Afinal Marina - com 21% dos votos - ficou de fora, não se cumprindo o anunciado duelo feminino pelo melhor lugar no Planalto.
Dilma chegou aos 41%, número que poderá não esticar o suficiente na segunda volta se, como se especula, Marina der o seu apoio a Aécio Neves, permitindo ao candidato do PSD saltar dos seus actuais e surpreendentes 33% para a vitória, que colocará um ponto final em 12 anos de PTismo.
Tem cara, mas mais, tem vergonha na cara. É de resto por isso que aparece pouco, que é reservado e se dá pouco a ver. Daí que seja comum dizer-se que os golos estão pela hora da morte, o que faz com que, pela hora da morte, estejam também os seus progenitores: isso, os fazedores de golos! Os tais que são – eles próprios – não a cara do golo mas o rosto do golo. Sim rosto do golo, para não se confundir com a cara do golo!
O mais bonito desses rostos é, sem dúvida, esse colombiano com nome de brasileiro – Falcão - que a Divina Providência (na verdade foi apenas o Papa) se encarregou de desviar da Luz para o Dragão. Como, de resto, já acontecera com outro anterior belo rosto do golo: Jardel!
Por incrível que pareça essa foi uma perda altamente traumática. Tanto que não mais na Luz se esqueceu Jardel, não mais sendo dado descanso a quem respondesse por tão mítico nome. Foi um irmão, foi o próprio original já fora do prazo de validade e, agora, este que a Divina Providência (na verdade e desta feita, foi apenas Jesus) achou que seria o substituto do David Luiz.
Já percebemos que em futebolêscara do golo não é sinónimo de rosto do golo. São coisas bem distintas!
Mas se já percebemos o que é o rosto do golo – até já arranjamos dois, dando nome aos dois maiores rostos do golo que por cá passaram nos últimos quinze anos – o que é então a cara do golo?
Pois é, a cara do golo não existe! É apenas uma condição, uma condição circunstancial: não se é a cara do golo, está-se na cara do golo! Não se pergunta o que é a cara do golo mas sim quando é que se está na cara do golo.
E, agora sim, posso dar a resposta: estar na cara do jogo é estar em frente à baliza adversária (a baliza não é adversária, quando muito será adversa - é do adversário - mas o futebolês tem destas coisas e, evidentemente, aqui temos de segui-las), com a bola à disposição e apenas guarda-redes pela frente. É estar naquela situação em que tudo parece fácil, por mais que se diga que é sempre o mais difícil: é só empurrá-la lá para dentro! É estar como estava o Mossoró na última quarta-feira, logo a abrir a segunda parte daquela grande epopeia lusa: sozinho, sem mais ninguém à volta, a bola ali à mão (no caso ao pé), o Helton à frente e as redes logo ali, à espera do beijo que a bola lhe prometia. E a taça da Liga Europa ali mesmo á frente…
Agora é claro: estar na cara do golo nem sempre quer dizer golo. Como o inverso também é claro: para marcar golo não é condição necessária estar na cara do golo. É a diferença do futebol para os toiros: enquanto na pega é obrigatório enfrentar a cara do toiro, no futebol pode chegar-se ao golo sem lhe ver cara. Foi o que, mais uma vez, aconteceu na tal final portuguesa de Dublin: o Porto não esteve, ao contrário do Braga, uma única vez na cara do golo. Mas tinha Falcão, o verdadeiro rosto do golo, que, para marcar, não precisa nada de estar na cara do golo. Pura e simplesmente aparece por lá, no sítio certo, pelo chão ou pelo ar, mais alto e mais forte que todos e faz o que os outros, na cara do golo, não conseguem fazer.
E por isso o Porto ganhou! Mas também por isso é bem provável que Falcão vá procurar novas caras para os seus golos noutras paragens. Em clubes de maior dimensão, como aspira o seu colega Rolando que, não sendo o rosto do golo, é a cara da impunidade dentro da área.
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