No dia em que Kamala Harris - no encerramento da convenção democrata, em Chicago - fez um discurso de aceitação verdadeiramente histórico, ficamos a saber que o Secretário-Geral do do PSD, líder da bancada parlamentar, e braço direito de Luís Montenegro, tem muitas dúvidas em escolher entre Donald Trump e Kamala Harris.
O país continua entregue à desgraça. Arde por todo o lado, arde o que ainda estava por arder, e arde até o que já tinha ardido.
Não é esta a única desgraça em que o país se consome. Há mais, ou não seja este um país atreito à fatalidade desgraçada.
António Costa, numa longa entrevista ao Expresso publicada neste fim de semana, falou na necessidade de consensos para o programa de investimentos em infra-estruturas a contemplar no próximo quadro comunitário. O actual quadro comunitário - Portugal 2020 - acaba justamente em 2020 e, para evitar o que sempre aconteceu no passado - o hiato entre um programa e o seguinte, com graves consequências no investimento - o próximo terá de começar a ser preparado em 2018, para estar consensualizado, concluído e ser apresentado em Bruxelas, em 2019. Para que esteja aprovado em 2020, e entrar em vigor em 2021.
Quanto a calendário, ficamos entendidos: não há grandes dúvidas que este é o momento próprio para falar do assunto. Depois das eleições, porque em tempo de eleições não dá para tratar de assuntos sérios... Depois das autárquicas, naturalmente.
O país não pode dar-se ao luxo de programar a utilização dos fundos europeus em cima do joelho, à medida de interesses imobiliários, ou de objectivos políticos de curto prazo. Já todos percebemos no que isso deu. No aeroporto de Lisboa, nas vias férreas, nos terminais de contentores... O país não pode definir e inverter rumos ao ritmo de cada maioria circunstancial.
Faz por isso todo o sentido estabelecer consensos nesta matéria. Não só faz sentido, como é imperativo, que se constituam sólidas bases de sustentação política das grandes opções de investimento. A maioria de dois terços é o limite inferior dessa plataforma de sustentação política e, por força do que é a representação democrática do país, esse limiar não é possível sem os dois grande partidos do sistema político português.
Pela reacção imediata de Hugo Soares se percebe a sua dimensão política. Quando o líder parlamentar do PSD não pára um simples segundo para pensar, e perante matéria desta importância acha que a prioridade é dizer o primeiro disparate que lhe vem à cabeça, percebemos melhor a desgraça.
Nunca foi tão forte a sintonia entre a direita em geral, e o PSD em particular, e a comunicação social.
Não. Não é no que respeita a ideologia, é na imbecilidade!
E quanto mais fundo cai o nível da qualidade dos seus dirigentes políticos mais se reforça essa sintonia, que terá certamente o seu ponto mais alto no ultimato desse grande vulto político que acaba de chegar à liderança parlamentar, que se dá pelo nome de Hugo Soares.
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