"A tragédia de Sócrates"
Os mais mal intencionados verão uma relação qualquer entre o artigo de Fernanda Câncio, hoje no DN, e a posição que o PS revelou na semana passada, relativamente a Sócrates. Sabendo-se como é mal amada - não, não estou a fazer ironia - por grande parte do pessoal, em especial do mais conservador, não vai faltar quem lhe caia em cima a acusá-la de tudo e mais alguma coisa.
E no entanto este artigo de opinião da jornalista que foi namorada de Sócrates, que com ele privou na intimidade durante alguns anos e que assistiu por dentro ao luxo da vida do antigo primeiro-ministro, é verdadeiramente notável. Diz que foi enganada na intimidade, como todos o fomos publicamente. Que se sente abusada, como todos nós devemos sentir-nos. E que só ela, e só nós, podemos estar envergonhados, porque, ele, não tem nem nunca terá vergonha.
E, the last not the least, dá uma verdadeira lição ao PS e a António Costa que, en passant, acusa - e bem - de terem reagido tarde e mal, deixando claro que não é preciso qualquer julgamento de natureza criminal para condenar politicamente José Sócrates. Bastam os mais elementares critérios de avaliação de ética, de moral e de traição, fundamentais em política. E que isso deixa nua a hipocrisia do "à Justiça o que é da Justiça e à política o que é da política"!