Sabíamos que a França não cumpria o Tratado Orçamental e que daí não vinha mal ao mundo. Sabíamos, pela voz de Juncker, que a França podia violar o défice porque...era a França. Já o radical Dombrovskis era mais sofisticado, e explicava que a França escapava às sanções porque, incumprindo, é certo, tinha para ali umas virtudes no défice estrutural. Que depois já não precisava de explicar...
Ficamos agora a saber que era Juncker quem estava mais perto da verdade. Que a França pode fazer o que quiser com o défice, sem sofrer quaisquer sanções, porque é a França. Porque é grande e acha que não tem nada que ficar sujeita a regras. Isso é para os pequenos e fracos. Mas não lhe bastava achar isso, era ainda preciso impôr isso aos outros.
E é por aí que ficamos a saber que as coisas são assim. Os homens pequeninos não são capazes de permancer enfiados nos seus corpos pequeninos. A Hollande, um dos mais puros exemplares do homem pequenino, não bastava ter imposto aos outros a prerrogativa de não cumprir as regras. Tinha de se saber que tinha sido ele, e mais ninguém, o autor de tamanha proeza. Tinha de se saber que só ele estava à altura de impôr a grandeza resplandescente da França...
Para que tudo se soubesse e nada da grandeza do homem pequenino se perdesse, nada melhor que pôr tudo em livro. O título não podia ser melhor: "Um presidente não deveria dizer isto"!
Que a crise grega não deixaria nada na mesma, já se sabia. O que não se sabia é que Merkel e Schauble viessem tão depressa tornar pública tanta divergência. E o que nem se imaginaria é que embalasse definitivamente François Hollande a alta velocidade para liderança da Europa…
Uma Europa a duas velocidades – ou a três, ou até mesmo parada, como tem estado – é uma coisa. Velha, até… Outra é, para isso, recuperar estatutos ou invocar privilégios. De fundador ou de outra coisa qualquer… Esta não lembraria mesmo a mais ninguém que a um francês… pequenino!
A gente percebe, nem precisa de explicar muito...É a Senhora Le Pen, não é? Mas não é assim que as coisas se resolvem, pois não?
A União Europeia mediou o novo acordo de cessar fogo na Ucrãnia, acabado de assinar em MInsk. Com gente estranha. Desde logo com Putin, estranho representante dos rebeldes ucranianos...
Estranhos também os representantes da União Europeia. Que, pensava eu, que tinha orgãos legítimos de representação. Procurei por todo lado e não encontrei Angela Merkel em nenhum... Confesso que não fiz qulaquer pesquisa relativa ao cavalheiro que está com ela. Imagino que seja um assessor... Motorista não é certamente, e palhaço (apesar do ar) não é para ali chamado!
Não deixa de ser notável a forma como a imprensa, e a comunicação social em geral, compactua com mais uma cínica demonstração de hipocrisia da política europeia, e ocidental. Viu-se como jornais e televisões difundiram a fotografia (em cima) com aqueles hipócritas todas supostamente a encabeçar a mega manifestação de Paris. Nenhum dos inúmeros correspondentes presentes em Paris fez o menor reparo à cabeça da manifestação. Nenhum manifestou o menor indício de não ter visto ninguém daquela gente na manifestação; o máximo que se soube foi que os chefes de estado e de governo presentes, entre eles como se sabe Passos Coelho, cuja ausência da primeira fila foi objecto dos mais diversos comentários, por razões de segurança, teriam apenas percorrido 200 metros na manifestação. Nada mais!
Sabe-se agora, porque alguém no Le Monde - o proprietário da fotografia oficial que todo o mundo "comeu" - resolveu pôr cá fora a outra fotografia (em baixo), a que não mente, que os sérios e respeitáveis chefes de estado e de governo que se juntaram a Hollande (e a Merkel) participaram, não na manifestação, mas numa encenação. Que se limitaram a fechar uma rua para dela fazerem estúdio fotográfico...
Não fosse a dimensão da fraude e disser-se-ia que o fotoshop faria a mesma coisa por muito menos dinheiro. Que aquela é uma fotografia que sai bem cara aos contribuintes. Mas com fraudes não se deve brincar. Nem o Charlie o faria... Já a Marine Le Pen, mesmo perdida a rir, não deixará de levar isto bem a sério!
François Hollande já é o novo Presidente da República Francesa. Tomou posse e partiu a correr para Berlim, ao encontro com a Srª Merkel. Ao encontro negado antes das eleições, mas logo requerido depois delas!
Não há changement! A haver changement, seria a Srª Merkl que estaria a esta hora em viagem… E aquele raio até seria o raio que a parta!
PS: Este texto foi escrito para publicar ontem, dia em que os enigmas da internet me trairam!
Tem-se dito a torto e a direito que François Hollande não tem carisma, que não é um líder forte, ou mesmo que nem é líder nem é forte. Que não entusiasmou os franceses, nem será capaz de os arrastar atrás de si para fora do buraco, que por lá também é fundo.
Agora, eleições passadas, salienta-se o resultado apertado - 51,63 versus 48,37 – e faz-se graça com alguns trocadilhos, que mais não são que mais do mesmo.
Entre muitos, trocadilhos ou não, escolhi esta frase que encontrei aqui: Les partisens de Hollande convergent vers la Bastille pour célébrer la défaite de Sarkozy.
Está aqui muito do que é o estado da política por esta Europa fora. Sarkozy, foi inclusivamente, o único presidente, para além de Giscard D´Estaing, que não garantiu a reeleição. Em pouco tempo conseguiu esgotar-se e esgotar a paciência dos franceses, que ficaram fartos dele. Em Portugal passou-se o mesmo no ano passado. Muitos dos que festejaram com Passos Coelho festejaram a derrota de Sócrates, que já ninguém podia ver à frente. E as coisas apontam para que daqui a três anos suceda o mesmo com Passos Coelho.
Daqui a cinco anos poderá ser Hollande o odiado. A crise, os tempos que correm e as (não) respostas da União Europeia, também fazem destas coisas.
Vota-se para penalizar, não se vota para premiar soluções novas e mobilizadoras. Porque disso já não há!
Não sei o quê, nem como. Sei que não será exactamente nos termos que François Hollande anunciou na campanha eleitoral. Mas alguma coisa vai mudar, ninguém é o mesmo sem mordomo!
Na Grécia também muita coisa mudou. Mas aí é uma mudança que deixa tudo na mesma: sem solução!
Tudo em conformidade com as sondagens, nas eleições presidenciais francesas: Hollande à frente de Sarkozi e a extrema-direita de Marine Le Pen a continuar a engordar, com mais de 18% dos votos. Se assim continuar na segunda volta, o mordomo da Senhora Merkel falhará a reeleição e François Hollande - com 54% nas sondagens - será le nouveau President!
O que irá mudar?
Pela forma como, na campanha eleitoral, Hollande passou ao lado dos problemas – grandes, bem grandes – e pelas promessas irrealistas, mesmo demagógicas, que apresentou, diria que as expectativas não podem estar muito altas. Mas acredito que a Senhora Merkel tenha que pôr um anúncio à procura de novo mordomo…
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