Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia que protagonizou a mais inspiradora forma de servir um país a governar, mesmo que a "Jacindamania" não tenha frutificado como exemplo para o planeta, anunciou a renúncia ao cargo. Eleita pelo Partido Trabalhista para chefiar o governo neo-zelandês, em 2017, com 37 anos, disse que o seu “tanque está na reserva”. Que "é humana", e que "chegou a hora": "Estou de saída porque com um trabalho tão privilegiado vem uma grande responsabilidade. A responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar - e também quando você não o é."
Aos 42 anos, Jacinda Ardern sai para viver a sua vida. Para criar a filha, que amamentou em plena Assembleia Geral da ONU. E para casar com o companheiro e pai da filha. Nem para casar tinha tido tempo...
Este foi um fim-de-semana de eleições em vários países do mundo. Entre eles na Nova Zelândia, onde a primeira-ministra Jacinda Ardern foi reeleita com 50% dos votos, que lhe garantiram a maioria absoluta.
A economia neozelandesa é das mais afectadas pela pandemia. A quebra na actividade económica foi a mais expressiva entre todos os países da OCDE, do primeiro para o segundo trimestre do ano o PIB caiu mais de 12%. As exportações afundaram, e o turismo, a principal actividade económica do país, ficou paralisado com o fecho das fronteiras. E o desemprego cresceu como nunca.
É da teoria política que, em condições económicas desta natureza, não há governo que possa ganhar eleições. E no entanto Jacinda Ardern não só ganhou as eleições como reforçou substancialmente a sua votação. Porque é jovem? Porque rompeu com as velhas e bafientas regras de fazer política? Porque quebrou barreiras entre governantes e governados? Porque protagoniza uma liderança estimulante?
Por tudo isso. Porque foi com com tudo isso que conseguiu os melhores indicadores do planeta nos resultados da pandemia: 1900 casos positivos, e 5 mortos. Num país de 5 milhões de habitantes!
Quando tanto se fala no equilíbrio, e que as medidas de protecção à saúde não podem colocar a economia em causa, Jacinda Ardern não teve dúvidas que a sua prioridade era a saúde. Que se afundasse a economia, se esse era o preço a pagar para combater o vírus.
E os eleitores também não tiveram dúvidas em trocar os maus indicadores económicos pelos excelentes indicadores na pandemia.
Porquê? Porque podem. E esse é o melhor de todos os indicadores!
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