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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Jornada 13. De ironia, em vez de azar!

Não foram 60 mil, mas andou por lá perto, o número de benfiquistas que esta noite se deslocou à Luz (hoje com a novidade de se ter transformado numa árvore de Natal gigante) para assistir a um bem disputado jogo de futebol, e pedir o 39 aos jogadores.

Pediu-se, é certo. Mas, na verdade, pelo que o jogo deu e exigiu dos adeptos, quase que não deu para isso. Os jogadores precisaram de tanto apoio das bancadas para ganhar o jogo que nem sobrou tempo, nem empolgamento, para insistir muito no pedido do 39.

Praticamente desde o apito inicial do árbitro Miguel Nogueira - de Braga, mas de Lisboa para arbitrar - se percebeu que nem o Benfica estaria em grande noite, nem o Vitória (de Guimarães) estaria ali para entregar os cordelinhos do jogo, ficar lá atrás à espera do que acontecesse. Logo nos primeiros minutos se viu que o jogo seria duro, disputado, dividido e equilibrado. Equilíbrio à custa de menos Benfica, e de mais Vitória.

Menos Benfica por falta de inspiração, individual e colectiva, faltava sempre qualquer coisa, fosse na última decisão, fosse na execução. Mais Vitória porque os jogadores disputaram todos os lances como se fosse o último, lutaram sempre mais e, por isso, ganhavam a maioria das bolas divididas e dos ressaltos. Isso empolgou-os!

Com Kokçu impedido, por cumprimento de castigo pelo quinto amarelo visto em Arouca, Lage optou pelo improvável Leandro Barreiro para o seu lugar, regressando o Benfica à dupla Florentino-Barreiro tão criticada nos tempos de Schemidt. Não terá sido por isso que a exibição não era brilhante, mas isso também terá tido a sua contribuição, mesmo que o internacional luxemburguês não tenha comprometido. Pelo contrário, safou um golo, logo no fim do primeiro quarto de hora, contribuiu decisivamente para o único golo do jogo e, quando saiu - porventura na altura em que deveria ter entrado - o que mais se notou foi a sua falta. 

O Benfica tinha mais bola, mas era a equipa de Guimarães que era mais dinâmica quando a tinha. O Benfica rematou pela primeira vez aos 25 minutos- já o adversário ia com três - por Di Maria, que saiu ao lado do poste direito de Varela. E marcou menos de cinco minutos depois, próximo da meio hora, no primeiro remate enquadrado com a baliza. Que seria aliás o único em todo o jogo.

Marcou no primeiro remate enquadrado, mas também na única jogada construída com cabeça, tronco e membros. Na única em que nada falhou, em que as decisões foram todas correctas, e correctamente executadas, numa transição ofensiva rápida e bem desenhada, a apanhar o Vitória em contra-pé. Leandro Barreiro combinou com Pavlidis, que abriu em Akturkoglu, solto na esquerda - lado contrário - que rematou de pronto, em jeito, fazendo a bola entrar junto ao poste mais próximo, de Bruno Varela. Se alguém falhou foi Varela, que ainda defendeu o remate mas para dentro da baliza, embora tenha como atenuantes a espontaneidade e a violência do remate. E a opção de Akturkoglu pelo primeiro poste, quando o destino mais normal da bola seria precisamente o segundo.    

A partir do golo o jogo tombou mais para o Benfica, e esperou-se o segundo, da tranquilidade. E eventualmente da alteração das bases do jogo, e particularmente da resistência do adversário. Esteve eminente em dois remates de Akturkoglu e Pavlidis, desviados acidentalmente do caminho das redes, e essa esperança passou para a segunda parte.

Em vão. A segunda parte foi apenas ainda pior. Na realidade a maior - e a única verdadeira - oportunidade de golo coube ao Benfica, já ao minuto 77, na única jogada que conseguiu construir na segunda parte, em que Akturkoglu serviu de bandeja Pavlidis, que incrivel e inacreditavelmente não acertou com a baliza.

Só a partir daí o Vitória perdeu algum ímpeto, e as bancadas, percebendo a  importância de segurar aquele magro 1-0, começaram a puxar pela equipa para a agarrar ao resultado. Antes, até aí, foi o susto permanente. Não que o Vitória criasse situações de golo - a única eminente resultou de mais um erro, desta vez de Florentino, que isolou um adversário, quando Otamendi, ao tentar interceptar o cruzamento, conseguiu evitar introduzir a bola na própria baliza, acabando ele próprio espetado contra o poste. Mas porque o Benfica simplesmente não conseguia controlar o jogo, nem domar o ímpeto vimaranense.

Há jogos assim. Daqueles que só têm que ser ganhos. De que não há mais nada a esperar. Por mim não gosto muito deles, e não consigo dourar-lhe a pílula. Houve muita coisa mal, mesmo em Lage. Que nunca pareceu entender-se com o jogo. E falhou as substituições, especialmente logo a primeira, a meio da segunda parte, de Barreiros por Amdouni, que apenas agravou a assustadora primeira meia hora da segunda parte.

Como esta jornada, com a derrota do Sporting em Moreira de Cónegos, e o empate (podia ter sido pior, não tivesse o Diogo Costa defendido aquele penálti) do Porto em Famalicão - perdendo curiosamente ambos os rivais os mesmos (e únicos) pontos que o Benfica tinha perdido precisamente nesses dois campos - caiu que nem mel na sopa, provavelmente poucos se lembrarão das dificuldades deste jogo.

Não foi de azar a jornada 13. Foi apenas de ironia!

 

 

 

Utopia no charco

Pelo segundo ano consecutivo o Benfica deixou dois pontos em Guimarães. Na época passada, os primeiros. E, lembramo-nos bem, na primeira exibição falhada. Ontem, em dia de recordar Feher, vinte anos depois daquele seu último sorriso,  à 21ª jornada, o 11º, na enésima exibição falhada.

A exibição falhada de ontem não tem, no entanto, nada a ver com a do ano passado. Como a equipa vitoriana deste ano não tem nada a ver com a de então, quer no que joga, quer na classificação que ocupa. Esta equipa de Guimarães ganhou ao Sporting - igualando o que só o Benfica tinha conseguido - e deu um "banho de bola" ao Porto, que só ganhou esse jogo por milagres do Diogo Costa.

Da exibição falhada de ontem pode falar-se do estado do relvado que, transformado num autêntico pantanal - provavelmente com outro adversário o jogo não se teria realizado ou, pelo menos teria sido interrompido na primeira parte - tornou difícil jogar futebol. É certo que o estado do relvado era igual para ambas as equipas, mas mais igual para uma que para outra.

Do que não pode deixar de se falar é da opção de Roger Schmidt deixar três pontas de lança no banco, e de escolher jogar sem nenhum. Seria sempre estranho, mas ainda se poderia fazer um esforço de interpretação da ideia do treinador se o campo estivesse em bom estado, e permitisse sustentar uma estratégia de ataque móvel para um jogo de transições rápidas, como se sabe a ideia de jogo mais atractiva que Schmidt tem para apresentar. Naquelas condições do relvado isso era mais que utopia. Era cegueira!

O jogo rapidamente mostrou essa cegueira, com a ala esquerda (Morato, já nem sabe defender e João Mário já não dá para entender, e pior ainda naquelas condições do terreno) desastrada, e os jogadores a jogar como se pisassem o esplendor da relva. Como jogam sempre, os mesmos de sempre, da única forma que conhecem, mesmo se em vez de relva tivessem de jogar num charco. Já se tinha dado conta que nunca há plano B perante contrariedades próprias do jogo. Ontem ficamos a saber que nem perante a impraticabilidade do relvado.

E isso é ainda mais preocupante que os dois pontos ontem deixados em Guimarães.

Porque, nesta altura, ninguém saberá se foram dois pontos perdidos ou um ganho. Ganho pelo Trubin, e pelas substituições que aligeiraram os equívocos iniciais. Poderá sempre dizer-se que afinal o resultado foi o mesmo: que o Benfica empatou (1-1) a primeira parte, sem ponta de lança; exactamente como na segunda, já com dois. Mas, para ser verdadeiro, o golo de Rafa, para empatar a primeira parte, cinco minutos depois do penálti sofrido, aconteceu na única oportunidade de golo então construída. Já o de Cabral, que estabeleceu o empate final, foi consequência de qualquer coisa mais continuada. E, mesmo sem, à excepção da posse de bola, nunca se superiorizar claramente ao adversário - rematando bem menos e não tendo construído mais oportunidades de golo - ainda assim, foi pelo que fez na segunda parte, que o Benfica justificou o empate.

Foi bom. Mas nem tudo...

Casa cheia na Luz, e excelente ambiente novamente, desta vez para defrontar Vitória Sport Club, o líder do campeonato. Que se apresentou desfalcado, depois de perder, no fecho do mercado, o jogador que era só a mais cara contratação de sempre do clube de Guimarães. O craque, Francisco Ribeiro, médio de 18 anos, contratado ao Porto por 11 milhões de euros, saiu por empréstimo ao ... Canelas.

Talvez se comece a explicar nesta baixa de vulto da equipa vimaranense a derrota pesada que viria a sofrer ontem na Luz. Casos de polícia à parte, nesta que será certamente a Liga mais desavergonhada do futebol do primeiro mundo, o jogo teve muito para contar. Mesmo que muito disso já tenha sido contado. É que os jogos do Benfica começam a ter muito de decalcado de outros.

O início começa a ser invariavelmente o mesmo. Os primeiros três, quatro ou cinco minutos são invariavelmente de pressão do adversário. Os primeiros remates, também. Depois as peças da máquina benfiquista começam a encaixar, o futebol começa a soltar-se, e todo aquele primeiro milho fica mesmo para os pardais.

A novidade no jogo de ontem é que as coisas começaram a correr bem desde muito cedo. Depois dos primeiros remates para os visitantes, e logo depois do remate de um jogador vimaranense, isolado, ao poste esquerdo da baliza de Samuel Soares, um auto-golo do defesa Jorge Fernandes deixou o Benfica na frente do marcador. Visto assim, parece que os deuses da fortuna estavam do lado do campeão nacional. Mas não foi tanto assim: no lance do remate ao poste, havia fora de jogo claro. Se a bola tivesse entrado teria sido anulado, mesmo que não se perceba por que assinalado pela equipa de arbitragem. E, no auto-golo, pela qualidade do cruzamento de Di Maria, o defesa do Guimarães não fez mais que "tirar o pão da boca" ao Rafa. Centrada daquela forma, a bola acabaria sempre no fundo da baliza. Por tudo o que jogou, Rafa merecia ter sido ele a colocá-a lá no fundo.

Já só dava Benfica, e mais passou a dar a partir da expulsão de João Mendes, logo aos 19 minutos, por pontapear a cara de Otamendi. A exibição começou a trazer-nos à memória a última temporada, e a dever golos ao resultado. O Vitória apenas defendia, com duas linhas - uma de cinco e outra de quatro - a taparem os caminhos para a baliza de Varela (outra vítima do Bessa) e dava cacetada, tendo o árbitro Nuno Almeida poupado alguns amarelos e até pelo menos um vermelho, a Jota Silva, o mais batoteiro dos jogadores em campo.

João Mário, João Neves, Aursenes, Kokçu, Rafa e Di Maria davam recital e iam deixando os jogadores vimaranenses atordoados. Sempre à beira de um ataque de nervos.

Os golos é que eram poucos para tanto domínio. Apenas um (Di Maria), pouco depois da meia hora, naquela jogada magistral de João Mário e Rafa, e o golaço de Kokçu, já em tempo de compensação para o intervalo.

A segunda parte prometia muitos mais golos. Mas acabou por se ficar pela promessa, ao primeiro minuto, naquele golo de Aursenes de excelente execução: o remate contra o solo era mesmo a única solução para enfiar a bola na baliza!

À medida que o tempo ia passando os jogadores começaram a abrandar o ritmo. As substituições - sempre as mesmas - também não ajudaram. E aquilo que parecia destinado a ser uma goleada das que já se usam acabou até com o calafrio do golo, anulado pelo VAR por ter sido marcado com a mão mas, antes de tudo, mais um lance de todo inaceitável do ponto de vista de comportamento defensivo.

Este é um dos aspecto negativos que a equipa manteve no jogo de ontem. O golo foi marcado com a mão, mas poderia tê-lo sido com a canela, o joelho ou a barriga. Outro é a dificuldade em marcar, e até em criar oportunidades claras de golo, em ataque planeado. É aqui que se nota a falta que Gonçalo Ramos faz. O Benfica praticamente só marca quando apanha o adversário descompensado, seja em transição, seja em recuperações de bola adiantadas.

A forma individual dos jogadores está a melhorar a olhos vistos. João Mário já está ao melhor nível da última época, e percebe-se como é fundamental na equipa. Rafa continua em grande. Kokçu cresce claramente de jogo para jogo. Aursenes está também de regresso, e ontem esteve soberbo. A Di Maria tudo se perdoa, mas parece-me que exagera em certos momentos do jogo, principalmente com passes de mudança de flanco nem sempre a propósito, e alguns de alto risco. 

Bah é que continua com pouca confiança. E pouco feliz. E não tem alternativa. Neres continua a eclipar-se. E Arthur Cabral tarda em confirmar a justificação da sua contratação. Bernat, a contratação de última hora, se a condição física lho permitir, poderá atenuar a saída de Grimaldo, e confirmar o despropósito da contratação de Juracék por 14 milhões de euros.

Vem aí a primeira paragem para as selecções. Esperemos que não se repita o que sucedeu na época passada, e que, desta vez, a equipa não perca a embalagem que ontem pareceu ter já atingido.

 

E o Benfica ganhou outra vez!

"E o Benfica ganhou. Outra vez" - canta-se na Luz. Cheia, com 60 mil a vibrar com o 5-1 ao Vitória, e com o entusiasmante futebol que a equipa continua a apresentar, jogo após jogo.

A primeira parte foi mais uma gala de futebol. Os primeiros 10 minutos foram de ensaio. A partir daí foi sempre a subir, chegando a momentos de pura maravilha. O primeiro golo surgiu logo aos 13 minutos, depois de um bom cruzamento de Neres, na esquerda - hoje fez de Aursenes, de fora, com o quinto amarelo do Marítimo, há uma semana - desviado ao primeiro poste por Rafa para Gonçalo Ramos cabecear, de rompante, para a baliza.

Depois veio o segundo, de penálti (sobre Rafa), por João Mário. Oito minutos depois, o terceiro. Numa de jogada do melhor que o futebol tem. Espectacular! Por João Mário, bisando, assistido por Gonçalo Ramos, que voltava a ultrapassar na lista de marcadores.

Com poucos remates, bem abaixo do que é normal, o Benfica construiu sete ocasiões de golo. Concretizou três, e uma bola no poste, no remate de Otamendi.

Na segunda parte o Benfica baixou o ritmo. Em condições normais dir-se-ia que naturalmente. Neste Benfica, não. Não tem sido normal o Benfica levantar assim o pé. Mas não deixa de ser compreensível.

O Benfica teve sempre o controlo do jogo. Nem se pode dizer que tenha perdido a ambição de ir mais além, mas baixou a pressão e a intensidade. Sem relaxar. E assim chegou o quarto, em mais uma boa jogada de transição, que acabou em auto-golo (Dani Silva).

Esperava-se o quinto, e o sexto. O Benfica segurava o jogo lá na frente e, quando perdia a bola, respondia com notáveis transições defensivas. Chegou a ver-se um jogador vitoriano a sair em contra-ataque e, pouco depois de passar a linha de meio campo, já estava rodeado por dois ou três jogadores do Benfica. No meio campo defensivo já lá estavam mais três ou quatro, ainda com todos os restantes 10 jogadores do Vitória a saírem da sua área.

A recuperação defensiva é hoje um dos pontos mais altos da equipa. É certo que o golo vimaranense resultou de um contra-ataque. Mas não foi a recuperação defensiva que falhou. Os jogadores estavam lá todos, no seu sítio. Aconteceu apenas que ... acontece. Um segundo de atraso na entrada à bola, às vezes acontece. E nessa jogada aconteceu logo em duas ou três situações. E não é normal que aconteça.

Sofrido o inesperado golo, a equipa voltou a procurar mais. Chegou ao quinto, pelo António Silva, já depois das substituições, podia ter chegado ao sexto, e nunca deixou o domínio total do jogo.

Ainda uma nota para a estreia de Cher Ndour, aos 18 anos. E para uma má notícia: a paragem para as selecções.

Não é nada que agora se desejasse, quando tudo está tão perfeito!

Alguma vez teria de ser. Desta forma é que não!

Alguma vez o Benfica haveria de não ganhar. Não se admitiria que fosse hoje, em Guimarães, que interrompesse a longa série vitoriosa desta época, mas algum dia teria de ser. 

As visitas a Guimarães são sempre anunciadas de grandes dificuldades. A comunicação desportiva faz sempre questão disso. Mas a verdade é que, nos últimos anos, esse anúncio tem acabado por se revelar francamente exagerado, e o Benfica tem até encontrado mais dificuldades em casa, contra esta equipa, que propriamente em Guimarães. A História recente destes jogos em Guimarães, mesmo sem resultados muito desnivelados, regista exibições categóricas do Benfica que sempre transformaram em fácil o apregoado jogo difícil, por mais difíceis que fossem, como são sempre, as condições encontradas. 

Talvez por isso não se esperasse que fosse hoje que seria interrompida a sequência de vitórias, e já se fizessem contas aos cinco pontos de vantagem sobre o Braga e o Porto, e aos onze sobre o Sporting. E talvez, agora por isto, hoje seja dia de azia.

Mas o que verdadeiramente tem de provocar azia é a exibição de hoje. O Benfica não só chegou atrasado ao jogo - nos primeiros vinte minutos não compareceu - como chegou sem o seu futebol, que nunca apresentou sobre o relvado de Guimarães.

A equipa do Vitória entrou com tudo, com energia e motivação para dar e vender. O Benfica pareceu surpreendido com aquela entrada, e tardou a entrar o jogo. E depois de entrar no jogo, a partir do meio da primeira parte, faltou-lhe o seu futebol. Roger Schemidt tinha admitido recear alguma dificuldade em pôr o motor em marcha, e confirmou-se. O motor nunca funcionou!

A partir dos 20 minutos da primeira parte o Benfica começou a ter mais bola, mas só isso. Nunca encontrou solução para criar sequer condições para criar oportunidades para ganhar o jogo. O Vitória tinha a lição bem estudada, é certo. Sempre muito compacta, fosse em bloco baixo, fosse mais adiantada no terreno, nunca deixou espaços entre linhas, espaços que são o oxigénio de Rafa, Neres, Gonçalo Ramos ou João Mário. E a equipa nunca respirou ... futebol.

Há jogos que se resolvem com substituições, trocando jogadores menos inspirados, ou mais cansados, por outros que eventualmente possam trazer inspiração ou frescura física. Hoje percebeu-se muito cedo que a desinspiração era grande, mas também que a equipa não estava preparada para as dificuldades que estava a encontrar. Os de Guimarães não concediam espaços e ainda ganhavam todas as segundas bolas, fosse lá atrás, a defender, ou lá à frente, a atacar. E isso não se resolvia apenas trocando jogadores. Era preciso mais, e percebeu-se que esse mais não estava preparado.

E por isso as substituições não resultaram. E por isso falhou tão clamorosamente aquela substituição para tentar imitar o que Rúben Amorim fazia com Coates, com a entrada do central Brooks para a frente de ataque. No desespero, poderia até fazer sentido. Só que os quase 10 minutos que o gigante norte-americano esteve em campo foram passados com ele de costas para a baliza adversária, a 30 metros de distância. E a fazer faltas em cada disputa da bola nas alturas, chutada por ... Vlachodimos.

Para que esta substituição fizesse algum sentido ele teria de estar em permanência na área, e as bolas a serem cruzadas das laterais. E isso nunca aconteceu, a não ser no último lance do jogo, na única oportunidade que o Benfica teve para poder marcar um golo, esvaída no remate para as nuvens de Draxler.

Pode ganhar-se um jogo sem jogar bem. Mas isso é tão improvável como acertar na chave do euro-milhões. A jogar assim, o Benfica nunca poderia ganhar este jogo. Como nunca ganhará qualquer outro!

Como comecei, "alguma vez o Benfica haveria de não ganhar". Não poderia era ser assim. E isso é que é preocupante, não são os dois pontos perdidos. Ou o ponto ganho, como Schemidt, clarividente, referiu.

Que essa clarividência lhe sirva para evitar que uma exibição destas se repita!

O futebol é isto mesmo!

O futebol é isto mesmo | Trade Stories

 

"O futebol é isto mesmo" - é uma das mais recorrentes expressões do futebolês. E até já deu título de livro.

No passado domingo o Porto ganhou em Guimarães, com um golo na conversão de um dos dois penáltis assinalados pelo árbitro João Pinheiro, e confirmados pelo VAR, Rui Costa. Árbitro e VAR que viram nos unanimemente reconhecidos mergulhos de Taremi para a piscina razão para assinalar dois penáltis, mas já não viram qualquer falta quando o Mbemba atropelou dentro da área o central vimaranense Jorge Fernandes, partindo-lhe a clavícula. A equipa da casa teve ainda um jogador expulso, 

No final do jogo, as declarações  de Pepa, o treinador da equipa do clube de Guimarães presidido por um sócio do Porto, foram para exaltar o mérito de Taremi e para dizer que o Porto tinha jogado para ser campeão. 

Hoje, de novo em Guimarães, na recepção ao Paços de Ferreira, que ao intervalo tinha 65% de posse de bola, a equipa de Pepa beneficiou de - não um, não dois, mas três - três penáltis, qual deles o mais discutível. E da expulsão de um adversário, logo ao segundo. 

Em Portugal, o futebol é mesmo isto mesmo. Quem se portar bem não se vai dar mal!

 

 

Que grande momento!

Na passada quarta-feira, com o Ajax, o Benfica tinha deixado, mais uma vez, uma perspectiva de mudança de rumo. A regra tem sido não confirmar essas expectativas, e por isso este jogo de hoje com o Vitória, de Guimarães, só não era de tudo ou nada, porque o tudo já não existe.

Mas não podia ser de nada.

E não foi. Não que o Benfica tenha feito uma grande exibição, que não fez. Fez o qb para ganhar, e ganhar é mesmo o mais importante nesta altura. Mas deve dizer-se também que fez o quanta bastasse para ganhar porque o jogo acabou por correr bem, ao contrário do que tantas vezes tem acontecido. Bastou que o Vitória, ao contrário do que tantas vezes tem acontecido, não tivesse feito golo na primeira vez que chegou à baliza de Vlachodimos. Nem à segunda, nem à terceira... Nem em nenhum dos 17 remates (!) que efectuou, quase o dobro dos do Benfica. Bastou que Vlachodimos tenha podido evitar o golo nas duas primeiras oportunidades do jogo, e bastou concretizar, com grande eficácia as duas primeiras oportunidades criadas.

Quer isto dizer que a clara vitória desta noite é meramente circunstancial? Não. Aquelas circunstâncias foram decisivas, mas depois delas houve o jogo. E neste jogo já se viram ideias. Sim, num jogo de futebol as ideias vêm-se. 

O Benfica não entrou com a mesma equipa que jogara com o Ajax - Otamendi e Weigl estavam disciplinarmente impedidos, e foram bem substituídos por Morato e Meité, este finalmente a mostrar-se e a fazer um bom jogo - mas entrou com o mesmo dispositivo táctico, o 4x4x2, com Darwin e Gonçalo Ramos na frente de ataque. E com ideias. 

Entre elas, e provavelmente a mais decisiva, uma ideia de espaço. E depois a ideia de o atacar, mais vincada que a do defender. E dentro dessa ideia de atacar o espaço, a de que a mudança rápida de flanco é a melhor forma de a concretizar. Não é por acaso que os dois primeiros golos, ambos de excelente execução, nasceram assim - mudanças rápidas da bola para a direita, e cruzamentos de grande qualidade de Gilberto. A qualidade que a liberdade de espaço, que noutras condições não tem, lhe permitiu mostrar. Depois bastou a qualidade de Gonçalo Ramos, no primeiro, num fantástico remate de pé direito, de primeira. E de Darwin, num grande remate de cabeça.

E por isso não foi nada circunstancial a circunstância do Benfica ter resolvido o jogo nas duas primeiras oportunidades de golo que criou. Foi qualidade e... ideias. De tal forma que, ao intervalo, já era indiscutível a vantagem do Benfica, e já ninguém se lembrava do primeiro quarto de hora do jogo.

Do que provavelmente muita gente se lembraria era do último jogo, no Bessa. Ao intervalo também era aquele o resultado, e também era aquela a imagem de superioridade. 

Com o arranque da segunda parte também isso foi esquecido. Até porque o terceiro golo, o tal que tem sido excepção, surgiu logo aos 5 minutos, num penálti - é verdade! - cometido dobre Gonçalo Ramos, e convertido por Darwin, mais uma vez com classe. E porque o Vitória foi sempre disputando bem o jogo mas sem lhe acrescentar a intensidade e a agressividade que tornassem o jogo desconfortável para o adversário.

O jogo apontava para o quarto golo do Benfica. Que acabou até por surgir logo a seguir ao terceiro, no que seria também o bis de Gonçalo Ramos, depois anulado por fora de jogo assinalado a Taarabt, que fizera a assistência. E pouco depois desperdiçado por Rafa, numa das duas ocasiões por concretizar. Até se chegar ao  momento do jogo.

O minuto 62. O primeiro momento das substituições. E não foi pela habitual inépcia de Nelson Veríssimo, mesmo que tenham produzido o habitual efeito. Foi o momento da entrada em campo de Yaremchuk, com Vertonghen a entregar-lhe a braçadeira de capitão e com a Luz a explodir numa emocionante onda de apoio à sua Ucrânia. Simplesmente fantástico, com o jogador ucraniano reconhecido, sensibilizado e fortemente emocionado. Valeu mais, muito mais, que qualquer golo. E valeu pelo jogo!

Os colegas ainda tentaram oferecer o golo ao ucraniano, que seria certamente o segundo grande momento do jogo. Mas já não dava para mais, e na parte final foi até, de novo, o Vitória a estar mais perto do golo que o Benfica, e Yaremchuk. Voltou a valer Vlachodimos para, pela primeira vez na era Veríssimo, chegar ao fim com a folha em branco.

No fim fica um jogo que valeu pelo resultado, pelo que pode contribuir para a estabilidade da equipa, e por aquele momento de manifestação contra a guerra, à volta de Yaremchuk. E a confirmação que as substituições são uma dor de cabeça para Nelson Veríssimo. Que Gonçalo Ramos é definitivamente jogador, bastava-lhe a aposta mais continuada. Que João Mário perdeu, provavelmente em termos definitivos, o seu espaço na equipa. E que também Diogo Gonçalves não tem muito para dar. Ao contrário de Meité, de quem já não se esperava nada!

 

 

Um jogo estranho

 

Foi um bom jogo de futebol, este que  as equipas do Vitória e do Benfica disputaram esta noite, em Guimarães, para decidir o apuramento para a final four da Taça da Liga. Mas estranho. Ou nem tanto!

Um bom jogo, mas nisso o quinhão do Vitória é maior que o do Benfica. E estranho porque o Benfica entrou mandão no jogo, e a jogar bem. E isso é neste momento estranho. Com uma equipa bem diferente do onze habitual, do qual apenas sobravam dois centrais - Otamendi e Lucas Veríssimo - e Grimaldo. Todos os restantes oito jogadores que iniciaram a partida não contam habitualmente para Jorge Jesus, à excepção de Everton. Que esse conta, não é titular habitual, mas joga em todas as partidas.

Mas a equipa entrou muito bem no jogo, muito por mérito da acção de Pizzi, um dos que não conta. E até Mejté jogou bem. Tal como Nemaja, na ala direita, e titular pela primeira vez. Que logo no arranque protagonizou a primeira oportunidade de golo. Que não tardou muito, surgiu logo aos 7 minutos, marcado na própria baliza pelo Alfa Semedo, quando Taarabt já estava fora do jogo, por lesão. Pouco depois, à beira do quarto de hora de jogo, surgiria o segundo, obra de ... Pizzi. 

Em vez de se galvanizar com este início de jogo, a fazer lembrar o de há cerca de um mês, para o campeonato, pareceu que os jogadores se começaram a deslumbrar. Mesmo com esse ar de deslumbramento, o terceiro poderia ter surgido logo a seguir. João Mário, que entrara para substituir Taarabt, isolado, permitiu a defesa a Bruno Varela. E no lance de resposta o Vitória marcou, na primeira falha da defesa do Benfica, que perdeu todos os ressaltos que havia para ganhar dentro da área. 

Nada que pusesse em causa a sobranceria que os jogadores do Benfica já evidenciavam, até porque, seis ou sete minutos depois, Pizzi voltava a assistir para Nemaja fazer um belo golo, repondo a vantagem de dois golos. Ainda nem meia hora estava jogada, e o Benfica deu o jogo por ganho, lembrando-se do tal jogo de há um mês.

Na última jogada da primeira parte o Vitória marcou. Mais um golo estranho, com Estupiñán a cabecear entalado entre Otamendi e Lucas Verísismo. Inacreditável!

A segunda parte iniciou-se com os mesmos jogadores, e com a oportunidade de o Benfica fazer o quarto golo - o remate de Pizzi, sempre ele, saiu ligeiramente ao lado do poste. Mas depois veio o banho de táctica que Pepa deu a Jorge Jesus, e só deu Vitória. Pepa acertou as substituições todas. O "mestre" da táctica falhou-as todas!

O Vitória empatou, e mesmo que em fora de jogo, que o habilidoso Hugo Miguel deixou passar, justificou não só o empate, como justificaria até a vitória, e a eliminação do Benfica logo à primeira.

Seria estranho que o Benfica ficasse desde já arredado da disputa desta Taça da Liga num jogo que não só esteve a ganhar com dois golos de vantagem, como deu a sensação de poder dominar a seu bel prazer. Acabaria por não ser assim tão estranho porque, afinal, estranho mesmo, foi o que se passou naquela primeira meia hora. Estranho foi que Pizzi tivesse regressado àquele nível. Que Mejté até parecesse finalmente jogador. Ou que Nemaja tenha mostrado o que já lhe vimos fazer na selecção sérvia, mesmo que também tenha mostrado que defender não é a sua praia.

Também Jorge Jesus achou isso estranho. Tanto que tratou de os tirar da equipa logo que pôde!

Mais uma vez, salvou-se o resultado, que permite manter em aberto o acesso à final four de Leiria. É preciso ganhar por mais de dois golos ao Covilhã, na Luz. Não será tarefa de grande dificuldade mas, como as coisas estão, nunca se sabe. 

Dificuldades, facilidades e surpresas

O Benfica passou - não se pode dizer exactamente que tenha sido com distinção, como se verá - o teste de Guimarães, que continua a ser sempre apresentado como um dos mais difíceis da prova que é o campeonato nacional.

Comecemos por aí: o Vitória apresenta-se normalmente com boas equipas, para aquele que é o padrão nacional, normalmente com bons treinadores, e a maior parte das vezes a jogar um futebol interessante. Tem uma massa associativa que é provavelmente a maior, a seguir aos três grandes, que cria no seu Estádio um ambiente pouco menos que infernal. É o único Estádio do país, sem contar com Alvalade e o Dragão onde, em condições normais de acesso de público ao futebol, o Benfica não consegue contar com a maioria de adeptos na bancada. E no entanto não haverá muitas deslocações onde o Benfica seja mais bem sucedido.

Os resultados tendem a demonstrar que a deslocação a Guimarães não é, bem pelo contrário, das mais difíceis. Mas a verdade é que o padrão - qualidade da equipa, do treinador e peso dos adeptos - faz com que todos os anos esta deslocação seja considerada de alto risco. Hoje voltou a correr bem, mas na próxima,  já daqui a um mês, para a Taça da Liga, voltará a ser uma deslocação difícil. Por acaso a mais difícil, porque é a única.

No imaginário benfiquista será sempre assim. Difíceis são todos os jogos, a equipa é que tem que os fazer fáceis, e o primeiro passo é antevê-los sempre com elevado grau de dificuldade. Nessa medida é óptimo considerar a deslocação a Guimarães no patamar mais alto de dificuldade, e talvez até seja por aí que comece esta história de sucesso.

Hoje em Guimarães o Benfica atingiu, na primeira parte, o seu melhor nível desta época. Com velocidade, intensidade e qualidade, em vez do passe para trás e para o lado, como ainda se não tinha visto. O Vitória cometeu alguns erros, é certo, de posicionamento no meio campo, mas também na defesa. Mas, a meu ver, foi da dinâmica do futebol do Benfica a maior responsabilidade por esses erros. 

O jogo foi então sempre disputado com grande competitividade, sempre rasgadinho. Nunca os jogadores vimaranenses, a não ser nos últimos cinco minutos, depois do segundo golo do Benfica, e de Yaremchuk, em que  só queriam que o árbitro apitasse para o intervalo, baixaram os braços e viraram a cara à luta. Nesses cinco minutos, sim. A equipa esteve perdida, e o Benfica poderia ter marcado três ou quatro golos, e dado uma expressão escandalosa ao resultado. Se às oportunidades de golo desse período juntarmos as que antecederam o primeiro (grande execução do avançado ucraniano), aos 30 minutos, percebemos que o que de melhor o Vitória tirou dessa primeira parte foi mesmo o resultado.

Na segunda parte, mesmo mantendo os mesmos 11 jogadores na reentrada, o Vitória melhorou o posicionamento do seu meio campo. E o Benfica também não poderia manter o mesmo ritmo, e a mesma pressão, da primeira parte. A conjugação destas duas circunstâncias deram ao jogo um rumo completamente diferente do do primeiro tempo, e trouxeram-lhe um equilíbrio que seria inimaginável ao intervalo. Nada no entanto que alguma vez fizesse o Benfica perder o controlo do jogo. Retirou-lhe bola, mas isso até poderia nem ser mau. Percebeu-se que o treinador do Benfica contava contava com isso, e apostava na exploração do espaço que o adversário deixaria nas costas, como tanto gosta. 

E foi com naturalidade que chegou ao terceiro, por João Mário, a mais de 20 minutos do fim. Nessa altura só não tinha feito mais porque Darwin estava pouco menos que desastrado, o que lhe valeu a repreensão do treinador, que não deixou sem resposta. 

As coisas mudaram foi quando Weigl e João Mário foram poupados, e substituídos por Meité e Gedson. A equipa deixou de controlar o jogo, e permitiu o golo, num penalti surgido de mais um erro de  Lucas Veríssimo. Nada que, no entanto, alguma vez colocasse a vitória em causa.

Uma referência a Lucas Veríssimo, a quem não tenho poupado elogios. Hoje esteve francamente mal. Esteve mal sempre que teve de enfrentar Markus Edwrards - um jogador de fogachos, sempre guardados para os jogos com o Benfica -, e esteve muito mal no penalti. E outra para Jorge Jesus, a quem não tenho poupado críticas. Hoje esteve bem. E, surpreendentemente, este muito bem no "quid pro quo" com Darwin. Quando toda a gente, incluindo o próprio jogador, pensava na substituição/retaliação, o substituído foi Yaremchuk. E para Darwin, em vez da crítica "arrazadora", um reforço. Afinal Jorge Jesus é capaz de surpreender!

 

Decisões desportivamente finais.

Havia muita coisa para decidir nesta última jornada do campeonato - o acesso à última vaga para uma competição europeia, determinada pelo sexto lugar na classificação, a fuga ao lugar em aberto para a descida, bem como a do desejável ou indesejável, conforme o ponto de vista da classificação, última esperança de manutenção através liguilha, e ... a questão do melhor marcador da Liga. Com tanta coisa em jogo, abrangendo praticamente todos os jogos (à excepção do Tondela-Paços, que se disputou ontem, e do Porto-Belenenses, que abriu a jornada de hoje, foram todos à mesma hora. Todos menos o Sporting-Marítimo, que começou quando todos os outros estavam a acabar. A Liga achou que não havia desportivamente qualquer problema em dar a um dos competidores pela melhor marca de golos a vantagem de iniciar o jogo já sabendo quantos teria de marcar para ganhar.

No Vitória-Benfica, também um clássico, estavam em jogo a primeira e a última daquelas decisões. Ah... e também o título que Jorge Jesus quer que festejemos - o de campeão da segunda volta. Mas estava também em jogo ... a final da Taça, do próximo domingo.

Por isso o treinador do Benfica apresentou uma equipa com sete alterações em relação ao dérbi, de sábado passado. Para poupar física e disciplinarmente a maior parte dos jogadores habitualmente titulares. Pelo que se viu deveria ter poupado mais um - Lucas Veríssimo, que a meio da primeira parte acabou com uma lesão muscular que o afasta da final da Taça, e eventualmente até da estreia na selecção brasileira. Não poupou, não poderia  naturalmente poupar Seferovic, com o título de goleador-mor do campeonato para discutir com o sportinguista Pote.

Ao contrário de outras vezes, como no recente jogo com o Nacional, não se notaram todas essas alterações. As segundas escolhas não estiveram nada mal e, mesmo sem realizar uma exibição exuberante, não se pode dizer que a equipa não tenha apresentado um futebol agradável. E menos ainda que não tenha dominado tranquilamente o jogo, provavelmente um dos mais fáceis desta longa série de confrontos em Guimarães.

Mesmo sem ter conseguido marcar, a primeira parte foi de domínio absoluto do Benfica, com três ou quatro ocasiões para marcar. Não marcou na primeira parte, mas marcou logo no início da segunda parte. Por Seferovic, pois claro, a finalizar uma excelente jogada de futebol. E repetiria ainda antes de esgotado o primeiro quarto de hora, agora na sequência de um canto bem trabalhado, com desvio ao primeiro poste para Seferovic concluir no segundo golo. Seu e da equipa. Festejou, claro. Eram dois golos preciosos.

Provavelmente suficientes para repetir o título de há duas épocas. Não há "hat-tricks" todos os dias. Acho que nem tinha havido nenhum neste campeonato.

Com o resultado em 2-0 Jorge Jesus começou a fazer entrar alguns dos principais habituais titulares. E a verdade é que o jogo da equipa começou a piorar. Pouco depois o Vitória marcou, de canto. Há muitos jogos que o Benfica não sofria um golo de canto, parecia até que esse problema que durante tanto tempo tinha atormentado a equipa fazia parte do passado mais negro desta negra época. O Benfica chegou até a perder o controlo do jogo, e permitiu até uma ou duas ocasiões para os vimaranenses empatarem. Valeu então o regressado - para a despedia - Vlachodimos

Nos últimos dez minutos voltou ao comando da partida, e acabou até por marcar o terceiro golo. Mas de Everton, que tinha entrado na tal leva dos titulares, que fez o que tinha de fazer. Quando o jogo acabou tinha praticamente acabado de começar o do Sporting, e o Pedro Gonçalves, Pote, já tinha marcado dois golos, voltando a estar empatado com Seferovic, que era ainda o melhor artilheiro por ter os mesmos 22 golos em menos tempo jogado na competição.

Faltava a Pote o terceiro. E o hat-trick, a tal coisa rara e o primeiro da sua carreira, era já uma inevitabilidade. Chegou por volta da hora de jogo e o assunto fico resolvido. E tornou-se, 25 anos depois de Domingos Paciência, no primeiro português com a melhor marca de golos no campeonato.

Não é só por isso que o Pedro Gonçalves merece nota alta. É porque foi a maior revelação da competição, e o mais influente jogador do Sporting, que marcou o desempenho competitivo do novo campeão nacional. Quando Pote esteve bem, e esteve bem durante grande parte da época, e muito bem no início e no fim, o Sporting esteve bem. Quando se apagou, o Sporting apagou-se. E valeu-lhe Coats.

É pois notável, e merecedora de todos os elogios, esta conquista do jogador que Rúben Amorim lançou para a alta roda do futebol. Mas não foi bonito, nem desportivamente aceitável, terem-lhe dado a vantagem que lhe deram. Nada garante que, com o jogo à mesma hora, o resultado fosse diferente. Mas o jogo em Guimarães teria sido certamente diferente!

 

 

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