Hesitei em escrever uma linha que fosse sobre a morte de Hugo Chavez. Porque já há algum tempo que Hugo Chavez estava morto e porque não tenho a certeza que Hugo Chavez tenha morrido ontem!
Hugo Chavez não morreu ontem. Nem sequer quando partiu para Cuba à procura da cura milagrosa para um cancro sem cura. Que, adivinhava-se, não tardaria a ser transformado num ataque terrorista dos serviços secretos do império do mal. Hugo Chavez morreu quando decidiu seguir um caminho sem futuro, que se esgota em si mesmo.
Mas Hugo Chavez não morreu ontem. O mito, a personalidade endeusada, não morreu ontem. Nem se saberá quando virá a morrer…
A morte de Hugo Chavez não é notícia. Ou será uma notícia francamente exagerada?
Por agora isto até poderá parecer estranho – concede – mas daqui por 50 anos ninguém terá dúvidas. Pronto! Até lá vamos todos ter que viver com uma grande dúvida: o que é que será mais difícil de explicar? A tecnologia americana ou mais uma das loucas teorias chavistas?
Hugo Chavez anda doido – em sentido figurado, já se vê – para assegurar a liderança de um processo de arbitragem na Líbia.
Só ele - já que Fidel Castro, que também desmascara a "colossal campanha de mentiras" sobre a Líbia, como se sabe está doente - diz, está em condições de assegurar a independência arbitral no conflito que opõe o seu amigo Kadhafi – com quem se mantém em contacto permanente – ao povo líbio. Dizem as notícias que o governo de Kadhafi em Tripoli já aceitou essa mediação! E que a Liga Árabe também!
Pronto: soma-se um novo conflito, agora entre a Venezuela e a Comunidade Internacional!
Mas aí abre-se uma nova janela de oportunidade e emerge a figura internacional de Sócrates: negociar o que quer que seja com Kadhafi e com Chavez é com ele!
Sócrates foge dos jornalistas para não responder ao que quer que seja sobre o que se está a passar na Líbia.
Compreende-se que sinta algum incómodo a pronunciar-se sobre o tema. Compreende-se que a língua se lhe enrole ao pronunciar o nome Kadhafi. Mas, caramba, apesar daquela irreprimível tendência para privilegiar as relações com gente desta – gente extraordinária como Kadahfi e Chavez – sempre poderia escudar-se atrás da real politik …
Assim, temos Sócrates no seu melhor: a fugir dos jornalistas, a fugir dos problemas, a fugir das questões que não quer enfrentar e a fugir das responsabilidades. Que, como gente extraordinária que também é, consegue transformar pequenas questões em grandes problemas!
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