A aguardada sessão de ontem no INFARMED transformou-se numa espécie de "dia da libertação". Por muito que "apenas" se tenha "fechado uma página", como disse o Presidente Marcelo, e que não tenham faltado avisos sobre os riscos que ainda permanecem, ontem foi mesmo o dia em que "ganhamos a guerra", na expressão de Gouveia e Melo, o herói maior entre os muitos heróis que a pandemia deu ao país.
Ontem foi pois um dia histórico. A História faz-se destes dias, e das palavras que destes dias ficam. Das de ontem, de Marcelo, estas não poderão deixar de ficar para a História:
"O povo português votou, e uma forma de voto foi vacinar-se, e aqui votou com uma maioria que até agora nenhuma eleição deu a ninguém. E é bom que isso seja retido".
Associar a resposta nacional à vacinação - que orgulho no Portugal campeão mundial da vacina contra o covid, com 85% da população vacinada! - à de uma expressão eleitoral, a dimensão cívica à democrática, é a mais inteligente resposta aos movimentos negacionistas, obscurantistas, e reaccionários que nos últimos tempos têm engrossando a conspiração contra os valores da democracia.
É mostrar como são inexpressivos na sociedade portuguesa. E, mais ainda que isso, é mostrar que esses movimentos não representam nada mais que a oportunista exploração dos desencantos que atingem boa parte da sociedade portuguesa na sua expressão eleitoral democrática.
Mas esse é outro problema. Que, mais do que nunca, terá de ser decididamente enfrentado!
Voltaram ontem as famosas reuniões do Infarmed, concluídas com o desfile de todos os representantes dos partidos políticos e dos parceiros sociais na passadeira das televisões, com tradução gestual e tudo.
No fim de tudo isso passar, ficamos a saber que, em contradição com as medidas que o governo tem tomado e continua a prolongar, os restaurantes e centros comerciais não são uma fonte grave de contágio. Que essas, no dizer do estudo apresentado por Henrique de Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde, estão nos ginásios e nos locais de trabalho. Nos locais de trabalho que não sejam em restaurantes e centros comerciais, teremos nós de concluir...
Quando se fala em problemas de comunicação não se está apenas a referir ao governo e à Directora Geral da Saúde. Nem ao primeiro-ministro que, talvez por comer as palavras e pelo abuso da moleta do "vamos lá a ver", assumiu a culpa toda para si.
A cedência do governo à insensatez e ao populismo mais parolo é já deveras preocupante. A imediata resposta ao resultado da insensata cedência ao populismo de Rui Moreira foi a incompreensível, populista e insensata decisão de transferir o Infermed de Lisboa para o Porto.
Ninguém consegue perceber um mínimo de racionalidade na decisão, que ninguém consegue perceber se não como rebuçado. Mas... porquê um rebuçado para Rui Moreira?
O que é que se vai fazer com as 400 pessoas que lá trabalham?
Vão ser deslocadas para o Porto, com subsídios disto, daquilo e e mais alguma coisa?
Vão de manhã e regressam à tarde?
Ou anda tudo doido, ou alguma coisa me está a escapar...
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