Suécia e Finlândia
A adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, abandonando o seu estatuto de neutralidade - na Suécia já com mais de dois séculos - é mais uma consequência natural da detonação da loucura imperialista de Putin que explodiu com a invasão da Ucrânia, e o rompimento definitivo com ordem internacional até aqui estabelecida.
Estes dois países conviveram bem com a sua neutralidade durante meio século de guerra fria, ali às portas da União Soviética, e ainda há poucas semanas as suas opiniões públicas rejeitavam esmagadoramente qualquer alinhamento com a NATO. A invasão da Ucrânia mostrou-lhes que a ameaça de Putin é bem maior que a representada pela União Soviética, e que só naquele célebre artigo 5º do Pacto da Aliança Atlântica encontram protecção e segurança. Não querem bases militares nos seus territórios, nem armas nucleares, de dissuasão ou não.
É por isso que a adesão destes dois países nórdicos, historicamente neutrais, mas não desprovidos de capacidade militar, ao contrário do que acontece noutros casos de neutralidade, é um acontecimento histórico. Especialmente pelo que representa no reforço da dimensão da natureza defensiva da NATO. Como se sabe essa natureza, sendo estatutária, era muito questionável. Absolutamente questionável pelos ditos pacifistas - que inclui verdadeiros, mas também falsos pacifistas -, mas também muitas vezes contrariada pela prática e pela História.
Trata-se de dois países com democracias maduras e opiniões públicas sólidas e robustas, que afinal estão a dizer que acreditam que lhes basta estarem integrados na NATO para que Putin afaste da cabeça "sonhos húmidos". Dificilmente se encontrarão argumentos mais fortes para sustentar a tese da natureza defensiva da Aliança.
É também por isso que mais uma vez o PCP se "estatela ao comprido" e se "afoga" no seu esquizofrénico quadro geo-estratégico para ver neste processo uma "escalada da confrontação, uma clara expressão de submissão aos interesses dos Estados Unidos da América". Mas a isso já não há volta a dar!