Logo às primeiras horas da notícia da morte do Papa Francisco, para o evocar, Carlos Moedas falou de si próprio e fez de si próprio o centro da conversa.
À noite, à entrada da Sé Catedral, para a missa celebrada pelo Cardeal Patriarca de Lisboa em memória do Papa, repleta de televisões, enquanto as altas individualidades que iam surgindo se desviavam das câmaras e dos microfones, porque o momento não era para palavreado, como por exemplo referiu o ministro Paulo Rangel, lá surgiu também Carlos Moedas.
Estendido o microfone lá disse que estava à espera do Senhor Presidente da República, para entrar com ele. Incapaz de lhe resistir, imediatamente soltou a picareta falante que lá tem dentro, e que não mais conseguiu calar. Falou de si, e de si, e de si ... Tanto que Marcelo chegou, atravessou o largo, subiu as escadas, passou-lhe mesmo ao lado e entrou. Quando acabou, quando já não tinha mais que dizer de si, lembrou-se que estava à espera do Senhor Presidente da República.
E lá ficou à espera ... a fazer a triste figura dos pequeninos a quererem ser grandes ...
Muito pequenino, mas gente extraordinária, este Carlos Moedas.
Há uma década Miguel Relvas era, à época, uma espécie de Miguel Arruda. Não que tivesse sido apanhado a roubar malas num aeroporto qualquer, tinha apenas sido apanhado a roubar licenciaturas. Queria ser doutor, sem ter estudado.
O vexame, então, não foi no entanto menor que o do açoriano, ex-deputado do Chega.
Uma década depois o doutor Relvas está de regresso às televisões, com tudo esquecido. Bota palavra, comenta tudo o que vem à mão, e do alto da sua cátedra diz a Montenegro que, formar governo com André Ventura, não é uma simples questão de oportunidade. É uma alta questão de responsabilidade!
As projeções macroeconómicas do Conselho das Finanças Públicas preveem um saldo orçamental nulo para este ano e um regresso aos défices em 2026, e o Conselho de Finanças Públicas deixou o aviso.
Bem pode Luís Montenegro experimentar os mais arrojados exercícios de contorcionismo para se desviar das perguntas sobre coligações com o Chega, como o RAP ainda ontem mostrou no seu "Isto é gozar com quem trabalha". Bem pode meter os pés pelas mãos com respostas que não respondem. Bem pode jogar com palavras para encontrar respostas claras sem a clareza do "sim" ou do "não"...
Bem pode fazer estes números todos ...se, depois, recorre ao mesmo discurso do Chega. Sem tirar, nem pôr!
Dá para perceber que a estratégia de Montenegro é não ir dizendo o que faz, para ir dizendo o que o Chega diz. É o mesmo contorcionismo de palavras, mas com a vantagem de ir habituando as pessoas. Quando se olhar para o PSD "feito num 8" já ninguém fica surpreendido!
Montenegro é, evidentemente, dessa gente de elevada estatura, digna de ser levada a sério. Daquela a que aqui chamamos gente extraordinária.
Mais um caso a abrilhantar estes dias que vivemos. Desta vez na Câmara Municipal de Lisboa, alvo de buscas da Polícia Judiciária. Tem nome, como não podia deixar de ser, e chama-se Operação Olissipus
Enquanto dela nada sabemos, ficamos a saber que o Presidente Fernando Medina, ainda antes de alguém olhar para ele, já estava a apontar o o dedo para Manuel Salgado, que já lá não está. Com o desplante de dizer que não era ele a apontá-lo, era o comunicado da PJ. Que não o fazia.
Bonito de se ver.
Como bonito foi ver Carlos Moedas a sair à pressa pata surfar a onda, comparando logo Medina a Sócrates.
Gente de elevada estatura, digna de ser levada a sério. Aqui chamamos-lhe gente extraordinária.
O líder parlamentar do PSD escolheu o dia do primeiro aniversário da tomada de posse do presidente Marcelo para o acusar de ter sido indelicado para Teodora Cardoso. Não acerta uma, este Luís Montenegro. Se ao menos tivesse escolhido o dia de ontem...
... E para dizer que se a geringonça cair, não é preciso ir para eleições antecipadas... Como se há um ano não se tivesse dado esta troca de cadeiras...
Gente extraordinária, também este Luís Montenegro!
Há três ou quatro meses a dívida não se discutia. Um grupo de personalidades quis lançar o debate e levá-lo à Assembleia de República ... mas nada. A dívida paga-se, não se discute!
Hoje, a dívida já se discute. A ministra das finanças foi a esse poço de ideias em efeverescência instalado todos os anos em Castelo de Vide dizer que quer toda a gente a discutir a dívida na Assembleia da República. E logo veio o Presidente - que finalmente falou do BES, para dizer que o Banco de Portugal fez o que era melhor para Portugal - dizer que sim senhor, que é bom que a dívida se discuta - apressando-se logo a chamar a atenção que, discutir a dívida, não é falar na sua reestruturação - no parlamento porque, assim, terão oportunidade de estudar alguma coisa sobre o assunto. E puxou dos galões para lembrar que é a sua especialidade - tratou-o na sua tese de doutoramento, há 40 anos, que foi publicada nos Estados Unidos e em Inglaterra...
Durão Barroso revelou que Putin lhe tinha dito que, se quisesse, tomava Kiev em duas semanas, e deixou os líderes europeus de cabelos em pé. E foram reagindo, até que o Kremlin desmentisse e desse dois dias a Barroso para se retratar, sob pena de revelar integralmente a conversa. Acabou hoje o prazo, e o ainda presidente da Comissão Europeia, de rabinho entre as pernas, veio dizer que a declaração tinha sido tirada do contexto. E que tinha sido divulgada uma conversa privada, acusando terceiros, como fazem as crianças quando a coisa dá para o torto, do que tinha sido exactamente ele a fazer: nem mais nem menos que, de uma conversa privada, retirar uma expressão do seu contexto!
É um tipo deste calibre que presidiu à União Europeia nos últimos 10 anos. Como é que alguém se pode admirar do estado a que isto chegou?
Tanta Gente Extraordinária neste país... E de caracter!
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) achou que tinha finalmente chegado a hora de dar contas da avaliação do desempenho da selecção nacional no Mundial do Brasil. Dois meses depois!
A conclusão foi óbvia, e tem seguramente a vantagem de pôr toda a gente de acordo: incompetência, disse ele. A péssima prestação da selecção nacional foi fruto da incompetência. Incompetência de quem? Incompetência onde?
Isso não interessa nada. Incompetência (ponto).
A deslocação aos Estados Unidos foi uma decisão competente. Como Campinas, e o timing de chegada ao Brasil, foi competente. O seleccionador Paulo Bento foi, é e será mais que competente. Tão competente que até lhe foram reforçados os poderes. Foi promovido e deverá ser já o DDT (dono daquilo tudo). Fernando Gomes não pode ser juiz em causa própria, mas é seguramente competente. Tão competente que tinha renovado o contrato milionário do competente seleccionador nacional pouco tempo antes da partida para o Brasil, para que nada lhe faltasse. Nem a tranquilidade, a sua imagem de marca...
Houve portanto incompetência sem que tenha havido incometentes. Houve incompetência, mas não houve agentes dessa incompetência, o que, sendo uma originalidade nacional, já nem sequer é muito original.
Quem não acredita nestas originalidades ainda é levado a pensar que incompetentes foram os jogadores. Mas logo afasta essa ideia quando, sobre eles, nem uma palavra... Fernando Gomes falou de necessidade de renovação, mas isso não é falar de jogadores. E, com toda a certeza, a próxima convocatória de Paulo Bento, que está por dias, será mais do mesmo. Dos mesmos!
Ah! O médico Henrique Jones foi despromovido. Aí está... o incompetente. Bem me parecia!
Gente extraordinária este Fernando Gomes e esta da FPF...
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