória de Verstappen deixa de ser assombrada.
Continua o espectáculo. A segunda corrida da época, no Grande Prémio da Arábia Saudita, marcada por um atentado bombista que o chegou a pôr em causa, e pelo acidente de Mick Shumacher, nos treinos de qualificação (mais do que por mais uma batida de Latifi, um especialista, desta vez sem decidir o título, como na última) confirmou todas as expectativas do grande espectáculo da fórmula 1 para este ano. No palco estão ainda apenas a Ferrari e a Red Bull, o que será quando lá chegar também a Mercedes?
Por enquanto está entregue a Versttapen e Perez, e a Leclerc e Sainz. A Red Bull e a Ferrari chegaram mais cedo e, para já, desalojaram a Mercedes. Deve ser apenas uma questão de tempo para os Mercedes reencontrarem a competitividade que perderam em pista, já que nas boxes, e na estratégia de corrida, parece há muito que não conseguem competir com os melhores.
Antes, a superioridade dos carros iludia essa desvantagem. Agora, sem a superioridade dos motores, o que perde nas boxes ... soma ao que perde em corrida. Hamilton, que partiu do fim da grelha por ter falhado a passagem ao final da qualificação, não passando da Q2, ainda chegou onde podia chegar - ao sexto lugar, atrás do seu colega, Russel, que se limitou a deixar correr a corrida e a manter a sua posição à partida. Mas depois, na hora de trocar pneus, voltou a falhar tudo. Falhou o timing (incrível como não fez a troca com o safety car virtual activado para entrar nas boxes já quando a pista estava livre) e deitou tudo a perder, acabando no 10º lugar.
Como nos concertos das grandes bandas, também o palco em Jeddah foi entregue, primeiro, para a primeira parte, a segundas figuras. E, como tantas vezes acontece nesses concertos, vêm daí grandes espectáculos. Foi o que fizeram os Alpine de Alonso e Ocon. O prato principal ficaria mais para o fim, e só podia mesmo estar reservado para os Ferrari e os Red Bull.
Sergio Perez tinha partido da pole, a primeira da sua carreira, depois de uma surpreendente volta canhão à última hora (ele próprio disse que nunca mais seria capaz de repetir aquilo), e garantiu a liderança da corrida até à troca de pneus, quando foi enganado pelo bluf de Leclerc, e acabou para cair para o quarto lugar. Leclerc, que partira do segundo lugar da grelha, passou para a frente. Verstappen, que subira de quarto para terceiro, batendo Sainz (que, atrás do seu colega de equipa, não podia forçar o arranque) na largada, trocados os pneus, ficou atrás atrás do monegasco. E subiu então o pano para o ponto alto do espectáculo, com ultrapassagens sucessivas, à medida do DRS de cada um. Até à ultima volta, com o campeão do mundo à frente, eventualmente a beneficiar das bandeiras amarelas no primeiro sector, e a somar os primeiros pontos da época.
A Primavera chegou, e com ela as emoções da velocidade.
O Mundial de MotoGP já tinham começado há duas semanas, no Catar, mas para nós começou ontem, na Indonésia, com a vitória Miguel Oliveira num autêntico recital à chuva. Tanta que o o Grande Prémio da Indonésia de MotoGP teve de ser encurtado em sete voltas, acabando à vigésima.
Foi a quarta vitória do Miguel na maior competição mundial de motociclismo de velocidade!
O Mundial de Fórmula 1 de 2022, esse, arrancou mesmo ontem, com o GP do Bahrein. Com muitas novidades, e com os carros ainda mais bonitos. Quase todos, talvez à excepção dos Mclaren. E dos Alpine. Com mais emoção, ainda. E com o regresso da Ferrari ao topo, a confirmar que tem condições para finalmente desafiar a superioridade da Mercedes nos últimos anos. E da Red Bull que, depois de parecer ser a única equipa em condições de discutir a corrida, acabou com os dois carros, do discutido e controverso campeão do mundo Max Verstappen e de Perez, fora da corrida, a não resistirem nas últimas voltas. E a deixarem a dobradinha para a Ferrari, com Leclerc, vindo da pole, e que pouco antes do meio da corrida travou com Verstappen um duelo espectacular, a vencer, à frente Carlos Sainz.
A Mercedes nunca na pista mostrou andamento para realmente competir com os adversários. Também na estratégia de corrida, e nas boxes, esteve bem atrás do desempenho da Ferrari e da Red Bull, e só mesmo o surpreendente abandono destes dois carros lhe minimizou os prejuízos, com o terceiro (Hamilton) e quarto (George Russel, no lugar de Bottas, agora na Alfa-Romeo, também renascida) lugares.
As muitas alterações introduzidas para este nova época parecem fazer aumentar o espectáculo. Os carros conseguem andar mais tempo mais próximos uns dos outros, e isso faz aumentar o despique. A luta pelos diferentes lugares é muio mais intensa e as ultrapassagens são muito mais frequentes. Mas também mais civilizadas, com o ataque e a defesa da posição mais balizados. Desde logo com uma nova linha branca que define o limite da pista.
Não aconteceu o que muitos antecipavam nesta última corrida do mundial de Fórmula 1, em Abu Dhabi. Mas nem por isso deixou de ser a mais insólita decisão de um campeonato do mundo de fórmula 1.
Chamo-lhe insólito para não recorrer à estafada expressão de vergonha.
Vamos à estória: Max Verstappen e Lewis Hamilton estavam empatados em pontos à partida. O holandês conquistou a pole, mercê de mais um excelente jogo de equipa. Estratégia pura, em que a Red Bull foi sempre a melhor de todas as equipas do circo. Na circunstância lançou Sergio Perez para gerar o cone de aspiração que permitiria a Verstappen bater o tempo de Hamilton. Uma estratégia que implicaria também largar da pole com pneus macios, mais vantajosos para o arranque.
Onde, surpreendentemente, o inglês partiu muito melhor, e ficou na frente. Na segunda curva, Verstappen não perdeu tempo e fez o que se esperava que viesse afazer - jogo sujo. Atrasou a travagem, e com isso colocou-se ao lado de Hamilton e, uma vez ao lado, ocupou-lhe toda a pista. O hepta-campeão mundial ou batia ou saía de pista. Saiu de pista, seguiu pela escapatória e acabou até por ganhar alguns metros.
Mais uma vez, o crime não compensava. Bem tentou a Red Bull - agora que tudo em corrida é negociado com a direcção da prova - que a posição fosse devolvida ao holandês. Mas tinha ficada clara a manobra de Verstappen, e a direcção da corrida limitou-se a obrigar Hamilton a devolver os metros ganhos. Que lá seguiu, sempre na frente e sempre melhor.
Hamilton, com pneus médios, tinha teoricamente mais pneus que Verstappen, que partida com os macios ditados pela estratégia de ataque à pole position. Estranhamente mudaram de pneus na mesma volta, e a Red Bull voltou a dar baile em estratégia: deixou Sergio Perez em pista, para depois atrasar Hamilton e deixar Verstappen recuperar muito do atraso que já tinha para o inglês. Nesta altura tínhamos Hamilton 10 - Verstappen 0. Mas Red Bull 2 - Mercedes 0.
A meio da corrida entra o safety car virtual, e a Red Bull aproveita para mudar pneus nos dois carros. A Mercedes, com Hamilton na frente com mais de 8 segundos de vantagem, optou por mantê-lo em pista. Perdeu tempo. Tanto que, mesmo com a paragem de Verstappen a mudar de pneus, operação que custa sempre um pouco mais de 20 segundos, a vantagem acabou por se ficar nos 12 segundos.
Hamilton acabou por responder bem e, a quatro voltas do fim, conseguia ainda assim chegar à vantagem de 14 segundos, já depois de dobrar quatro carros que se encontravam a disputar lugares de classificação, que Verstappen ainda teria que dobrar . Só que Latifi bateu e entrou o safety car. O real. Tudo o que a corrida não precisava, e tudo o que Hamilton não merecia. Nesta altura Hamilton 15 - Vestappen 0.
A Red Bull volta a chamar os seus dois carros à box. Vestappen para nova mudança de pneus. Perez, percebeu-se depois, para desistir. Em simultâneo pressiona a direcção da corrida para que o safety car abandonasse a pista na última volta, mas depois de ultrapassado pelos tais quatro carros que separavam os dois primeiros. Red Bul 15 - Mercedes 0!
E assim, em plena última volta, o safety car abandonou a pista com Verstappen colado a Hamilton, no seu cone de aspiração e com pneus novíssimos. Demasiado fácil para Verstappen, aos 24 anos, ganhar e conquistar o seu primeiro campeonato do mundo. Outros se seguirão, porque demonstrou que tem valor para isso. Mas, assim, não!
A Mercedes ganhou, por equipas. Mas apetece dizer que não mereceu. Foi sempre pior nas decisões que a Red Bull. Verstappen ganhou, sendo sempre primeiro, ou segundo, no pior. Mas isso são os resultados. Hamilton é, ainda, muito melhor. E só não ganhou, para além das decisões erradas da sua equipa, pela incrível decisão da direcção da corrida, ao decidir o que decidiu no final da corrida. Hamilton ia muito à frente, não teve nada a ver com o despiste da Latife. Por que razão Verstappen não teve de dobrar os quatro carros que Hamilton tivera de dobrar?
Só porque a Red Bull grita mais alto? Porque Hamilton iria ganhar pela oitava vez? Porque é preciso manter o recorde de campeonatos? Porque isto é cada vez mais à americana, onde vale tudo?
Há um novo campeão do mundo. É certo (ou talvez não, ainda muita tinta vai correr), mas não houve verdade desportiva. Hamilton não merece perder desta forma. Mas é também demasiado grande para, agora, não merecer ganhar de qualquer outra!
Esperavam-se muitas manobras anti-desportivas da Red Bull. Esperava-se que Verstappen repetisse o que fez logo na segunda volta. Esperar-se-ia até que fosse Sergio Perez, quando ficou na frente para dificultar a vida a Hamilton - e como dificultou! - a desencadear uma qualquer manobra que o colocasse fora da corrida. Hamilton nunca sequer permitiu qualquer uma dessas hipóteses Em pista, fez tudo. Só nada poderia fazer contra aquela decisão da direcção da corrida!
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