Aí estão as aguardadas medidas do governo para mitigar os efeitos da inflação, anunciadas com a habitual habilidade do primeiro-ministro.
António Costa não é feiticeiro, é habilidoso. Por isso nem corre o risco de o feitiço se virar contra o feiticeiro, e as suas habilidades vão passando: "famílias primeiro"!
Os efeitos da inflação compensam-se com aumento dos rendimentos em conformidade, seja de salários, seja de pensões.
Não há outra forma. E na actual situação inflacionista menos ainda. Porque não decorre da dinâmica da procura, mas sim da oferta. E porque o governo continua a garantir que é extraordinária, que no próximo ano tudo regressará ao normal.
No entanto, António Costa diz zero sobre salários. E nas pensões consegue uma engenharia geringonçada para fugir ao cumprimento das disposições legais, e reduzir o seu aumento no próximo ano para menos de metade do que decorre da aplicação da lei.
Um dia o feitiço vira-se contra o feiticeiro. Não se sabe é quando!
Mês e meio depois depois das eleições, desta vez na segunda terça-feira de Novembro porque na primeira era feriado - e para os americanos os feriados são para descansar e "curtir", não são para votar - cumpre-se hoje, e só hoje, a verdadeira e decisiva eleição do presidente dos Estado Unidos da América.
É verdade: é hoje que Trump será eleito presidente, porque é hoje que os grandes eleitores eleitos há mês e meio vão cumprir a constituição, votando eles agora directamente nos candidatos que então se apresentaram ao voto popular. Que, como bem se sabe, foi em maior parte para a candidatura de Clinton: mais de 2,5 milhões de votos a mais!
Em tese, os resultados da voltação de hoje deste colégio eleitoral podem impedir a eleição de Trump. Não faltaram de resto manifestações e processos com esse objectivo, e o espírito da lei constituicional é esse mesmo: que uns cidadãos mais esclarecidos possam corrigir a vulnerabilidade popular à demagogia e ao populismo.
Ironia máxima: a lei que a Trump aproveita foi exactamente feita para evitar que Trump fosse eleito. Como o feitiço se virou contra o feiticeiro...
No fundo sempre achamos que haveria de aparecer a barreira que travaria Trump, o crivo por onde não poderia passar. Como todos falharam, ainda há quem queira pensar que seja este, no último, "in extremis" que tudo acabe por se resolver. Como quando acordamos de um pesadelo. Mas isso é continuar a dormir...
O homem que faz do governo da maior potência mundial um clube de milionários - para reunir tanto dinheiro como Trump junta na sua administração, numa pequena sala. era preciso encontrar um local onde coubesse um terço dos americanos! -, que já distribuiu todas as raposas por todos os galinheiros, e que já começou a brincar com o fogo, vai mesmo ser hoje confirmado com o 45º presidente dos Estados Unidos da América. E daqui por um mês, como sempre a 20 de Janeiro, passará mesmo a ocupar a Casa Branca de pleno direito.
É sem dúvida o soundbyte da semana. Bem treinada e melhor encenada, foi a resposta ensaiada por António José Seguro perante as primeiras ofensivas dos seus adversários, pressionando a antecipação do congresso.
Não sei se Seguro merece a sorte que protege os audazes. Como há muito se sabe que audácia é coisa que lhe não sobra, sou levado a crer que não a merecerá. E, não tendo dessa sorte, provavelmente não terá doutra!
Sem sorte e sem engenho não há nada que lhe corra bem. Por mais ensaiado que seja, ou mesmo que se esforce um bocadinho. Numa semana em que o governo apostou forte, e em que foi praticamente demolidor, Seguro, sem engenho nem arte para desmontar a encenação governamental, e acossado – também por via disso – pelos seus adversários internos, refugiou-se no soundbyte. Pior forma de reagir a resultados - mais a mais resultados que o governo apregoava como feitos notáveis - que um soundbyte só um soundbyte muito teatralizado!
Para acabar de vez com a imagem e a capacidade de afirmação de António José Seguro, pior ainda que um soundbyte muito teatralizado, só um soundbyte muito teatralizado logo esvaziado. Quando logo a seguir, com toda a pressa, marcou de urgência a reunião da Comissão Política Nacional para debater a situação política interna esvaziou o seu muito teatralizado soundbyte. Pior: virou o feitiço contra o feiticeiro. E acabou de vez com a escassa margem de manobra política que lhe restava. Está agora encurralado!
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