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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

E o Chelsea é campeão do mundo ...

Cole Palmer e João Pedro deixaram PSG sem resposta

O Chelsea, de Maresca e Pedro Neto, que a jogar 11contra 10 eliminara o Benfica nos oitavos de final, marcando três golos na segunda parte do prolongamento, é o campeão do mundo de clubes. O primeiro campeão neste novo formato imposto pela FIFA que, porventura noutro espaço, e noutro tempo, até poderia vir a ser a competição de sucesso que, se calhar, não foi.

Venceu na final, com três golos em menos de meia hora, na primeira parte, o campeão europeu, o PSG, de Luís Enrique, Vitinha, Nuno Mendes, João Neves (expulso perto do final, entalado na armadilha do Cucurella) e Gonçalo Ramos. Porque foi mais competitivo, muitas vezes melhor, mas também mais "feios, porcos e maus".

Palmer, com dois golos e uma assistência, não foi apenas o "homem do jogo". Foi considerado o melhor jogador da competição. O espanhol Roberto Sanchez, que neste jogo defendeu tudo o que teve para defender, recebeu o prémio de melhor guarda-redes. Para Cucurella, se esse prémio existisse, deveria ter ido o que se convencionou chamar de melhor "ganda filho da puta".

Enzo Fernandez não foi distinguido com qualquer prémio, mas voltou a demonstrar que, a jogar à bola, é grande! 

Olha ... ganhamos à Espanha!

Portugal bate Espanha nas grandes penalidades e vence a Liga das Nações pela 2.ª vez

Foi no desempate por pontapés de penálti que, em Munique, a selecção ganhou à Espanha e conquistou a segunda Liga das Nações. 

Apesar de ... não vale a pena enumerar... Foi apesar de ... tudo, que a selecção ganhou.

E isso deve ter bastado para segurar o emprego - dos mais bem pagos do mundo - a Roberto Martinez.  E para lhe continuar a permitir fazer coisas como colocar o João Neves a jogar a lateral direito. Ou manter Cristiano Ronaldo na equipa até lá chegar o Cristianinho.

Mas pronto. E Portugal é o primeiro a bisar na conquista desta espécie de Taça da Liga para as selecções. E, para já, detém metade destes troféus: dois (depois de conquistar a primeira edição, em 2019), em quatro!

O PSG é finalmente campeão europeu

O Paris Saint Germain conquistou hoje, em Munique, a Champions League, que há muitos anos, desde que passou a nadar em dinheiro do Qatar, perseguia. E falhava consecutivamente com a constelação de estrelas que esse dinheiro seduzia, e que lhe permitiu juntar Messi, Neymar e Mbappé, sem nunca conseguir formar uma equipa. 

Luís Enrique sabia que uma equipa é muito mais que a soma de talentos, e por isso trocou super-vedetas por jogadores jovens, de grande qualidade, mas também de grande humildade. De grande capacidade de sacrifício e de trabalho, mas também de enorme ambição e de fome de ganhar. Entre eles Nuno Mendes, João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos.

Já se sabia que o PSG, que para chegar à final teve de ultrapassar a armada inglesa da Champions, era melhor que o Inter que, para aqui chegar, teve de afastar os também colossos Bayern e Barcelona. Com alguma sorte, e com um futebol muito físico, muito de bolas paradas, e pouco entusiasmante.

Um futebol que, hoje, o futebol do PSG pautado pelo Vitinha, segurado pelo João Neves e aberto pelo Nuno Mendes e pelo Hakimi, que explode nos pés de Dembelé, de Doué, ou de Kvaratskhelia, desbaratou por completo, num 5-0 que é apenas o resultado mais desnivelado da história das 70 finais da maior competição de futebol da Europa.

 

Comunicado do SL Benfica

Comunicado: Benfica arrasa Conselho de Disciplina!

O Benfica emitiu finalmente um comunicado digno da sua dimensão e minimamente em linha com a gravidade dos factos.

Faltou-lhe, ainda assim, no ponto 1, exigir a irradiação de toda aquela gente. Acrescentar a decisão de protestar do jogo, e a exigência da sua repetição. E acrescentar ainda, a complementar o sétimo e último ponto, que qualquer tentativa de retaliação da Federação Portuguesa de Futebol sobre a indisponibilidade do Estádio da Luz para as selecções, "enquanto a verdade desportiva não prevalecer nas competições nacionais", levaria o Clube a ponderar abdicar das competições nacionais.

Foi, por incompetência do Departamento de Comunicação - fez mais o João Gabriel num "twit" de ontem que toda a comunicação no mandato de Rui Costa -, e por falta de liderança e de rumo desta Direcção, tardia e incompleta a reacção que há muito se exigia. A ser mais oportuna, bem poderia ter evitado o assalto, decisivo e descarado, dos últimos dois meses. Quando tudo ainda havia para ganhar!

Dir-se-á que "mais vale tarde do que nunca". É bem capaz de ser mais acertado dizer que, não houvesse eleições em Outubro, e ainda nem seria desta.

 

Afinal a aldrabice ainda não tinha acabado

O jogo da 85ª final da Taça de Portugal, acabado de disputar no Estádio Nacional, foi o espelho da época a que pôs ponto final.

Neste jogo coube toda uma época: uma arbitragem, igual às arbitragens de toda a época, um Sporting de querer, de luta e de sorte e um Benfica capaz do melhor e do pior. Bruno Lage disse que tinha preparado o jogo muito bem. E tinha, o problema é que Bruno Lage é tão bom a preparar jogos como mau a geri-los!

O Sporting entrou no jogo a correr como sempre, e a disputar todas as bolas em todos os centímetros quadrados do campo. Os jogadores irradiavam confiança, a confiança de quem tinha acabado de ganhar o campeonato a este mesmo adversário. Jogou o que joga, não joga muito mais que aquilo, e rapidamente o Benfica começou a impor o seu melhor futebol.

A partir dos 10 minutos a superioridade do Benfica foi sempre evidente em todos os domínios do jogo. Não criava muitas oportunidades de golo, mas criou as suficientes para sair para o intervalo com uma vantagem assinalável no resultado. Que, porque a bola ia aos ferros, ou saía a razá-los, ou o Rui Silva defendia, nunca aproveitou. 

A forma como os jogadores do Sporting aproveitavam cada posse de bola para baixar o ritmo do jogo, e festejavam cada corte, e cada defesa, fica como a melhor imagem do que se passava no jogo.

Ao minuto 16 o árbitro Luís Godinho assinalou penálti contra o Sporting. O Tiago Martins, o das moedas, no VAR, tratou do revertê-lo, descobrindo um fora de jogo manhoso no início da jogada. Por isso, ou porque por cá o futebol é mesmo assim, esta intervenção do Tiago Martins abriu as portas do maravilhoso mundo da aldrabice a Luís Godinho. A partir daí bastava aos do Sporting mandarem-se para o chão para que assinalasse faltas, de preferência sempre perto da área do Benfica. Os do Benfica eram massacrados com entradas por trás, em cima da linha da grande área, mas nada era assinalado. 

O golo que sempre faltou ao jogo do Benfica na primeira parte chegou logo no arranque da segunda: Pavlidis, Aktürkoglu, e remate de Kokçü a bater finalmente o Rui Silva. Logo a seguir,  mais uma jogada envolvente do ataque do Benfica acabava no excelente golo de Bruma. Em dois minutos fazia-se finalmente justiça no marcador, com os jogadores do Sporting completamente encostados às cordas.

Só que lá voltava a estar o Tiago Martins, pronto a dar mais uma mão, e a resgatar o Sporting do fundo do buraco em que estava enfiado. Descobriu uma falta de Carreras, outra vez no início da jogada, e o Luís Godinho anulou o golo. Para tornar aquilo credível, para mandar mais areia para os olhos, mostrou amarelo ao lateral esquerdo do Benfica. E assim continuou até ao fim, poupando faltas, cartões e expulsões aos jogadores do Sporting:  Harder, Matheus Reis, e Maxi Araujo, pelo menos.

E o Sporting viu a luz. Os jogadores perceberam que aqueles que nunca lhes faltam estavam ali, a estender-lhe as mãos, prontos a levantá-lo. E aproveitaram para se empertigar e recuperar o seu futebol, feito de muito nervo e de pouco mais. 

Só isso, mas o suficiente para entregar Bruno Lage e os jogadores do Benfica aos seus fantasmas. E lá vieram as substituições desastrosas. Se Kokçu, já de cabeça perdida com Luís Godinho, tivesse de sair nunca poderia ser para a entrada de um Renato Sanches, sem qualquer ritmo. A troca de Aktürkoglu por Schjelderup até pode ser considerada natural, mas não é só o Nuno Magalhães que não lhe vê nada ... Tirar Pavlidis da equipa é cortar o elo de ligação do ataque. Meter Belotti é introduzir lá a trapalhice. A saída de Tomás Araújo, para a entrada do recuperado Aursenes, parece uma inevitabilidade. No fim, já ao minuto 90, tirar Bruma para fazer entrar o Barreiro, sem qualidade para jogar no Benfica, não foi só a asneira final. Foi também a forma de deixar Di Maria de fora, no seu último jogo.

Foi provavelmente a tragédia das substituições que marcou a estratégia para responder ao empertigamento sportinguista. O Benfica abdicou de jogar futebol, e partiu até para o anti-jogo. Como jogar futebol não é o forte do Sporting, aquilo passou a parecer mais um jogo dos distritais do que o de uma final da Taça. Foram 50 minutos assim - os 40 que faltavam, mais os estranhos 10 de compensação.

Ainda assim só o Benfica criou oportunidades para voltar a marcar. Aos 81 minutos o trapalhão Belotti dispôs de uma clara oportunidade de golo, mas permitiu mais uma grande defesa ao guarda-redes do Sporting. Repetir-se-ia o mesmo aos 90+7, com o Leandro Barreiro. E no último dos estranhos 10 minutos de compensação repetiu-se o que tantas vezes aconteceu na época. Desta vez foi Trincão que, no último minuto, pegou na bola à saída da sua área defensiva e correu com ela, pela ala direita, à vontade pelo campo fora. Sem um encosto, sem uma falta ... até a entregar ao Gyokeres, ainda na direita. Que passou pelo António Silva - há largos minutos em pânico - e entrou na área, sem qualquer condição para rematar. Ainda agora se não sabe o que passou pela cabeça do Renato Sanches; sabe-se apenas que fez o favor de lhe tocar, e que, na conversão do penálti, o sueco marcou, e mandou o jogo para o prolongamento. 

Que não podia deixar de ser penoso para o Benfica. Não, mais uma vez, pelas dificuldades  que o Sporting lhe impunha, mas pelas próprias circunstâncias. Todas!

Deu então para a entrada de Di Maria, na despedia. Em lágrimas. Lágrimas que não são as da despedida. Essas são bonitas. Estas, de Di Maria, não!

E o Benfica perdeu também a Taça. Vítima da aldrabice instalada no futebol português, e vítima dos seus fantasmas. No fim, Rui Costa falou da primeira. Tarde, muito tarde!

Acabou a aldrabice. Venha a próxima!

Não era possível esperar em Braga um Benfica galvanizado, a acreditar que o milagre ainda era possível. Ainda assim tinha de se esperar um Benfica determinado a ganhar o jogo, sabendo que só esse desenlace legitimaria qualquer crença.

Percebeu-se muito cedo que, ao encher de desperdício aquele quarto de hora inicial de domínio completo do jogo, o Benfica teria enormes dificuldades em atingir a vitória. Porque o futebol é impiedoso, e com o Benfica é ainda mais assim.

O Benfica poderia ter arrumado com a questão do resultado nesse primeiro quarto de hora. Ao desperdiçar golos feitos, como aconteceu com Leandro Barreiro e Pavlidis, no período em que o Braga andava aos papéis, o Benfica deu, mais uma vez, oxigénio ao adversário.

A partir daí o Braga fechou-se lá atrás, com 10 jogadores à frente do guarda-redes, e saiu em contra-ataque sempre que pôde. O Benfica deixou de conseguir rematar - havia sempre um pé ou uma perna a impedi-lo -, e deixou de ter soluções para concluir as inúmeras jogadas de ataque que sucessivamente criava.

No meio disto, como se já não bastasse, apareceu a arbitragem. O árbitro chamava-se Miguel Nogueira, é de Braga mas inscrito na A F Lisboa, mas podia chamar-se outro nome qualquer. Porque isto já não tem solução. O futebol em Portugal é uma fraude. Falta declará-la oficialmente.

A meio da primeira parte o Ricardo Horta teatralizou - já foi um bom jogador, agora dedica-se  à pantominice - o VAR chamou o árbitro e este, inacreditavelmente, assinalou penálti. O que não faria logo a seguir, quando o lateral direito do Braga se atirou para cima do Barreio, derrubando-o dentro da área.

Desta vez Trubin não podia deter o remate de Zalazar, ao ângulo superior direito.

O golo do Braga não mudou nada do que já vinha sendo o jogo, depois do tal quarto de hora inicial. O Benfica a atacar, sem encontrar espaços, e o Braga a contra-atacar, encontrando todo o espaço. E o árbitro a ignorar as faltas (e amarelos) dos jogadores bracarenses, a destabilizar ainda mais a equipa do Benfica. O clímax foi atingido já nos minutos finais da primeira parte, quando Zalazar, que já devia ter sido sancionado com o amarelo por duas vezes, agrediu Otamendi.

O rapaz do apito nada assinalou, o capitão do Benfica protestou, e acabou ele com o amarelo. Aí, a equipa caiu em verdadeiro desespero. Valeu Trubin, para agarrar a equipa até ao intervalo.

Esperava-se que Bruno Lage aproveitasse o intervalo para mexer na equipa, e alterar o rumo das coisas. Entre jogadores completamente perdidos, como Carreras, provavelmente já com a cabeça em Madrid, e Schelderup, provavelmente com o Nuno Magalhães na cabeça, e outros, como o Barreiro, em que o posicionamento (o mais adiantado do trio do meio campo) não estava a resultar, havia muito por onde escolher. 

Bruno Lage manteve tudo na mesma, e adiou as substituições por mais um quarto de hora, mantendo-se fiel ao seu princípio que as substituições só se fazem depois do minuto 60. E manteve Carreras até ao fim, a acumular asneiras. 

E a segunda parte acabou por ser uma das mais desgraçadas que se viram ao Benfica. O golo do empate - Pavlidis fez tudo, outra vez! - chegou logo a seguir às substituições. E logo a seguir ao golo, João Moutinho foi (bem) expulso (como também deveriam ter sido Zalazar e Racic). Com meia hora a jogar com mais um, as melhores oportunidades pertenceram ao adversário. E, mesmo com a grande exibição de Pavlidis, o melhor em campo terá mesmo sido Trubin.

E isto diz bem do jogo desgraçado do Benfica. Que era a última coisa que se desejava no transfere para a final da Taça, com passagem por Braga.

E pronto, acabou o campeonato. Dizem que foi competitivo, mas foi só uma aldrabice pegada.

Afinal ... o costume

O dérbi que tudo resolvia, nada resolvendo, tudo resolveu. E o Sporting já festeja o bi-campeonato. Porque dá tudo por resolvido, e porque tem que aproveitar - é coisa que já não lhe acontece há mais de 70 anos. Só lhes faltou irem já para o Marquês ...

Festejos antecipados à parte, fica um jogo em que o Benfica ficou aquém do que podia, e da sua obrigação; o Sporting foi a sorte do costume, pontapé para frente, e anti-jogo até vir a mulher da fava rica; e o árbitro, João Pinheiro, um fartote de vilanagem.

Poderia dizer-se que o golo do Sporting, logo aos 4 minutos, condicionou a estratégia do Benfica. Sim, mas esses tão escassos minutos já tinham dado sinais que o Benfica não estava tão afirmativo, autoritário e determinado quanto impunha um jogo que tudo decidia. E só verdadeiramente entrou no jogo com a primeira metade da primeira parte já esgotada.

Depois, a partir daí, sempre que pôde, isto é, sempre que lhe foi permitido jogar à bola, foi melhor. Só que nunca tão melhor quanto é sempre exigido ao Benfica para ganhar. E sempre longe do melhor que tantas vezes apresentou ao longo da época.

O Sporting passou a segunda parte a queimar tempo, com os jogadores no chão, a serem sucessivamente assistidos, fez um remate, e teve a sorte do de Pavlidis (fabulosa a jogada do golo, que ofereceu a Aktürkoglu, e incompreensível a sua substituição, ainda com 10 minutos para jogar) acabar com a bola no poste, em vez de dentro da baliza.

A arbitragem de João Pinheiro foi o normal. Da normal falta de qualidade dos árbitros portugueses, e da normal pressão que sobre eles é exercida, arte em que, através do domínio do espaço mediático, o Sporting é verdadeiro mestre. Não quis ver, nem ele nem André Narciso, o VAR e outro velho conhecido, o penálti sobre o Otamendi, ainda na primeira parte. Não quis dar o segundo amarelo a Hjulmand. Mas mais: bastava aos jogadores do Sporting mandarem-se para o chão para assinalar falta; os do Benfica eram violentamente pisados, ostensivamente empurrados, mas ... nada.

E foi isto "o jogo do século". Afinal, apenas o costume... O transfere disto tudo para a final da Taça, daqui a duas semanas, é o que falta ver.

 

Inter e PSG na final de Munique

PSG x Inter de Milão — Foto: Editoria de Arte

Depois da jogatana de ontem, em Milão, de cortar a respiração, com a repetição do 3-3 de Barcelona a empurrar para prolongamento a decisão de uma das mais fantásticas eliminatórias da História da "Champions", com aquele golo do improvável Acerbi já no fim da "compensação", com o Inter a assegurar a presença na final de Munique com o golo de Fratesi à beira do minuto 100, hoje, o PSG assegurou, em Paris, a outra vaga para a capital da Baviera.

Depois do 1-0 em Londres o PSG, que Luís Enrique transformou numa grande equipa, com um grande futebol, voltou hoje a ganhar ao Arsenal, por 2-1, e irá chegar a Munique como favorito.

Mas também o Bayern de Munique o era, nos quartos de final e, mais ainda, o Barcelona nesta meia final. Este Inter, de Simone Inzaghi, não liga muito a isso do favoritismo. E vai disputar a segunda final em três anos. Afinal tantas, em três anos, quantas as de toda a História do PSG.

Jogo(s) armadilhado(s)

O jogo desta noite, na Amoreira, cheia de benfiquistas, não era apenas o jogo com o Estoril. Nem era apenas o jogo da jornada 32, o ante-penúltimo da época. Era o jogo que antecedia o dérbi, que tudo vai decidir.

Era um jogo com dois jogos lá dentro, sabia-se. E, desconfiava-se, também um jogo armadilhado.

Sem Carreras - com o quinto amarelo - no onze, e com Dahl no seu lugar, e sem Di Maria, já no banco, depois de ter saído lesionado em Guimarães, há duas semanas, e com Amdouni no seu lugar, o Benfica entrou forte no jogo. A ideia - e bem - seria resolver depressa o primeiro jogo para, depois, jogar tranquilamente (para) o segundo

A ideia era boa. Como boa era a ideia que o Benfica trazia para o jogo, com a equipa muito subida, a pressionar alto, bem em cima da área estorilista. Os jogadores do Estoril viram-se como que asfixiados, impossibilitados de praticar o futebol associativo que gostam, e sabem jogar. A estratégia rapidamente começou a dar resultados.

Aos quatro minutos já o Benfica estava a criar a primeira situação clara de golo, com Amdouni a desmarcar Aursenes que, isolado, acabou por permitir a defesa do guarda-redes, Robles. No canto, Florentino desperdiçou uma recarga fácil, não acertando na baliza. Logo a seguir, mais uma jogada rápida e bem desenhada, muito semelhante à anterior, desta vez com Kokçü a conduzir a bola e a servir Aursenes, que desta vez não falharia.

O golo não alterou nada do jogo, que continuou rijo, com muita luta pela bola, mas sempre com a mesma toada de domínio benfiquista. Praticamente absoluto, sucedendo-se as oportunidades de lances de golo, que não é bem a mesma coisa de claras oportunidades de golo. Essas não eram assim tantas, porque havia sempre qualquer coisa a não correr bem.

Eram os cruzamentos de Aktürkoglu, eram os remates a Kokçü, ou era a chegada de Pavlidis. E era ... o Sr João Gonçalves, o árbitro do Porto que desta foi encomendado para armadilhar o jogo.

Cedo esse Sr João Gonçalves começou a mexer os cordelinhos: logo no lance inicial, uma falta para amarelo sobre Aktürkoglu à entrada da área estorilista foi transformado num lançamento pela linha lateral a meio campo. Aos 27 minutos, uma falta para amarelo sobre Pavlidis, em cima da linha da área, foi transformado em falta e amarelo para o ponta de lança benfiquista.

À meia hora de jogo o Benfica tinha cinco faltas assinaladas. O Estoril, com jogadores a meter o pé sem dó nem piedade, zero!

A primeira falta assinalada contra o Estoril aconteceu aos 35 minutos, e da sua cobrança, por Dahl, sairia o segundo golo do Benfica, por Otamendi.

De novo nada se alterou com o golo. E o jogo chegou ao intervalo com o 2-0, quer era escasso para reflectir o que se tinha passado no relvado.

O Benfica entrou para a segunda parte no mesmo ritmo, e com vontade em alargar o resultado, para poder passar ao segundo jogo. Acabou por não conseguir voltar a marcar, e por não demorar mais que 10 minutos a fazer o transfer, o que coincidiu com a lesão de Amdouni, substituído por Schjelderup. E o Estoril começou a crescer!

Ainda se não tinha dado pelo crescimento do Estoril, embora já se tivesse dado pelo encolhimento do Benfica quando Otamendi - no melhor pano cai a nódoa - errou um passe e  acabou a tocar Begraoui, já dentro da área, com o árbitro a apitar de imediato para a marca de penálti. Com tanta pressa que já não pôde validar o golo, quando a bola acabou por entrar na baliza de Trubin. Que defendeu depois o penálti!

Na recarga, o brasileiro Zanocelo acertou na trave. Mérito, primeiro. Sorte, depois. Mas convinha não abusar... 

O treinador estorilista, Ian Cathro - um tipo que parece que sabe o que faz -, fez entrar o ponta de lança espanhol Marqués e o criativo argelino Guitane (um craque, que só aparece nos grandes jogos, e que estranhamente não pegou em Braga), que mexeram com o jogo. E o golo do Estoril acabou por não tardar mais que meia dúzia de minutos, na vingança de Zanocelo.

Que cinco minutos depois deveria ter sido expulso, com vermelho directo - que o tipo do Porto transformou em amarelo - por uma entrada que poderia ter partido a perna do Florentino. Os últimos minutos, incluindo os oito de compensação que o tipo do Porto inventou, não foram muito mais do que repetidas entradas às pernas dos jogadores do Benfica. Que na maior parte delas ainda levavam também com a falta.

Logo a seguir ao golo do Estoril entraram Barreiro, substituindo Aktürkoğlu, e Belotti (Pavlidis), que foram protagonistas de mais uma série de habilidades do tipo do Porto. Ambos participaram numa das últimas oportunidades de golo do Benfica, ao minuto 86, que acabou num penálti sobre o italiano, que o Sr Gonçalves ignorou. Logo a seguir Barreiro foi ceifado pelo Zanocelo, que ainda lá estava, impune a bater em tudo, com o Sr Gonçalves a assinalar falta ... contra o Benfica.

Não se pode calar o que se viu do Sr Nobre, no jogo com o Arouca, o que se viu há uma semana, do Sr Carlos Macedo, no jogo com o AVS, e o que se viu hoje. E não é com comunicados bacocos, quando se perde. Nem com Rui Costa, como se viu hoje, a limitar-se, na rua e meio envergonhado, a dizer "vocês viram" a quem lhe estendeu o microfone.

 

A importância do resultado

Bonita tarde de sol, e a Luz com casa cheia, para receber o Aves - ou lá o que é aquilo - no primeiro dos últimos quatro jogos que restam para decidir este campeonato. 

A informação que se ouviu da instalação sonora dava conta de pouco mais de 58 mil nas bancadas. De lá, das bancadas, a pequena clareira que se avistava num dos topos não parecia ser suficiente para "roubar" tanta gente à casa cheia.

O jogo começou com um susto, logo na saída de bola, com um pontapé longo a levar a bola para a área do Benfica, e Akinsola a chocar com Trubin. Na verdade dois sustos, o da bola ali meio perdida até ser afastada pelo António Silva; e o de Trubin, abalroado, no chão. Passado esse susto em dose dupla, o Benfica pegou no jogo e desatou a jogar à bola.

Sem Florentino e Di Maria, Bruno Lage surpreendeu com Amdouni, sobre a direita, e Dahl, na esquerda, com Akturkoglu em zonas mais interiores. Que marcou logo na resposta ao susto inicial, com o golo a ser anulado por fora de jogo. Que a olho nu não era perceptível, pelo logo suou a estranho que o árbitro - Carlos Macedo, mais uma estrela da arbitragem nacional a despontar e, pelo que se viu, com futuro garantido - tivesse sido tão convicto e imediato a assinalar fora de jogo a Dahl, que assistira para o golo. Viria a saber-se depois que as linhas do VAR marcavam 8 centímetros. 

A cena repetiu-se repetidamente - o pleonasmo é propositado - nos minutos seguintes. Foras de jogo que não se percebiam eram sucessivamente assinalados, interrompendo jogadas que nunca era deixadas concluir. Aí nem davam hipótese de ser confrontadas com nada.

Não se ficou por aí o Sr Carlos Macedo, a mostrar que não é preciso marcar, ou não marcar, penáltis, expulsar ou poupar à expulsão, para o árbitro influenciar directamente o caminho do jogo e o resultado. Este árbitro, inscrito na Associação de Braga, mostrou como se faz, e o que se pode fazer, mesmo num jogo de sentido único, de domínio avassalador de uma equipa, sem quezílias, e muito fácil de arbitrar. 

O Benfica jogava, dominava o jogo por completo, ia criando sucessivas oportunidades de golo e, aqui e ali, até marcando. Os primeiros golos, entre muitas oportunidades, surgiriam de bola parada, em cantos bem preparados em laboratório. O primeiro, logo aos 8 minutos, por Tomás Araújo em recarga ao remate de António Silva, num lance que o Benfica viria a repetir, vezes sem conta. O segundo tardou mais um quarto de hora, novamente com um canto curto da direita, seguido de combinações ao primeiro toque entre Kokçu, Dahl e Pavlidis, a entrar junto ao primeiro poste para finalizar. Um regalo para a vista!

O terceiro, o primeiro de bola corrida, demorou menos de três minutos. Dahl, outra vez, desta a cruzar para a área, para Amdouni surgir no corredor central, tirar um adversário da frente e bater Ochoa, com classe.

Depois, mais um largo período, quase outro quarto de hora, para o quarto: recital de Pavlidis e  Akturkoglu a encostar, nas costas de Ochoa. 

O que é acontecia no intervalo entre os golos?

Pois, o que acontecia, era o tal Sr Carlos Macedo fazer tudo para cortar o domínio avassalador do Benfica. Quando tinha de dar a lei da vantagem, não dava. Interrompia o jogo. Se um jogador do Aves se sentasse no chão, interrompia o jogo. Se, mesmo depois de não aplicar a lei da vantagem, os jogadores do Benfica marcavam rapidamente a falta, parava o jogo e mandava repetir. A pretexto de tudo, e de nada, interrompia o jogo para entrar em diálogo com os jogadores.

O Sr Carlos Macedo fez tudo, mas mesmo tudo, para quebrar o ritmo do jogo, e para interromper a avalanche de futebol do Benfica. Por isso o resultado era apenas de 4-0. E por isso saiu para o intervalo debaixo de uma imensa vaia. 

A segunda parte foi diferente. O Benfica levantou o pé, e o jogo, os jogadores, e até as bancadas foram, por esta ordem, adormecendo. O Aves - ou lá o que é aquilo -  até teve uma oportunidade para marcar, que Trubin resolveu. O árbitro estava então nas suas sete quintas, donde sairia logo que o Benfica voltou a carregar no acelerador, para acabar em alta, a deixar de novo as bancadas a arder. Como o Benfica tinha regressado ao ritmo, e aos golos, o senhor árbitro entendeu dar 2 minutos de compensação. Lourenço Pereira Coelho protestou, e foi expulso!

Os jogadores acordaram com as substituições - primeiro com Belotti e Schjelderup, para as saídas de Carreras, que não vai jogar no Estoril, por ter visto o quinto amarelo, e Amdouni; e depois Prestiani, Cabral e Barreiro -, e as  bancadas com a onda. Que nem é a coisa mais empolgante deste mundo. 

E foi com as bancadas empolgadas e pedir o 39, e os jogadores de novo acordados que o resultado subiu. Belotti marcou o quinto, numa transição conduzida por Akturkoglu. Otamendi, de cabeça, fez o sexto, novamente na sequência de uma bola parada, numa recarga a uma defesa incompleta de Ochoa a um livre de Kokçu.

Não é - de todo - provável que o título venha a ser decidido pela diferença de golos. Sendo absolutamente improvável, não é pois, por isso, que importa o resultado, que tão visivelmente incomodava o Sr Carlos Macedo. Só tem importância porque o Sr Varandas anda por aí a apanhar as canas dos foguetes do melhor ataque e da melhor defesa.

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