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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Gente séria*

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A greve dos motoristas, o assunto do dia nas duas últimas semanas, acabou. Mas pelos vistos para dar lugar a outra, já a 7 de Setembro.

Dois dias foram o suficiente para mostrar que nada ficou resolvido, que tudo ficou na mesma. Ou talvez pior, depois de toda agente ter gasto tudo o que tinha para gastar. Ou ainda mais, como aconteceu ao governo, que ficou sem fôlego para intermediar o que pudesse ter sobrado para intermediar.

Vem aí outra greve... ou talvez não. Porque a cara da greve já é outra. A que tinha ficado conhecida, aproveitando isso mesmo, vai dedicar-se à política.

Como já se desconfiava. E vai ser cara de candidato às legislativas de Outubro, respondendo a um convite que se adivinhava.

Saído da onda de populismo, vai mergulhar nas águas profundas da política que está na moda. E que, para além de lhe estar na pele, é o que está a dar… Mesmo que para o convidante já não tenha muito para dar. Também ele já gastou tudo o que tinha para gastar. E depressa. E por isso precisa de reforços …

Não temos, felizmente em Portugal, nesta área política em expansão por todo o mundo, grandes histórias de sucesso para contar. Mas sabemos que as modas chegam sempre atrasadas ao nosso país, e sabemos que sempre começa assim. Com gente desta!

Sem que ninguém percebesse por quê, começou logo por ser apresentado como um herói do combate contra a corrupção. Porque é por aí que esta gente começa. Gente séria e atinada, como se percebe… Dessa que faz tanta falta à política e ao país…

 

*  Da minha crónica de hoje na Cister FM

 

Relatório e contas de uma greve

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Acabou a greve dos motoristas de transporte de matérias perigosas, como há muito estava escrito nas estrelas. O que virá a seguir não se sabe, mas sabe-se o que ficou.

E o que ficou é uma história que não acabou, e que deixa muito para ser reflectido. 

A actividade destes trabalhadores integra a fileira do negócio da energia, e dos combustíveis em particular, um dos mais rentáveis da economia nacional, onde muitos ganham muito, incluindo o Estado. Até há não muito tempo o transporte de combustíveis, fazendo jus à fileira que integra, estava a cargo das próprias refinadoras. Os motoristas que faziam esses transportes eram trabalhadores da Petrogal, ou da Galp, como agora se chama, e dispunham de condições de trabalho e de remuneração enquadradas nos padrões da maior empresa nacional.

Com a chegada da economia de subcontratação esses postos de trabalho foram transferidos para pequenas e médias empresas (PME) transportadoras, prontas a prestar esse serviço a preços muito inferiores aos custos da operação nos gigantes da refinação, num negócio interessante para ambas as partes, como convém que sejam os negócios. As petrolíferas cortavam custos e alargavam margens, e as transportadoras ganhavam negócio certo e sem risco, com uma carteira de clientes robustecida pelas empresas que mandan no país, imunes às oscilações da economia.

Com a consolidação da economia de subcontratação, e instaladas no novo negócio, as PME do transporte foram fortalecendo o M e abandonando o P e, com a propaganda do empreendedorismo e da doutrina do "crie o seu próprio posto de trabalho", passaram também elas a recrutar por subcontração no novo exército de mão-de-obra que desaguava da onda de empreendedorismo que desabava sobre o país. Empreendedores que adquiriam os seus tractores importados velhos da Europa e assinavam os contratos de leasing, que rapidamente se transformavam em corda na garganta. 

Este estado de coisas arrastou as remunerações para um sistema de salarial baseado no salário mínimo nacional complementado por um conjunto de remunerações variáveis. Que no conjunto poderia até ultrapassar a média de remunerações do país, baixa como se sabe, porque o país tem um problema de salários - como agora reconhece o primeiro-ministro - mas que, na hora do infortúnio (doença, acidente, etc.) e na da reforma, não passava do salário mínimo.

Patrões e sindicatos das centrais sindicais pareciam viver bem com estas coisas. E assim passaram vinte anos... E assim surgiu a oportunidade para novas coisas surgirem.

Não sei se "a ocasião faz o ladrão", mas a oportunidade cria o oportunista. E ele surgiu. Primeiro, há quatro meses, de surpresa. E agora, já sem o efeito surpresa, com tudo premeditado. Mas também com tudo bem preparado, do outro lado.

Ouvimos agora dizer, no anúncio das negociações para amanhã, que não há vencidos nem vencedores. Que venceu o diálogo.

Não me parece. Parece-me que só há vencidos. Nem mesmo o governo, por todos dado por grande vencedor, e em cuja actuação grande parte dos analistas políticos vê um grande passo do PS para a maioria absoluta. Não tenho dúvidas que no curto prazo o governo sai a ganhar, mas tenho ainda menos que tudo o que fez vai ter fortes repercussões futuras.

Abriu precedentes que poderão abrir portas que a democracia tem a obrigação de manter sob vigilância, quebrou barreiras que não mais se reerguerão, e destruiu regras de que iremos sentir falta no futuro.

Sabemos que o país aprecia o exercício da autoridade. E sabemos que António Costa aprecia que a chancela da autoridade se junte à das "contas certas", os dois rótulos que faltavam ao seu partido, e que considera fulcrais para consolidar o poder.

Estas contas podem ter acabado certas. As outras, as que o primeiro-ministro diz que vai agora fazer aos custos da greve, poderão também não dar grande preocupação. Mas ficam muitas outras por fazer. E essas dificlmente virão a bater certas! 

Vá lá... Ide de férias!*

 

 

Aí está a greve de que tanto se falou, e que tanto continua a dar que falar. E a animar as férias...

Depois de inundados por reportagens em postos de gasolina, a lembrar-nos que há mais lixo na informação televisiva para além dos incêndios - que fizeram uma pausa, felizmente - vieram os serviços mínimos e a requisição civil. E muita informação e mais ainda contrainformação. E reuniões pedidas e rejeitadas. E acordos com uns de fazer inveja a outros. E ameaças de prisão, pela boca de todos os ministros, um de cada vez. Porque o país gosta disso.

O país gosta de autoridade, e o governo sabe disso.

Por enquanto vai-se sentindo uma certa normalidade dentro da anormalidade de fardas ao volante dos camiões cisternas. A GNR e os militares vão-se saindo bem na condição de motoristas de matérias perigosas, e a gasolina e o gasóleo lá vão chegando onde é preciso que cheguem, e a greve, que sempre esteve condenada, está cada vez mais circunscrita, como se diz dos incêndios. Mais morta que viva.

Também aqui, incendiários é coisa que não falta.

Um deles, que não o único, é o principal rosto da greve, que chegou de trotinete ao palco do teatro de operações, como se estivesse a abrir um espectáculo. De circo. Ou simples palhaçada, terminologia cara ao próprio.

Dele se falou já para a política. Houve até quem o desse como putativo cabeça de lista por Lisboa às eleições que aí estão à espreita. E que têm muito a ver com tudo o que se está a passar. De um e de outro lado. Como se na política precisássemos de mais palhaçada. Como se disso não tivéssemos já que “chega”. Ou que “basta”!

Vá lá…já é tempo de irem também de férias. Começa a fazer-se tarde …

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

 

Não há coincidências

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Começou a greve, e com ela um tsunami de informação e contra-informação, a precipitar tudo o que era dado por inevitável pela sua ligação ao momento eleitoral. Se o que estamos a assistir fosse um incêndio diríamos que a definição dos serviços mínimos tinha apenas sido a ignição.

O país gosta de autoridade - sabe-o Marques Mendes, como ontem anunciou, e sabe-o António Costa. Em mercado eleitoral a autoridade vende. E bem! Daí que estejamos à distância de um clique para um Conselho de Ministros electrónico que declare a requisição civil. Ou que um desproporcionado dispositivo de segurança esteja fortemente mobilizado, e prontinho para a festa... 

É certo que o cenário eleitoral que foi colocado no centro desta greve tornou quase tudo isto inevitável. Mas não é menos visível que nunca, em conflitos desta natureza, um governo esteve tão declaradamente ao lado dos patrões. Se calhar, tão provocatoriamente ao lado dos patrões... A ligação do seu porta-voz ao PS e ao governo poderia ser mera coincidência ... se em política houvesse coincidências.

Mas não há!

 

Quem com ferros mata...*

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O país está à beira da anunciada greve dos motoristas dos transportes de mercadorias, que deveria replicar, com mais impacto ainda, a do passado mês de Abril. Pelo que se vai percebendo é muito baixa a probabilidade de ser evitada...

As greves são sempre impopulares, mas esta é-o ainda mais, como toda a gente percebe. Destinam-se a fazer valer reivindicações e, como tal, quanto mais impacto tiverem maior é o seu poder reivindicativo. Quando uma greve não provocar danos, ou não produzir desconforto, deixa de fazer sentido.

Acresce que, formalmente, ninguém questiona o direito à greve. É tido por direito fundamental dos trabalhadores, e a greve a principal arma de que dispõem quando os conflitos esgotaram as vias do diálogo e da negociação. O seu uso, como o de qualquer arma, poderá ser desproporcional.

É o que se diz desta que aí vem, convocada por sindicatos que saem fora do sindicalismo clássico, dito orgânico, de aqui falei há bem pouco tempo.

Como se esta greve não fosse já suficientemente impopular, o poder político tratou de lhe agravar a escala, fazendo-a passar de impopular a intolerável. Tratou, de resto, de fazer o mesmo do que foram acusados os promotores da greve: usar a proximidade das eleições.

Fazer frente a uma greve impopular é, obviamente - até por definição - popular. Em cima das eleições tudo o que seja popular é ouro. É oportunidade imperdível.

Por isso o governo deitou fora qualquer tipo de pudor e, em jeito de início de conversa, tratou de transformar serviços mínimos em praticamente serviços máximos, abafando por completo um direito que continua a dar por fundamental e sagrado. E vamos ver o que ainda falta ver…

Por cima de toda esta hipocrisia lá vem o velho ditado: “quem com ferros mata, com ferros morre”. Uma greve que quis matar com a proximidade das eleições, acabará morta pela proximidade das eleições.

As condições de trabalho e os salários destes trabalhadores, parte integrante da fileira de um dos mais produtivos e rentáveis sectores da economia nacional, que gera e distribui milhões por todo o lado, e em especial pelo Estado, e a forma como aqui se chegou, é outra coisa. E fica para a próxima.

 

* A minha crónica de hoje na Cister FM

Boca do Inferno*

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Quando o inferno dos incêndios voltou a instalar-se entre nós, trazendo consigo tudo o que já sabemos que sempre traz – intermináveis debates nas televisões, sempre com gente muito conhecedora do fenómeno em todos os seus ângulos, entrecortados por intermináveis directos de fazer arrepiar – tivemos a notícia da greve dos motoristas, que se iniciará dentro de pouco mais de duas semanas.

O ministro já nos aconselhou a encher os depósitos dos automóveis, coisa que certamente a maioria de nós fará e que bem poderá fazer com que as bombas de gasolina fiquem esgotadas logo no início da greve, em vez de nos habituais dois ou três dias seguintes. Mas enfim…

Para além de combustíveis nos depósitos podem faltar também alimentos nos supermercados e medicamentos nas farmácias, mas aí já não chegaram os conselhos do ministro…

É, em pleno pique das férias, o inferno a estender-se para o litoral, lançando o caos nos hotéis, nas praias, nos restaurantes, nas cidades. É definitivamente tornar a vida dos portugueses num inferno: à maioria estragando-lhes as férias, aos outros, o trabalho. A todos, um país já tão estragado.

Parece que a ideia desta greve é também tornar as eleições num inferno para o governo, ao que consta de uns relatos que por aí andaram. Mas começa também a ficar a ideia que o governo está a levar isso muito a sério.

Para inferno, já lhe chega o que está a arder. E bem pode encontrar um coelho qualquer para, à boca do inferno, tirar de uma qualquer cartola...

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*Aminha crónica de hoje na Cister FM

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