Mais um caso de dupla personagem
Por Eduardo Louro
A greve dos pilotos da TAP lá vai fazendo o seu percurso, os seus estragos - mesmo que pouco passe de um flop - e a sua história, cheia de estórias. Uma delas foi-nos contada pela RTP, e passa-se à volta de uma dupla personagem: o piloto Lino da Silva, que é o consultor financeiro do Sindicato Paulo Rodrigues, a lembrar outras estórias, também de viagens e aviões, em que o árbitro Carlos Calheiros encarnava o passageiro José Amorim.
Lino da Silva é um piloto de longo curso que os colegas respeitam. Paulo Rodrigues é o Lino da Silva que deixa de ser piloto para passar a ser economista e consultor de quem os pilotos desconfiam, e a quem o sindicato paga os serviços a 280 euros por hora. Valor que a direcção do sindicato acha normal, e que só na preparação desta greve já rendeu a um e custou à outra 170 mil euros.
Paulo Rodrigues não é sindicalizado, mas os pilotos sentem-no dono do sindicato. A direcção garante que não, que ele só faz as contas que lhe manda fazer. Mas acha justo o preço de 280 euros por hora para simplesmente lhe fazeram as contas que lhe entende mandar fazer.
Diz ainda a direcção que a contratação dos serviços do consultor/piloto constava do programa eleitoral da candidatura. Acha que isso lhe legitima a decisão, sem perceber que mais aprofunda ainda a suspeita.
Às vezes, e quase sem darmos por isso, lá vão aparecendo umas pontas das cordas do enforcamento colectivo a que este país foi condenado