Jogo tranquilo na Luz, a abrir a segunda volta do campeonato. Não tivesse sido a agitação que o Sr João Gonçalves - mais uma encomenda que chegou do Porto - introduziu no jogo e teria sido dos mais tranquilos a que assisti na Luz, desta vez um pouco abaixo das enchentes do costume, com "apenas" 54 mil nas bancadas.
O adversário era o Famalicão, uma sombra daquela equipa que iniciou o campeonato "a fazer a cama" ao Schmidt, naquela derrota 0-2 na abertura do campeonato, que ainda não ganhou um jogo desde que trocou o treinador Armando Evangelista pelo Hugo Oliveira, há mais de um mês. E foi na realidade inofensivo. Mas ... lá está o axioma do futebolês - "uma equipa joga o que a outra deixa".
E o Benfica fez o "qb" para que o Fama não jogasse nada. Ninguém diria que era o quarto jogo em 10 dias. Sem Di Maria, substituído por Akturkoglu - com vantagem na pressão e na recuperação de bolas, mas sem comparação em tudo o resto - Bruno Lage apostou em Leandro Barreiro para as funções de Aursenes (este ano a precisar do descanso que não teve nos dois anteriores). No resto não fugiu do onze inicial estabilizado nesta fase da época, que passa já por Schjelderup na ala esquerda, Tomás Araújo no lado direito da defesa, e António Silva ao lado de Otamendi, o grande capitão. Provavelmente muita gente não repara, mas vale a pena desligarmos da bola por momentos para o ver aos comandos do jogo.
Como comecei por dizer a tranquilidade que a qualidade da exibição do Benfica transportou para as bancadas só foi perturbada pelo tal árbitro do Porto. Depois de ter subjugado o adversário, a exibição do Benfica teve ainda de tornar o tal João Gonçalves irrelevante. Mas não foi fácil. Durante toda a primeira parte, que acabou precisamente com o apito final quando a bola ia a caminho do Pavlidis, a isolar-se na cara do guarda-redes, depois de garantir total imunidade aos jogadores da equipa famalicense, já ter amarelado os dois jogadores do eixo central do meio campo Benfica, e de uma séria de faltas, e até lançamentos, marcadas ao contrário.
Daí a assobiadela monumental à saída para o intervalo, já mais arrefecida no regresso.
Para além da história dos quatro golos que fizeram o resultado, de outros tantos remates que acabaram por sair um bocadinho ao lado dos postes, ou acima da barra, e de oito grandes defesas do Carevic, o único jogador do Famalicão a exibir-se a grande nível, o jogo tem outras histórias. Também de golos!
A primeira é a de um goleador improvável. Parece que o Leandro Barreiro só tinha marcado um golo na sua carreira. No Benfica - sabia-se - estava em branco, mas também não tem assim tantos jogos. Marcou três, um hat-trick sem espinhas. Seguidinhos: 11, 36 e 67 minutos. Até para os grandes goleadores é um feito raro. Para um jogador do meio campo que ainda não tinha marcado, é do outro mundo. Mas a sua movimentação e a forma como rompe em desmarcações para dentro da área, fazem com que marcar golos não seja tão improvável quanto possa parecer. Hão-de certamente vir aí mais!
A segunda é a do suposto goleador que não marca golos. Pavlidis joga para a equipa, assiste, voltou a fazer um bom jogo, não regateia uma gota de suor, esforça-se, mas não consegue marcar. Voltou a ter quatro ou cinco oportunidade claras de o fazer, mas a verdade é que a bola não entra. Quando as bancadas se levantaram a gritar-lhe o golo, porque a bola estava mesmo a entrar, sem se saber como o Carevic tirou de lá dentro. Quando ia mesmo a marcar, a bola foi à barra. Ainda foi a tempo de procurar a recarga. Consegui-a e, quando finalmente marcou, o árbitro assinala-lhe fora de jogo no início da jogada. Que ninguém tinha visto (depois viria a saber que as linhas marcavam 17 centímetros, o que só "prova o olho de facão" do auxiliar) e que por isso deu festa. Em vão.
Por isso o aplauso das bancadas a Pavlidis na substituição (por Cabral) é também um dos momentos bonitos do jogo.
Acabada, com a sua substituição, a saga de Pavlidis e, com o terceiro golo, a de Barreiro (o homem do jogo, evidentemente), não acabou a história do jogo. Ela passou ainda pela fantástica jogada do João Rego - como gosto deste miúdo! - que passou por toda a gente por aquele lado direito até entregar a bola atrasada para Akturkoglu, de calcanhar, a deixar à frente de Kokçu, a jeito do remate rasteiro, de grande qualidade técnica, para o quarto. E último da história dos golos.
Foi mais do mesmo. A estreia do Benfica no campeonato, em Famalicão, foi mais do mesmíssimo Benfica do campeonato anterior.
Tendo por paralelo a última deslocação a Famalicão, naquele jogo em que o Benfica entregou o título ao Sporting, pode até dizer-se que foi pior. Quando os jogadores adversários têm sempre as melhores soluções para os problemas que o jogo levanta, há qualquer coisa de muito errado.
Os jogadores do Famalicão foram sempre melhores a tapar espaços, ou a abri-los. No passe longo, ou no curto. No drible. Na pressão, onde quer que fosse preciso. E quando os jogadores do Famalicão são melhores que os do Benfica o mundo gira ao contrário.
O Famalicão marcou logo aos 12 minutos, por Sorriso, quando já era visível que o Benfica nunca se entendia com aquela pressão, nem com aquela intensidade. Nunca se entendeu, de resto.
Com Roger Schmidt a lançar o onze afinado na pré-época - sem olhar a nomes, diríamos ao conhecê-lo - o primeiro remate (João Mário) do Benfica aconteceu aos 58 minutos, à beira da hora de jogo. Quando perdia desde o minuto 12!
Só isso diz tudo. Isso e que apenas num curto período da segunda parte, já depois das substituições, e depois da entrada de Di Maria, quando o Famalicão se deixou empurrar para dentro da sua área, conseguiu - mesmo sem largura no jogo, mesmo sem linha final, sem automatismos e mesmo sem nada que desse certo - duas ou três oportunidades para empatar o jogo. Mas antes de marcar o segundo golo, aos 90 minutos, de novo por um tal Zaydou, como no último jogo, já o Famalicão desperdiçara duas claras oportunidades para marcar, em lances em que fez gato sapato dos adversários.
Poderíamos queixar-nos que o guarda-redes adversário não nos ofereceu um golo. Que nem o árbitro nem o VAR - e bem podia - conseguiram arranjar-nos um penaltizinho. Bastava um, nem era preciso dois. Nem uma expulsão, sequer. O guarda-redes defendeu o pouco que teve para defender, e o Fábio Veríssimo só tinha amarelos para oferecer, a torto e a direito. Mas só temos de nos queixar de uma equipa que não teve nada a ver com o que mostrou nos jogos de pré-época. E de um treinador que dissera que a equipa estava pronta para arrancar o campeonato, e depois não teve explicação para o que aconteceu.
Esta entrada do Benfica não é só a Lei de Murphy. É uma tonelada de sal despejada sobre as feridas da época passada!
Esta deslocação do Benfica a Famalicão, no jogo que fechava a penúltima jornada do campeonato, tinha como principal interessado o Sporting. Que, se o Benfica não ganhasse, festejava o título. Não propriamente no sofá, como é da gíria, mas em Alvalade, onde tudo estava pronto para a festa.
Até por isso, o Benfica "só" tinha que ganhar este jogo.
O jogo iniciou-se com dois golos, logo no arranque, um para cada lado, e ambos anulados por fora de jogo. Primeiro o do Benfica, que parecia "sem espinhas". Desde logo porque o penúltimo jogador do Famalicão era o seu guarda-redes. Depois, porque a linha do VAR deu uns 9 centímetros. Já o de Jhonder Cadiz, logo na resposta, era visível a olho nu.
Depois foi preciso esperar um quarto de hora para se voltar a sentir o cheiro a golo. E de novo para ambos os lados. E, ainda de novo, primeiro para o Benfica, com resposta imediata do Famalicão. Mas não foi preciso tanto tempo para se perceber que a anarquia táctica no Benfica tornara o jogo caótico.
Poderia dizer-se que a equipa não teve meio campo. Que era uma equipa partida ao meio, que apenas defendia ou atacava. Mas foi ainda pior - não foi sequer equipa, foram simplesmente 10 jogadores mais Di Maria.
Ao intervalo não havia golos, mas poderia ter havido. E muitos, em ambas as balizas.
Roger Schmidt emendou a mão, e tentou pôr alguma ordem no jogo. Fez três substituições na entrada para a segunda parte, retirando o "inexistente" Kokçu (supostamente a jogar a 10), trocado por Rafa; Neres (trocado pelo inexistente João Mário, que jogara no meio, para onde entrou Florentino; e Marcos Leonardo - o ponta de lança que desta vez saiu na rifa de Roger Schmidt - foi trocado por Artur Cabral.
A necessidade da entrada de Florentino era óbvia. Como a da saída de Kokçu. O resto, era esperar para ver.
Não foi preciso esperar muito. A equipa parecia outra, passou a dominar por completo o jogo, e as oportunidades de golo surgiam agora de forma continuada, mas apenas na baliza do Luiz Júnior. Foram vinte minutos de asfixia, mas sem golos, com o Artur Cabral a fazer lembrar ... Marcos Leonardo. À falta de melhor ...
A meio da segunda parte tudo mudou. O Famalicão, com apenas uma substituição, conseguiu soltar-se da teia em que estava capturado. E, na primeira vez em que chegou à baliza do Benfica, marcou.
Se Luiz Júnior defendera tudo o que havia para defender, Trubin - paralisado, estático, desconcentrado - fez exactamente o contrário.
A partir daí o Benfica desapareceu do jogo, e voltou à fórmula de 10 mais o Di Maria. Incapazes de reagir ao golo - não pareceu que conseguissem reagir mas, ainda assim, essa hipotética reacção seria logo inviabilizada de novo por tochas, desta vez lançadas do exterior do estádio - os jogadores iam, uns atrás dos outros, batendo no fundo. Schmidt ainda lançou o Tiago Gouveia, retirando finalmente João Mário, mas já nada levantava a equipa. E acabaria por ser o Famalicão a aproveitar o desnorte instalado para voltar a marcar, e selar uma derrota que é, muito, a imagem desta época.
Na realidade o Benfica sempre pareceu ter pressa em entregar de bandeja este título!
Começou bem o jogo, o Benfica. E acabou bem. O ano e o jogo. Pelo meio, de um e de outro, nem tudo correu bem. Mas tudo está bem quando acaba bem.
Neste último jogo do ano acorreram à Catedral quase 59 mil pessoas. Casa perto de cheia mas, ainda assim - registe-se - abaixo da média de assistências da Luz nesta época. Só para se tenha noção ...
O Benfica, com a dupla de centrais campeões da Europa (UEFA Youth League) - António Silva e Tomás Araújo -, e com Morato a manter-se na esquerda. Com João Neves e Tiago Gouveia (em estreia no onze inicial), iniciou o jogo com cinco (quase 50%) de jogadores da formação. Depois, entraram mais três (Gonçalo Guedes, Florentino e o central Gustavo Marques, em estreia). Soma oito. No banco ficaram o guarda-redes Samuel Soares e Hugo Félix, o mano mais novo. E soma dez. Nada mau!
O Benfica entrou bem, dominando e controlando um jogo que se percebeu logo ser difícil. O Famalicão é uma boa equipa, bem trabalhada pelo competente João Pedro Sousa, que joga bem. E disputou e discutiu bem o jogo no campo todo. Não defendeu só, nem nada que se pareça. Passado o primeiro quarto de hora, de clara superioridade do Benfica, com duas ocasiões claras de golo, o Famalicão passou a estar confortável no jogo e, à meia hora de jogo, até já tinha equilibrado a posse de bola. Não chegava à baliza de Trubin, é certo. Mas ia jogando à bola e mostrando-se difícil de bater. O Benfica jogava bem, e o jogo era vistoso e interessante.
À passagem dessa meia hora o Benfica marcou, à terceira oportunidade. O lance - um dos melhores do jogo -começou no génio de João Neves, passou pelo do Rafa e acabou no primeiro golo de Arthur Cabral na Luz. E o jogo foi para intervalo com um escasso, mas face aos habituais índices de ineficácia, aceitável 1-0.
A segunda parte foi outro jogo. Iniciou-se praticamente com o Famalicão a mostrar ao que vinha, com um bom remate de longe. Durante os primeiros dez minutos o Benfica ainda se manteve por cima do jogo, mas a errar sucessivamente na definição final dos lances, o que ia dando mais alma aos famalicenses. Depois ainda foram do Benfica as melhores oportunidades, em três boas jogadas: na primeira, o central Otávio tirou o golo cantado a João Neves; seguiu-se o livre de Kokçu, com grande defesa do guarda-redes; e por último, aos 63 minutos, Cabral, isolado, acertou no ombro do Luiz Júnior.
A partir daí o Famalicão partiu para o domínio do jogo, com a equipa do Benfica incapaz de o contrariar. Foram vinte minutos inexplicáveis, que só acabaram com o segundo golo. Mas que bem poderiam ter acabado com o golo do empate. Que só não aconteceu porque Trubin fez um punhado de grandes defesas - é certo que duas delas em jogadas de fora de jogo, que não contam para as estatísticas - e porque, desta feita, o ferro que funcionou foi o do seu poste direito.
Durante aqueles 20 minutos em que o Famalicão se lançou para a frente, na procura desenfreada do golo, o que se estranhava era que o Benfica não conseguisse aproveitar em transições rápidas o espaço deixado nas costas da defesa adversária, já muito despovoada. Poderia tardar - como tardou - mas era virtualmente impossível que não surgisse uma transição que resultasse.
Aconteceu aos 85 minutos: transição perfeita, lance bonito de futebol e golo de Rafa, assistido por Musa, que já tinha entrado para substituir Cabral. E ponto final nas aspirações do Famalicão. Quatro minutos depois inverteram-se os papéis, e foi Musa a marcar, com assistência de Rafa. E houve ainda tempo e oportunidade para o bis de Musa, desperdiçado de forma inacreditável.
Afinal o Benfica acabou para marcar três golos, em oito oportunidades. O que não é nada mau, comparado com os últimos jogos. Mau é que tenha permitido quatro ao Famalicão - em 20 minutos.
Mas é assim. Há jogos em que o Benfica cria dezenas de situações de golo e não marca. E acaba até por sofrer numa carambola qualquer. Ainda há poucas semanas aconteceu, com Farense. O que não pode ser assim é aqueles 20 minutos. Que ficam a marcar este jogo, também marcado pelas lesões de Aursenes (este é que não pode cair no estaleiro) e de Tomás Araújo.
Mais uma noite fantástica na Luz, cheia, a ultrapassar hoje - em dia de ouro para Pablo Pichardo (também para Auriol Dongmo) em apenas três saltos - o milhão de espectadores na época. Fantástica porque é fantástica a festa, e fantástico é este novo ambiente de cor e luz. O jogo, esse não foi assim tão fantástico.
Era um jogo que comportava alguns riscos. Pelo adversário - o Famalicão é uma das boas equipas da Liga e, com a superação com todas as equipas defrontam o Benfica, adivinhavam-se ainda mais dificuldades - mas ainda por outras razões. Desde logo, porque Artur Soares Dias é nome de perigo sempre que arbitra o Benfica. Depois, pelas ausências. De Roger Schemidt, do banco, pela expulsão em Vizela, na semana passada. E de Gonçalo Guedes e Chiquinho, da equipa, ambos por lesão (quem diria, há um mês ou dois, que a ausência de Chiquinho viria a ser motivo de preocupação?).
O Famalicão colocou as dificuldades esperadas. Entrou no jogo a pressionar alto, e com agressividade. Rapidamente foi obrigado a recolher-se na sua grande área, mas nem aí baixou a agressividade, com faltas sucessivas. Na maior parte do tempo defendeu com uma linha de 6, e logo outra de 4 à frente. De tempos a tempos lá conseguia subir uns metros e ensaiar uns momentos de posse de bola.
O Benfica chegou a asfixiar, mas também nunca o fez por períodos muito longos. Na maior parte do tempo demonstrava aquela "paciência" que tem caracterizado a equipa nos últimos jogos. Chamam-lhe "paciência", mas aquilo é mais "muita parra para pouca uva". Muita bola, muita circulação, mas poucos remates, poucos desequilíbrios na estrutura defensiva adversária, e poucas oportunidades para chegar ao golo.
Estava-se nisto quando surgiu o primeiro golo, ainda em tempo de paciência, a 10 minutos do intervalo. Só possível porque a jogada não foi nada paciente. Otamendi não teve paciência e armou um passe longo bem medido, Grimaldo, sem paciência, acelerou pela sua ala e, como não teve paciência para esperar por um colega, tabelou mesmo com adversário e cruzou para Gonçalo Ramos, também sem paciência, rematar para o golo. Foi tão bonito que aquele corte do defesa famalicense que devolveu a bola a Grimaldo foi mesmo uma tabela de mestre.
O Famalicão sentiu o golo, e reagiu de imediato. E até podia ter empatado logo a seguir, mas ficou-se por aí. Fora essa resposta imediata, em que o perigo até nasceu de uma bola largada por Vlachodimos, carregado na pequena área sem que Artur Soares Dias ligasse nada a isso, só um remate que saiu perto da trave.
E assim se chegou ao intervalo, já com a Luz sem paciência para Artur Soares Dias. Que tolerava todas as faltas aos de Famalicão, e não perdoava a António Silva sempre que se chegava a um adversário.
A segunda parte, mais que mais bem, ou menos bem jogada, foi estranha. Foi estranha porque pareceu que o Benfica quis apenas controlar o jogo, gerindo-o através da circulação de bola, no tal jogo de paciência, para guardar a escassa vantagem de um simples golo. Que é coisa que assusta !
Foi estranha porque, mesmo assim, o Benfica criou meia dúzia de oportunidades de golo, que poderiam ter dado ao marcador uma expressão até pouco condizente com a exibição. Foi ainda estranha porque a maioria dessas oportunidades resultaram de remates de fora da área, justamente o que tem faltado ao excelente futebol da equipa ao longo da época. E foi finalmente estranha porque, à medida que o tempo ia passando, com o guarda-redes Luís Júnior a engatar e a defender bolas de golo, com Rafa a rematar de cabeça à barra, e com Artur Soares Dias (e o VAR, evidentemente) a não ver o corte com a mão daquele rapaz do Porto, dentro da área e nas barbas do Otamendi, "devidamente" amarelado por reclamar o que toda a gente viu, esperava-se que o Famalicão começasse a fazer alguma coisa por invocar o velho axioma da bola - "quem não marca, sofre". Ou que Artur Soares Dias acabasse por encontrar a cereja para o bolo que tinha vindo a fazer. Mas, não!
O Benfica não lhe permitiu a cereja, e tudo o que o Famalicão conseguiu foi um remate - o único da segunda parte - que mais pareceu um alívio de bola. Mas a verdade é que o suspiro de alívio das bancadas só chegou já nos 4 minutos de compensação. No golo que voltou a ter Grimaldo. No remate de fora da área, com a bola cheia de efeito, que o guarda-redes só pôde sacudir para a frente. Para Gonçalo Ramos bisar, na recarga. E, com 15 golos, voltar a ultrapassar João Mário na lista dos marcadores.
Na visita a Famalicão, na sexta jornada, o Benfica prosseguiu a marcha vitoriosa deste início de época, com a terceira vitória consecutiva pela margem mínima. A quarta, em seis jornadas.
Ao contrário do que possa parecer, isto pode até ser bom pronúncio. Não gosto - confesso que gosto mais de goleadas - mas não é raro que coisas assim acabem bem. Tenho aqui falado, a propósito desses últimos jogos, na "estória" da asa do cântaro, que alguma vez lá fica. Hoje não entra na história do jogo.
Que tem no resultado a mesma diferença mínima, mas só isso de paralelo com a história desses jogos. Tudo o resto foi diferente. Mesmo o escasso 1-0, é diferente do 3-2 e do 2-1 desses jogos. É - lá está - mais parecido com 0 1-0 de Leiria, sobre o Casa Pia. Mesmo jogando bem melhor.
Outra diferença neste jogo em relação aos anteriores está na arbitragem, que desta vez não foi entregue aos habilidosos do costume. Nuno Almeida também erra - e hoje voltou a errar em matéria disciplinar (apenas puxou do amarelo por duas vezes, e já depois dos 90 minutos, na compensação, e pelo vermelho, já com o jogo terminado, muito depois de o ter perdoado a jogadores do Famalicão), e deixou por assinalar um claro penálti sobre Draxler, aos 36 minutos - mas não é provocador. Não deixa a ideia de errar propositadamente, como sistematicamente fazem Tiago Martins, Soares Dias e Fábio Veríssimo, todos encomendados de enfiada logo nas cinco jornadas iniciais.
Posto isto, e sem que tenha realizado uma exibição de encher o olho, nem isso por esta altura seria expectável, nem repetido as goleadas das últimas épocas em Famalicão (lá está, como elas correram mal ...), o Benfica mandou sempre no jogo. E nem o acerto defensivo do adversário, nem aquela pressão alta inicial, mais ou menos comum a todos os opositores nestes jogos, nem a inspiração do guarda-redes, deixavam no ar a ideia de um jogo muito problemático.
Com três alterações na equipa - as duas forçadas pelas expulsões de Fábio Veríssimo no último jogo, com a estreia de Draxler, no lugar de João Mário, e Musa, no de Gonçalo Ramos, e a já rotineira rotação entre Bah e Gilberto - a primeira parte não foi muito rica. Nem em futebol, nem em oportunidades de golo.
O Famalicão apostou muito em tapar o jogos de flancos do Benfica, juntando os alas aos defesas laterais. Com Draxler, na esquerda, pouco em jogo e bastante apagado, foi pelo corredor direito que o Benfica criou mais desequilíbrios. Sempre que os conseguiu, no entanto, o eixo central da defesa e o guarda-redes do Famalicão resolviam o problema. Neres teve a primeira oportunidade, mas o guarda-redes Luiz Júnior defendeu bem. Depois foi Grimaldo, com o mesmo resultado. E finalmente, a melhor jogada da primeira parte, em que foi cometido o tal penálti que Nuno Almeida não terá visto (ou terá tido medo de assinalar?), mas que o VAR não pôde deixar de ver, acabou por ser concluída com o remate de Enzo para um golo cantado, que Luiz Júnior desviou miraculosamente com a ponta do pé.
Uma defesa que - quem diria? - ficaria a rivalizar com a de Vlachodimos, a 5 segundos do intervalo, no único remate do Famalicão. Mas sabe-se como tantas vezes o primeiro remate do adversário dá em golo. Ora aí está outra das diferenças deste jogo para os últimos.
Ao intervalo Roger Schemidt substituiu Draxler por ... Diogo Gonçalves. É triste, mas é verdade. E resultou. O Benfica passou a ter duas asas e, então sim, entrou com tudo. Voltou a valer Luiz Júnior, a negar o golo a Neres e a Musa, mas cheirava a golo. E Schemidt preparava mais três substituições. Estavam já Rodrigo Pinho - a outra estreia na equipa - Chiquinho(!) e Bah junto à lateral quando Rafa, assistido por Grimaldo e a concluir mais uma boa jogada daquela enxurrada que estava a ser o início da segunda parte, desviou finalmente a bola para dentro da baliza.
Cumpria-se, mesmo à entrada do segundo quarto de hora, o que estava escrito nas estrelas do jogo. As substituições fizeram-se à mesma. E bem!
Não tanto pelo que trouxeram ao jogo - na realidade não tiveram o impacto da primeira, ao intervalo - mas pelo que isso diz da convicção do treinador. O golo, alterando tudo, não alterava nada!
Muda apenas o chip. De modo avalanche para, de novo, modo controlo. E foi nesse regresso ao modo controlo, em absoluta segurança, que o jogo se passou a desenrolar. Até ao fim. Sem cântaro à vista, mesmo com um resultado curto. Curto na expressão, e curto para tanta superioridade!
Pobrezinho, mas honesto. E sem as "ofertas" que engordaram resultados em Alvalade e no Dragão...
Mantém-se a sina - o Benfica não consegue ganhar três jogos consecutivos nesta Liga. Tem agora os últimos três jogos para conseguir esse registo, um indicador da indispensável regularidade numa competição destas. As dúvidas que seja desta são mais que muitas. O Benfica já perdeu 15 pontos em casa, e não há objectivos que resistam a uma realidade destas.
Há pouco tempo dizia-se que o Benfica era forte com os fracos e fraco com os fortes. Agora, de há largos meses a esta parte, o Benfica é fraco com os fortes e com os fracos. Mais recentemente é ainda mais fraco com os fracos. Na realidade só não foi fraco com o Liverpool; em Alvalade o Sporting não foi sequer forte.
A irregularidade desta equipa não é apenas culpa dos jogadores. É de todos, adeptos incluídos. Basta olhar para o que vimos ao longo da semana, com o movimento que se viu à volta de Nelson Veríssimo. Bastou empatar em Liverpool e ganhar em Alvalade para que os adeptos achassem que o futuro teria que passar pelo actual treinador. Que era errado, e injusto, se assim não fosse.
A irregularidade do Benfica, e este empate de hoje com o Famalicão, na Luz, têm em comum, acima de tudo, uma mesma causa: falta de ambição. À equipa basta um um dois resultados positivos para achar que já cumpriu os objectivos. Não tem ambição para mais. E isso, mais que responsabilidade dos jogadores, é responsabilidade de quem está acima. De todos, a começar no treinador, o rosto mais visível dessa falta de ambição.
Os exemplos são muitos. O mais flagrante é o discurso de Nelson Veríssimo: "toda a gente dizia que iríamos ser amassados pelo Ajax e a equipa deu a resposta". Foi sucessivamente repetindo a expressão, acrescentando-lhe Liverpool. E depois até o Sporting. Ouvimos isto vezes sem fim, e voltamos a ouvi-lo depois de mais este desaire.
Esta falta de ambição notou-se logo na constituição do onze inicial, e confirmou-se na acomodação da equipa ao jogo. Sem Everton, a cumprir suspensão pelo amarelo de Alvalade, Nelson Verísismo apostou em Gil Dias. Percebeu-se que o treinador quis premiá-lo pelo golo em Alvalade. Não jogou nada ao longo da época, nunca justificou a contratação, que ninguém percebeu mas, porque nos 5 minutos que jogou em Alvalade marcou o golo que o Darwin fabricou, justificou a titularidade. É preciso pouco para ser titular numa equipa de alta competição. O Rúben Amorim é que não percebe nada disto.
O que se tem visto quando a equipa precisa de resolver os jogos, é Nelson Veríssimo tirar o Everton e fazer entrar o Yaremchuk, passando o Darwin para a posição do brasileiro. O natural seria que, sem o Everton à partida, e com o jogo para resolver, e face ao histórico deste jogos na luz quanto mais cedo melhor, tivesse feito isso no onze inicial. Falta de ambição do treinador, e ideia de que o jogo haveria de se resolver por si mesmo a passar para os jogadores.
E foi isso que vimos que os jogadores tinham na cabeça. Que não era preciso grande velocidade, nem era preciso ir para cima do adversário e abafá-lo, coisa que, de resto, não sabem como se faz. O tempo resolveria por eles, sem se lembrarem dos 13 pontos que, muitas vezes assim, já ali mesmo tinham deixado. À falta de ambição, de ritmo e velocidade o que é mais provável é juntar-se a falta de inspiração. E, com tudo isto, a única coisa que o tempo faz é acrescentar motivação ao adversário.
E foi isto o jogo, como é isto em quase todos. Depois, nunca se passa nada no intervalo. As substituições têm hora marcada. Sempre fora de horas. E na maioria difíceis de perceber. Taarabt, na única que mexeu com o jogo, já foi à terceira e trazia agarrada o Radonjic, de que já ninguém se lembrava.
Isto e mais uma arbitragem das do costume, de mais um árbitro do costume. Nada mais que o costume, e como de costume nada se passa. Tudo gente conformada. Para o conformado Nelson Veríssimo, se o penálti tivesse sido assinalado até poderia ter sido falhado.
Nós não nos conformamos. Mas isso passa. Eles sabem que passa depressa!
O Benfica saiu hoje de Famalicão com uma vitória convincente, por expressivos 4-1, construída em dois quartos de hora - os primeiros de cada uma das partes. Entrou bem no jogo, e entrou bem na segunda parte.
Quer isto dizer que a exibição não foi tão convincente quanto o resultado?
Exactamente!
Mas não quer dizer que não tenha sido uma vitória merecida. Porque o foi, absolutamente. Mas não foi um jogo consistente, como não têm sido a maioria dos jogos do Benfica. Desta vez - do mal o menos - depois de perder o controlo do jogo logo que se esgotou o primeiro quarto de hora, e de ter rapidamente chegado ao 2-0, o Benfica conseguiu recuperar a superioridade sobre o adversário. E, verdade se diga, mesmo depois de a voltar a perder no fim do primeiro quarto de hora da segunda parte, nunca mais a perdeu de forma definitiva. Claro que, a isso, também o resultado ajudou. O 4-1 no fim desse quarto de hora já era decisivo para o comportamento das duas equipas.
O Benfica entrou muito bem no jogo, como de resto tem acontecido noutras ocasiões. E Darwin - com mais um hat-trick - até parecia confirmar o evolucionismo, teoria que o próprio parecia apostado em negar. O primeiro golo foi de perfeição técnica. Tudo - recepção, controlo e remate - foi de grande primor técnico. Que, não sendo exactamente o seu maior atributo, era também onde mais se notava a falta de evolução num jogador com as suas condições, incluindo a sua idade. Esperemos que não haja regressão.
Depois caiu, como tantas vezes acontece, e permitiu que o Famalicão fosse crescendo. E que tivesse relançado o jogo, e aberto o resultado, com o golo, ainda antes da meia hora. Só não foi pior porque Otamendi e Vlachodimos lá foram evitando males maiores.
Ao intervalo, Jorge Jesus entrou no jogo das substituições. Mais uma vez não tinha por onde correr grandes riscos na escolha dos jogadores a tirar do campo. A probabilidade de acertar era muito grande. Escolheu Seferovic e Diogo Gonçalves, que eram mesmo os piores entre os piores. O problema costuma estar nos que entram. E se para o lugar do lateral direito não havia outra opção que Gilberto, ainda por cima moralizado pela exibição da passada quarta-feira, no jogo da Champions, a de Taarabt para substituir Seferovic deixava-nos os cabelos em pé.
Correu bem, desta vez. E o marroquino esteve nos dois golos do início da segunda parte - o terceiro, de Rafa e o quarto, do hat-trick. de de Darwin. Já a segunda vaga de substituições, ainda a 20 minutos do fim, teve por único objectivo resguardar os titulares - Rafa, Grimaldo e João Mário. Pizzi, e não virar o jogo. As opções por Pizzi, Gil Dias e Paulo Bernardo poderiam ser as mais naturais, nessas circunstâncias. Pizzi e Paulo Bernardo porque são jogadores que têm de contar, e Gil Dias porque não há outro lateral esquerdo. Mas acabaram por acelerar a queda da equipa, e a voltar à fase descendente da montanha russa que é o futebol da equipa ao longo de um jogo.
O Benfica ganhou, finalmente. Depois de quatro jogos sem ganhar, que valeram o afastamento da luta pelo título, ganhou. Ao Famalicão, penúltimo classificado, com a pior defesa do campeonato.
Ganhou, mas não foi melhor do que tem sido. Não ganhou por ter sido melhor do que tem sido; ganhou por ter tido a pontinha de sorte que lhe tem faltado. Ganhou porque nos dois primeiros ataques fez três remates e dois golos, o segundo na recarga ao segundo remate, depois de uma grande defesa do guarda-redes do Famalicão. Tudo isto com pouco mais de um minuto de jogo jogado.
Aos seis minutos o Benfica ganhava por dois a zero, mas cinco desses seis minutos foram gastos pelo VAR a validar os golos. Nunca me tinha passado pela cabeça que o VAR também pudesse servir para isso, para uma espécie de pausa técnica a que os treinadores do futebol não podem recorrer. O que pareceu foi que Hugo Miguel, um árbitro com currículo, quis quebrar a avalanche do Benfica e dar oxigénio ao Famalicão.
Não se sabe o que teria acontecido se com aqueles dois golos tivesse acontecido o que seria normal acontecer - bola ao centro, e segue jogo. Sabe-se o que aconteceu. E o que aconteceu foi que os golos não empolgaram os jogadores. Fosse pelo gelo que VAR lhes despejou em cima, fosse porque já nada os empolga.
Porque o jogo acabou por ser o que foi, e não o que eventualmente poderia ter sido sem o saco de gelo despejado pelo VAR, acabam por não ficar grandes dúvidas que o Benfica ganhou porque teve a sorte que não tem tido. Desde logo a sorte de fazer os dois golos do jogo nos três primeiros remates. Ou, na prática, nos dois primeiros remates, dos dois primeiros ataques, nos dois primeiros minutos de jogo jogado.
Mas também porque, depois, a equipa voltou a cair na mediocridade do seu futebol, onde se foi afundando à medida que o tempo ia passando. Passes falhados, incapacidade de ligar as jogadas, perdas de bola, faltas...
Foi sendo assim, e foi mais gritantemente assim na segunda parte. O Famalicão começou a subir no terreno e a discutir o jogo a partir dos vinte minutos no relógio do jogo, e na segunda parte passou mesmo a estar por cima do jogo. E foi então, como já tinha sido nos últimos jogos, que se viu a mediocridade do futebol desta equipa do Benfica.
Jogando no campo todo, o Famalicão - penúltimo classificado e a pior defesa do campeonato, repito - deixava espaço para os jogadores do Benfica imporem a sua suposta superioridade técnica. Mas o que se viu foi uma completa incapacidade para aproveitar esses espaços, falhando sucessivamente as transições ofensivas. Uma, apenas uma, foi concluída. Mas mais valia que o não tivesse sido - Darwin, numa chocante falta de classe (ou será apenas de confiança?), a dois metros da baliza, completamente escancarada, atirou para as nuvens.
E só não foi a única oportunidade de golo do Benfica na segunda parte porque, já mesmo no fim, o guarda-redes famalicense fez uma grande defesa, a remate de Everton. O cheiro a golo morou sempre na baliza de Vlachodimos, onde o golo não surgiu porque - lá está - a sorte desta vez, ao contrário das outras, não virou costas. Foram cinco as oportunidades que o Famalicão construiu. Quatro na segunda parte. A primeira tinha levado a bola ao poste, ainda antes da meia hora de jogo.
Cinco oportunidades. Cinco! Ainda se não tinha visto tal coisa na Luz .
Jorge Jesus resume tudo isto ao covid. Claro que não se pode ignorar o seu efeito devastador na equipa. E menos se pode ignorar que aconteceu, e a dimensão com que aconteceu, depois do jogo no Dragão. É um facto, e factos são factos. Não se pode é justificar o estado a que o futebol do Benfica chegou dessa maneira, até porque o eclipse da equipa já vinha de trás.
Já Otamendi, o capitão e que até marcou hoje o seu primeiro golo de águia ao peito, tem outra opinião. E falou de compromisso, de empenho e de partir para outra, mudar de rumo.
Não, mister. Não é tudo culpa da covid. A catástrofe que se abateu dobre o Benfica é mais da sua responsabilidade do que da covid. E mais ainda de Vieira e de Rui Costa do que sua.
Ontem estava a ver o banho de bola do City ao Liverpool e, extasiado com a classe de João Cancelo e Bernardo Silva, com a imponência de Rúben Dias e com a categoria e segurança de Ederson, via que, ali, numa das duas ou três melhores equipas do mundo, estavam quatro que saíram do Seixal. Quase meia equipa. Daí o pensamento saltou-me para a selecção nacional, e numa das melhores selecções do mundo, conto mais três ou quatro - João Felix, Gonçalo Guedes, Nelson Semedo, André Gomes... Espreitou para grandes equipas europeias - nisto do futebol a Europa é o mundo, o resto é paisagem - e lá estavam Oblak, Witsel, Cristante, Lindelof, Matic, Raúl Jimenez, Di Maria...
Só aqui estão quinze. só nos últimos anos. Dir-me-ão: pois, mas era impossível segurá-los. Não seria possível segurá-los todos, admito, mas não era impossível segurar boa parte deles. Não ter jogadores deste nível, nem os largos milhares de milhões de euros que eles renderam, é que não deveria ser possível. Mas é a realidade.
Pior só olhar para essa realidade e perceber que disso já não há mais. Já não há no Seixal, nem há já departamento de scouting para os ir buscar fora.
Sim, é esta a obra feita de Vieira. É este o legado de Vieira, Rui Costa, Jesus e Jorge Mendes... Sem jogadores, sem dinheiro, sem rumo. E sem honra!
Foi um Benfica de luto que abriu o campeonato, em Famalicão. Todo de preto, a razão de terça-feira não era para menos. De luto mas não pesaroso e carpideiro. Pelo contrário, de feridas lambidas e disposto a vida nova.
Não sei bem o que é arrasar. Se é jogar bem, marcar muitos golos, impedir que Zlobin se transformasse em Zivkovic, ignorar árbitros e VAR´s e ridicularizar manobras de bastidores, como por exemplo, um win-win entre vendedor e comprador, a atrasar uma contratação fechada para utilizar um jogador (tido por bom, se não não o contratavam) neste jogo; se é isso tudo, o Benfica arrasou.
Jogou bem, marcou cinco bonitos golos (o do Famalicão também não é nada de deitar fora, mesmo que não lhe tenha achado graça nenhuma), e deixou por marcar outros tantos. Não deixou espaço para que a arbitragem desse um ar da sua graça, e um tal Toni Martinez acabou por ter de sair com o rabinho entre as pernas.
Para além de ter então arrasado, também o treinador do Benfica esteve bem. Muito bem, até. Bem ao substituir no onze inicial quatro dos jogadores que não tinham estado bem na segunda parte de Salonica. Se só podem jogar onze de cada vez, que joguem os melhores onze de cada vez!
E muito bem ao incluí-los nos substitutos. Dos quatro que saíram da equipa apenas o Pedrinho não entrou, e mesmo esse por uma causa maior: a opção de utilizar o Diogo Gonçalves em Famalicão. Diogo Gonçalves que - já se percebeu - irá ser trabalhado para lateral direito, e isso é uma excelente notícia. A Pizzi, Vinícius e Weigl o jogo e o treinador disseram que não entraram de início porque outros estavam melhor, mas que noutros jogos poderão ser eles a estarem melhor. Mesmo que para Vinícius e Weigl a coisa não esteja fácil.
Saliento estes aspectos porque estas não eram virtudes atribuídas a Jesus. Pelo contrário, os seus maiores defeitos prendiam-se todos com a falta de sensibilidade para estes "pormaiores" da gestão de recursos humanos.
Depois, claro, a estreia de Waldschmidt, que já tardava, foi fantástica. Dois golos (o primeiro e o último, pelo meio Everton, Grimaldo e Rafa) que lhe vincaram a classe, e uma exibição de campo cheio. A confirmação que Everton é mesmo craque, e a surpresa de uma integração perfeita neste futebol que obriga a correr muito, e nem sempre é para a frente. Gabriel a 6, muito bem e muito, mas muito acima de Weigl. E Taarabt, um transportador como não há outro, mas sempre a precisar de gelo na cabeça. Até ontem, num jogo arrasado, ferveu em pouca água.
O luto da eliminação da Champions parece que está feito. E como os adeptos não têm que olhar para as contas bancárias...
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