Sem qualquer surpresa, a Polónia e a Hungria anunciaram que não viabilizariam os fundos europeus com que a União Europeia tenta fazer face aos dramáticos efeitos da pandemia. Que irão bloquear o Quadro Financeiro Plurianual (2021-2027) e o Fundo de Recuperação, que acrescenta 750 mil milhões de euros aos 1,1 biliões do primeiro.
Estando o acesso a esses fundos europeus condicionados ao respeito pelo Estado de direito, que os regimes de Viktor Orbán e de Rafal Trzaskowski desprezam despudoradamente, e a sua aprovação dependente da unanimidade, este desfecho era inevitável.
É certo que depois de amanhã toda a gente vai tentar desatar o nó, e que o mais provável é que seja encontrada uma forma qualquer de mitigar o respeito pelos princípios democráticos e pelo Estado de direito, seja na fórmula da obrigação, seja na medida do incumprimento. No fim, nem o respeito pelas regras do Estado de direito será assim tão sine qua non, nem Orbán e Trzaskowski as violam assim tanto.
E acaba, evidentemente, em mais uma machadada na União. Por mais um equívoco demolidor: o respeito pela democracia e pelo Estado de direito não é uma condição de acesso a fundos; é a condição primeira de integração na União desde as sua fundação. E sendo condição de acesso tem, evidentemente, de ser condição de permanência.
Há muito, há pelo menos dez anos, que a União Europeia aceita, tolera e pactua com a Hungria de Orbán. Essa tolerância permitiu que a Polónia seguisse o mesmo percurso. Não resolveu um problema e já tem dois. E não resolvendo estes dois, terá a curto prazo um terceiro, um quarto, um quinto ...
É também disto que se faz o suicídio da mais bonita ideia que um dia surgiu na Europa, e do mais decisivo exemplo que tinha para dar ao mundo.
O PCP votou contra a sanção à Hungria que o Parlamento Europeu aprovou esta quarta-feira, numa medida inédita e tida por indispensável para travar o desrespeito de Orban, e do seu governo, pelas regras da UE sobre democracia, direitos civis e corrupção.
Fica-nos a ideia que, perdido na História, o PCP se agarra à Geografia. É capaz de ter razão, o mais conservador dos partidos políticos em Portugal. Bem vistas as coisas, só a geografia não muda. O leste é sempre leste!
A selecção nacional deu esta noite, na Luz, mais um passo a caminho da Rússia. Do Mundial na Rússia, no próximo ano, porque ainda lá estará este ano, em Junho, na condição de campeã europeia a disputar a Taça das Confederações. A Suíça é que também não desarma: com mais ou menos sorte - com mais, mesmo com muita, nos dois jogos mais complicados com que teve de se haver, com a nossa selecção, e com esta mesma Hungria - segue na frente só com vitórias.
Foi uma vitória clara, e de certa forma gorda - três a zero - com uma exibição agradável, aqui e ali com excelentes pedaços de futebol. A verdade é que na primeira meia hora as coisas não correram nada bem, e só o prmeiro golo - então contra a corrente do jogo - o jogo se alterou definitivamente. Aconteceu aos 32 minutos, numa bela jogada de ataque rápido. Quatro minutos depois chegou o segundo, e a partir daí só deu Portugal. Mesmo que só tivesse dado mais um golo!
Fernando Santos voltou a confirmar o seu conservadorismo. Não é novidade que è avesso a inovações, mas também se percebe: uma equipa de selecção não é a mesma coisa que uma equipa de clube, que trabalha junta todos os dias. E os resultados dão-lhe razão.
A selecção da Hungria apenas surpreendeu por apresentar um jogador de pele mais escurinha. Ficamos sem perceber que muro terá saltado para chegar ao país... e à selecção nacional de futebol que o representa. Ou será que quem souber jogar à bola não terá problemas em entrar na Hungria?
Suspenda-se ou expulse-se a Hungria da União Europeia. Faça-se qualquer coisa, assim é que não pode continuar - são mais ou menos estas as palavras do ministro dos negócios estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn.
Finalmente alguém convoca a União Europeia para os mínimos da decência.
Com a maior goleada da competição, a Bélgica - com Hazard de regresso às grandes exibições de que este ano andou arredado - reduziu a Hungria à sua verdadeira expressão, falando do Europeu de França, evidentemente. Despachando os vencedores do grupo de Portugal por quatro a zero, os belgas são, para já, com a Alemanha, uma das equipas mais impressionantes das já apuradas para os quartos de final.
E, no entanto - veja-se como é o futebol - os húngaros lograram o do dobro das oportunidades de golo que haviam conseguido no jogo anterior, com Portugal. O fabuloso guarda-redes que é Courtois, tirou - literalmente - três bolas de golo, tantos quantos a Hungria marcara a Rui Patrício.
E no entanto, até à entrada dos dez minutos finais, a Bélgica só tinha a render o golo que marcara à saída dos dez iniciais. Foi com dois golos em dois minutos que acabou por construir o maior resultado deste europeu. Se não tem faltado à fraca selecção húngara a sorte que lhe sobrara no jogo com a selecção das quinas, as coisas podiam ter sido bem diferentes. Porque - lá está: o futebol é isto mesmo...
Se a probabilidade não for a batata que ditou a eliminação da Croácia, nas meias finais lá encontraremos estes belgas... Do outro lado as coisas estão bem menos previsíveis.
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