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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Futebolês #106 INFERIORIDADE NUMÉRICA

Por Eduardo Louro

 

Inferioridade numérica é uma das expressões mais interessantes e cuja origem não consigo encontrar noutro sítio que não seja a linguagem bélica que, como já aqui vimos em muitas outras oportunidades, é uma das principais fontes de inspiração do futebolês. Ou não seja grande a frequência com que se faz do futebol uma guerra!

Foi sempre em inferioridade numérica que conseguimos as mais épicas vitórias militares da nossa História. Foi assim em Aljubarrota, foi assim nas Linhas de Torres, e foi assim em tantas outras. E mesmo quando não foi assim, contaram-nos assim!

O futebolês tem no entanto uma particularidade: é que não há uma, há duas inferioridades numéricas. É verdade!

inferioridade numérica normal, aquela por que passam todos os adversários do Sporting – todinhos, ninguém escapa; desconfio que a coisa possa acabar lá para início do ano e fim da primeira volta, quando o Porto se deslocar a Alvalade – e há a inferioridade numérica nas diferentes zonas do campo.

Por exemplo, os avançados estão sempre em inferioridade numérica em relação aos defesas, o que é dado como uma situação normal de jogo. Por isso é que invariavelmente as defesas se superiorizam aos atacantes, que é a moral que mais vezes os narradores dos jogos tiram da história do jogo. Foi para contrariar este determinismo que se inventaram as transições rápidas e os contra-ataques!

São aspectos da dimensão táctica do jogo. Claro que ninguém gosta da inferioridade, é da vida. É por isso que os treinadores passam noites sem dormir à procura de soluções tácticas que invertam essa nevrálgica condição. Nem todos, bem entendido, o Domingos Paciência dorme descansado… Nota-se até no ar fresco com que aparece nas conferências de imprensa!

É dos livros da táctica que os jogos se decidem no meio campo, essa zona central do terreno onde, dizem, se começam a ganhar os jogos. Daí que se esteja já a ver qual é a chave táctica do jogo: isso mesmo, garantir a superioridade numérica no meio campo, que é a mesma coisa que empurrar o adversário para a inferioridade numérica nessa zona crucial do campo e dimensão vital do jogo.

A outra inferioridade numérica, a tal que não apoquenta o treinador do Sporting, é que já não tem nada a ver com táctica. Embora obrigue a revê-la, mesmo que não requeira grande imaginação: é só baixar o bloco, como agora se diz! Quer dizer, que se lixe o meio campo e o ataque, as coisas decidem-se é na defesa. Toca a defender, todos lá atrás! De tal forma que são muitos os treinadores que dizem ser mais difícil jogar contra dez do que contra onze. Dizem mas não praticam, porque muitas vezes preocupam-se mais em criar condições que levem à expulsão de um adversário do que em ganhar superioridade em certas zonas do campo. Vá lá a gente entendê-los…  

Por aqui se vê que a expulsão de um jogador, empurrando irreversivelmente uma equipa para a inferioridade numérica, não é a melhor das soluções.

Claro que há comportamentos de tal forma graves, ou de tão repetidos, que não podem permitir que o seu autor continue em campo. As circunstâncias que ditam a expulsão não são questionáveis, mas deveria ser permitida a substituição do jogador expulso, devendo a punição cingir-se à suspensão nos jogos seguintes. Uma suspensão agravada de acordo com a gravidade mas também em conformidade com a forma da expulsão: por vermelho directo ou por duplo amarelo.

Creio que esta alteração na dimensão disciplinar do jogo defendia o espectáculo – na vertente estética do jogo e na da ética e do fair play – mas também a chamada verdade desportiva. E, claro, contribuiria para a valorização profissional do Domingos. É que arrisca-se a que digam que só ganha porque joga sempre em superioridade numérica (e às vezes nem assim ganha) e isso penaliza-o, sem dúvida. E ele não merece! Parece-me que até sabe da poda e acho mesmo que, desde que corrija alguns vícios – como, por exemplo, o de olhar para o chão durante os jogos -, poderá - quem sabe, um dia ... - ser campeão nacional!

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