Uma fraude em breaking news
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Pôde ler-se ontem no Diário de Notícias que, com a pandemia, e os exames à distância, um número crescente de estudantes universitários está a abordar centros de explicações para contratar professores que os substituam nesse acto de avaliação. Surgem com ofertas irrecusáveis com um simples propósito: que um professor lhe faça o exame.
A reportagem não arrisca números. Mas os diversos entrevistados que dão testemunho do modus operandi dizem invariavelmente que, se tomarem por amostra estatística representativa o que é do seu conhecimento pessoal, este é um fenómeno de grande escala. E quer dizer aquilo que todos nós há muito conhecemos da sociedade portuguesa: uma sociedade que convive bem com a fraude, a corrupção, e o chico-espertismo. Onde viver do expediente fácil é sempre mais compensador que viver do trabalho.
Num país onde os dirigentes políticos falsificam habilitações e currículos, fazem exames ao domingo, pagam a quem lhe escreva livros, que depois compram até esgotar edições, não é de estranhar que a elite de amanhã procure comprar resultados de exames, para que mais facilmente lhes sejam franqueadas as portas para o lado de lá da impunidade.
É este o grande vírus há muito instalado em Portugal e para o qual não parece haver antídoto, nem vacina, nem cura. Uma sociedade tão aberta à viciação só pode ser uma sociedade infectada, sem presente e sem futuro, e cada vez mais fechada ao desenvolvimento e à decência.
* A minha crónica de hoje na Cister FM
Já se sabe - foi a própria Maria Luís Albuquerque a afirmá-lo - que a devolução da sobretaxa de IRS, anunciada em jeito de leilão, a subir a cada dia que se aproximava o 4 de Outubro, até com um simulador logo disponível no site das Finanças, não deu em nada. Não há afinal nada para devolver!
Já há muito que se sabia disso, que tudo não passava de mais um embuste eleitoral. A esquerda fartou-se então de avisar que o governo estava a reter indevidamente os reembolsos de IVA às empresas para ficticiamente aumentar a receita da cobrança de impostos, e assim alimentar a burla eleitoral da devolução da sobretaxa, coisa sempre prontamente desmentida pela coligação e o pelo governo. Burla agravada, portanto.
Tão agravada e sem atenuantes quanto Passos, Portas e Maria Luís não vêm dar qualquer explicação para o facto de, de repente, logo a seguir às eleições, a suposta devolução da sobretaxa cair de 35% para 0%. Para nada. A ministra das finanças limitou-se a comunicar que não há nada para devolver. Sem mais nada, como se nada se tivesse passado... Como se não tivesse importância nenhuma.
Depois das mentiras na campanha eleitoral de 2011, Passos Coelho decidiu continuar a mentir em 2015. Mas com maior dolo, fazendo passar a mentira por uma suposta sofisticação técnica, que lhe mascarava dolosamente o ar de lixo tóxico eleitoral, dando-lhe o ar sério que nunca teve. O próprio suposto enquadramento técnico era fraudulento e sem nexo: remetia para o orçamento de 2016 o que era do orçamento de 2015.
No meio de tudo isto, entolado até ao pescoço em burlas e fraude eleitorais, é Passos Coelho - pasme-se - quem tem o desplante de dizer que o putativo governo do PS, mais que ilegítimo, é uma fraude eleitoral.
Triste país, se o que merece é gente desta!
Por Eduardo Louro
Não deixa de ser notável a forma como a imprensa, e a comunicação social em geral, compactua com mais uma cínica demonstração de hipocrisia da política europeia, e ocidental. Viu-se como jornais e televisões difundiram a fotografia (em cima) com aqueles hipócritas todas supostamente a encabeçar a mega manifestação de Paris. Nenhum dos inúmeros correspondentes presentes em Paris fez o menor reparo à cabeça da manifestação. Nenhum manifestou o menor indício de não ter visto ninguém daquela gente na manifestação; o máximo que se soube foi que os chefes de estado e de governo presentes, entre eles como se sabe Passos Coelho, cuja ausência da primeira fila foi objecto dos mais diversos comentários, por razões de segurança, teriam apenas percorrido 200 metros na manifestação. Nada mais!
Sabe-se agora, porque alguém no Le Monde - o proprietário da fotografia oficial que todo o mundo "comeu" - resolveu pôr cá fora a outra fotografia (em baixo), a que não mente, que os sérios e respeitáveis chefes de estado e de governo que se juntaram a Hollande (e a Merkel) participaram, não na manifestação, mas numa encenação. Que se limitaram a fechar uma rua para dela fazerem estúdio fotográfico...
Não fosse a dimensão da fraude e disser-se-ia que o fotoshop faria a mesma coisa por muito menos dinheiro. Que aquela é uma fotografia que sai bem cara aos contribuintes. Mas com fraudes não se deve brincar. Nem o Charlie o faria... Já a Marine Le Pen, mesmo perdida a rir, não deixará de levar isto bem a sério!
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