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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Verdades inconvenientes

Primeira página do Negócios de 2 de julho de 2025

Está em letras pequenas, mas está lá, na primeira página do "Negócios" de hoje: "a maior ameaça à democracia é a concentração de riqueza, não são as redes sociais". Quem o afirma é James Alen Robinson, o economista e cientista político britânico, e actual Nobel da Economia.

É bem capaz de ter razão. Mas são muitos os que entendem que não convém nada dar-lha... Por isso é que a "União Europeia precisa de um "reboot" profundo". E os jornais também!

Divisões inventadas

Não. Lisboa não esteve dividida entre "Justiça para Odair" e Polícias sem medo". Isso é uma invenção do Diário de Notícias, porventura intencional.

Nem Lisboa esteve dividida, nem a dimensão das manifestações é susceptível de evocar divisão. 

Numa, estiveram cerca de dez mil pessoas, em protesto contra a violência policial e as condições de vida de uma larga franja de portugueses teimosamente marginalizados. Noutra, duzentas pessoas, entre os 50 de deputados, e as dezenas de assessores e avençados do partido de André Ventura, com o fim - único - de o promover e de o defender dos crimes que diariamente pratica. 

Nem que para isso tenham de fazer uma revolução!

 

A falta de referências da Imprensa de referência

Reportagem na Suíça: “Estas pessoas têm a sensação de estar a salvar  Portugal” - Expresso

É na Suíça que o Chega atinge a sua maior expressão eleitoral, tendo sido o partido mais votado nos dois actos eleitorais. Nas legislativas, de 10 de Março, e agora, nas europeias.

O Expresso deste fim-de-semana - no contexto das visitas do Presidente da República e do Primeiro-Ministro ao país, e à comunidade portuguesa que lá vive, a propósito das comemorações do 10 de Junho - publica uma reportagem que pretende dar conta das motivações para aquele sentido de voto.

Entre as diversas justificações apresentadas, umas simplesmente muito "tugas", outras de evidente permeabilidade ao discurso populista, há uma que saliento. O entrevistado é apenas apresentado por António, e explica que as pessoas não votaram em André Ventura por todas aceitarem as suas ideias, mas por nele encontrarem "um refúgio" para a sua revolta. "As pessoas estão revoltadas" - rematou!

Não explicou por quê. Nem isso lhe foi perguntado. Mas é a própria autoria da reportagem a avançar que a "perceção de insegurança, as medidas da habitação do Governo anterior e as dificuldades no Serviço Nacional de Saúde" são os principais motivos da revolta.

Não quero concluir que os principais motivos da revolta que leva os emigrantes na Suíça a votarem no Chega tenham sido dados pelos autores da reportagem. Da sua conta e risco. Mas faz alguma espécie que os emigrantes na Suíça, que por lá têm vida organizada - supõe-se que bem - sintam por lá a insegurança, as dificuldades de habitação, ou as do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal. Onde não vivem. E faz-me mais ainda que as sintam tão intensamente que lhes provoquem a tamanha revolta que só afogam no voto no Chega.

Mas não posso deixar de concluir que é com reportagens destas, tratadas e divulgadas desta forma, que a imprensa dita de referência vai normalizando e alimentando o Chega.

 

 

Pois...

Crise na imprensa escrita reduz número de edições impressas | Esquerda

Pedro Marques, o agora euro-deputado que foi ministro das infra-estruturas do primeiro governo de António Costa, que reverteu a privatização da TAP, foi ontem ouvido na Comissão de Economia que, em paralelo com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) - coisas da política da paróquia -, está a ouvir ex-governantes e antigos responsáveis ligados à privatização de 2015. Precisamente um dia antes de, hoje, marcar presença na CPI. E disse muita coisa.

Disse que nem a Parpública, nem a TAP nunca informaram os "famosos" fundos Airbus, na tal troca da encomenda dos doze A350 pelos cinquenta e três NEO, que afinal acabou nos 226,75 milhões de dólares que a Airbus pagou a David Neeleman, para que os accionistas privados realizassem prestações de capital com "o pêlo do cão". 

Mas disse mais. Disse que Miguel Pinto Luz, actual vice-presidente do PSD, e Secretário de Estado da tutela no último governo de Passos Coelho, aquele que durou menos de um mês, e que assinou a privatização à vigésima quinta hora, assinou uma carta-conforto em que o Estado assumia os pagamentos que a TAP falhasse aos bancos, assim privatizando lucros e deixando nacionalizados os riscos. 

Parece que Miguel Pinto Luz diz não se lembrar de ter assinado tal coisa. É normal, é "o que a casa gasta". Nestas coisas nunca há muito a tirar de um lado para acrescentar no outro. Menos normal é passarmos os olhos pelas primeiras páginas de todos os jornais de hoje e não vermos uma única palavra sobre o assunto.

 

Tristes jornais

APCT: Jornais continuam a perder expressão em banca - Meios ...

 

Numa viagem pelos jornais do dia encontramos o Benfica e Luís Filipe Vieira em praticamente todas as primeiras páginas. Com duas únicas excepções: o Jornal de Negócios, e o jornal i, este particularmente interessado em continuar a bater no Costa e a promover o Ventura.

Nos generalistas, o "CM" diz que "Vieira admite demitir-se da presidência". O "JN" que "Vieira assume  responsabilidade e admite sair". E para  o "DN" a "crise faz cair Bruno Lage e deixa Vieira a pensar no futuro".

Nos diários desportivos apenas o "Jogo" não vai no jogo de Vieira. "A Bola" diz que "o presidente vai pensar sobre o seu próprio futuro" e o "Record" diz que "Presidente assume a responsabilidade e vai conversar com a família

É impressionante. Sobre a inconsistência e a propaganda das declarações de Vieira, nada. Sobre a sessão de campanha eleitoral para as eleições que vai antecipar, para retirar tempo a quaisquer novas iniciativas, e fixar a concorrência na que já é conhecida, coisa nenhuma. Nem uma palavra.

E no entanto tudo está tão à vista... Tristes jornais, triste jornalismo!

 

 

O grito da América

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A imprensa norte-americana junta-se hoje em uníssono contra os ataques de Trump e a sua miserável campanha de propaganda, que não tem outro fim que não seja eliminar quem a escrutine e denuncie.

Ao fazer dos jornalistas o inimigo, Trump quer esvaziar a capacidade de escrutínio, eliminar a crítica e deixar o populismo à solta, a salvo da denúnica. Quer fazer das redes sociais palcos de gigantescos comícios à escala global, enquanto convence as pessoas que são os mais limpos veículos de informação, numa comunicação sem filtros nem intermediação. 

Os editoriais de hoje de mais de 350 jornais por todos os Estados Unidos são o grito da América que grita. Um gigantesco grito de protesto contra o populismo e a autrocracia, mas também a afirmação de um compromisso de defesa do jornalismo e da liberdade de imprensa, e um alerta para a importância da independência dos jornais. Que no chamado mundo livre nunca esteve tanto em causa como hoje.

A democracia precisa de uma imprensa forte, livre e independente. Hoje, como diz o título do editorial do New York Times, "A free press needs you"...

 

 

Foram-se os anéis ... vão-se os dedos

Capa Diário de Notícias

 

Esta, a de ontem, é a capa da última edição do Diário de Notícias em papel enquanto jornal diário, como foi durante 154 anos. Desde 1864!

Novos "sinais dos tempos" disfarçados de sinal do tempo. O velho DN vai passar a ser um novo diário digital que regressa ao papel ao domingo. Uma espécie de híbrido. Um diário/semanário no digital/papel de que ninguém espera grande coisa. Nem editorial nem economicamente. Custa até ver o notável Ferreira Fernandes, agora director, querer parecer entusiasmado com a ideia ... 

Depois dos anéis, vão-se agora os dedos. É só isso, nada mais que agonia...

 

Portas

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Não surpreende que Passos Coelho tenha procurado - e pelos vistos encontrado - na(s) Universidade(s) a porta de entrada na vida profissional, agora que, pelos vistos, fecha a porta da política. Não surpreende que alguém cuja única especialidade conhecida era a de abrir portas, seja tão expedito a abri-las para si próprio. Não surpreende sequer alguém que levou vinte anos a fazer uma licenciatura, depois de passar pela chefia de um governo, fique automaticamente qualificado para professor universitário. O que verdadeiramente surpreende é o despudor da imprensa que temos.

Sem ela, sem essa imprensa, Passos não teria exponenciado a sua especialidade em portas. Foi com ela que, em muito pouco tempo, Passos transformou a  pequenina portinha de saída que o diabo lhe tinha apontado na porta grande por onde vai sair este fim de semana.

Não me admiraria muito numa parceria entre os principais players do negócio dos media e algumas universidades privadas para explorar a fileira da porta, sob a cátedra de Pedro Passos Coelho.

 

 

 

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