Na Madeira vamos tendo um governo sem programa, sem orçamento, mas com um chefe inamovível. Por cá, pelo continente, André Ventura não tem vergonha nenhuma da forma como "inquiriu" (na Comissão Parlamentar de Inquérito) a mãe das gémeas brasileiras. Marques Mendes diz que o "Dr Nuno", ao não dizer nada, continua a criar problemas ao pai, Marcelo. Que, nada mais dizendo disso, diz que as "poucas vergonhas" das escutas, e das violações do segredo de justiça, serão resolvidas com a reforma da Justiça, remetendo uma questão de "simples vergonha" para as calendas das reformas. Já não se adiam reformas, adiam-se os problemas de simples aplicação da lei para as sempre inexecuíveis reformas.
E Cristiano Ronaldo continua a dividir. E a extremar, com "haters" de um lado e, do outro, os "haters dos "haters".
Nem sei quem é mais extremista. Para os "haters dos haters" já vale tudo: um passe - uma assistência, a quinta em seis participações, que iguala o record de Poborsky, numa única - uma carícia numa criança, ou a recepção a invasões de campo para a selfie a preceito. Para os "haters" o passe só aconteceu por ter pensado que estava fora de jogo, e tanta invasão de campo, num território de competência como o alemão, só pode ser manobra da toda poderosa "Nike", o patrocinador da selecção alemã, da portuguesa ... e de Cristiano Ronaldo.
O Dr Nuno meteu uma cunha ao pai para que as duas gémeas brasileiras fossem tratadas em Portugal com o tal tratamento de milhões. O pai do Dr Nuno, presidente da República Portuguesa, despachou o assunto para a Casa Civil da Presidência. Que encaminhou o assunto para onde bem entendeu, "a bem da Nação".
Isto aconteceu há cinco anos. E veio a público há mais de seis meses.
Do Dr Nuno, não se soube mais nada. Do pai do Dr Nuno, soube-se que foi "metendo os pés pelas mãos", dizendo e desdizendo. Entre o que disse e desdisse, acabou, há apenas umas semanas, a dizer que cortou relações com o filho, com quem nada quer ter a ver.
Da Casa Civil da Presidência nunca mais se ouviu falar. Nem de "quem é quem".
O caso do tratamento das gémeas brasileiras condensa num único volume tudo o que é o funcionamento da sociedade portuguesa.
Na verdade em Portugal a "cunha" é uma instituição, a subserviência é uma forma de vida, o poder não precisa de ser exercido, basta ser exibido, e a política é um "salve-se quem puder" à custa dos jogos de palavras e de descaramento.
Ontem, o Presidente Marcelo - a última das personagens da cena política nacional que se imaginaria apanhado nestes enredos - deixando-nos a ideia, de que já desconfiávamos, que em televisão o humor é mais temível que o jornalismo de investigação (Marcelo "falou" logo no dia a seguir a Ricardo Araújo Pereira ter "pegado no assunto" para dizer o que sempre recusou à TVI/CNN), confirmou-nos tudo isso.
Incluindo o desfaçatez de que ninguém o julgava capaz. De princípio a fim. Abriu a querer convencer-nos que o filho dele - ou de alguém - começa a falar com pai, seja do que for, por "mail". Como se, mesmo que por absurdo, isso tivesse acontecido, não conhecêssemos todos o Marcelo para saber que seria ele próprio a pegar de imediato no telefone a perguntar-lhe o que era aquilo. E fechou a querer convencer-nos que, ao remeter aquele processo - já depois de ter circulado por todas as entidades competentes, e ter sido dado por encerrado em resposta do Hospital de Santa Maria - para o Gabinete de o Primeiro Ministro, simplesmente fez o que faz com todos os milhares de pedidos que diariamente lhe chegam de todo o país.
Pelo que já se conhece, incluindo o que mesmo ainda se não conhecendo já é por demais conhecido, não fossem esses exageros de desfaçatez, e seria fácil concluir que Marcelo fora apenas vítima da utilização do seu nome. Assim, com tantos exageros, fica apenas mais fácil concluir que Marcelo mexeu em tudo com o cuidado de não deixar impressões digitais. Mas deixando-se enrolar num grande novelo.
Folha seca é a expressão que o futebolês criou para identificar um gesto técnico de remate: um remate desferido com a parte interior do pé que leva a bola a descrever uma curva no sentido do pé contrário. A bola parte de um ponto e descreve a curva que a leva a fugir … fugir… Vai fugindo do guarda-redes como se de uma folha seca se tratasse: leve, levemente levada pelo vento, que nos foge a cada vez que a tentamos agarrar!
Daí que, a exemplo de todas as que por aqui têm passado, a expressão faça todo o sentido, o que só abona em favor do próprio dialecto.
Mas falar da folha seca sem falar da sua irmã gémea – a trivela – seria deixar de fora uma parte de si própria. É conhecida a fortíssima ligação dos gémeos: num, há sempre um pouco do outro, ou não estivéssemos perante um dos mais interessantes mistérios de partilha e de cumplicidade!
A trivela pode nascer do mesmo pé – gémea verdadeira – ou do pé contrário – falsa gémea, mas igualmente irmã gémea. Mas, ao contrário da folha seca, é impulsionada com a parte exterior do pé: chama-se-lhe também pontapé dos três dedos, o que permitiria chamar à folha seca pontapé do joanete. A partir daí faz a sua vida, que é como quem diz, faz a sua curva – agora no sentido do próprio pé que remata. Depois tudo continua igual: a bola sempre a fugir do guarda-redes que, por mais que se estire, nunca a conseguirá encontrar.
Como duas belas jovens gémeas, também a folha seca e a trivela cultivam uma certa rivalidade. Afinal uma quer sempre ser a mais bela das duas…
Não sei se é a trivela a mais bonita, mas talvez seja a que mais deu nas vistas! Por ter dado umas voltas com um ciganito que por aí andava? Acredito que sim!
Por isso hoje dei a ribalta à folha seca!
Por isso e porque me faz lembrar esta equipa do Benfica. Porque, sabendo-se de onde partiu, não se sabe onde irá acabar por cair. Sabe-se que anda por aí, à toa, ao sabor do vento, sem destino certo e afastando-se de todos os objectivos, um a um, como a bola em folha seca se afasta de quem a possa deter. Porque, como as folhas secas, também começou a cair no Outono. E, também como elas, não demonstra capacidade para alterar o rumo que os ventos lhe traçam nem fugir ao terrível destino de estatelar ao comprido e, quem sabe, acabar pisada, esmagada e triturada. Reduzida a pouco menos que nada!
Desde o início de Agosto que aqui se tem falado no que falhou. Não vale a pena repeti-lo.
Agora, se nada for rapidamente feito, se ninguém puser ordem na casa e assumir as responsabilidades que não podem ser negligenciadas, o Benfica corre o risco de nada ganhar e de voltar a recuar no difícil percurso da recuperação do prestígio perdido. Corre sérios riscos de, como o país, continuar a divergir.
Em circunstâncias normais, no final desta e a exemplo da última época, teria de vender os passes dos jogadores mais valorizados. Na calha estavam, vindos já da última época, David Luiz, Fábio Coentrão e Cardozo! Afastado dos milhões da champions tem agora, em compensação, de vender mais e mais cedo. O problema é que o acelerado processo de desvalorização em curso não transforma apenas as cláusulas de rescisão em miragens. Vai obrigar mesmo a vender em saldos!
É o resultado de evidente falta de competências na gestão dos recursos que fazem hoje o negócio do futebol. É difícil de entender como é que ninguém foi capaz de pôr mão no David Luiz, deixando transformar um grande jogador de futebol numa pseudosuperstar displicente e irresponsável. Como se está a matar o melhor jogador da equipa – Fábio Coentrão – transformando um dos melhores laterais esquerdos do mundo num jogador esforçado mas pouco mais que vulgar.
É evidente que as responsabilidades principais não podem ser imputadas a Jorge Jesus. Terão que o ser a quem permitiu que ele se blindasse da forma que o fez e que se auto barricasse transformando-se em refém de si próprio.
Recordam-se dos deprimentes últimos jogos de Camacho, quando ele surgia invariavelmente incapaz de encontrar explicação para aquilo? Quando se ficava por “um não sei explicar, não encontro explicação”? Jorge Jesus, como se vê, já está nessa fase …
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