Depois do 35, a sétima. A sétima Taça da Liga... Em nove, no pleno das sete finais.
Foi num jogo divertido, mexido, nada arrastado, que nem parecia de fim de época, que o Benfica conquistou a sétima, depois de uma semana a festejar o tri. Ou tri(nta) e cinco...
Claro que os oito golos ajudaram. Uma final com oito golos terá sempre de ser um belo jogo. E, claro, o adversário ajudou. Com uma bela prestação, disputando o jogo como se deve disputar uma final. E não mereceria certamente um resultado tão desnivelado: 6 a 2 é um resultado muito pesado para o que o Marítimo fez.
Mesmo assim, mesmo num jogo de encher o olho, com um resultado que envaidece a vaidade de ser benfiquista, não é do jogo que quero falar.
É de Gaitan, o homem do jogo, que quero falar. Do nosso Nico, de quem já morro de saudades. Que entrou e saiu do campo a chorar, também ele já com saudades do Benfica. E de nós, como nós dele. Um benfiquista, como nós. Que há seis anos, quando chegou para ocupar o lugar do seu compatriota Di Maria, não queria ter vindo. Mas veio, e depois de todos estes anos, em que cada um seria o último, com a sua saída sempre como uma espada sobre as nossas cabeças, vai mesmo embora. E vai a chorar...
Como a chorar ficamos nós, agarrados á memória da sua fantasia, do seu génio, da sua arte... Um artista completo e único, como fez questão de nos lembrar na despedida, naquele quarto golo. Que num único gesto conseguiu meter um quadro de Rembrandt, um poema Pessoa e uma sinfonia de Beethoven.
Que sejas feliz, Nico. Que o novo campeão europeu te saiba tratar como mereces!
O Nelson Semedo voltou. O Gaitan voltou. O Talisca voltou. Até o Gonçalo Guedes voltou...
A arte à volta de uma bola voltou. A magia do jogo voltou... Os golos de encantar voltaram. Tudo voltou. Partir, partir mesmo só os patinhos feios. Partiram todos, não ficou nenhum!
Gaitan voltou, mas não voltou sozinho. Voltou com a magia única que só ele transporta: aquele terceiro golo é uma coisa do outro mundo. Talisca, e ver aqueles golos - três, o último também para não esquecer - é ter a garantia que, ao contrário do que toda a gente pensava, ele não tinha mesmo desaparecido. Apenas foi mal tratado, e regressou logo que alguém soube cuidar dele...
Agora que tudo - quase tudo - voltou, tem que ser para ficar...
Ah... Já me esquecia: o jogo foi em Moreira de Cónegos, uma capelinha (uma miniatura da Catedral), e ficou em 6-1. A máquina continua a fazer golos. Muitos e bonitos!
Assistimos esta noite na Luz a uma das maiores injustiças alguma vez vistas num estádio de futebol quando, a dez minutos do fim, o árbitro expulsou Gaitan do jogo. Mandar sair do jogo quem estava a fazer aquilo que o génio argentino estava a fazer, deslumbrando o mundo com uma exibição que só muito raramente o mundo pode ver, é inscrever na História do futebol uma das suas maiores aberrações.
Roubarao jogo o seu maior artista é matá-lo. E matar é crime. Sempre!
Acresce que, da maneira que aconteceu, é crime agravado. Com o dolo todo, com todas as agravantes que se quiser. Já que é impossível contar tudo o que de fantástico Gaitan fez neste jogo com os turcos do Galatasaray, vale a pena contar o que o árbitro fez: estava o jogo a aproximar-se do intervalo quando um avançado turco, poucos minutos depois de ter visto um amarelo por ter armado confusão, joga a bola com a mão em clara tentativa de enganar o árbitro. Pelas leis do jogo teria de lhe mostrar o amarelo, que seria o segundo.Não o fez, em vez disso mostrou-o a Gaitan, por protestar a sua decisão. Muitos minutos depois, faltavamentão 10para ofim do jogo, o argentino desenha no relvado mais uma jogada do outro mundo,porventura a mais portentosa, deixando de calcanhar para que oJimenez permitisse uma defesa assombrosa - para canto - ao guarda-redes uruguaio da equipa turca. Da marcação docanto a bola sobra para um adversário, que parte para o contra ataque. Gaitan perseguiu-o, tentouo corte, mas fez falta. Para amarelo. O segundo. Que, para o crime ser hediondo, desta vez o árbitro não poupou.
Depois distonada mais do jogo tem qualquer interesse, mesmo com o que vale esta vitória do Benfica. E vale muito. Nem mesmo que o Luisão tenha estado nos três golos, e que tenha exigido respeito!
Foi dia de abertura de Champions na Catedral. Que não feche tão cedo, é o que se deseja.
As coisas até nem começaram nada mal com duas preciosidades logo a abrir. Primeiro Gaitan, como que a avisar ao que vinha, e logo depois o puto Nelson. Só que depois percebeu-se que a equipa estava amarrada e que, ao contrário dos ponteiros do relógio que não paravam, tardava em soltar-se. Não acelerava o jogo nem lhe trazia intensidade. As oportunidades de golo não surgiam - daquelas flagrantes, apenas duas -, a equipa casaque começava a parecer confortável naquele jogo, e o próprio árbitro, naquilo que dependia dele, só atrapalhava, ignorando por exemplo um penalti sobre o Nelson Semedo.
A esperança começou a voltar-se para a segunda parte. Tinha que ser - só podia ser - melhor. Só que logo que chegou assustou. E a sério: aquele primeiro minuto foi deveras assustador.
Foi aterrador, mas foi só um minuto. Até porque pouco depois Gaitan, numa fabulosa jogada individual, inventou o golo que só ele podia inventar. Depois, já se sabe... Depois do primeiro golo solta-se o futebol de Vitória. E veio logo o segundo, então já numa fantástica jogada colectiva. E mais e mais oportunidades, muitas, até a equipa decidir repousar o jogo. E repousar no jogo.
Bem sei que vão dizer que era o Astana, muito bons nas bicilcetas mas fraquinhos de bola. Claro que é a equipa teoricamente mais fraca do grupo. Mas se ganhar é sempre bom, na Champions é ainda melhor. E ganhar com exibições fantásticas como a de Gaitan - mas também de Samaris - está perto da perfeição. Quase perfeito!
Ia a primeira parte a meio quando dei comigo a pensar que desta vez o Benfica tinha trocado as voltas ao jogo. Que tinha trazido para os primeiros vinte minutos os últimos vinte minutos dos jogos anteriores.
Aos poucos percebi que não era assim, que alguma coisa tinha mudado e que o espectáculo era para continuar. Então recostei-me melhor e deixei-me ir, deliciado e muitas vezes extaseado pela magia de Gaitan e pela arte de Jonas que um espantoso concerto colectivo não conseguia ofuscar.
Um concerto que consertou de vez - espera-se - a máquina de Rui Vitória. Agora não pode haver mais espaço para dúvidas. Sabe-se que não vai ser sempre assim, que hão-de vir dias em que nem tudo corre assim bem. Mas não se pode andar para trás, este tem que ser o ponto de partida, nunca o ponto de chegada.
A equipa pode não atingir sempre este altíssimo patamar exibicional, mas fica obrigada a entregar-se ao jogo da mesma forma, a pressionar da mesma maneira, a atacar a bola e o adversário com o mesmo entusiasmo, a mesma convicção e a mesma energia. Porque só assim pode marcar golos e sabe-se, já se sabia, que o Benfica é outro logo que marca o primeiro.
A chave do futebol deste Benfica de Rui Vitória está no primeiro golo. Por isso não há segredos: é entrar para marcar cedo, em vez de entrar à espera do que o jogo possa dar. É isso que se espera daqui para frente. Não se pede mais que isso.
É que assim é mais fácil repetir noites de gala como esta. De vez em quando, também não se pode exigir isto todos os dias...
Estamos em Janeiro. A 10 de Janeiro, e a tradição ainda é o que era… Tem invariavelmente sido assim: em Dezembro as coisas correm mal, mesmo com exibições medonhas, Depois vem Janeiro, saem até jogadores fundamentais e de repente o Benfica de Jesus começa a jogar bem, e de titubeante passa a demolidor.
Era justamente por isso que aqui vinha suplicando por Janeiro…
Sob o comando de um deslumbrante Gaitan, hoje capitão, o Benfica fez uma primeira parte brilhante, a roçar a perfeição podendo ter chegado aos cinco ou seis golos. Na segunda parte, sem nunca ter perdido o domínio e o controlo total do jogo, mau grado algumas falhas de concentração na parte final, a exibição do Benfica não teve o mesmo brilho. Mas teve mais golos!
Nunca pelos benfiquistas – jogadores e adeptos – passou qualquer tipo de ansiedade. O jogo teve um único momento em que alguma dúvida, ou mesmo alguma inquietação, se possa ter apoderado de alguns. Certamente que ao minuto 35 da primeira parte, quando a bola, desta vez rematada por Jonas, bateu pela terceira vez nos ferros, alguns dos muitos adeptos que acreditam em bruxas, terão receado que alguma coisa pudesse vir a correr mal!
Não correu, e o azar ficou-se pelas três vezes em que a bola foi rechaçada pelos ferros, quando bem poderia ter ficado anichada nas redes do Vitória de Guimarães. O árbitro, Rui Costa – mais um árbitro do Porto, têm sido todos de enfiada – também ainda fez alguma coisa para que houvesse bruxas, mas nem isso resultou. Porque jogar bem é sempre o caminho mais fácil para o sucesso, contra o que quer que seja!
Janeiro chegou quando tinha que chegar, quando o calendário o assinala. E aí está, com a equipa sem sofrer golos e com os jogadores lesionados a começarem a regressar. Hoje foram o Eliseu (e logo a tempo inteiro) e o Salvio. Para além do Sílvio que, se já é convocado, é porque já está recuperado.
E o Gaitan atravessa apenas o melhor momento da carreira. Está verdadeiramente fantástico...
Até parece que o Benfica anda a brincar com o fogo…
Hoje, ao contrário do que sucedera com o Moreirense na semana passada, o Benfica entrou a todo o gás, como se tivesse aprendido a lição. Dois golos, uma bola no poste, oportunidades de golo sucessivas e um domínio asfixiante em vinte minutos de luxo dão conta da forma como o Benfica entrou na partida. Nem podia ser de outra maneira, em jogo estava um momento seguramente importante do campeonato, a oportunidade que não podia ser desperdiçada de alargar, para quatro e seis pontos, a vantagem sobre os seus dois mais directos adversários!
Não se pode dizer que a partir da meia hora o Benfica tenha desaparecido, abandonado o jogo. Mas pareceu que a equipa quis partir do Estoril para Leverkursen, sem passar pelo aeroporto. Perdeu rigor e concentração e permitiu ao Estoril entrar no jogo. Depois, sabe-se como é: as circunstâncias do jogo alteram-se e quando menos se espera está tudo virado do avesso.
Ainda na primeira parte o Estoril reduziu. Percebeu-se que o Benfica reagiu bem, mas as oportunidades criadas continuaram a ser desperdiçadas. E quando, logo no início da segunda parte, empatou – num lance irregular, mas isso são circunstâncias de jogo – o cenário de repente complicou-se, até porque as coisas começavam a não sair tão bem…
Foi de novo já em superioridade numérica que o Benfica chegou à vitória, num golo que o Lima deu a ideia de ter roubado ao Derlei, depois de falhar tudo o que havia para falhar, tornando-se no maior responsável pela forma incrível como a equipa desperdiça o talento único de Gaitan.
Que pena, tantos passes mágicos e toques de génio sucessivamente desaproveitados… Devia ser crime!
Vale que, falar de talento, é também falar de Talisca...
O Benfica perdeu com o Chelsea, o tal adversário escolhido pelo Jorge Jesus. Podia muito bem não ter perdido, mas perdeu! Com queixas da arbitragem - mais uma vez e a provar que não é só por cá, embora cá seja mais frequente e mais grosseiramente (não se pode dizer muito mais porque eles já ameaçam com greve) - que não viu que, às vezes, os jogadores de Abramovich jogavam a bola com a mão, uma delas bem dentro da área. Com queixas da sorte e com queixas (e saudades) do Ramires, o melhor jogador da equipa do magnata russo, que para lá vimos partir, juntamente com David Luiz (que saudades também, agora que não há Garay), a troco de uns (poucos) milhões. E com queixas do Di Mateo, que é italiano. E, de uma forma geral, de todos os jogadores do Chelsea, que não aceitavam os esquemas tácticos do André Vilas Boas mas que, pelos vistos, aceitam bem a táctica de retranca italiana deste anterior adjunto.
O Benfica, sem atingir o brilhantismo, jogou bem, e Gaitan, em particular - isto, quando é para inglês ver, é mesmo outra coisa - jogou mesmo muito bem. Que jogue assim também no que resta do campeonato nacional, para que, quando no final da época partir para Inglaterra, não deixe cá dívidas.
Podia o Benfica ter ganho, mas não ganhou, o que já se vem tornando hábito. Porque, pela primeira vez em muitos jogos, não marcou na Luz: mais um recorde, pela negativa, destes últimos tempos. A eliminatória está no mau caminho, apesar do Jorge Jesus achar que não. Na próxima quarta-feira há mais, em Londres. Mas a coisa está mal encaminhada!
Antes disso há sábado. Sábado, na Luz, com o novo líder do campeonato. É a prova dos nove!
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