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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Valores que servem para servir

Entenda a importância da missão, visão e valores para sua empresa!

Já aqui me referi por algumas vezes à espécie de hooliganismo e de talibanização que, em torno guerra em curso na Ucrânia, se instalou na sociedade portuguesa a partir de um espaço mediático virado para a exploração de emoções.

Nada acontece por acaso. E esta escalada teria de ter consequências. Como é natural, não tardaram a surgir!

Hoje os jornais trazem-nos dois exemplos. No Expresso, Miguel Sousa Tavares,  reserva a sua habitual página semanal à notícia da criação do "Clube Liberal Português" e á transcrição dos seus princípios fundadores. E o Observador publica um artigo de um tal José Crespo de Carvalho, professor no ISCTE e dirigente  de uma plataforma que se dá pelo nome de "We Help Ukraine, Organizações cívicas e sociais. A platform to help Ukraine refugees find living support worldwide".

Ambos suficientemente elucidativos. No primeiro - procurei mas não encontrei mais informação deste "Clube Liberal Português", pelo que recorro exclusivamente à publicação do MST no pressuposto que tudo o que lá está seja verdadeiro - encontramos princípios doutrinários que de liberal não têm nada. Pelo contrário, todos aqueles dez pontos poderiam constar de qualquer manifesto do mais profundo totalitarismo. No segundo, a coberto de uma estrutura de suposto apoio a refugiados ucranianos, encontramos alguém com uma posição que não se distingue muito da das máfias que se juntaram nas fronteiras da Ucrânia para caçar mulheres e crianças para alimentar redes de prostituição e escravatura sexual.

As ondas criam-se para ser surfadas. Os valores, os apregoados valores, que se lixem. Só servem enquanto servirem para servir!

 

 

Informar

Valentina terá sido asfixiada pelo pai - JN

 

"Depois de três dias de buscas foi encontrado o corpo da menina dada por desaparecida na Atouguia da Baleia". Não sei quantas notícias vi começadas exactamente assim. Mas foram muitas.

Não foi assim, tanto quanto percebi. Terá antes sido assim: ao quarto dia, depois de três dias de buscas e provavelmente outros tantos de interrogatórios, o pai da menina revelou o local onde escondera o corpo.

Não é, evidentemente, a forma como o corpo da infeliz menina foi encontrado que importa na maneira de dar a notícia. E, no meio do drama que é a morte violenta de uma criança, maior ainda quando ocorre às mão do próprio pai, estes preciosismos de linguagem podem até ferir algumas sensibilidades.

Não é essa a intenção. A ideia é apenas dar nota da falta de objectividade com que se dá notícias. E mais ainda destas, que nunca deveriam acontecer. É evidenciar como da notícia de faz espectáculo, como se usa a notícia na exploração de sentimentos e de emoções, e como isso nunca é informar.

Sem surpresas, a televisão do Correio da Manhã lá esteve, com horas e horas em directo, a cumprir o seu papel de desinformação. Provavelmente a esta hora os senhores da TSF estarão a preparar o seu "forum" para colocar a questão da pena de morte ao auditório. 

Isto é manha

 

 

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"António Domingues deixa a presidência da Caixa Geral de Depósitos por achar que o banco está a ser usado como arma política. A SIC sabe que a saída não se deve à polémica com as declarações de património, que até já entregou no Tribunal Constitucional, mas sim ao que considera ser a falta de apoio de governo".

É disto que vemos todos os dias. E a isto chamam informação. Chamam-lhe até informação de referência. 

O presidente demissionário da Caixa deixou claro que "o banco está a ser usado como arma política", como de resto toda a gente tem percebido. À falta de argumentos, como se tem visto, o PSD não tem tido outro assunto para o circo que faz da política. Mas nada disto tem importância nenhuma, porque a SIC sabe que António Domingues apenas se queixa da falta de apoio do governo. Mesmo que tenha acabado de acabar de dizer que não tinha sido de nada disso que ele se tinha queixado!

Em bom rigor, isto nem é falta de rigor. É manha!

 

 

Coisas que impressionam

Por Eduardo Louro

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Posso não estar a ver bem a coisa. Mas nunca vi nada parecido com o que se está a passar na SIC. Uma informação que se afirmou no panorama nacional como livre, independente, plural e profissionalmente competente tornou-se numa coisa estranha e eventualmente chocante. 

Posso não estar a ver bem a coisa, mas estou com alguma dificuldade em reconhecer jornalistas por quem tinha grande respeito e admiração profissional. Tenho enorme dificuldade em perceber como é que profissionais da informação de mente aberta, despretensiosos e despreconceituosos, de repente, por ordem não se sabe bem de quê, se tornaram obcessivamente parciais, entrincheirados atrás das câmaras.

Posso não estar a ver bem a coisa, mas fiquei impressionado - chocado, mesmo - com a forma como uma jornalista de referência, que me habituara a respeitar e admirar, ontem conduziu "a noite informativa" da SIC Notícias. É que, uma coisa são os programas de autor, do José Gomes Ferreira, por exemplo. Outra é um serviço noticioso. Outra, e mais grave ainda, é subverter o contraditório. Usar o recurso ao contraditório, mas depois intervir para o manipular, é a forma mais indecorosa de subverter o seu espírito!

 

 

Coisas do diabo

Por Eduardo Louro

 

De repente, de um dia para o outro, o país desgraçou-se. Aquilo que era crescimento económico, diminuição do desemprego, florescimento e confiança a rodos, inverteu-se num só dia, numa só noite.

O pobre coitado do próximo governo, que como já se percebeu não tem nada a ver com isto, é que vai pagar as favas. Herdando, não o país viçoso da campanha eleitoral, a rebentar de vida por todas as costuras, mas o país desaurido e moribundo que depois do fecho das urnas se arrasta à nossa frente.

O novo governo vai receber "uma economia mais pequena, com menos pessoas, mas mais endividado do que em 2011"? A sério? Por onde é que têm andado?

Coisas do diabo. É o que é!

 

 

"COPIANÇO"

Por Eduardo Louro

 

Foi a notícia dos últimos dois dias e talvez a notícia da semana, batendo aos pontos a da saga do próximo governo. Ontem tomou conta do espaço mediático: jornais, rádios, televisões, blogosfera e redes sociais pouco mais fizeram que dar eco da indignação geral e das ondas de choque que a notícia provocou.

Também eu fiquei chocado com as notícias do copianço geral dos 137 alunos do CEJ. Mas, confesso desde já, com as notícias! Por isso, ontem não me pronunciei e optei por deixar passar algum tempo para que a poeira assentasse. De facto este episódio e as suas sucessivas narrativas são um bom exemplo de como se faz comunicação e opinião neste nosso país.

Num teste de Investigação Criminal e Gestão de Inquérito (ICGI), os alunos do Centro de Estudo Judiciários (CEJ), teriam copiado. A notícia começou a circular em moldes inequívocos: até as respostas erradas eram exactamente iguais, o que teria levado a directora do curso, porque já não haveria tempo para repetir a prova, a correr toda a gente com 10, numa escala de 0 a 20.

O resto já toda a gente conhece: desde a reacção do Bastonário da Ordem dos Advogados, à dos sindicatos das magistraturas, dos mais diversos agentes às das próprias estruturas do CEJ e até de ex-Presidentes da República. Multiplicaram-se por toda a parte as acusações de fraude e de desonestidade daqueles que, dentro de pouco tempo, serão responsáveis pela aplicação da justiça e as conclusões de que este seria o paradigma da Justiça: incompetência, desonestidade e, the last not the least, perante a incapacidade crónica de encontrar os culpados, lavar as mãos como Pilatos atribuindo nota 10 a todos os alunos, tenham ou não copiado.

Dentre as páginas de jornais, as horas de rádio e de televisão, os inúmeros posts na blogosfera e as centenas de comentários saliento aqui uma entrevista de Mário Crespo ao sociólogo Boaventura Sousa Santos na SIC Notícias. Confesso que, pese o respeito que aquele jornalista me merece, não sou grande apreciador do seu estilo desgraçadista e exuberantemente opinativo sempre misturado com um assinalável espírito reverencial pouco compaginável com a sua exuberância. Adianto ainda que, tanto quanto sei, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, por razões que se poderão muito bem justificar mas que eu não entendo bem, tem responsabilidades pedagógicas no SEJ: conhecedor privilegiado, portanto, do que por lá se passa.

Nesse espaço informativo, enquanto o sociólogo não descolava da vox populi sobre a matéria, e acentuava a necessidade de todo o processo de selecção e formação daqueles futuros magistrados escolher os melhores entre os melhores, sempre com a cumplicidade bem expressa do jornalista, que dissertava sobre as passagens administrativas dos tempos do PREC, acentuando o carácter baldista da formação dos magistrados e enfatizando a nota 10 como forma de assegurar a passagem toda aquela gente incompetente e impreparada.

Ora bem, o que acontece é que aqueles137 alunos do CEJ – ou a sua grande maioria, porque há uma pequena quota para pessoas já profissionalizadas – chegaram ali depois de passarem por sucessivas e exigentes provas de avaliação que deixaram pelo caminho largas centenas de candidatos. O que acontece é que aqueles são mesmo os melhores de entre todos os que um dia ambicionaram fazer uma carreira na magistratura e que ali discutem, palmo a palmo, a melhor nota. A nota que os acompanhará ao longo da carreira e que marcará o seu futuro, para quem, como é evidente, um 10 é uma penalização severa: ali, eles disputam os 16 e os 17, e só não disputam os 18 e os 19 porque essas são, ali, notas proibidas. E, isto, embora devesse, poderá Mário Crespo não saber. Mas Boaventura Sousa Santos sabe-o!

E o que ainda acontece é que o teste em causa era do tipo americano (de resposta múltipla, assinalada por cruzinhas) onde, como é evidente, não é sério dizer que as respostas erradas eram todas iguais. Porque as respostas estão lá, todas iguais: certas e erradas. Como, mais uma vez, Mário Crespo, embora devesse, poderia não saber e Boaventura Sousa Santos bem saberia.

Não estou, obviamente, a fazer a apologia do copianço. Muito menos a sancionar a decisão da direcção do SEJ de resolver o problema com um 10 colectivo. Não é a solução desse problema que me preocupa. O que me preocupa é a forma ligeira e irresponsável como os media tratam as coisas, a maneira fácil, irresponsável e populista de fazer informação. E, nisto, a Justiça tem sido sempre um alvo fácil. É também por isto que a Justiça está no estado em que está!

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