Exactamente como aqui se previra, hoje, segunda-feira, o Porto já tem treinador. E que treinador: José Peseiro!
Apesar da imagem de perdedor, um grande treinador. Um grande benfiquista -coisa que costuma dar certo no Dragão -, um grande profissional e uma excelente pessoa. Só tenho pena de não lhe poder desejar a sorte que ele merece. Mas ele percebe... E não leva a mal.
Não sendo muito frequente também não é raro que equipas portuguesas, de selecção ou de clubes, se superiorizem, no chamado jogo jogado, às italianas. O que é raro é que se superiorizem no resultado!
Também é raro que, quando as coisas têm que se decidir nos penaltis, as equipas portuguesas sejam bem sucedidas. A excepção – a selecção nacional quando o adversário é a inglesa – é mesmo excepção, que apenas serve para confirmar a regra.
Pois, no play off de acesso à fase de grupos da Champions, o Braga conseguiu tudo o que é raro o futebol português conseguir: foi muito superior aos italianos da Udinesse – superior em Braga e muito superior em Udine – e, não conseguindo materializar essa superioridade em golos ao longo de 210 minutos nos dois jogos, confirmou-a no desempate através dos penaltis.
E no entanto o Braga teve tudo em seu desfavor. Desde logo o adversário jogava com o seu tipo de jogo preferido. E, dada a dialéctica de um jogo de futebol, as duas equipas dificilmente podem jogar o mesmo tipo de jogo. Depois, a Udinesse esteve sempre à frente, no marcador e na eliminatória, o que os empurrou sempre para a sua zona de desconforto: a obrigação de assumir o jogo.
Mérito de toda a estrutura bracarense. Muito mérito dos jogadores, em especial para o guarda redes Beto que, numa eliminatória em que a equipa foi tão superior, porque as equipas italianas são mesmo assim, foi ele que teve que fazer a diferença. E nem sequer entra em conta o penalti que defendeu e que ditou o sucesso porque, aí, maior que o seu mérito foi o demérito do jogador brasileiro que ainda não percebeu que não é Panenka quem quer...
Neste jogo fez poucas defesas, mas todas decisivas e de altíssima exigência. E muito mérito de José Peseiro, um homem que há muito conheço de outras lides – raramente a expressão vem tão a propósito – e um treinador que há uma década considero do melhor que há em Portugal, e cujo regresso se saúda. Competente no discurso, excelente na condução da equipa e soberbo nas substituições!
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