Tiros no pé
Com a esquerda francesa no estado comatoso em que Hollande a deixou, já se via François Fillon no papel de Chirac, em 2002: a congregar a resistência à extrema direita lepeniana, e a salvar uma vez mais o regime. Incapaz de se salvar por si mesmo, como se está a ver...
Fillon está a ser investigado por ter contratado a mulher e os filhos para seus assistentes pessoais no Parlamento francês, quando deputado, e já disse que retirará a sua candidatura se vier a ser acusado pela Justiça. Não percebeu que já não tem condições de se opôr a Marine Le Pen. Que, acusado ou não, já não descola da imagem do establishment que manda a ética às ortigas sempre que em causa estão os seus interesses pessoais. E os dos seus. E que é isso justamente o maior trunfo do populismo!
Ao candidatar-se sem dar uma vista de olhos à sua folha de serviço, François Fillon não fez mais que dar mais um valente empurrão a Le Pen. Que já não lhe fazia grande falta...