E ninguém sequer lhes chama caloteiros. Nem ninguém fala em concorrência desleal. Ainda lhes chamam é engenheiros. Ficaram sem uma dívida de cento e não sei quantos milhões de euros, e passaram a ter quase 90% da SAD, que agora irão vender a "investidor" qualquer. Golpada é como o futebol: "é isto mesmo"!
No Brasil, o Tribunal da Relação Federal, em segunda instância, confirmou a culpa de Lula da Silva e reforçou ainda a condenação dada em primeira instância. No recurso, a pena passou dos nove anos e meio de prisão para 12 anos e um mês.
Não sei se Lula é ou não culpado na acusação de corrupção. Sei que as opiniões se dividem conforme o posicionamento político de quem as emite, mesmo que umas pareçam mais fundamentadas que outras. E nesse aspecto confesso que me sinto bem mais convencido pela argumentação da defesa do que da acusação.
Talvez isso, a maior solidez da argumentação, me faça inclinar para a tese do golpe. Mas nunca me conseguirei esquecer da deprimência das declarações dos deputados que ditaram o impeachement de Dilma, do que foi a tomada do poder de Michel Temer, e da forma como o tem exercido. Nem do insólito das declarações dos mais variados juízes, incluindo um dos que, ontem, fez parte da unânime decisão de agravar a pena, que esqueceu a dicotomia básica do "culpado" ou "não culpado" para passar à graduação da culpa. Para esse juiz, Lula é "muito culpado"!
Talvez por tudo isso eu tenha ficado muito convencido que é a consumação de um golpe. Que de nada valerão recursos superiores - e ainda tem mais quatro instâncias de recurso - e que Lula será mesmo preso antes ainda de apresentar o próximo recurso, para que seja definitivamente afastado do processo das eleições de Outubro.
Um golpe desferido por quem não admite que o Brasil deixe de ser um dos países mais desiguais do mundo. Um golpe com apoios externos, como a revelação de Temer como informador da CIA permite concluir. Um golpe que traz de volta o Brasil tenebroso, obscuro e racista, dos coronéis e dos jagunços, que conhecemos do passado, e bem vivo no impressionante desfile de ignorantes e labregos a que assitimos na Câmara dos deputados há duas ou três semanas.
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