Danados para a brincadeira
Por Eduardo Louro
Esta noite decidi dedicar-me ao zaping, e passei boa parte dela a vaguear de antena para antena, para ouvir o que os especialistas do comentário político tinham para dizer sobre as sondagens. As do empate técnico e as que põem a coligação às portas da maioria absoluta.
E ouvi coisas tão ou mais desconcertantes que as próprias sondagens. Também poderia dizer disparatadas, mas fico-me pelo desconcertante. Ouvi, por exemplo, na TVI 24, um senhor que foi director do maior e mais influente semanário nacional, e que passava de uma estação para outra quase tão depressa como eu com o comando do meu televisor, dizer que os portugueses constituem hoje um eleitorado de grande literacia, para quem a política e a economia não têm segredos. Capazes de distinguir propostas alternativas e distintas, e até de avaliar comportamentos e expectativas, sem nada deixar passar. Gente que já ninguém consegue enganar...
Estava eu a assimilar o que acabava de ouvir, e a tentar advinhar de que planeta teria acabado de cair, já a personagem dizia que os eleitores não percebem, nem querem saber da política para nada. Não entendem o discurso político, nem o discurso dos políticos, querem é saber do que irá ser da sua vida. Que agora estão preocupados com os manuais escolares, coisa com a que o discurso político não liga patavina...
Claro que personagem com tão amplo conhecimento do eleitorado português tem que ter nome. Chama-se Henrique Monteiro. Mas como às vezes também passa por Comendador - não confundir com comentador - e como minutos antes o tinha visto na SIC Notícias, aquele era mesmo o Comendador Marques de Correia. Danado para a brincadeira, como sempre!