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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

O jogo possível

Em noite de chuva a Luz não encheu, como tem sido costume. Ainda assim, 52 mil vibraram nas bancadas com o futebol que o Benfica exibiu na primeira metade da primeira parte. E disfarçaram a ansiedade no resto do tempo.

O segundo golo do Benfica, precisamente a meio da primeira parte, marcou a viragem do jogo. Com algumas novidades no onze inicial - Dahl no lado direito da defesa, Renato Sanches no lugar de Florentino (na bancada, a fugir ao quinto amarelo)  e Di Maria, de regresso, na sua posição habitual na ala direita, a relegar Bruma para o banco - a equipa entrou muito bem no jogo. Com confiança, com muita mobilidade, e com a qualidade dos últimos jogos, a jogar a um ou dois toques, e a criar duas ou três boas situações de golo logo nos primeiros cinco minutos, e a acabar por marcar bem cedo, aos 7 minutos.

Um bonito golo, a fechar uma grande jogada de transição ofensiva, com a bola a passar, sempre ao primeiro toque,  de Kokçü para Di María, deste para Aursenes e para o golo de Aktürkoğlu.

O segundo golo surge na sequência de um canto a favor do Farense, que por essa altura já não se limitava exclusivamente a defender, com Trubin a lançar Aktürkoğlu, que depois de fugir pela esquerda centrou para a entrada da área, onde Pavlidis, no meio de três adversários, recebeu, rodou e rematou para golo.

A partir daqui o jogo mudou. O Farense foi crescendo, entrou na discussão do jogo e, à beira do intervalo, com o golo, na discussão do resultado.  O próprio golo, a forma como foi obtido - na cobrança de um canto, com o central Cláudio Falcão a ganhar a primeira bola, e a levá-la à barra, e Tomás Ribeiro, companheiro de defesa, a voltar a ganhá-la para a enviar para a baliza de Trubin - demonstrava a diferença de agressividade a que, há muito, estávamos a assistir.

O Benfica voltara a adormecer, como vinha sendo corrente há uns dois meses atrás.

Ao intervalo Bruno Lage retirou Renato Sanches, fazendo entrar Barreiro. Não sei se o Renato tinha algum problema físico, mas sei que este jogo mostrou que não há racionalidade possível na opção de compra do seu passe. Lamento. Lamentamos todos, creio. Mas é a realidade.

Provavelmente ao intervalo Bruno Lage espevitou os jogadores, e o Benfica entrou para a segunda parte a dar uma clara resposta ao golo sofrido. Voltou a jogar bem, a mandar no jogo e a criar condições para marcar.

E marcou, ainda não tinham passado 10 minutos, em mais uma espectacular jogada de futebol, com Aursenes a lançar Pavlidis que, depois de uma soberba recepção dentro da área, colocou a bola com enorme categoria para o bis de Aktürkoğlu. 

Três golos muito bonitos, em jogadas espectaculares. Só que todas, e exclusivamente, a partir de transições rápidas. Em ataque continuado, nada.

Reposta a diferença de dois golos no marcador, o Benfica voltou a adormecer. Em menos de 10 minutos o Farense voltou a marcar. Um bonito golo, também numa bonita jogada de futebol. Mas que não é dissociável do relaxamento dos jogadores. De desleixo, mesmo. 

Faltava meia hora para o fim, e não foi fácil. 

É certo que a arbitragem também contribuiu para o enervamento. Hélder Carvalho é um velho conhecido, um especialista em provocação. E a senhora do VAR, a Catarina que está na moda, também é já conhecida das arbitragens na Liga Feminina. E não sinalizou o penálti sobre o António Silva, aos 70 minutos, porque não quis.

Provavelmente seria difícil que este jogo fosse diferente do que foi. Dificilmente o jogo do Dragão, no próximo domingo, deixaria de pesar neste. Mas fica sempre alguma frustração quando o penúltimo classificado, e praticamente condenado à despromoção, com apenas um terço da posse de bola, remata praticamente tanto como o Benfica. E cria até mais oportunidades de golo.

As últimas imagens é que ficam

Ao terceiro dia o Benfica - não, não ressuscitou, isso aconteceu só na segunda parte - depois do dérbi, e dos festejos da conquista da Taça da Liga, apresentou-se no S. Luís, em Faro, para disputar os oitavos de final da Taça de Portugal. 

Para um jogo ao terceiro dia, com outro já para fazer em três dias, este na Luz, com o Famalicão, para o campeonato, logo seguido da recepção ao Barcelona, para a Champions, no meio de um ciclo de cinco jogos em menos de duas semanas, Bruno Lage poupou Tomás Araújo, Kokçu e Pavlidis. Na realidade foram quatro as alterações no onze, mas Trubin não foi por poupança, foi para a clássica oportunidade a Samuel Soares, na Taça.

Ao contrário do que até tem sido mais habitual, o Benfica entrou no jogo a todo o vapor, deixando claro que a ideia era resolver depressa o problema do resultado, para depois poder gerir o jogo e o cansaço acumulado. Logo na jogada de saída Barreiro desmarcou Scheljderup na esquerda, que virou a bola para a direita, para o extraordinário remate de Di Maria, que saiu a milímetros do ângulo superior direito da baliza de Ricardo Velho. Seria mais um golaço à Di Maria, mas foi apenas o mote para os cinco minutos iniciais de domínio absoluto do Benfica. E de bom futebol!

Na primeira vez - parece que é sina - que o Farense conseguiu sair daquele colete de forças, e chegar à frente, num canto resultante de um ressalto no António Silva, com toda a gente do Benfica a dormir - se não era de sono era de hipnose - marcou. Havia 7 minutos de jogo. Que mudou, naquele momento!

O Farense fechou-se lá atrás, defendendo com competência e gerindo, com manha, o tempo de jogo. Com Florentino e Barreiro faltava dinâmica e visão de jogo ao meio campo do Benfica. Aursenes, que também não atravessa um grande momento de forma, não podia resolver tudo. O regressado Bah não acertava uma, e o futebol do Benfica engasgava-se sistematicamente. Os cantos sucediam-se, uns atrás dos outros, mas só isso. A reforçada defesa do Farense não passava por grandes incómodos. Esperava-se que Di Maria resolvesse mas, se não estava fácil, pior ficaria com a sua saída, queixando-se do que parecia ser uma dor muscular. 

Entrou Amdouni, a frio. Como frio se arrastou o jogo até ao intervalo, sem que o Benfica tivesse conseguido acrescentar grande coisa ao que tinham sido os primeiros cinco minutos.

No intervalo Amdouni fez aquecimento, e Bruno Lage diz que alterou uns posicionamentos, e que explicou aos jogadores o que era o campo no S. Luís. Estranho é que só ao intervalo tenha dito aos jogadores que o campo é mais pequeno, e que não dá largura para explorar as alas, nem comprimento para a profundidade. 

A verdade é que a segunda parte foi completamente diferente. Admito a ignorância, mas a mim pareceu-me mais que foi por ter marcado três golos em cinco minutos que propriamente por grandes alterações tácticas. É que nem o primeiro quarto de hora da segunda parte foi muito diferente dos últimos quarenta minutos da primeira, nem nenhuma alteração foi introduzida no onze.

Aconteceu que Scheljderup - hoje, para além de Di Maria (mas noutro registo) o único jogador do Benfica com capacidade para desequilibrar no drible e na velocidade - novamente lançado por Barreiro, fez um grande jogada individual e um grande golo. E que no minuto seguinte num espectacular cruzamento de Carreras - este sim, em grande forma - Arthur Cabral marcou o segundo, numa execução irrepreensível.

Depois de tanto terem defendido, de tanto terem queimado tempo, e de tanto terem acreditado que eliminariam o Benfica, os jogadores do Farense caíram a pique. E, quando passavam apenas 5 minutos do golo do empate, de Scheljderup, Bah marcou o terceiro. 

Depois - sim - o Benfica jogou bem e dominou como quis o jogo. E depois é que Bruno Lage fez as substituições. Essa é que é essa!

No fim, com 5 minutos de boa qualidade na primeira parte, e outros 5 na segunda, estes de rara eficácia, o Benfica resolveu uma eliminatória que chegou a parecer complicada. Mas o "futebol é isso mesmo", já diz o futebolês. Se aquele fantástico remate de Di Maria tem entrado logo no primeiro minutos, tudo teria também sido diferente. Assim, o Benfica acabou a dominar completamente o jogo e, como se sabe, o que fica são as últimas imagens. 

Mais uma reviravolta. Também não é novidade!

Esta noite, Estádio do Algarve, contra o último classificado, o Benfica fez a pior exibição desde que Bruno Lage tomou conta da equipa, há cerca de dois meses. Ao nível das do tempo de Schemidt. E não das menos más, mesmo das piores.

Sentiu-se Schemidt, ao ver o jogo. Sem "energia", na linguagem de Lage. Traduzido, quer dizer sem velocidade, sem intensidade e sem inspiração. 

Lage voltou "ao seu onze", com Florentino de regresso à equipa. O que quer dizer sem Beste. E como Aktürkoğlu, à imagem dos últimos jogos jogou mais perto de Pavlidis, desta vez nas profundezas da defesa do Farense, todo o corredor esquerdo ficou por conta de Carreras. Seguramente o jogador do Benfica em melhor forma.

Os jogos do Benfica nas competições nacionais raramente têm alguma coisa de novo. É sempre a mesma coisa: o Benfica ataca, é dono da bola - o que faz com ela é que muitas vezes varia -,  o adversário defende com a equipa toda em cima da área, e espera que surja uma oportunidade para um contra-ataque, na esperança que marque um golo logo no primeiro; e a arbitragem marca faltas ao contrário, guarda os amarelos para mostrar aos jogadores do Benfica quando protestem, assinala foras de jogo sem esperar pela conclusão da jogada - não vá acabar em golo e depois já nada haja a fazer - e  nunca tem dúvidas que não há penálti nenhum.

Hoje voltou a ser tudo assim. Quando o primeiro quarto de hora expirava surgiu o primeiro contra-ataque do Farense ... e golo.

Se o primeiro quarto de hora já tinha mostrado que, a jogar assim, seria difícil bater o excelente Ricardo Velho, atrás no marcador mais difícil ficava. Carreras, servido por Akturkoglu, empatou volvidos meia dúzia de minutos, ainda dentro na metade inicial da primeira parte, e o jogo prosseguiu na matriz habitual, atrás referida. Mas com o Benfica sem brilho e sem intensidade. 

Ao intervalo Lage tirou Bah, certamente "tocado", para entrar Beste para a ala esquerda. E não, não foi Aursenes fazer de lateral direito. Ficou a jogar com três defesas, com Tomás Araújo (outro a distinguir-se da mediania) a tomar conta do lado direito, e Carreras, que já tinha sido o melhor da primeira parte naquelas funções, passou a ser ainda melhor com Beste à sua frente, jogando mais por dentro, com forte impacto na construção de jogo. Apetece dizer que o melhor que Beste dá à equipa é ... Carreras.

A segunda parte abriu com o jogo a acelerar, e com o Farense a arriscar um bocadinho. Olhava-se para o jogo e lembrávamo-nos de Rafa. Lembrávamo-nos como a equipa perdeu o "momento" da transição ofensiva. Nunca mais teve quem saísse rápido, quem invadisse aquele espaço nas costas das defesas nos momentos de maior atrevimento dos adversários.

Voavam-me por aí os pensamentos quando, à segunda oportunidade - uma defesa monumental do guarda-redes do Farense negara o golo a Pavlidis pouco antes -, e ainda dentro dos 10 minutos iniciais, o grego marcou. Curiosamente numa transição rápida, não daquelas do Rafa, mas num contra-ataque conduzido por Di María, com um grande passe a desmarcar Akturkoglu, que serviu de pronto Pavlidis, que encostou para o 2-1.

Foi notório que a equipa procurou o terceiro golo. Mas por pouco tempo, quando ainda faltava tanto. Desistiu disso cedo de mais, para passar a tentar controlar o jogo e o resultado. Sabe-se no que isso dá...

Nos últimos minutos o Farense acreditou que podia empatar. E até o poderia conseguido, já no nonagésimo minuto, quando a bola cruzou toda a área de Trubin sem ninguém lhe chegar. Dessas, e doutras, também o Benfica teve. Mas bastaria que o diabo estivesse atrás da porta para o caldo se entornar.

Há uns dias, quando me começou a parecer que a equipa estava a perder gás, um amigo dizia-me que não havia razão para preocupações, que isso fazia parte de um programa para atingir um pico de forma no jogo com o Porto. Hoje, e depois de na última quarta-feira o jogo se ter salvado por 10 minutos que correram bem, ficam-me algumas dúvidas.

 

Surpresas e estupidez

Farense 1-3 Benfica: Férias no Algarve? Sim, mas só no verão

Não diria que se esperasse, hoje, em Faro, um Benfica destroçado, de braços caídos. Nunca se poderia esperar, nem admitir, nada disso, mas esperava-se um Benfica abatido, em crise de identidade, e provavelmente com dificuldades em agarrar o jogo.

Nada disso. E por isso o Benfica que vimos em Faro - um campo difícil e um adversário sempre bem organizado e ultra-combativo - foi surpreendente. Surpresa logo na constituição da equipa, uma espécie de meio termo entre a revolução feita no jogo contra o Moreirense e o onze base de Shmidt.

Se na linha defensiva apenas Carreras era novidade, daí para a frente tudo era, se não novo, às avessas. No banco ficavam Aursenes, João Neves, Rafa e Neres - quatro insubstituíveis. Insubstituível mesmo apenas Di Maria. E, se já se dizia que o contrato que assinou teria uma cláusula que o obrigava a jogar todos os jogos, durassem lá o tempo que fosse hoje, em campo, demonstrou que, a existir, não precisa dessa cláusula para jogar. Di Maria foi o maestro de uma orquestra surpreendentemente afinada, em especial na primeira parte!

E isso não se esperava. Com João Mário e Florentino no centro do meio campo, Kokçu mais à frente e atrás de Arthur Cabral, e Tiago Gouveia e Di Maria a ocuparem outros espaços para deixarem as alas para Carreras e Bah, respectivamente, a equipa jogou muito bem. E com uma dinâmica muito diferente da que tem apresentado.

O Farense terá pensado que com aquela pressão pelo campo todo tiraria proveito das esperadas fragilidades do Benfica. Não tirou. Pelo contrário, deixou o espaço todo do campo para jogar, e o Benfica soube usá-lo justamente para isso. Jogar à bola, criar lances de espectáculo (Di Maria esteve à beira de um dos mais geniais golos da História do futebol), oportunidades de golo - muitas - e dois belos golos, curiosamente ambos em assistências de Bah. No primeiro, Kokçu respondeu com um toque de primeira. No segundo foi a arte de Cabral, de calcanhar. 

Pelo meio o Farense empatou - um grande golo, também - mas numa segunda bola, depois do único canto até então a seu favor. E a verdade é que se chegava ao intervalo com um escasso 2-1, completamente desajustado do que se passara no campo.

A segunda parte foi menos entusiasmante, mas nem assim com menos oportunidades de golo, ou menos espectaculares - como aquela bicicleta do Cabral - ou menos interessante o comportamento da equipa. Golos é só mais um, o da estreia de Carreras. Também a coroar uma belíssima jogada de futebol. Ao contrário do que tem sempre acontecido, nenhum dos três golos surgiu de transições rápidas, ou de lances de bola parada. Não foi por acaso!

É pena que já só tenhamos visto isto quando já foi perdido tudo o que havia ganhar. É pena que Schmidt só agora tenha entendido - se é que entendeu - que tem um plantel à disposição que o obrigava a outras decisões, que não as que tomou durante todo um ano. E é pena que alguns dos benfiquistas que hoje estiveram em Faro não tenham pecebido nada disto. Nem nada do jogo, nem nada do que os jogadores fizeram.  

O que fizeram no fim, depois daquela exibição, àqueles jogadores, não é benfiquismo. É estupidez. E grande!

Surpreendente sem surpresa

Benfica-Farense, 1-1 (destaques) | MAISFUTEBOL

Ao contrário do que se poderia pensar, o empate desta noite, na Luz, com o Farense, não é surpreendente. Os astros estavam todos alinhados para este revés caseiro. Surpresa foi a forma como o Benfica empatou este jogo, não foi tê-lo empatado. 

Surpreendente foi a exibição da equipa, foram os 36 remates, e a dezena e meia de oportunidades de golo criadas. Era mais ou menos dado por certo que a equipa entrara decididamente num ciclo negativo de que demoraria a sair, provavelmente já com um novo treinador. Isso bate certo com o resultado, mas já não bate com a exibição, nem com o comportamento dos jogadores. 

Surpresa foi que a equipa entrou para ganhar desde o primeiro minuto. Podia ter marcado logo nos segundos iniciais, mas não marcou. E essa foi apenas a primeira de uma série de oportunidades de golo que dava para ganhar seis ou sete jogos, mas que não deu para ganhar este.

Claro que há jogos assim. Em que parece que está a ser feito tudo o que há a fazer, mas a bola não quer entrar. E é claro que, quando há jogos assim, ao treinador exige-se que faça também tudo. E ainda mais alguma coisa. 

É daqui que, sem surpresa, Roger Schmidt tem dificuldade de sair. E o balão rebentou.

A atitude daqueles adeptos que ali estavam junto ao banco é inaceitável. A dos outros, dos que "apenas" assobiam, era expectável perante mais um mau resultado. Entre o inaceitável e o expectável Schmidt decidiu partir a loiça, partir para o conflito aberto com os adeptos, e colocar uma bomba a rebentar nas mãos de Rui Costa.

Proezas e azias

Farense 0-0 Benfica: Águia volta a empatar e fica a 15 pontos da liderança

 

De proeza em proeza lá vai o Benfica neste campeonato. Hoje, em Faro, mais uma - conseguiu tornar-se na primeira equipa a não marcar ao Farense.
 
O jogo foi de grande intensidade, de parada e resposta, como os narradores gostam de dizer. E muito rasgadinho, cheio de duelos intensos. Especialmente na primeira parte. Não foi sempre bem jogado, mas foi sempre muito bem disputado
 
Se não se puder dizer que foi uma grande primeira parte, tem de se dizer que foi muita boa, para as circunstâncias. Pelas indicações que a equipa vinha dando sobre a sua condição física não se esperaria que o Benfica tivesse condições para responder à intensidade que foi lançada no jogo.  
 
O Benfica foi então superior, mesmo que o Farense tivesse sempre sido um adversário vivo no jogo. Teve até a primeira oportunidade de golo, negada por Helton Leite, com uma boa defesa. E chegou até a introduzir a bola na baliza do Benfica, mas não valeu, por fora de jogo de Licá. À pele.
 
O Benfica teve mais oportunidades e rematou muito, ao contrário do que tem acontecido. Mas quase sempre para fora do rectângulo da baliza. Na única vez que lá acertou (Everton) o Defendi ... defendeu. Uma grande defesa. De resto só mais uma oportunidade clara, só que em vez de entrar a bola entrou Darwin pela baliza dentro, depois de bater no poste. E os pecados capitais deste futebolzinho de Jorge Jesus. Se calhar não é culpa dele, a linha final é que tem espinhos, e a área adversária queima.
 
A segunda parte foi menos viva, também não era fácil manter o ritmo e a intensidade da primeira. Percebia-se por isso  que Jorge Jesus tivesse que iniciar cedo o jogo duas substituições. Não se imaginaria é que seria sempre para piorar. Ainda não se tinham esgotado os primeiros dez minutos e lá vinham as primeiras: o ineficaz Darwuin era trocado pelo ainda menos eficaz Waldschmidt; e o desastrado  Gilberto pelo mais desastrado Diogo Gonçalves. Pouco mais de cinco minutos depois mais duas trocas, mas também Pizzi e Grimaldo não acrescentaram nada ao que Gabriel e Nuno Tavares tinham feito. E que não tinha sido muito, especialmente o lateral esquerdo. Só mais tarde, já à entrada do último quarto de hora (!!!), é que Jorge Jesus tirou o Everton. Decidiu trocá-lo pelo Cervi, naquela altura do jogo. Ele é que sabe, e pelo ganha, deve saber muito. Mas não o suficiente para perceber que aquele futebol do craque que trouxe da selecção brasileira não é deste tempo. Hoje já não se joga assim.
 
É certo que a equipa criou mais três oportunidades claras de golo - Rafa, logo no início, e salva pelo guarda-redes, depois Seferovic, ao poste, e finalmente Pizzi, ligeiramente ao lado. E que o Farense, que tantas ameaças fizera na primeira parte, só por uma vez, aos 77 minutos, num remate de Ryan Gold, levou perigo à baliza de Helton. Ele andou por lá, à saída dos primeiros dez minutos, mas aí foi o próprio guarda-redes do Benfica a criar as aflições.
 
O treinador do Benfica não percebe o que se está a passar. Diz que é azar, que os jogadores do Benfica não marcam golos porque estão sem sorte. Também não marcam, nem nunca ficam perto disso, nos lances de bola parada. Certamente por azar. 
 
A arbitragem também não ajuda, diz agora Jesus. A arbitragem de hoje de Hugo Miguel teve os seus equívocos, é verdade. Coisa pouca, umas faltas sempre marcadas, e outras nunca marcadas. Uma dessas até acabou bem cedo num amarelo ao Gabriel, que ficou logo condicionado. No resto, cumpriu a lei. Quando o Rafa foi tocado no pé, e com isso derrubado, dentro da área do Farense, limitou-se a cumprir os regulamentos desta liga. Mas pronto, talvez também o Nuno Tavares tenha cometido um penalti estúpido sobre o Licá...
 
Tenho um amigo - sportinguista, mas para o caso não interessa - que diz que deixo transportar para aqui a minha azia. É verdade que não é fácil digerir quinze pontos de diferença. Mas ver o Braga o jogar à bola, como hoje se viu no melhor recital de futebol que esta época se viu em Portugal, e perceber que distância do seu futebol para este do Benfica, não se mede em pontos, mas em anos luz , é que dá azia a sério. Olhar para o Paços e para o que joga, e imaginar como vai ser dura a luta pelo quarto lugar, já só dá para uma ligeira indisposição. Porque essa é apenas mais uma proeza deste arrasador Benfica de Jesus.

Aviso sério

Benfica isola-se na liderança da I Liga ao vencer Farense em casa -  Desporto - SAPO 24

 

Ao terceiro jogo no campeonato, o primeiro flop. Exibição pouco menos que miserável do Benfica na recepção ao Farense, na sua primeira visita à Catedral da Luz. O resultado, um sofrido 3-2 - o Farense fez dois golos na Luz, quando ainda não tinha marcado neste campeonato - acaba por ser muito melhor que a exibição.

Apesar das duas boas exibições nos dois jogos anteriores, não tinha - confesso - bons feelings para este jogo. Não percebia por quê, mas não tinha. Talvez por memórias não muito distantes, que estão bem vivas. Uma delas era que, nos últimos meses da época passada, sempre que o Porto perdeu as coisas não correram bem, em vez de uma oportunidade foram sempre uma ameaça. E o Porto tinha perdido ontem, no Dragão, com o Marítimo. Apesar dos favores dos penaltis e das expulsões, não deu... A outra foi-me trazida pelo anúncio da constituição das equipas, e vem mais de trás.

Na constituição da equipa do Farense lá estava o Difendi na baliza. Sempre suplente nos anteriores jogos do campeonato, hoje era titular. Não foi a primeira vez que aconteceu, ainda na época passada, no Famalicão, foi assim. Era suplente, mas nos jogos com o Benfica foi sempre titular, tal é a sua fama de guarda-redes de engate contra o Benfica. E a equipa de arbitragem lá estava chefiada por Tiago Martins, um velho conhecido ... Que nunca corre bem.

Mas nem daí que vieram as dificuldades do jogo. O Difendi até fez menos defesas que o Odysseas. E muito menos daquelas decisivas, que salvam golos. E o árbitro, mesmo com o penalti que assinalou a pedido do VAR, contra o Benfica evidentemente, e com a validação do segundo golo do Farense, não teve nada a ver com a decepcionante exibição do Benfica.

"O que nasce torto tarde ou nunca se endireita", diz a chamada sabedoria popular. E este jogo do Benfica nasceu torto. Nasceu torto na conferência de imprensa de antevisão do jogo, com o mister a espalhar-se como tantas vezes faz, e apareceu torto logo que o árbitro apitou para o início do jogo. O Benfica entrou mal, e o Farense muito bem. Pertenceram-lhe-lhe logo os primeiros remates e a primeira ocasião de golo.

Depois o Benfica pareceu começar a assumir o controlo do jogo. O golo, logo aos 15 minutos, num erro de saída de bola do Farense, e num remate de Pizzi a desviar num defesa adversário, aprofundou essa ilusão. Na verdade a equipa nunca controlou coisa nenhuma, assumiu apenas que estava confortável com o jogo. E esse foi o problema. Foi demasiado o conforto a que os jogadores se entregaram. O desconforto de correr e de lutar pela bola ficava apenas para os jogadores do Farense.

Sem velocidade, sem rigor, e sem concentração, demasiado evidente no passe e na recepção, e muito menos disponíveis para disputar a bola que os adversários, o Benfica perdeu por completo o controlo do jogo. Quando o árbitro apitou para o intervalo era o Farense que mandava no jogo. E a baliza de Vlachodimos só estava a zero porque ele próprio e Otamendi iam escapando à mediocridade geral da equipa.

Percebia-se que a equipa tinha sido surpreendida pela postura táctica do adversário, a disputar o jogo no campo todo, e a discutir todas as bolas onde quer que fosse. Os jogadores estavam à espera de um adversário lá atrás, que não os incomodasse e não quando eles se aproximassem da grande área. Quando tantas vezes se queixam das equipas que se fecham lá atrás, sem aí terem espaço, os jogadores não sabiam como jogar contra um adversário que não lhe dava espaços mas era para lá chegar.

Esperava-se que ao intervalo o treinador corrigisse esse problema, e a equipa viesse do balneário preparada para os problemas com que o adversário a tinha surpreendido. Estranhamente, não.

O Farense entrou na mesma, e o Benfica ... também. Chegou cedo ao empate, num canto à antiga, a fazer lembrar os últimos tempos da fatídica época anterior, depois de Vlachodimos ter defendido por duas vezes o tal penalti. E voltou a marcar logo a seguir, num golo bem anulado por fora de jogo, mas a corresponder a tudo o que estávamos a ver.

Valeu que o mister mexeu na equipa, trocando o desastrado Gabriel por Veigl, o inexistente Waldschmidt, por Seferovic, e Rafa, que nem era dos piores, por Pedrinho. Mas nem quando, aos 79 minutos, Seferovic marcou o segundo se sentiu que o jogo estava resolvido. A vitória só pareceu garantida com novo golo do avançado suíço, oito minutos depois, mesmo que nos 6 minutos extras, Otamendi, que na segunda parte estragou tudo o que de bom tinha feito na primeira, tenha oferecido o segundo golo ao Farense.

Se, para além dos três pontos, nada mais de bom haja para tirar deste jogo, que fique um aviso sério ao treinador do Benfica. Nem todos os adversários se remetem à defesa submetidos ao seu futebol de arrasar. Hoje o Farense fez mais remates que o Benfica (14, contra 12), mais remates enquadrados com a baliza (9, contra 7), praticamente todos dentro da área. E se Seferovic marcou dois golos, foi Vlachodimos o melhor e o mais decisivo jogador do Benfica.

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